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Riquezas da Igreja
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Riquezas da Igreja
E-book272 páginas7 horas

Riquezas da Igreja

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Sobre este e-book

Nesta obra, encontram-se à disposição dos leitores escritos que servem de base para a fé católica e para a própria teologia. São os ensinamentos dos Santos Padres, que, de acordo com o papa João Paulo II, "são os melhores intérpretes das Sagradas Escrituras". Uma seleção de textos desses grandes homens da Igreja, realizada pelo professor Felipe Aquino, traz ao público um pouco de tudo aquilo que eles nos deixaram - estudos e interpretações a respeito do cristianismo -, e que para muitos é desconhecido. Grande parte desses escritos é utilizada pela Igreja na Liturgia das Horas, tendo em vista a profundidade espiritual e o testemunho da tradição apostólica presentes nesses textos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de nov. de 2015
ISBN9788576772774
Riquezas da Igreja

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    Riquezas da Igreja - Prof. Felipe Aquino

    5,11-14

    Apresentação

    Os grandes santos escritores da Igreja nos deixaram de maneira clara as bases da fé católica e da própria teologia. Segundo o papa João Paulo II, os Santos Padres são os melhores intérpretes das Sagradas Escrituras. Essas palavras são suficientes para despertar em nós o interesse em estudá-los.

    O Concílio Vaticano II voltou os seus olhos para esses gigantes da fé, que enfrentaram as primeiras e grandes heresias que ameaçavam desabar o edifício da fé católica. Por essa razão, foram obrigados a formulá-la da maneira mais clara possível, conforme hoje a conhecemos.

    Nesta obra, encontra-se à disposição dos leitores um pouco – na verdade muito pouco – de tudo aquilo que esses grandes homens da Igreja nos deixaram, e que para muitos ainda é desconhecido. São páginas selecionadas; muitas delas utilizadas pela Igreja para a sua medição na Liturgia das Horas, tendo em vista a profundidade espiritual e o testemunho da Tradição Apostólica presentes nesses escritos.

    Esses santos, muitos deles Doutores da Igreja, receberam de Deus uma luz especial para a compreensão e o ensino das verdades da fé. Amadureceram os seus ensinamentos no calor da oração e do estudo, sob o sol do sofrimento.

    A leitura dessas páginas nos leva a mergulhar um pouco no coração da Igreja, especialmente no seu início, e a sentire cum Ecclesia.

    São páginas densas de ensinamentos e, que, portanto, devem ser lidas lentamente, em clima de m editação. Elas nos levam à oração...

    Nestes tempos difíceis, repletos de falsas doutrinas e falsos profetas, não teremos âncoras mais seguras para nos mantermos firmes na fé e na sã doutrina católica.

    Consagro-as ao nosso divino Redentor e à sua Santa Mãe, a fim de que disponham delas para a maior glória da Santíssima Trindade, edificação da Igreja e salvação do seu povo.

    Prof. Felipe Rinaldo Queiroz de Aquino

    Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir – Século I

    Santo Inácio de Antioquia (†110) foi o terceiro bispo da importante comunidade de Antioquia, hoje na Turquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo e São João. Sob o domínio do imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma, onde morreu nos dentes dos leões, no Coliseu. A caminho de Roma, escreveu cartas às Igrejas de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo São Policarpo de Esmirna. Na carta aos esmirnenses aparece pela primeira vez a expressão Igreja Católica.

    Cristo chamou-nos para seu reino glorioso

    (Da Carta aos Esmirnenses)

    Inácio, o Teóforo, à Igreja de Deus Pai e de Jesus Cristo, o dileto, rica de todos os dons da misericórdia, repleta de fé e de caridade, sem que lhe falte qualquer graça, muito amada por Deus, portadora da santidade; à Igreja que está em Esmirna na Ásia, efusivas saudações no Espírito imaculado e no Verbo de Deus.

