Fim da Crucificação: O quinto evangelho
De Neuton Lelis
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Sobre este e-book
Trata-se de uma longa jornada fartamente documentada e registrada em fotos, vídeos, livros. INRI CRISTO chega aos 70 anos, acompanhado por 12 discípulos, 9 mulheres e 3 homens, mora em Brasília, bastante conhecido por sua presença na mídia popular e de humor e nunca foi levado a sério. Essa rejeição só não tem a violência das primeiras décadas. Em sua caminhada visitou boa parte do mundo, foi preso 48 vezes e agredido moral e fisicamente em muitos momentos, alguns registrados em vídeos. Obviamente o desafio de se propor a reencarnação de Jesus Cristo é um desafio imenso.
Este livro não é um mero relato biográfico, nem religioso, nem faz proselitismo, muito menos julgamentos. Apresenta uma justaposição da anunciação de INRI CRISTO com patamares da história e busca os sinais religiosos ou não que o respalde. Ele nasceu em 1948, junto com o estado de Israel, ambos completaram 70 anos e estamos em uma era apocalítica, desde a explosão da primeira bomba atômica, em 1945. O resto está no livro, que tecnicamente narra o fim da crucificação, tecnicamente um quinto evangelho.
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Fim da Crucificação - Neuton Lelis
Deus
Prólogo
Foram quase dez anos entre a decisão de escrever o livro e sua conclusão. Este processo lento foi necessário para que encontrasse o fio condutor da narrativa de uma história que ainda está acontecendo, o desafio do profeta brasileiro INRI CRISTO. Tornou-se ainda mais complicado porque a teia de acontecimentos emerge profundamente da Bíblia, o sagrado livro dos judeus e cristãos. Admitir a possibilidade da contemporaneidade do sagrado é uma condição apenas factível para quem consegue enxergar além dos dogmas, das superstições e preconceitos. É disto que o livro trata. Também examina a revisão do cristia-nismo, a base profética, a emergência de um novo paradigma, a inserção cultural e temporal de um desprestigiado líder religioso que se propõe como Cristo redivivo...
A era atômica
Em 6 de agosto de 1945, na cidade de Hiroshima, Japão, explodiu a primeira bomba atômica, lançada pelo avião americano B-29, batizado de Enola Gay. A hora exata da explosão ficou registrada em um relógio encontrado entre os destroços, hoje em exposição no Museu Memorial da Paz de Hiroshima, com os ponteiros parados, marcando 8:15hs. Três dias depois, outra bomba foi lançada sobre Nagasaki. Nos dois ataques morreram cerca de 250 mil pessoas. Foi desta maneira que o Japão se rendeu, a Segunda Guerra terminou e a humanidade entrou na era atômica. O homem havia acabado de criar um poder de fogo suficiente para se autodestruir em um cenário apocalíptico. Esta era uma perspectiva que deveria em anos seguintes ter instigado os temores da sociedade como um todo, especialmente do rebanho cristão. Contudo, os líderes religiosos nunca colocaram a bomba atômica dentro das profecias vaticinadas no livro do Apocalipse. A visão religiosa sempre relacionou tais profecias como algo sobrenatural, uma intervenção direta de Deus e a bomba, a despeito do imenso poder destruidor, tratava-se de um mero artefato fabricado pelo homem.
