Avaliação da Aprendizagem e Sofrimento Psíquico: Impactos na Formação e no Desenvolvimento Discente
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Avaliação da Aprendizagem e Sofrimento Psíquico - Victor dos Santos Moraes
Editora Appris Ltda.
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES
Aos meus pais, Jocélia e Leonardo, por todo investimento, suporte e amor incondicional que a mim dedicaram em todos os anos da minha existência.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, pela fé depositada em meu coração de que eu conseguiria alcançar todos os objetivos aos quais me comprometesse realizar com responsabilidade e determinação.
Aos meus pais, Jocélia e Leonardo, que, aqui na Terra, foram os melhores e mais verdadeiros amigos que eu poderia ter.
À Isabela, minha companheira dos momentos mais angustiantes, que, com seu carinho e afeto, ajudou a transformá-los em experiências de renovação e incentivo para que eu continuasse adiante.
A minha família, cuja base de confiança sempre impulsionou os meus sonhos nos fracassos e vitórias, como este livro. Especiais agradecimentos aos meus irmãos, Junior e Priscila, ao Lucas e à Vera, cujo exemplo de pessoa e profissional de garra inspira todo e qualquer professor.
À Prof.ª Dr.ª Magali Aparecida Silvestre, cujas orientações profissionais foram primordiais ao encaminhamento desta obra com êxito e qualidade.
E, finalmente, a todos os familiares e amigos que, embora não estejam citados aqui individualmente, estão guardados no meu coração por todo apoio, torcida e compreensão pelas diversas vezes em que estive ausente. A todos vocês, meu sincero muito obrigado!
APRESENTAÇÃO
Delimitar os caminhos que conduzem à consolidação do campo de conhecimento da ação docente e suas práticas pedagógicas é um exercício de pesquisa há muito engendrado em diversas produções científicas de sucesso. Contudo, sua incessante busca por aperfeiçoamento guia-se pela trajetória inesgotável de uma área redescoberta a cada desafio imposto à profissão exercida em sala de aula.
As investigações propostas à educação básica redirecionam, por sua vez, os núcleos de estudo enveredados pela academia a partir do rito escolar diário ditado em suas classes mais elementares. Sendo a realidade institucional cotidiana a propulsora de teorias que focalizam a relação professor-aluno em suas infinitas particularidades, assume-se como irresponsável o olhar que ignora os sujeitos sobre os quais recaem todos esses processos, os nossos educandos.
Este livro nasce, pois, da preocupação do autor em entender um pouco mais os fatores do ofício professoral que respondem a esta questão: a avaliação da aprendizagem. Entendendo, assim, os impactos gerados sobre a formação e o desenvolvimento discente, resvalou-se, então, no fenômeno do sofrimento psíquico descoberto ao longo de um percurso de estudos que, inicialmente, não previa esta abordagem interdisciplinar.
A trajetória que explica, portanto, a motivação para o desenvolvimento desta obra iniciou-se no período de minha graduação em que, na ocasião, fui convidado pela orientadora a participar de um projeto de Iniciação Científica (IC)¹, idealizado em conjunto, sobre práticas avaliativas de professores de escolas públicas segundo registros de estudantes estagiários do Programa de Residência Pedagógica da Universidade Federal de São Paulo. Essa experiência rendeu-me uma série de inquietações referentes à avaliação da aprendizagem, as quais não se esgotaram com a conclusão da investigação supracitada.
Os resultados encontrados desvelaram registros de uma realidade perversa acerca de práticas excludentes de avaliação, uma vez que naturalizavam o fracasso dos aprendizes, além de uma ausência de ações avaliativas sistematizadas em sala de aula. Fomentado por esses resultados, o objeto de estudo de meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi gerado pela busca de uma realidade educacional alternativa, a Pedagogia Waldorf, e as contribuições dos enquadramentos dos formatos avaliativos dessa abordagem.
