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Anjo Indomável
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E-book376 páginas6 horas

Anjo Indomável

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Sobre este e-book

Cidades pequenas são famosas por seus segredos... mas e se você trouxer esses segredos com você?

Amy Adams chega em Northpoint, Wisconsin em um ônibus. Cidades pequenas não costumam aceitar estranhos, mas ESSA desconhecida decide ficar.

Amy dá uma olhada ao redor e parece um bom “lar”. Ela aluga uma cabana na floresta fora da cidade e começa a procurar um lugar para abrir uma loja. Depois de alugar o prédio de um dos moradores locais, logo começa a fazer amigos e a gerar comoção. Mas ela nunca fala sobre o passado.

As pessoas são curiosas. E esta beldade turista logo se torna o motivo de várias fofocas.

Abby Shipman, a Chefe de Polícia, está intrigada com ruiva linda, misteriosa e hétero recém-chegada na cidade. É estranho ela não falar sobre o passado e ela com certeza se sente desconfortável perto de Abby... ou o problema são os policiais em geral?

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento23 de jul. de 2021
ISBN9781667408040
Anjo Indomável
Autor

K'Anne Meinel

K’Anne Meinel è una narratrice prolifica, autrice di best seller e vincitrice di premi. Al suo attivo ha più di un centinaio di libri pubblicati che spaziano dai racconti ai romanzi brevi e di lungo respiro. La scrittrice statunitense K’Anne è nata a Milwaukee in Wisonsin ed è cresciuta nei pressi di Oconomowoc. Diplomatasi in anticipo, ha frequentato un'università privata di Milwaukee e poi si è trasferita in California. Molti dei racconti di K’Anne sono stati elogiati per la loro autenticità, le ambientazioni dettagliate in modo esemplare e per le trame avvincenti. È stata paragonata a Danielle Steel e continua a scrivere storie affascinanti in svariati generi letterari. Per saperne di più visita il sito: www.kannemeinel.com. Continua a seguirla… non si sa mai cosa K’Anne potrebbe inventarsi!

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    Anjo Indomável - K'Anne Meinel

    ANJO INDOMÁVEL

    Um romance de

    K’Anne Meinel

    E-book Edition

    ––––––––

    Publicado por: Shadoe Publishing for

    K’Anne Meinel on E-book

    Copyright 2ª edição © K’Anne Meinel fevereiro, 2018

    ––––––––

    ANJO INDOMÁVEL

    ––––––––

    Informações sobre a licença da edição E-Book:

    Este e-book é licenciado apenas para uso pessoal. Não pode ser revendido ou entregue a outras pessoas. Se quiser compartilhar este livro, por favor adquira uma cópia adicional para cada um com quem deseja compartilhar. Se está lendo este livro e não o comprou ou se não foi comprado apenas para uso pessoal, deve devolvê-lo e comprar a própria cópia. Obrigado por respeitar o trabalho da autora.

    K'Anne Meinel está disponível para contato no e-mail KAnneMeinel@aim.com, Facebook, blog http://kannemeinel.wordpress.com/, Twitter @kannemeinelaim.com ou em seu site www.kannemeinel.com, para conhecer outras histórias e lançamentos de livros acesse www.ShadoePublishing.com ou http://ShadoePublishing.wordpress.com/.

    ––––––––

    Dedicado a todos que

    pensam que escrevo sobre eles.

    Eu escrevo.

    K’A. M.

    CAPÍTULO UM

    Quando o ônibus parou em Port Washington, ela se perguntou se deveria descer ou continuar em direção ao litoral. O ônibus estava lotado, pois vários passageiros embarcaram em Milwaukee, mas Amy decidiu esperar, ver o que aconteceria. Ela sabia que o fim desta parte de sua jornada seria em Green Bay, mas estava procurando. Procurando por algo. Qualquer coisa. Não sabia o que era, mas seus instintos lhe diziam que deveria sentar e esperar, aguentar a mulher com cheiro ruim e obesa que entrou no ônibus em Milwaukee e ocupou o próprio assento e parte do assento de Amy. Parecia que a mulher não tomava banho há dias. E tinha comido alho antes de entrar no veículo, Amy sorriu. Mesmo assim, foi educada com a mulher. Ela talvez nem soubesse que cheirava mal ou que estava ocupando parte do assento de Amy no ônibus lotado. Amy estava disposta a suportar tudo isso. Algo a manteve em seu banco e não era por estar apertada como uma sardinha em lata.