    Rendo glória a Jesus Cristo, Deus, que vos deu tanta sabedoria, pois notei como sois perfeitos na fé inabalável, como que, de corpo e alma, presos por cravos à cruz do Senhor Jesus Cristo e firmes na caridade pelo sangue de Cristo, crendo com fé plena e segura que nosso Senhor é em verdade oriundo da estirpe de Davi segundo a carne, Filho de Deus pela vontade e poder de Deus. Crendo de igual modo que verdadeiramente nasceu da Virgem, foi batizado por João para que nele se cumprisse toda a justiça. Crendo que verdadeiramente foi, sob Pôncio Pilatos e o tetrarca Herodes, crucificado na carne por nós – de cujo fruto nós pertencemos por sua bem-aventurada paixão – a fim de, por sua ressurreição, elevar pelos séculos a bandeira que reúne seus santos e seus fiéis, judeus ou gentios, no único corpo de sua Igreja.

    Tudo padeceu por nós para alcançarmos a salvação; e padeceu de verdade, como também de verdade ressuscitou a si mesmo.

    Também sei que, depois da ressurreição, vive em seu corpo e creio estar Ele ainda agora com seu corpo. Ao se encontrar com Pedro e seus companheiros, disse-lhes: Pegai, apalpai-me e vede que não sou um espírito incorpóreo. E logo o tocaram e creram, unidos à sua carne e a seu espírito. Por esta razão, desprezaram também a morte e da morte saíram vitoriosos. Depois da ressurreição, comeu e bebeu com eles como qualquer ser corporal, embora, espiritualmente, unido ao Pai.

    Exorto-vos, portanto, caríssimos, embora bem saiba que pensais do mesmo modo.

    Não quero agradar aos homens, mas a Deus

    (Da Carta aos Romanos)

    De Inácio, dito Teóforo, à Igreja que alcançou a misericórdia, na magnificência do Pai Altíssimo e de Jesus Cristo, seu Filho único; à dileta Igreja, iluminada pela vontade daquele que tudo quer, segundo a caridade de Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de receber felicitações, digna de louvor, digna de ver cumpridos seus votos; à Igreja que preside a universal assembléia da caridade, possuidora da lei de Cristo, assinalada com o nome do Pai. A ela saúdo em nome de Jesus Cristo, Filho do Pai. A todos os que, de corpo e alma, estão unidos pelos preceitos dele, inexaurivelmente repletos pela graça de Deus e limpos de todo matiz estranho, desejo abundante e incontaminada salvação em Jesus Cristo, nosso Deus.

    Em minhas preces junto do Senhor, pedia a graça de contemplar vossos rostos dignos de Deus. Agora, acorrentado em Cristo Jesus, continuarei pedindo a mesma graça, e espero ir saudar-vos e, se for a vontade de Deus, fazer-me digno de chegar ao fim. Já há, aliás, princípio estabelecido: se conseguir a graça, receberei, seguramente, o meu quinhão. Tenho medo de que vossa caridade me venha a prejudicá-lo. Para vós, é fácil fazer o que quereis; para mim, é difícil alcançar a Deus, se não me poupardes.

    Não quero que agradeis aos homens, mas a Deus, como já o fazeis. Quanto a mim, jamais encontrarei outro tempo mais oportuno de entrar de posse de Deus; quanto a vós, seria o silêncio vossa ação mais meritória. Porque se calardes meu nome, tornar-me-ei palavra de Deus. Se, ao contrário, amardes minha vida carnal, de novo serei apenas som. Não me concedais mais do que ser imolado a Deus, enquanto o altar está preparado. Então, em coro na caridade, cantarei ao Pai em Cristo Jesus, ao Deus que se dignou encontrar o bispo da Síria, chamando-o do nascente ao poente. É bom passar do mundo para Deus, para nele nascer.