Inspirado pelo desejo de continuidade desses estudos e pelo embasamento interdisciplinar do Programa de Pós-Graduação em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da Universidade Federal de São Paulo, do qual o projeto inicial desta obra foi originado, interessei-me pela empreitada proposta nessas circunstâncias de aliar as contribuições da IC e do TCC às relações que poderiam ser estabelecidas entre avaliação e o estado de saúde de educandos dos anos iniciais do ensino fundamental, principal modalidade de ensino investigada em minhas pesquisas devido a minha formação de Licenciatura plena em Pedagogia pela Unifesp. Dito isso, procedi, então, aos encaminhamentos iniciais necessários ao delineamento desta produção e que são descritos a seguir.
O autor
PREFÁCIO
Esta obra aborda um fenômeno multifacetado, a avaliação da aprendizagem, tendo por base uma aproximação entre dois campos bastante abrangentes: Educação e Saúde. Trata-se de apresentação da dissertação de mestrado defendida pelo autor no Programa de Educação e Saúde na Infância e na Adolescência, da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo, cujo objetivo principal foi identificar e analisar as formas de avaliação que aparecem descritas nos resultados de teses e dissertações produzidas nos últimos anos e seu potencial para promover sofrimento psíquico em crianças dos anos iniciais do ensino fundamental.
A problemática que subjaz a obra sobre avaliação da aprendizagem surge, ainda, quando o autor cursou sua graduação em Pedagogia, período em que teve a possibilidade de desenvolver uma iniciação científica, fomentada pela Fapesp, cujo tema central percorreu a formação inicial de professores, por meio de registros elaborados pelos residentes do Programa de Residência Pedagógica e os processos de avaliação desenvolvidos em escolas públicas de educação básica. Os principais resultados apontaram, por um lado, para um silenciamento desse tema nos processos formativos de professores e, por outro, na constatação da reprodução cotidiana de práticas de avaliação fragmentadas, voltadas basicamente para resultados e não para processos de aprendizagem.
Assim, este livro, que apresento com imensa satisfação, é resultado de uma significativa trajetória de estudos do autor sobre o tema, que, ao colocar fundamentalmente a criança como centro do debate sobre processos de avaliação, ratifica a relevância das clássicas perguntas: avaliar para quê? Para quem? Como?
Ao pautar-se na premissa de que avaliação é uma crítica de um percurso, conforme assevera Luckesi (2011), que serve de base para a mudança e o aperfeiçoamento de práticas pedagógicas, o autor traça um caminho à contramão (FREITAS, 2009) por escolher denunciar o quanto os processos avaliativos podem causar sofrimento psíquico nas crianças, principalmente porque prevalece no cenário educacional brasileiro o predomínio das avaliações de sistema, em que a palavra de ordem é o desempenho dos estudantes, classificados em rankings, que, ao responsabilizar os professores pelo fracasso escolar, desconsidera as precárias condições de trabalho que limitam possibilidades de desenvolvimento de práticas avaliativas mais processuais desenvolvidas por meio de um ensino inovador.
Dessa forma, Victor propôs-se a desenvolver uma pesquisa bibliográfica numa tentativa de conhecer e reunir investigações sobre o tema avaliação da aprendizagem. Longe de querer analisar as pesquisas em si, seu objetivo principal foi descrever os resultados encontrados, problematizando-os sobre o sofrimento psíquico que os processos avaliativos empreendidos nas escolas podem causar à criança.
Para tanto, apresenta no primeiro capítulo uma consistente aproximação de dois campos distintos, o de educação e o da saúde, ao mesmo tempo em que anuncia que, para se compreender o ciclo vicioso estabelecido entre os efeitos negativos da avaliação, a saúde em termos psíquicos dos educandos e o fracasso escolar
(MORAES, 2018, p. 119), é necessário compreender a infância em sua complexidade, o que requer do pesquisador o estabelecimento de diálogo com diversas áreas do conhecimento, de maneira articulada, respeitando-se os princípios da interdisciplinaridade.
No segundo capítulo, expõe, de forma detalhada, a trajetória de sua pesquisa bibliográfica, assim como a análise das 12 investigações encontradas.