    Ela observou enquanto passageiros entravam e saíam em Port Washington. O ônibus grande e barulhento partiu mais uma vez, indo para a costa leste de Wisconsin em direção ao The Thumb, uma pequena região com um formato irregular, destacada sobre o enorme mar raso, o lago Michigan. Foram para o condado de Door e as cidades ficaram menores. Estas cidades pequenas a encantavam enquanto o veículo entrava e saía delas, desembarcando e embarcando outros passageiros. Ela não se importava com as partidas e paradas constantes; era fascinante observar as pessoas, ver paisagens diferentes e as folhas coloridas do outono. Às vezes paravam em uma cidade onde ela conseguia ver partes do lago Michigan. Durante toda sua vida, o lago foi apenas um ponto em um mapa e agora estava o vendo de verdade.

    Aos poucos o ônibus esvaziou quando muitas pessoas saíram e poucas embarcaram. Na cidade de Sturgeon Bay, cruzaram uma ponte que separava a ilha principal de uma ilha pequena. Continuaram ao norte na rodovia 57, passando por lugares como Whitefish Bay, Bailey’s Harbor e Moonlight Bay. Logo ela iria se acostumar com Egg Harbor, Sister Bay e outros nomes peculiares. Foi em Northpoint que sua voz interior lhe disse para sair do ônibus. A passagem estava paga até o ponto final, em Green Bay, mas alguma coisa lhe disse para levantar e sair, e o motorista a obedeceu. Não era do interesse dele onde os passageiros desembarcavam e apenas a ajudou a tirar a enorme mala do bagageiro do ônibus. De qualquer maneira, Northpoint era o ponto de retorno dele. O ponto mais ao norte no The Thumb, onde faria o retorno com o ônibus e voltaria para o sul, agora pela rodovia 42, e passaria por algumas cidades pequenas dependentes deste serviço. Observou ela pegar e arrastar atrás de si a grande mala que ele acabara de tirar do compartimento de bagagem. Felizmente, era tinha rodas e uma alça extensível. Imaginou se ela carregava uma pia de ferro nessa coisa, já que era bem pesada. Ele balançou a cabeça enquanto começava a guardar as malas dos novos passageiros e se esqueceu dela.

    Amy foi em direção a uma placa que viu do ônibus; a Duck and Swan Inn era encantadora. Sabia que, por ser uma pousada, seria caro, mas estava cansada e mal-humorada. Depois de dormir vários dias em assentos de ônibus, precisava de uma boa noite de sono e um bom banho quente. Esfregou os braços por causa do frio noturno enquanto olhava ao redor se perguntando se era isso; seu destino final. Aqui seria seu novo lar?

    — Posso ajudá-la? — uma mulher com uma expressão agradável atendeu ao toque discreto da campainha na recepção. Ela hesitou em entrar na pousada, mas uma placa, também discreta, foi um convite para entrar e esperava que não tivesse problemas.

    — Olá, me chamo Amy Adams, você tem algum quarto disponível? — perguntou ela com um sorriso gentil, retribuindo o da mulher.

    — Oh, você chegou na hora certa. É o fim da estação e agora temos alguns disponíveis durante a semana. Que bom que não veio no fim de semana ou não teria nada disponível na cidade; gostaria de um com lareira? — ela perguntou.

    — Ah, adoraria ter uma lareira — Amy entusiasmou-se.

    — Quantas noites? — perguntou ela enquanto empurrava uma ficha de registro pelo pequeno balcão.

    Amy preencheu rápido e com uma letra bonita, a mulher notou. — Pode ser por uma ou duas noites? — perguntou Amy esperançosa.

    — Sem problemas, mas precisamos do quarto para o fim de semana porque estamos lotados — ela respondeu enquanto lia as informações preenchidas por Amy. — Vou precisar de pagamento adiantado e de um documento com foto.

    Amy estava com tudo em mãos e entregou o cartão de crédito e carteira de habilitação, que a senhora pegou e processou rapidamente. — Meu nome é Sarah Katzenburger, eu e meu marido somos os donos desta pousada, — ela se apresentou enquanto o cartão de crédito era processado na máquina e o recibo era impresso para Amy assinar.

