Metodologias de ensino: Entre a reflexão e a pesquisa
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Metodologias de ensino - Monica Todaro
Ana Maria Haddad Baptista, Maria Luiza Sardinha de Nóbrega, Monica Todaro (orgs.)
Metodologias de Ensino
Entre a reflexão e a pesquisa (Pedagodia de A a Z; vol.10)
Copyright © 2013 by Paco Editorial
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Coordenação Editorial: Kátia Ayache
Revisão: Isabella Pacheco
Capa: André Fonseca
Diagramação: Matheus de Alexandro
Edição em Versão Impressa: 2013
Edição em Versão Digital: 2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Conselho Editorial
Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes)
Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes)
Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes)
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Sumário
Folha de Rosto
Créditos da Obra
Apresentação
Capítulo 1: Metodologia de Ensino na Concepção de Educação de Paulo Freire - Roberta Stangherlim
Introdução
1. Paulo Freire e a educação libertadora: princípios fundantes de uma metodologia de ensino
2. Metodologia de ensino e práticas educativas: algumas reflexões e análises
Considerações Finais
Referências
Capítulo 2: Da Educação Linguística ao Letramento Literário: Algumas Diretrizes Metodológicas Acerca do Ensino de Língua Portuguesa e de Literatura - Maurício Silva, Márcia Pereira
Introdução
1. Língua e ensino: a educação linguística
2. Literatura e ensino: o letramento literário
Considerações Finais
Referências
Capítulo 3: Perspectivas Epistemológicas em Metodologia: Literatura e Ciências - Ana Maria Haddad Baptista
Introdução
1. Preliminares
2. O exemplo de Homero
3. Foucault e as questões de verdade
4. O exemplo Newton e Goethe
5. Na prática…
Considerações Finais
Referências
Capítulo 4: Formação Continuada: Um Plano para o Ensino de Matemática Desenvolvido com Professores que Atuam nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental - Simone Santoro Romano, Antonio Carlos Caruso Ronca
Introdução
1. Os passos percorridos na implantação do projeto de intervenção
2. Como foram os encontros
3. Análise dos resultados apresentados pelos alunos
4. Análise das avaliações das Reuniões de ATPC(s) realizadas no ano de 2007
4.1 Conteúdos, metodologias de ensino e participações
4.2 Importância da formação continuada
4.3 Utilização das ATPC(s) para a formação continuada em horário de serviço
4.4 Mudanças observadas na sua prática em sala de aula.
5. Análise dos portfólios
Considerações Finais
Referências
Anexos
1. Atividades complementares:
2. Leituras Complementares
3. Sites indicados:
Capítulo 5: Fundamentos Para o Ensino de História - Marcelo Luiz da Costa
Introdução
1. Qual história ensinar?
2. O tradicional e o novo no ensino de história
3. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
4. Os conteúdos de ensino
5. A didática
: como ensinar história?
Considerações Finais
Referências
Capítulo 6: Evidência Histórica Entre Estudantes Brasileiros e Portugueses: A Interpretação de Fontes Escritas na Construção do Conhecimento Histórico - Ronaldo Cardoso Alves
Introdução
1. A Evidência Histórica
Considerações Finais
Referências
Anexo 1
Atividade
Narrativa I
Narrativa II
Capítulo 7: Metodologia de Ensino de Movimento
na Educação Infantil - Mônica de Ávila Todaro
Introdução
1. O Estágio e a Observação Do Movimento Na Escola
Considerações Finais
Referências
Anexos
1. Sugestões de Leitura
Capítulo 8: Estudos do Meio no Ensino de Geografia e os Saberes Prévios das Crianças - Maria Luiza Sardinha de Nóbrega
Introdução
1. A Construção do Currículo Vivo Pelo Estudo do Meio
2. Os Saberes Prévios das Crianças e o Trabalho Escolar
Considerações Finais
Referências
Anexos
1. Sugestão de Atividade:
Os Autores
Antonio Carlos Caruso Ronca
Marcelo Luiz da Costa
Márcia Moreira Pereira
Maria Luiza Sardinha de Nóbrega
Maurício Silva
Mônica de Ávila Todaro
Ronaldo Cardoso Alves
Simone Santoro Romano
Coleção Pedagogia da A a Z
Paco Editorial
Lista de Tabelas e Figuras
Tabela 1 – Diagnóstico Geral da Escola por Série e Período - Leitura e Matemática
Tabela 2 – Agenda dos encontros
Tabela 3 - Diagnóstico Geral da Escola por Série e Período - Leitura e Matemática
Gráfico 1 – Comparativo de acertos ANTES x DEPOIS do Projeto de intervenção
Gráfico 2 – Comparativo de acertos ANTES x DEPOIS do Projeto de intervenção em relação ao conteúdo Números e Operações
Gráfico 3 – Comparativo de acertos ANTES x DEPOIS do Projeto de intervenção em relação ao conteúdo Espaço e Forma
Gráfico 4 – Comparativo de acertos ANTES x DEPOIS do Projeto de intervenção em relação ao conteúdo Grandezas e Medidas
Gráfico 5 – Comparativo de acertos ANTES x DEPOIS do Projeto de intervenção em relação ao conteúdo Tratamento da Informação
Gráfico 6 – Comparativo de acertos ANTES x DEPOIS do Projeto de intervenção em relação à habilidade de Resolução de Problemas
Gráfico 7 – Comparativo de acertos ANTES x DEPOIS do Projeto de intervenção em relação aos conteúdos trabalhados
Gráfico 8 – Comparativo de acertos das ANTES x DEPOIS do Projeto de intervenção
Figura 1 – Relação entre os níveis de Evidência Histórica e a tipologia da consciência histórica
Apresentação
A iniciativa de publicar a Coletânea Pedagogia de A a Z
contemplou uma expectativa dos professores do curso de Pedagogia da Universidade Nove de Julho de estabelecer espaços de reflexão, debate e pesquisa materializados na produção acadêmica, por meio da publicação de estudos decorrentes da prática docente.