    Não seja eu cristão de nome, mas, de fato

    A ninguém jamais seduzistes, mas ensinastes a outros. Quanto a mim, também quero que continue firme o que ensinais e prescreveis. Pedi apenas para mim as formas interiores e exteriores, a fim de que não só fale, mas o queira, para que não só seja chamado de cristão, mas reconhecido como tal. Se me reconhecerem, então serei chamado cristão, e minha fé será manifesta quando não mais aparecer aos olhos do mundo. Nada do que é aparente é bom, pois o nosso Deus, Jesus Cristo, Ele mesmo, de novo vivo no Pai, agora se manifesta sempre mais. O cristianismo não é resultado de persuasão, mas de grandeza, quando é objeto de ódio para o mundo.

    Tenho escrito a todas as Igrejas, e a todas elas faço saber que com alegria morro por Deus, contanto que vós não mo impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma benevolência intempestiva. Deixai-me ser alimento das feras, porque através delas pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus: que seja eu triturado pelos dentes das feras para tornar-me puro pão de Cristo!

    Instigai, ao contrário, os animais para que neles encontre o meu sepulcro e nada reste de meu corpo para não ser pesado a ninguém, depois de adormecer. Então serei verdadeiro discípulo de Cristo, quando o mundo não mais vir sequer o meu corpo. Suplicai a Deus por mim, que por este meio me torne uma hóstia para Deus. Não vos dou ordens como Pedro e Paulo. Eles são apóstolos, eu, um condenado; eles, livres, eu, escravo até agora. Mas se eu sofrer, serei um liberto de Jesus Cristo e nele ressurgirei livre. Agora algemado, aprendo a nada cobiçar. Desde a Síria até Roma venho lutando, com as feras, de dia e de noite, por terra e mar, amarrado a dez leopardos, isto é, ao grupo de soldados. Eles, ao receberem benefício, tornam-se ainda piores. Aprendo mais com suas injúrias, mas só por isso não sou justificado.

    Quem me dera alegrar-me com as feras preparadas para mim! Desejo-as bem velozes. Afagá-las-ei para que me devorem depressa. Não aconteça comigo como a alguns nos quais nem sequer, medrosas, tocaram. Se elas resistirem e não quiserem, eu as obrigarei à força. Perdoai-me! Sei o que me convém. Agora começo a ser discípulo. Que nada, tanto das coisas visíveis quanto das invisíveis, segure o meu espírito, a fim de que eu possa alcançar a Jesus Cristo. Que o fogo, a cruz, um bando de feras, os dilaceramentos, os cortes, a deslocação dos ossos, o esquartejamento, as feridas pelo corpo todo, os duros tormentos do diabo venham sobre mim para que eu ganhe unicamente a Jesus Cristo!

    Meu amor está crucificado

    Nem as delícias do mundo nem os reinos terrestres me interessam. Mais vale para mim morrer em Cristo Jesus do que imperar até os confins da terra. Procuro aquele que morreu por nós: quero aquele que por nós ressuscitou. Meu nascimento está iminente. Perdoai-me, irmãos! Não me impeçais de viver, não desejeis que eu morra, pois desejo ser de Deus. Não me entregueis ao mundo nem me fascineis com o que é material. Deixai-me contemplar a luz pura, onde, lá chegando, serei homem. Concedei-me ser imitador da paixão de meu Deus. Se alguém o possui no coração, entenderá o que quero e terá compaixão de mim, sabendo que ânsia me atormenta.

    O príncipe deste mundo deseja arrebatar-me e corromper meu amor para com Deus. Nenhum de vós, aí presentes, o ajude. Ponde-vos antes de meu lado, ou melhor, do lado de Deus. Com efeito, não podeis pronunciar o nome de Jesus Cristo, enquanto cobiçais o mundo.