    — É uma bela casa — comentou Amy, olhando os toques caseiros e a aparência antiga da casa estilo saltbox. Por fora era desgastada, provavelmente pelas tempestades causadas por causa do lago.

    — Certo, o café da manhã é servido das seis às nove da manhã e posso providenciar almoço ou jantar em qualquer um dos nossos excelentes restaurantes na cidade, se você estiver interessada — disse ela animada enquanto pegava uma chave antiga e a entregava para Amy junto com um recibo. Olhou para a hóspede tentando descobrir o que uma mulher sozinha e com um sotaque sulista fazia neste extremo norte nesta época do ano.

    — Excelente — Amy respondeu e ignorou o olhar curioso. Sabia que a maioria das pessoas não fazia muitas perguntas pessoais até se sentirem mais confortáveis com um desconhecido, e por enquanto, iria se esconder atrás disso. Amanhã poderia ser diferente para a mulher curiosa — Preciso encontrar um lugar hoje à noite para jantar — comentou ela.

    — Bem, o hambúrguer do Chuckies’ é fantástico, mas também servem refeições completas com filés e vegetais, — acrescentou ela quando Amy torceu o nariz para o hambúrguer. Comida gordurosa não parecia apetitosa após uma longa jornada comendo apenas comidas nas paradas de ônibus, mas uma refeição completa seria perfeita.

    — Parece bom, humm, onde fica? — perguntou Amy.

    Ela ouviu a breve explicação da sra. Katzenburger sobre a cidade e de como chegaria no restaurante Chuckies’ ao sair da pousada. Depois de agradecer sua anfitriã, subiu as escadas até o quarto com o número escrito na chave e descobriu, para sua alegria, que a lareira já tinha lenha. Largou a mala pesada e olhou encantada para o banheiro privativo. Estava ansiosa para usar aquela banheira, mas, por enquanto, tomou um banho rápido, penteou os cabelos ruivos espessos com um pente e retocou a maquiagem. Olhando no espelho, examinou suas sardas detestáveis, quase todas já desbotadas junto com o bronzeado de verão. Tinha pele lisa, olhos verdes brilhantes, nariz fino e lábios carnudos beijáveis. Considerava os olhos como seu melhor traço, delineados com a delicadeza das sobrancelhas e dos cílios, tornando o uso de rímel opcional. A maioria das ruivas tinha sobrancelhas e cílios castanhos claros ou vermelhos, mas ela não. Os de Amy eram escuros e delineavam suas feições. Mesmo tendo sofrido provocações durante toda a vida, gostava de sua aparência. Usou o pente mais uma vez e logo o cabelo estava arrumando, então saiu do quarto encantador, trancou-o e guardou a chave no bolso.

    Sarah observou a nova hóspede sair para a noite e mais uma vez a curiosidade a dominou. Ela parecia gentil, mas uma sulista iria gerar algumas fofocas nesta cidade turística.

    Amy encontrou o Chuckie’s com facilidade e ficou satisfeita com as opções escritas no menu acima do bar. Pediu um filé, batatas fritas caseiras, uma salada e uma cerveja Corona e perguntou se podia sentar em uma mesa. O barman confirmou e disse que a refeição seria levada até ela quando estivesse pronta. Ele franziu a testa quando ela disse que queria bem feito, mas o lindo sorriso dela, com um pouco da covinha aparecendo, o encantou. Ela pegou a cerveja e foi para um local discreto, onde poderia observar o restaurante e ler o jornal.

    Amy começou pelas vagas de emprego e seguiu para os anúncios de vendas de imóveis, tentando conhecer a região. O jornal cobria todo o litoral, e as cidades eram desconhecidas para ela. Fez uma nota mental para comprar um mapa do condado de Door amanhã, quando estivesse bem descansada.

    — Quem é aquela? — uma mulher alta de cabelos escuros perguntou enquanto se sentava em um banquinho no bar. O barman não perguntou o que ela queria, apenas serviu uma cerveja da torneira de chop e a deslizou para ela, que a pegou em sua mão e tomou um gole.

    — Turista — grunhiu ele, enquanto limpava a umidade do balcão bem polido do bar.