Já os cientistas, os mesmos que trabalharam no Projeto Manhattan, que criou a bomba atômica, não pensaram assim. Cientes do potencial de risco de um conflito nuclear na destruição da humanidade, sabiam que a partir daquele momento tudo seria uma mera questão de tempo. Tanto isso é verdade, que reunidos em Chicago, em 1947, criaram simbolicamente o Relógio do Apocalipse e colocaram o fim da civilização humana à meia-noite, fechando a hora daquele momento em 11:53hs. Ou seja, faltando apenas 7 minutos para o apocalipse. Um relógio com esse horário foi desenhado e publicado na capa da edição do Bulletin of the Atomic Scientists (BAS). E seguiu assim em todas as edições das publicações do BAS. Os cientistas passaram então a adiantar ou atrasar os minutos desse simbólico relógio conforme a conjuntura internacional dos riscos de um conflito nuclear. Esteve a dois minutos no auge da Guerra Fria, depois recuou para quinze minutos e em 2007, em função da perspectiva de turbulências nas relações internacionais que poderiam acontecer em decorrência do aquecimento global, o relógio foi adiantado em dois minutos, marcando, 11:55hs. Em janeiro de 2015, pelos mesmos motivos, adiantaram dois minutos e passou a marcar três minutos para o fim da nossa civilização. Mas essa simbólica dança dos ponteiros nunca despertou atenção, jamais aterrorizou o imaginário popular, sempre foi considerado como algo lúdico e banal.
Tornou-se parte da cultura popular acreditar que o poder intimidador das armas nucleares, quando em equilíbrio, desestimularia um ataque de ambos os lados. Os religiosos continuaram indiferentes, mesmo no auge da tensão da Guerra Fria, centrados no roteiro bíblico do apocalipse.
De certa maneira, a tranquilidade de todos no pós-guerra em relação ao futuro fazia sentindo. A humanidade acabava de sair de uma guerra trágica. Respirava-se esperança, a perspectiva da paz, saboreava-se a vitória contra Hitler. Vivia-se o fim do trágico Holocausto do povo judeu nos campos de concentrações nazistas e os judeus eram páginas vivas da Bíblia. Isto fortalecia o vaticínio dos profetas bíblicos. Portanto não haveria um desfecho apocalíptico sem o retorno de Jesus. Um retorno triunfal, em grande glória, julgando os vivos e os mortos, mas antes haveria os sinais, indicando que o Juízo Final estaria chegando. Sinais prodigiosos. A derrota do nazismo, o resgate dos judeus, que retornaram à Terra Santa, não apontava para o fim e sim para Glória de Deus. A bomba atômica parecia estar ao lado desse poder.
Este panorama não mudou com a passagem do tempo. Fé e ciência seguiram em rotas paralelas, reuniram-se em facções a se desdenharem mutuamente. A razão nem sempre serve a um dos lados. A ciência irracionalmente criou a bomba atômica e racionalmente entendeu que havia criado o cenário apocalíptico. Hoje uma parcela considerável dos cientistas não acredita que a humanidade chegará ao fim do século, dada a possibilidade de um conflito nuclear, dentro das perspectivas das futuras instabilidades no cenário político mundial. A fé farisaica ainda espera chover fogo e enxofre do céu quando chegar a hora do ajuste de contas do apocalipse.
Muito embora, neste final da segunda década do século XXI, quando a informação é universal, interativa, acessada e produzida por todos, o que favorece o conhecimento, a razão começa a juntar ciência e fé. Contudo, o fundamentalismo religioso e o irracionalismo científico ainda continuem a dominar as facções em suas rotas paralelas. O que sustenta essa batalha é que em ambos os lados há muita hipocrisia e um grão de verdade. Não é raro encontrar um mínimo grão de verdade em um ser humano. O problema é que a vaidade e a hipocrisia fazem deste grão a verdade inteira e do dono, um fariseu. O farisaísmo é a chaga da humanidade. O fariseu não é, portanto, apenas um religioso fanático. Trata-se de um dono da verdade, seja ateu, cientista, artista, político, etc. A verdade, a lógica e a coerência são indissociáveis. O sensato medita, diz INRI CRISTO profeta de hoje, repudiado e escarnecido.
Desde que o mundo é mundo, a humanidade apedreja e mata seus profetas. Depois, ergue estátuas e lhes rende cultos. O século XX assassinou dois grandes profetas da paz, Martin Luther King e Gandhi. Mandela passou trinta anos na cadeia, antes que pudesse reunir negros e a minoria branca racista de seu país. Hoje os três são cultuados símbolos da paz. É a mesma humanidade que adora o Jesus pregado na cruz, como se a cruz fosse parte de seus braços e pernas. A ideia de que essa veneração poderia