A beleza impossível: Mulher, mídia e consumo
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A beleza impossível - Rachel Moreno
superficial.
A ferro quente me retorciam os cabelos para formar cachos… Que derreteram junto com a vela enorme que eu segurava, bem no meio da cerimônia. Enquanto a vela me queimava as mãos, eu sentia vontade de sumir do mapa, vontade que crescia à medida que o cabelo se esticava por vontade própria, me deixando com a cara lambida, como atesta a fotografia tirada no dia em que era preciso ser bela – ao menos no dia do casamento de minha tia, em que eu era uma dama de honra um tanto gordinha, de cara achatada, metida num longo vestido branco desconfortável.
Anos depois, me vejo passando a ferro, sobre papel de seda, os lindos cabelos dourados e naturalmente encaracolados de minha irmã, que os queria lisos, escorridos, sem volume e passíveis de ser jogados para trás, num movimento charmoso e displicente da cabeça, como faziam as modelos na propaganda de xampu da TV.
Pout être belle, il faut souffrir. ¹
Hoje, revejo um anúncio premiado de uma linha de cosméticos que mostra não haver mulher que um bom programa de edição de imagens não possa transformar em beldade… E as pobres mulheres incautas, do outro lado do anúncio, acreditam piamente nessa beleza, incorporam-na como desejável, natural e possível, querem-na para si. E cobram isso de si mesmas.
Afinal, pensando bem, tal expectativa não parece absurda.
Cremes faciais e corporais garantem tirar manchas, cravos, espinhas, rugas, imperfeições; devolver a elasticidade, o brilho e a beleza da pele. Os cosméticos disfarçarão os resíduos da imperfeição e realçarão o belo, eclipsando os sinais menores sob o bronzeamento artificial (que dá o tom exato, qualquer que seja a estação do ano).
Dietas – das mais conservadoras às mais mirabolantes – garantem a perda de toneladas por semana. Academias, spas, lipoaspiração e personal trainers juram fazer de você uma nova mulher. E, se nada der certo, ainda restam as cirurgias de estômago que, aí sim, deixarão você esbelta e bela como sempre sonhou… O que você faria com uns quilos a menos?
, pergunta a propaganda de TV, insinuando praia de biquíni, sexo finalmente desinibido e satisfatório e outras coisas mais.
Claro que umas operaçõezinhas plásticas cá e lá ajudam a recolocar a pele no lugar depois da perda do peso excessivo. E também podem ser utilizadas para repuxar os olhos, encurtar o nariz, erguer os cantos da boca, dar um realce na fisionomia, no pescoço, na papada (onde quer que ela esteja).
Como alternativa, ou junto com isso, um tantinho de silicone aqui e ali – nas pálpebras, nas maçãs do rosto, no queixo, enchendo os lábios de dura sensualidade, tornando os seios túrgidos, a bunda arrebitada na medida certa – fará de você a pessoa que sempre quis ser. Botox também ajuda. Não há sonho de beleza que um habilidoso cirurgião e alguns produtos não possam ajudar a realizar.
O plano de saúde ou suaves prestações mensais deixaram essas maravilhas ao alcance de todas. Só não são belas e perfeitas as mulheres relaxadas, as que não têm um pingo de vaidade
(note bem, vaidade hoje tem sempre conotação positiva) ou as bem pobrinhas… E você não quer se enquadrar em nenhum desses casos, não é verdade?
Durante toda a minha infância, minha mãe controlou minha alimentação – só meio pãozinho, nada de banana, só uma colher de arroz… Não é à toa que hoje adoro pão, arroz e banana… A demanda reprimida transformou esses alimentos em objetos do desejo. Sinto a boca cheia de saliva só de escrever a esse respeito!
A rotina em casa passava também por flexões diárias para reduzir minha barriga saliente, coordenadas por meu pai, confortável e displicentemente instalado na cama enquanto contava – um, dois, três –, até minha exaustão, sem que adiantasse nada, até o meu estirão de adolescência, que aproveitou tudo nos meus novíssimos e bem distribuídos 160 centímetros de altura. Mais uma vitória do espírito sobre a