    Ela assentiu com a cabeça enquanto olhava com curiosidade através do espelho para a mulher e depois rapidamente desviou os olhos para os outros clientes do bar, classificando-os como turista ou moradores da cidade em instantes. Seus olhos foram atraídos novamente para a ruiva quando a luz acima da mesa atingiu as mechas do cabelo dela, fazendo-as brilharem. Ela apreciava uma mulher bonita, mas quando a mulher sentiu que estava sendo observada ou apenas ergueu os olhos do jornal, a morena logo se concentrou na bebida.

    — Vai comer? — perguntou o barman e com a confirmação dela, escreveu uma comanda para a cozinha e pegou a bandeja com a comida da ruiva e entregou a uma das garçonetes.

    — Parece delicioso! — Amy ficou entusiasmada enquanto a garçonete a servia. Tinha um cheiro maravilhoso e sua boca estava salivando. Cortou alguns pedaços do filé, abaixou a faca com delicadeza e pegou o garfo para comer junto com as batatas fritas. Estendeu a mão sobre a mesa e colocou ketchup no prato, para mergulhar a comida. Com cuidado, cortou a salada para poder comer porções adequadas. A mão esquerda voltou várias vezes para o colo, onde havia colocado o guardanapo com delicadeza. Sem perceber, exibiu suas boas maneiras e educação para qualquer um que a observasse.

    Amy gostou muito da primeira refeição completa que comia em dias e, quando a garçonete voltou, pediu uma segunda garrafa de cerveja, relaxando enquanto lia todo o jornal. Ergueu os olhos algumas vezes para observar os outros clientes e notou um ou dois observando-a também, mas seus olhos passaram por eles e seguiram em frente.

    Sentia-se muito satisfeita ao entregar o cartão de crédito e esperar a garçonete voltar com o recibo para ser assinado. Não teve nenhum problema em deixar uma gorjeta de vinte por cento enquanto preenchia os espaços em branco, pegava sua cópia e a guardava junto com a cópia extra da conta na carteira. Ao se levantar, dobrou o jornal com cuidado, colocou-o debaixo do braço e saiu do restaurante, sendo observada por algumas pessoas, incluindo a morena jantando no bar.

    CAPÍTULO DOIS

    — Olá, estou procurando por um corretor de imóveis. — Amy perguntou na manhã seguinte depois de entrar em um dos escritórios que viu no jornal da noite anterior. Ela se sentia melhor depois de uma boa noite de sono e de um excelente café da manhã feito pela sra. Katzenburger. Ela conheceu o sr. Katzenburger e outros hóspedes e teve uma conversa amigável com eles. Disse que estava de férias, mas descobriu muito mais sobre eles do que eles sobre ela, apesar de todas as perguntas bem-intencionadas deles. Animada, saiu no clima de outono com o sol brilhando forte e percebeu que iria precisar de alguns agasalhos, pois estava muito frio aqui no extremo norte. As lindas folhas de outono estavam mudando nas árvores ao redor da cidade. Era bem pitoresco.

    — Bem, você encontrou uma! — respondeu a mulher mais velha, sorrindo.

    Amy retribui o sorriso e olhou ao redor do escritório bem iluminado. Grande parte do pequeno escritório era ocupado por janelas com vista para a marina e o lago. Era iluminado, arejado e perfeito para mostrar as várias fotografias penduradas nas paredes, sobre e ao lado das janelas, de imóveis à venda ou já vendidos pela imobiliária. — Estou procurando algum lugar para alugar por um ano, talvez alugar e depois comprar, — ela disse à mulher, olhando rapidamente para o crachá dela. Lenora.

    Lenora sorriu com a possibilidade de uma venda ao invés de apenas um aluguel e logo se apresentou. — O que você está procurando, uma casa, um apartamento ou um lugar para reformar? Seu marido vai morar com você? Você tem filhos? — A voz dela ficava mais animada enquanto falava.

    Os olhos de Amy escureceram por um momento, mas logo voltaram ao normal. Lenora não percebeu.

    — Não, estou sozinha, então um ou dois quartos são suficientes. — Amy esperava que sua voz soasse natural. — Um lugar que precise de reformas não parece uma boa ideia, mas o que você tem disponível?

    — Bem, temos — Lenora começou a falar.

    — Ah, também estou pensando em procurar algum prédio comercial que esteja à venda aqui na cidade, pois estou pensando em ficar muito tempo — Amy a interrompeu.