    Não more em vós a inveja. Mesmo que eu em pessoa vos rogasse algo diferente, não me escuteis. Crede antes no que vos escrevo. Vivo, vos escrevo, desejando morrer. Meu amor está crucificado. Não há em mim fogo que busque alimentar-se da matéria, apenas uma água viva e murmurante dentro de mim, dizendo-me em segredo: Vem para o Pai! Não sinto prazer com o alimento corruptível nem com as volúpias deste mundo. Quero o pão de Deus, a carne de Jesus Cristo, que nasceu da linhagem de Davi. E quero a bebida, o seu sangue, que é a caridade incorruptível.

    Não quero mais viver como os homens. Isto acontecerá se vós quiserdes. Querei-o, rogo-vos, para que sejais vós também queridos. Com poucas palavras, dirijo-me a vós. Acreditai-me: Jesus Cristo vos manifestará que digo a verdade, Ele que é a boca verdadeira pela qual o Pai verdadeiramente falou. Pedi vós para mim, para que o consiga. Não por motivos carnais, mas segundo a vontade de Deus foi que vos escrevi. Se for martirizado, vós me quisestes bem. Se for rejeitado, vos me odiastes.

    Lembrai-vos em vossas orações da Igreja da Síria, que tem Deus em meu lugar. Em lugar do bispo, Jesus Cristo e a vossa caridade a governarão. Envergonho-me de ser contado entre seus membros, pois não sou digno disto, já que sou o último deles e como que um aborto. Na verdade, alcançarei a misericórdia de ser alguém, se possuir a Deus. Saúdam-vos o meu espírito e a caridade das Igrejas que me recebem em nome de Jesus Cristo e não como um passante qualquer. De fato, as Igrejas, que não se acham no caminho por onde vou passando, antecipam-se a meu encontro em cada cidade.

    Uma só oração, uma esperança na caridade, na santa alegria

    (Da Carta aos Magnésios)

    Contemplando na fé e amando, nas pessoas acima mencionadas, toda a comunidade, eu vos exorto a empregardes todo o empenho em fazer tudo na concórdia de Deus, sob a presidência do bispo, em lugar de Deus, e dos presbíteros, em lugar do senado apostólico, bem como dos diáconos, meus caríssimos. A eles, com efeito, foi confiado o ministério de Jesus Cristo, que antes dos séculos era com o Pai e apareceu no fim dos tempos. Todos, então, recebida a mesma vida divina, respeitai-vos mutuamente e ninguém considere o próximo segundo a carne, mas amai-vos sempre uns aos outros em Jesus Cristo. Nada haja em vós que vos possa separar. Uni-vos ao bispo e aos que presidem, como uma figura e demonstração da imortalidade.

    Da mesma forma que, sem o Pai unido a Ele, o Senhor nada fez por si nem pelos apóstolos, assim também vós, sem o bispo e os presbíteros, nada executeis. Também não tenteis fazer passar por coisa boa o que se fizer em separado. Reunindo-vos, porém, seja uma só oração, uma só súplica, um só modo de pensar, uma só esperança na caridade, na santa alegria, pois um só é Jesus Cristo, mais excelente do que tudo. Acorrei todos como a um só templo de Deus, como a um só altar, a um só Jesus Cristo, que proveio de um só Pai, com Ele só esteve e a Ele voltou.

    Não vos deixeis seduzir por doutrinas estranhas e velhas e inúteis fábulas. Se ainda vivemos de acordo com a lei judaica, confessamos não ter ainda recebido a graça. Pois os santos profetas já viveram em conformidade com Jesus Cristo. Por este motivo, inspirados por sua graça, sofreram perseguição, a fim de incutir certeza nos incrédulos de que há um só Deus, que se manifestou por Jesus Cristo, seu Filho, seu Verbo brotado do silêncio, que em tudo agradou àquele que o enviara.

