Faz duas semanas que meu amor: E outros contos para mulheres
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Pré-visualização do livro
Faz duas semanas que meu amor - Ana Paula El-Jaick
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
El-Jaick, Ana Paula
Faz duas semanas que meu amor e outros contos para mulheres /
Ana Paula El-Jaick. — São Paulo : GLS, 2008.
ISBN 978-85-86755-68-2
1. Contos brasileiros 2. Lesbianismo 3. Lesbianismo na literatura
4. Lésbicas - Ficção I. Título.
08-00378 CDD-869.93
Índice para catálogo sistemático:
1. Contos : Literatura brasileira 869.93
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Faz duas semanas
que meu amor
E outros contos para mulheres
ANA PAULA EL-JAICK
FAZ DUAS SEMANAS QUE MEU AMOR
E outros contos para mulheres
Copyright © 2008 by Ana Paula El-Jaick
Direitos desta edição reservados por Summus Editorial
Editora executiva: Soraia Bini Cury
Assistentes editoriais: Bibiana Leme e Martha Lopes
Capa: Marcos Martins, com base no quadro Le Sommeil,
de Gustave Courbet
Projeto gráfico: BVDA – Brasil Verde
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Impresso no Brasil
Para Márcio e Ju.
Prefácio
Formando uma minoria dentro do já minoritário mundo gay, as lésbicas desenvolvem uma sensibilidade que não é necessariamente nem uma reprodução dos arquétipos femininos tradicionais nem tampouco uma imagem especular da que caracteriza os homens homossexuais. Essa sensibilidade configura um universo sobre o qual em outras sociedades – como a norte-americana – já existe uma literatura muito extensa, na ensaística, na poesia e na ficção. No Brasil, por outro lado, esse campo ainda é relativamente inexplorado, certamente bem menos que o do homoerotismo masculino.
Num punhado de pequenas narrativas epistolares, vinhetas, crônicas, poemas-minuto, entrevistas imaginárias, Ana Paula El-Jaick se propõe a examinar, com leveza e argúcia, o mundo do homossexualismo feminino. Neste seu livro de estréia, a autora não reluta em enfrentar os diferentes estereótipos que a sociedade atribui às sexualidades heterodoxas, até porque boa parte da auto-imagem gay é construída criticamente em torno dessas personæ, assumidas e repudiadas, isoladas e combinadas, com graus variáveis de ironia e resignação, pastiche e paródia. Disso resulta uma gama extremamente ampla de comportamentos e posturas, que detona qualquer tentativa de rotulação.
Assim, em Faz duas semanas que meu amor vamos encontrar perfis dos dois extremos na galeria de tipos lésbicos (a femme e a butch), bem como versões exclusivamente femininas das diferentes variedades de relação amorosa: o caso efêmero, a paixão obsessiva, o triângulo amoroso, o casamento estável com complementaridade de papéis e até mesmo a variante menos examinada de todas – a opção pelo auto-erotismo (em Gracias a la vida
, um dos pontos altos do livro). Nada escapa ao olhar atento de Ana Paula, desde o desabrochar da consciência de opção sexual numa menina (A Mulher Maravilha
) até o inconsolável sentimento de perda de uma mulher já idosa que sobreviveu à companheira de longa data (Mais importante que
). São também devidamente registradas as diferentes reações do mundo maior dos breeders diante da evidência da sexualidade sáfica, variando desde a perplexidade ansiosa das pessoas que convivem com a protagonista de O jogo dos dez erros
até a agressividade assassina de uma torcida de futebol, em Maria Sapatão
. Em todos esses textos, evidencia-se a inteligência inquieta e a percepção aguçada que são a marca registrada de Ana Paula El-Jaick.
Paulo Britto
Tradutor literário, escritor e professor
do Departamento de Letras da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
Uma história de amor livre
Conheci Simone porque precisava de extrato de tomate. Ela me conheceu porque precisava de talharim. Eu, na dúvida entre o Pomarola e o Cica; ela, entre o Ádria e o Frescarini. Foi então que tivemos de desfazer o mal-entendido da fanchona que nos tomou por um casal enquanto nos convencia de que no Carrefour estava muito mais barato.
Depois de dissuadi-la, fomos para minha casa e comemos meu macarrão com o molho dela, conversando sobre as maravilhas do amor livre. E assim para o quarto numa noite ruidosa que só acabou quase de manhãzinha, um pouco antes de eu surpreender Simone largando sua enorme camisa de lã verde, despojada, na cadeira da cozinha e, num sorriso, dizer que ia esquecê-la e voltaria à noite, desesperada tocaria minha campainha se perguntando onde ela estaria. A campainha soou às sete, e ficou por muito tempo ali a enorme camisa verde-viva.
Até que um dia Simone não veio. No dia seguinte, veio, mas eu não estava. Só isso e bastou para as noites seguintes ficarem mais e mais silenciosas e a camisa ir se puindo até continuar no banco da cozinha simplesmente por que não nos lembramos dela no meio de tantos Vai ser melhor assim
.
Agora que o tempo passou, posso dizer que estamos muito felizes depois de mortas uma para a