    Lenora pensou que havia morrido e ido para o céu, mas mesmo assim se manteve cautelosa. Muitos turistas achavam que gostariam de morar em uma das várias pequenas cidades desta área do estado, mas nunca ficavam por muito tempo. Eram apenas grandes sonhos e possibilidades e nunca rendiam nada bom, exceto, talvez, um grande desperdício de seus esforços e tempo. Ela começou a mostrar à cliente em potencial os imóveis disponíveis para alugar, mas também, disfarçadamente, notou que a mulher estava bem vestida, usava calça, uma blusa bonita e uma cara jaqueta de couro falso completava o traje com elegância. O cabelo ruivo era um pouco exagerado e por um momento Lenora pensou que deveria ser tingido para ficar daquela cor, principalmente por causa das sobrancelhas e dos cílios escuros. Mas ela falava devagar e com precisão em seu sotaque sulista, demonstrando boas maneiras e um certo charme. Isso impressionou Lenora, que começou a falar sobre os negócios da cidade, para os turistas e moradores locais. A maioria das pessoas compravam mantimentos nas cidades maiores ou até mesmo iam até Green Bay para compras maiores. A cidade era um ponto de partida para as ilhas perto do lago. A balsa e a pescaria geravam um grande lucro para a pequena cidade.

    Amy ficou intrigada. Começou como uma pequena vila de pescadores e cresceu para acomodar os turistas, mantendo o charme caseiro. Não era muito grande, mas várias pessoas visitavam o lugar, gerando lucro para os habitantes locais, que sempre buscavam preservar o interesse dos turistas.

    Lenora mostrou algumas casas, dirigindo por dentro e ao redor da cidade, enquanto conversava sobre vários assuntos. Finalmente, Amy encontrou uma que gostou. Uma velha cabana de caça que precisava de alguns reparos, mas era reservada, discreta e isolada. O vizinho mais próximo ficava a dois quilômetros de distância. O preço era baixo, mesmo para um aluguel, mas ela sabia que era por causa da localização. Prestou atenção enquanto Lenora lhe mostrava a distância da cidade e teve certeza de que seria uma longa caminhada, mas com o inverno chegando, logo iria precisar de um carro.

    Depois de ler com cuidado, Amy assinou os documentos do aluguel com a opção de fazer uma oferta de compra a qualquer momento, no prazo de um ano a partir da data do contrato. Depois Lenora começou a lhe mostrar alguns prédios vazios na cidade e as lojas bem estabelecidas, fofocando um pouco ao mesmo tempo.

    — Este lugar pertence à mesma família há quase cem anos e eu sei que o atual proprietário não tem mais interesse em mantê-la, — Lenora disse enquanto as duas entravam em uma pequena mercearia com alguns artigos pesca e outras bugigangas pendurados na parede. Havia uma casa anexada à loja, com uma viatura de polícia estacionada na frente. Amy podia ver que a loja não era bem utilizada e havia regredido desde seus dias de glória, pouco espaço estava sendo usado. Mas ela conseguia enxergar o potencial. Tinha uma varanda ao redor de quase todo o prédio, exceto do lado da casa anexa e de um lado com visão para a marina, onde ficava uma bomba de gasolina em um cais.

    — Oi Lenora, e aí? — perguntou uma garotinha com seis ou sete anos atrás do balcão. Amy piscou surpresa e tentou não rir.

    — Heather, isso é falta de educação — declarou Lenora em reprovação. — Você deve me chamar de sra. Watson e não pelo meu primeiro nome sem permissão.

    — Você me chama pelo meu primeiro nome, — respondeu a garota mal-humorada. Era óbvio que seu modo de falar era uma repetição de algo dito por um adulto.

    — Onde está a sua... — Lenora hesitou antes de perguntar — mãe? — perguntou com cautela.

    — Ela está por aqui em algum lugar — respondeu a garotinha de maneira atrevida. Ela não se abalou com o tom de Lenora por muito tempo e olhou ao redor como se quisesse fazer a mãe aparecer com mágica.

    — Por que você não está na escola? — perguntou Lenora a garotinha.

    Amy assistia com diversão a garotinha lidando com a corretora de imóveis irritada. — Reunião de pais e mestres — disse ela distraída e depois gritou — MÃE! — fazendo as duas adultas se encolherem com o grito ensurdecedor.