    Há quem negue a ressurreição de Cristo. Como isto é possível, se por ela recebemos o mistério da fé e por sua causa nos constituímos discípulos de Cristo, nosso único doutor? Se, pois, os que viveram sob a antiga economia chegaram à nova esperança, e assim não mais respeitam o sábado, porém, o domingo, no qual nossa vida ressurgiu por Cristo e sua morte, como poderemos viver sem Ele, a quem os profetas esperaram como mestre e de quem já eram discípulos pelo espírito? Por esta razão, ao vir aquele a quem esperavam com justiça, foram ressuscitados dos mortos.

    Tendes Cristo em vós

    Longe de nós a indiferença ante a benignidade de Cristo. Se agisse conosco da maneira como fazemos, estaríamos perdidos. Por isto, feitos seus discípulos, aprendamos a viver de acordo com o cristianismo. Quem se faz chamar por nome diferente não é de Deus. Rejeitai, pois, o mau fermento, velho e azedo, e mudai-vos com a força do novo fermento, que é Jesus Cristo. Salvai-vos nele para que nenhum de vós se corrompa, porque pelo cheiro seríeis descobertos. É absurdo confessar a Cristo Jesus e judaizar, porque, de fato, o cristianismo não creu no judaísmo, mas o judaísmo no cristianismo, no qual estão reunidos todos quantos crêem em Deus.

    Se vos escrevo deste modo, caríssimos meus, não é porque saiba haver alguns de vós com estes sentimentos. Porém, como o menor de todos, desejo-vos precavidos, a fim de não cairdes no anzol da vã doutrina. Ficai plenamente certos do nascimento, da paixão e ressurreição acontecidos durante a procuradoria de Pôncio Pilatos. Tudo isto foi verdadeiramente vivido por Jesus Cristo, nossa esperança. Ninguém se afaste jamais desta esperança.

    Goze eu de vossa companhia, se for digno. Embora em cadeias, não posso comparar-me com nenhum de vós, que não estais presos. Sei que não vos orgulhais, pois tendes Jesus Cristo em vós. Ora, além disto, sei que o rubor vos sobe ao rosto quando vos elogio, como está escrito: O justo acusa-se a si mesmo. (cf. Pr 18,17)

    Esforçai-vos por ficar firmes na doutrina do Senhor e dos apóstolos, para que tudo quanto fizerdes tenha bom êxito na carne e no espírito, pela fé e pela caridade, no Filho e no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, com vosso digno bispo e a bem entretecida coroa espiritual de vosso presbítero, juntamente com os diáconos, agradáveis a Deus. Sede submissos ao bispo e uns aos outros como, em sua humanidade, Jesus Cristo ao Pai e os apóstolos a Cristo e ao Pai e ao Espírito, para que a união seja corporal e espiritual.

    Por vos saber cheios de Deus, exortei-vos com brevidade. Lembrai-vos de mim em vossas orações, para que consiga alcançar a Deus. Lembrai-vos também da Igreja que está na Síria, na qual não sou digno de ser contado. Necessito de vossa oração e caridade em Deus. Que a Igreja, que está na Síria, mereça ser orvalhada pela vossa Igreja!

    Saúdam-vos em Esmirna, donde vos escrevo, os efésios que aqui se acham presentes para a glória de Deus, como também vós que, juntamente com Policarpo, o bispo de Esmirna, me assistísseis em tudo. As outras Igrejas, em honra de Jesus Cristo, vos saúdam, unidos em Deus, possuidores do inseparável espírito, que é Jesus Cristo.

    Por causa de Deus, nos é preciso tudo suportar para que ele também nos suporte

    (Da Carta a São Policarpo, bispo de Esmirna)

    Inácio, chamado também o Teóforo, a Policarpo, bispo da Igreja de Esmirna, que tem acima de si, como bispo, a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo, efusiva saudação.