Neste volume, dedicado a metodologias de ensino, encontramos esse esforço de reflexão sobre esta área da formação de professores nas licenciaturas, de modo geral, e na Pedagogia em particular. O volume foi organizado abrangendo os elementos do debate que envolve as polêmicas em torno das metodologias de ensino oferecidas nos cursos destinados à formação de professores.
Uma primeira dimensão que se coloca no âmbito desse debate envolve a finalidade das disciplinas que organizam as metodologias de ensino. Historicamente, metodologias do ensino organizaram de modo prescritivo procedimentos técnicos de como ensinar determinado componente curricular. Uma contradição permanente desse enfoque refere-se ao equívoco de se apartar o pensar/refletir do fazer/praticar.
Quando se opta por trabalhar metodologias de ensino com a finalidade de dar dicas de como ensinar, reduz-se esse ensino a uma série de prescrições organizadas (dicas) em roteiros e uso de técnicas, eliminando os aspectos reflexivos que envolvem os conteúdos de cada metodologia e, sobretudo, os aspectos interdisciplinares que se deve alcançar quando se pensa o perfil do professor em formação.
Essa contradição aponta para a concepção de metodologias de ensino como uma segunda dimensão a ser questionada. Qual concepção de metodologia de ensino pode assegurar a formação do professor na perspectiva profissional? Com quais competências e capacidades se articula, na docência, os elementos da pesquisa, da didática e da prática pedagógica que constituem o campo das metodologias de ensino?
Por fim, uma terceira dimensão diz respeito a como se realizam as transposições didáticas em cada área metodológica, para garantir ambientes organizados em condições que assegurem a reflexão e a aprendizagem. Ao pensar os procedimentos da transposição não estaríamos diante da plena articulação entre ensino e pesquisa, favorecendo a melhor aprendizagem?
Com os instigantes questionamentos decorrentes desse debate, este volume foi organizado para explorar tais dimensões. O primeiro artigo do volume remete à importante reflexão proposta sobre metodologia de ensino tendo por base a obra de Paulo Freire.
Aí encontram-se os fundamentos para a construção de referências que questionam a metodologia de ensino na formação docente. Parte-se do princípio de que este campo deve ser organizado de maneira contextualizada valorizando as práticas pedagógicas que mobilizam saberes e conhecimentos envolvidos na sala de aula.
O volume apresenta pontos de vista diversos das várias metodologias do ensino. As questões ligadas à língua são discutidas a partir de dois trabalhos que pensam ensino da língua portuguesa. Introduzem, para além das questões do ensino, a essencial discussão sobre o letramento literário. Segue-se uma discussão essencial sobre as questões que envolvem a literatura articulada à ciência, o que assegura o aprofundamento das questões que nos desafiam a pensar inter e transdisciplinarmente o ensino da língua. Fica o desafio de ensinar a língua na perspectiva de assegurar ao aluno o compartilhamento da variante linguística padrão como ferramenta de construção das práticas sociais.
Ao trabalhar o eixo da língua, nos deparamos com a necessária discussão entre língua e linguagem. Segue-se trabalho que nos instiga a pensar o papel da matemática na formação do professor. É uma ciência exata? É uma linguagem? O trabalho apresentado traz a questão metodológica essencial: como garantir que a matemática (como linguagem, como fundamento científico, como fundamento estético) componha o campo das metodologias de ensino assegurando o que estamos reconhecendo como necessária à alfabetização matemática?
Se a Matemática nos instiga a repensar o papel da língua e das linguagens no campo das práticas pedagógicas, também nos obriga a pensar o binômio tempo-espaço. Eis o momento em que História, Geografia e Arte se apresentam como campos de saber essenciais à organização das metodologias de ensino no âmbito da formação docente.
A discussão do binômio tempo-espaço é feita a partir de uma reflexão que envolve a articulação entre teoria e prática no ensino de história, os elementos interdisciplinares entre a escrita e a constituição da memória.