    — O que foi? — respondeu uma voz da sala dos fundos e logo todas conseguiram ver uma morena com jeito arrogante; que parecia ocupada, pois estava desgrenhada e parecia ter acabado de acordar. Amy ficou surpresa ao reconhecê-la como uma das clientes do restaurante da noite anterior e se perguntou se ela estava bêbada.

    — Abby, eu trouxe alguém que está interessada na loja — Lenora começou a falar com seu melhor tom de vendedora. Ela não viu o olhar assustado das outras duas mulheres. Amy ainda não estava pronta para tomar uma decisão e Abby não esperava ser abordada desse jeito.

    — Quem disse que estou pronta para vender? — Abby perguntou e seu tom de voz era semelhante ao de sua filha mal-humorada.

    — Pare com isso Abby, sabe que as coisas estão complicadas desde a morte de seus avós e você não tem mais tempo para cuidar do lugar — Lenora respondeu, nada intimidada pelo tom da outra mulher.

    — Talvez, mas quem disse que eu quero vender? — Abby perguntou novamente.

    — Abigail Shipman, você mesma disse isso há pouco tempo. Agora eu tenho esta simpática moça interessada em abrir um negócio aqui na cidade, então você está ou não interessada na possibilidade de vender o lugar? — perguntou Lenora com raiva, cansada da impertinência da filha e da mãe.

    Abby sorriu ao compartilhar um olhar divertido com Amy. — Talvez eu esteja, talvez não, — respondeu.

    Lenora exalou alto pelo nariz com a resposta e cruzou os braços, irritada. — Bem, então não vamos desperdiçar o seu tempo, — disse ela enquanto gesticulava para Amy que as duas deveriam ir embora.

    Amy foi conduzida para fora da loja e, encantada, olhou para os olhos castanhos risonhos da morena e se despediu com um aceno de cabeça enquanto Lenora suspirava de raiva. Durante o resto da manhã, a mulher lhe mostrou alguns prédios vazios e, embora houve várias opções, a maioria de seus planos eram recriações vagas do que já existia na cidade. Amy a agradeceu pela ajuda, pegou as chaves da casa alugada e voltou para a pousada.

    Ela sentou-se e fez uma lista das coisas que iria precisar na nova casa e sabia que tinha cerca de 48 horas para consegui-las. Só poderia ficar neste quarto por mais uma noite e não podia ficar mais tempo por causa dos turistas. Com isso em mente, embarcou no ônibus antes dele sair da cidade naquela tarde, usando sua passagem paga até Green Bay. Conseguiu ver o lado interno do The Thumb. Através da água, podia ver um pouco terra, mas só conseguiu enxergar as cidades depois de chegar em Green Bay. Pediu ajuda e pegou um táxi até a concessionária de automóveis. Sabia o que seria necessário em uma área com muita neve e para sobreviver nesta região. O vendedor era como qualquer outro e o sotaque sulista dela encantou a todos. Ela sabia que estava em desvantagem por ser uma mulher sozinha comprando um carro, mas continuou explorando as opções disponíveis até encontrar um SUV de que gostou. Tinha um bom consumo de combustível, tração nas quatro rodas, era pouco usado e tinha pouca quilometragem, então conseguiu um bom desconto em um dos modelos mais novos. Ela não acreditou na história de que um casal de idosos tinha vendido o veículo porque era muito moderno para eles, mas gostou do carro com quatro portas e um grande porta-malas. Assinou todos os documentos necessários e fez um pequeno empréstimo para se estabelecer na região; felizmente ainda era cedo, então sua conta bancária no Sul foi validada e eles sabiam que o crédito dela era bom. Ao sair do estacionamento, sentiu-se poderosa enquanto dirigia até as lojas mais próximas.