    Tendo provas do teu espírito piedoso, fundado sobre rocha inabalável, elevo grandes louvores por ter sido digno de ver teu santo rosto. Praza a Deus dele gozar sempre em Deus! Rogo-te, pela graça que te reveste, a intensificares tua corrida e exortar a todos para que se salvem. Desempenha bem tua missão com toda a diligência corporal e espiritual. Tem cuidado pela unidade, pois nada há de melhor. Suporta a todos como o Senhor te suporta. Tolera a todos na caridade, como já o fazes. Entrega-te à oração incessante. Pede uma sabedoria ainda maior do que tens. Vigia com espírito sempre desperto. Fala a cada um, segundo a maneira habitual de Deus. Sofre as fraquezas de todos como perfeito atleta. De fato, onde há mais trabalho, aí também se encontra o maior lucro.

    Nenhum merecimento te advém de amar os bons discípulos. Portanto, trata com mais brandura os mais doentes. Não se cura toda chaga com a mesma pomada. Refresca com abluções os ímpetos febris. Em tudo sê prudente como a serpente e simples como a pomba (cf. Mt 10,16). Porque és um ser corporal e espiritual, trata com calma o que te acontecer. Pede que te sejam manifestadas as realidades invisíveis, a fim de que nada te falte e sejas rico de todos os dons. O tempo te solicita como o piloto submetido aos ventos. Também batido pela tempestade, procuras o porto onde alcançarás a Deus com os teus. Sê sóbrio como atleta de Deus. O prêmio prometido é a imortalidade e a vida eterna, como estás convencido. Em tudo por ti sou um sacrifício expiatório, eu e minhas cadeias que beijaste.

    Aqueles que parecem merecer confiança, mas ensinam coisas estranhas, não te aterrorizam. Fica firme como a bigorna. Principalmente por causa de Deus, precisamos tudo suportar para que Ele também nos suporte. Torna-te ainda mais zeloso. Pondera os tempos. Aguarda aquele que é além do tempo, intemporal, invisível, que se fez possível por nossa causa e de todos os modos padeceu por nós.

    Não se negligenciam as viúvas. Depois do Senhor, sê tu seu protetor. Nada se faça sem a tua vontade nem faças algo sem Deus; o que não acontece! Sê constante. Não desprezes os escravos e as escravas. Mas que eles não se ensoberbam. Pelo contrário, que sirvam melhor para a glória de Deus, a fim de receberem de Deus uma liberdade mais perfeita. Não desejem alforria a expensas da caixa comum, para não se escravizarem à cupidez.

    Tudo se faça em honra de Deus

    Foge dos maus hábitos; e diante do povo fala contra eles. Dize a minhas irmãs que amem o Senhor e estejam satisfeitas com seus maridos, de corpo e alma. Igualmente a meus irmãos, ordena, em nome de Jesus Cristo, que amem suas esposas como o Senhor ama a Igreja. Se alguém pode guardar a castidade em honra da carne do Senhor, permaneça na humildade. Envaidecendo-se, perecerá. Julgando-se superior ao bispo, está morto.

    Convém, certamente, que o noivo e a noiva se unam em casamento, com a aprovação do bispo, a fim de que as núpcias sejam segundo o Senhor e não conforme a concupiscência. Tudo se faça em honra de Deus.

    Escutai o bispo para que Deus vos escute. Estou pronto a dar minha vida por aqueles que são submissos ao bispo, aos presbíteros, aos diáconos. Oxalá tenha eu parte com eles em Deus. Colaborai uns com os outros. Juntos lutai, juntos correi. Padecei juntos. Adormecei em união, em união levantai-vos, como administradores, familiares e servos de Deus que sois. Dai-lhe prazer, àquele para quem militais e de quem recebereis o soldo. Nenhum seja desertor. Vosso batismo seja a vossa arma; a fé, o vosso capacete; a caridade, a vossa lança; a paciência, a vossa armadura completa. As vossas obras sejam vosso depósito para receberdes em justiça o que vos é devido. Sede generosos e longânimes uns com os outros, com mansidão, assim como Deus em relação a vós. Quem me dera gozar para sempre de vosso convívio!

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