Por perseguir a intrincada relação entre práticas de avaliação e promoção de sofrimento psíquico de crianças dos anos iniciais do ensino fundamental de escolas de educação básica, visando a chamar a atenção para a urgência em se romper com práticas autoritárias de avaliação, substituindo-as por práticas que promovam a emancipação de crianças em processo de escolarização, o autor, também professor da rede pública de ensino, marca sua contribuição para o debate a respeito da qualidade da escola pública.
Professora doutora Magali Aparecida Silvestre
Departamento de Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Universidade Federal de São Paulo
1
Sumário
INTRODUÇÃO
TEMÁTICAS DESENCADEADORAS DE UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
2.1 Contextualização do campo Educação e Saúde – enquadramento do objeto de estudo no discurso interdisciplinar
2.2 Avaliação e saúde
2.3 Ética na pesquisa com crianças – critério delimitador da escolha dos trabalhos tomados como objeto de análise
2.4 Avaliação e inclusão
OS EFEITOS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM SOFRIMENTO PSÍQUICO NA FORMAÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO DE EDUCANDOS SEGUNDO RESULTADOS DE TESES E DISSERTAÇÕES
3.1 Levantamento e mapeamento da coleta de dados
3.2 Categorização da análise: os resultados de pesquisas em foco
3.2.1 Perspectivas teóricas, fundamentos e concepções de avaliação
3.2.2 Metodologias de pesquisa
3.2.3 Objetivos de pesquisa
3.2.4 Problematização de resultados
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Dentre as inúmeras verbalizações, orais e escritas, que discorrem sobre o tema avaliação educacional a partir de um olhar crítico subjacente à tese que defendem, encontram-se diversos apontamentos de teóricos da educação tecendo sobre a necessidade de problematizar o atual cenário da realidade brasileira perpassado pelo processo avaliativo escolar (MORAES, 2014).
Compreender, pois, esse debate implica situar as discussões sobre avaliação educacional ao menos em três dimensões, intrinsecamente integradas, mas cada uma detentora de um protagonista principal
(FREITAS, 2009, p. 35), motivo pelo qual a maioria dos estudos trata o tema focalizando uma dessas dimensões, sem desconsiderar a contextualização que há entre elas.
Assim, as discussões sobre avaliação educacional são estimuladas por um conjunto de estudos que permeiam os núcleos conceituais: avaliação em larga escala ou avaliação externa, tendo o Estado como protagonista; avaliação institucional que acontece na escola e com os segmentos que a compõem, e avaliação da aprendizagem, aquela praticada pelo professor e que pode ou não ser protagonizada pelo aluno, a depender da forma como é concebida e desenvolvida na sala de aula (FREITAS, 2009). Aqui há, portanto, um ponto central para a apresentação do objeto de estudo desta obra, ou seja, o de delimitar a dimensão avaliativa investigada: a avaliação da aprendizagem.
Partindo-se da postura avaliativa adotada no exercício da docência em contextos educacionais diversos, trazidos pelas análises de autores e pesquisas em teses e dissertações que discorrem sobre a temática da avaliação da aprendizagem, pretendeu-se então traçar, como objetivo geral deste livro, um perfil do panorama constituído pelos efeitos dessa dimensão avaliativa na saúde dos educandos, buscando explorar os resultados apresentados por estudos de pesquisadores que conduzem à reflexão pautada na hipótese de um fenômeno que põe em risco o sucesso escolar dos alunos.
Encontram-se, assim, importantes contribuições a serem explanadas como subsídio norteador da discussão engendrada. Luckesi (2011) explica que o conceito de avaliação implica uma noção processual da ação docente em sala de aula, subsidiadora do planejamento e replanejamento do ensino e que permite ao professor estruturar sua intervenção pedagógica, no processo de ensino-aprendizagem, atrelada aos objetivos propostos.
Dessa forma, o autor desconstrói a tradicional tendência em que, ao instrumentalizar o planejamento, insere-se, de uma forma geral, a avaliação no final do processo como medida paliativa na verificação dos resultados (pois estes não são construídos e concebidos como a produção de um trabalho, mas apenas diagnosticados numa formalidade institucional) e a descola da proposta pedagógica como um todo.
Sousa (2010) vai ainda mais além nessa análise quando se remete à avaliação em larga escala, uma vez que sistematiza de