    Ela comprou tinta para pintar a cabana, um colchão inflável e um saco de dormir, até que os lençóis, travesseiros e fronhas comprados pudessem ser usados. Foi à um restaurante e comeu enquanto continuava a fazer suas listas, logo depois retornou às lojas. Ficou muito satisfeita com as opções e pela primeira vez ouviu falar de um lugar chamado Appleton e sobre o Fox River Mall, com lojas vendendo produtos direto da fábrica. Depois de descobrir que ficava há mais de uma hora ao sul, decidiu se concentrar em onde estava, por enquanto. Em pouco tempo, conseguiu comprar uma cama, um colchão, mobília para a sala de estar e uma televisão para sua humilde casa. Comprou algumas coisas básicas e com tudo isso empilhado no porta-malas do novo SUV, dirigiu de volta pelo litoral na esperança de não se perder. Foi um passeio simples, porém confuso, na escuridão, pois ela ainda não estava familiarizada com a área. Depois de cruzar a ponte em Sturgeon Bay, teve a sensação estranha de que estava voltando para a casa. Ficou aliviada quando chegou em Northpoint e se deparou com a Duck and Swan. Estacionou na rua e entrou na pousada para um merecido descanso após um dia cansativo; estrava feliz por seus anfitriões terem limpado o quarto e colocado mais lenha, que não demoraram muito para serem acesas na lareira. Foi dormir observando a tela de proteção na frente da lareira, olhando as chamas, sonhando acordada e imaginando seu futuro em Northpoint.

    Na manhã seguinte, despediu-se da Duck and Swan e agradeceu à sra. Katzenburger pela hospitalidade. Mencionou que alugou um lugar fora da cidade e satisfez a curiosa de sua anfitriã ao dizer a localização da casa.

    — Oh, aquele lugar, está vazio há anos. Você vai precisar verificar o aquecedor e o sistema de ventilação; faz muito frio por aqui — estreitou os olhos. — Posso recomendar um faz-tudo, se quiser — ela ofereceu.

    Amy aceitou a oferta. As melhores pessoas vinham por recomendação e ela sabia que por ser recomendado pelos novos amigos, então deveria ser uma pessoa boa.

    — Oh, você comprou uma caminhonete? — foi o próximo comentário.

    O sr. Katzenburger acrescentou. — Não tenho muita confiança no trabalho dos estrangeiros. Pessoalmente prefiro as coisas americanas.

    Amy ouviu sem argumentar, mas era seu primeiro carro, então iria ficar com ele; estava orgulhosa dele e por ter dinheiro para comprá-lo. Os anfitriões tinham a própria opinião, não deixaria esses comentários a incomodarem. Depois de colocar a mala pesada com todas as roupas no porta-malas, ficou feliz por ainda ter muito espaço disponível no SUV. Tudo pertencia a ela. Estacionou na frente da cabana e olhou ao redor para as árvores altas, a camada profunda de terra acumulada abaixo delas e respirou no silêncio. Era tudo seu. Alugado, sim, mas era seu. O orgulho borbulhou dentro de si enquanto descarregava seus pertences.

    Primeiro, varreu a pequena cabana, observando os troncos grossos e imaginando se estaria bem aquecida no inverno. Não tinha certeza e a lenha ao lado da cabana não parecia ser o suficiente. Não encontrou nenhum outro jeito de aquecer a pequena cabana e, pensativa, varreu cada canto e fenda, do teto ao chão, eliminando a poeira e os detritos dos anos que o lugar ficou vazio. Levantou um pouco de poeira com a limpeza, então abriu todas as janelas, percebendo o quanto esfriou enquanto trabalhava. Finalmente, ficou satisfeita e pegou o sabão e os produtos limpeza comprados para usar no piso e nas paredes de madeira. Começou pela cozinha, primeiro esfregou as paredes e depois o chão, surpresa com a quantidade de água suja no balde durante a faxina. Jogou para fora, na direção da varanda, esticou as costas e notou a hora enquanto o sol começava a se pôr. Teria que deixar um pouco da limpeza da casa para outro dia, se quisesse se aquecer.

    Ela fechou as janelas e acendeu o fogo da lareira, mas logo a fumaça começou a sufocá-la. Tentou usar a saída da chaminé, mas não parecia funcionar muito bem, pensou que talvez tivesse algo dentro do buraco. Encolheu os ombros; já era muito tarde para resolver esse problema, então pegou o saco de dormir e encheu o colchão. Percebeu que precisava ligar a eletricidade da cabana e conseguir um telefone. Fez várias listas ao perceber como estava despreparada.

    Depois de tomar banho com água fria, ela encontrou um aquecedor elétrico de água em um armário da cozinha, então sabia que mais cedo ou mais tarde teria água quente. Sem saber como ligar a eletricidade, estremeceu por causa da água fria, enrolou as mangas da blusa, colocou um suéter para esconder a camisa suja e foi em direção a cidade. Decidiu experimentar outro restaurante. Este era um pouco mais requintado do que o Chuckie’s e sentiu-se constrangida com

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