Já a dimensão do espaço foi trabalhada a partir dos conceitos e procedimentos metodológicos que envolvem o movimento de discussão proposto a partir da metodologia do ensino da Arte e os estudos do meio destinados ao aprofundamento da base conceitual da Geografia, favorecendo um processo de ensino aprendizagem dos conceitos fundamentais que se referem ao lugar, território, paisagem, etc.
O percurso proposto neste volume procurou garantir aos futuros professores e aos formadores de professores possibilidades de reflexão em uma esfera do currículo de formação docente que tem sido sacrificada pelo equívoco que considera as metodologias de ensino como campo técnico procedimental restrito. O debate demonstra as inúmeras possibilidades de avanço que a pesquisa, a ciência e a atitude crítica favorecem.
Neste volume buscou-se demonstrar que os diversos campos de saber, pensados a partir das metodologias de ensino, permitem a contextualização do ensino-aprendizagem, estabelecem espaços reflexivos para a construção de referencias procedimentais que são ao mesmo tempo base para o fazer e fundamento para o pensar.
Maria Luiza Sardinha de Nóbrega
Doutora em geociências pela FFLCH
Capítulo 1: Metodologia de Ensino na Concepção de Educação de Paulo Freire
Roberta Stangherlim
Introdução
Pretende-se tratar, aqui, de conceitos fundantes da teoria de educação de Paulo Freire na perspectiva de compreender a metodologia de ensino como conteúdo e forma imprescindíveis do processo de ensino-aprendizagem. Além disso, com base em estudos e relatos de experiências sobre práticas escolares, busca-se desmistificar a ideia de uma metodologia de ensino entendida como mero conjunto de procedimentos e técnicas instrumentalizadoras da prática docente.
A educação libertadora postulada por Paulo Freire, há mais de quarenta anos, mostra-se atual em seus princípios, tendo em vista o caráter revolucionário de suas ideias: uma concepção de educação que reconhece a capacidade dos sujeitos de criar e recriar conhecimento por meio do diálogo, do saber, da experiência e de uma consciência crítica da realidade. Portanto, uma teoria de educação totalmente desvinculada de uma prática educativa que visa à mera transmissão de conteúdos, como se pode observar em vários de seus escritos, a exemplo do trecho a seguir em que escreve como concebe a alfabetização e a intencionalidade pedagógica que sua prática implica:
Desde logo, afastáramos qualquer hipótese de uma alfabetização puramente mecânica. Desde logo, pensávamos a alfabetização do homem brasileiro, em posição de tomada de consciência, na emersão que fizera no processo de nossa realidade. Num trabalho com que tentássemos a promoção da ingenuidade em criticidade, ao mesmo tempo em que alfabetizássemos. (FREIRE, 2011a, p. 136)
O professor José Eustáquio Romão, estudioso da obra de Paulo Freire, argumenta que as categorias fundantes da obra do autor estão presentes desde Educação e Atualidade Brasileira. Na contextualização que introduz a publicação deste, que foi o primeiro texto escrito por Freire de forma sistematizada, Romão (2002, p. XIII-XIV) assevera:
Mais uma vez, estamos ratificando a ideia de que Paulo sempre re-escreveu o que havia escrito antes, numa incansável re-elaboração e re-escritura dialética da mesma obra, atualizando-a permanentemente, de acordo com os novos contextos em que procurava inserir-se de forma crítica.
Freire sempre enfatizou a importância da ética e do compromisso político como dimensões indissociáveis do ato de educar. Desse modo, compreende-se que trazer para o campo acadêmico a reflexão e a análise de uma metodologia de ensino, com base no legado freiriano e de sua pedagogia do oprimido, parece ser bastante oportuno, considerando os pressupostos de sua teoria e, para além disso, tendo em vista a conjuntura em que se apresenta a educação brasileira nos últimos anos.
O Brasil, embora constitua a 6ª economia mundial, ainda não superou o grave problema do analfabetismo: 13,9 milhões do total de sua população com 15 ou mais anos não sabe ler nem escrever; dos 23 milhões de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos¹, 8,7 milhões possuíam, em 2009, apenas onze anos de estudo (IBGE, 2010). Quando se comparam tais índices com os de outros países da América Latina e do Caribe, o cenário se torna cada vez mais preocupante: no ranking divulgado pela Clade², em 2009, o Brasil ocupava a 14ª posição em um total de 19 países, com um percentual de 11,4% de analfabetos que o deixava atrás dos índices de México (9,10%), Equador (9%), Panamá (8,10%) e Colômbia (7%).
Esses dados revelam um quadro que impõe a mobilização de trabalhadores e estudantes da educação e de setores da sociedade civil – organizações não governamentais, associações, sindicatos e conselhos de profissionais de outras categorias –, para reivindicar e propor políticas públicas capazes de revertê-lo. Sabe-se que, para a consolidação de políticas públicas, é fundamental que as propostas, projetos e programas representem de fato as necessidades e prioridades da população, especialmente daqueles extratos que historicamente têm sido excluídos do usufruto de direitos sociais que