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Lua Azul
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E-book201 páginas3 horas

Lua Azul

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Sobre este e-book

O universo está em perigo...
Uma poderosa civilização monitora a relação entre o bem e o mal do universo, destruindo planetas inteiros sempre que o equilíbrio parece ameaçado. Para tal, observam uma incrível relíquia, chamada A Grande Balança, que se inclina sempre que um planeta precisa ser exterminado. E mais: a Terra, o Planeta Azul, é o próximo.
Mas, muito tempo atrás, na Itália renascentista, Galileu e seus discípulos desenvolveram o que poderia ser a última esperança da raça humana: sete armas de extremo poder, confiadas a gerações e gerações de guerreiros habilidosos e comprometidos com a salvação do mundo.
Essa história atravessará os séculos até chegar a Tóquio, no ano de 2064. Katsuma, um jovem de apenas dezesseis anos, receberá uma das grandes armas de Galileu e terá de lidar não apenas com os sentimentos e as descobertas de um adolescente comum, mas também com o peso da maior responsabilidade que um homem adulto poderia suportar: o de ser o herói de que a humanidade precisa para continuar existindo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jun. de 2017
ISBN9788542210583
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    5/5
    Mano, que escrita maravilhosa... só queria que tivesse um brasileiro também como conectado...
  • Nota: 5 de 5 estrelas
    5/5
    maravilhoso a em0cao sob pra cima parece que vc esta dentro do livro

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Lua Azul - Fred Oliveira

— POR VOLTA DO ANO 400 ANTES DE CRISTO, na Grécia Antiga, admiradores do espaço iniciaram um intenso estudo, buscando informações ocultas na leitura dos astros celestes, e assim perceberam a existência de um misterioso ciclo de destruição. Seres de outros mundos, com tecnologia avançada e inteligência e longevidade superiores às dos terráqueos, de tempos em tempos aniquilavam planetas para que, supostamente, se mantivesse o equilíbrio do Universo. Receosos, os maiores astrônomos do mundo disseminaram o estudo de geração em geração, de modo que a preciosa informação não se perdesse. A conclusão da pesquisa se deu no ano de 1641, na Itália, nos últimos dias de vida de Galileu Galilei, que, em segredo, transmitiu uma missão aos seus discípulos na arte da astronomia oculta. Eles criaram sete objetos que, juntos, poderiam evitar a destruição da Terra, com uma matéria-prima nomeada por eles de estilhaço estelar, material não existente no nosso planeta e raro no Universo. Para muitos, os artefatos poderiam ser considerados mágicos, mas para aquele grupo de estudiosos se tratava de simples ciência. Se tudo isso é verdade? Não sabemos — dizia o professor de história e mitologias, Nagata Hisashi, sendo então interrompido pela sirene que anunciava o fim do expediente escolar. Ele ajeitou seus óculos circulares com o indicador direito, enquanto os alunos se aprontavam para sair da sala, e sussurrou, como se falasse apenas para si mesmo: — Ou será que sabemos?

— Katsuma! Katsuma! Acorde! A aula acabou! — gritou Matsuura Iyo para o amigo, que estava debruçado sobre a mesa, dormindo, com fones de ouvido.

Como ele não acordava, a garota aumentou o volume da música. Katsuma se assustou e caiu da cadeira, garantindo risadas dos alunos que ainda estavam ali.

Ela sorriu para ele, com ar inocente:

— Vamos, Katsuma, a aula já acabou. Acho incrível sua capacidade de não prestar atenção em nada.

— Me deixa, Iyo — disse o garoto, mal-humorado. — Você sabe como eu odeio os contos de fada do professor Nagata. Astronomia oculta, equilíbrio do Universo... tudo isso é besteira.

— Mas é legal entender as mitologias para saber no que os nossos antepassados acreditavam e como eles viviam. Afinal, foi a crença deles que fez do mundo o que é hoje, né?

— Ah, deixa pra lá — cortou ele, colocando a mochila nas costas.

Todo fim de tarde, depois de um dia inteiro de aulas, Iyo e Katsuma iam juntos para casa. Eram vizinhos desde o primário e sempre haviam se dado bem, mesmo sendo tão diferentes. Ela era uma garota meiga, inteligente e tímida. Todos os garotos da escola a achavam linda. Era baixa, cerca de um metro e sessenta de altura, e tinha os olhos castanhos e brilhantes. Seus cabelos eram negros, lisos e bastante longos, chegando quase na altura do tornozelo. Tinha a voz macia e reconfortante, então não era difícil gostar dela. E, apesar da beleza evidente, não era nada vaidosa, o que a deixava ainda mais atraente aos olhos dos colegas. O único adereço que usava era um bracelete no punho esquerdo, que, segundo ela, era uma herança de família.

Ozaki Katsuma, por sua vez, era um garoto desleixado. Seu cabelo preto-azulado vivia bagunçado, e os olhos escuros pareciam permanentemente desatentos. Ele nunca andava sem os fones de ouvido e mantinha a gravata escolar sempre solta sobre a camisa semiaberta. Nas aulas, quando não estava dormindo, ficava sentado com as mãos para trás da cabeça, como se não estivesse nem aí para o que os professores diziam. Mesmo assim, era inteligente e tinha as melhores notas da turma, o que parecia um mistério para todos. Ele tinha dezesseis anos, um a mais que ela.

No caminho de volta para casa, os dois sempre passavam por uma pequena ponte sobre um riacho. Era comum eles se apoiarem no guarda-corpo da ponte e jogarem um pouco de conversa fora antes de finalizarem o trajeto. Falavam de todo tipo de assunto, de música a filmes de terror. Apesar de terem gostos diferentes para quase tudo, eles achavam graça das mesmas coisas e dividiam histórias que não se sentiam à vontade para contar a mais ninguém.

Naquela tarde, Iyo comentou que pretendia ir ao cinema holográfico no fim de semana. Estava para estrear um filme que ela aguardava havia meses, e a garota parecia especialmente empolgada. E confusa também: um colega da escola, que nunca tinha dado nenhuma pista de que pudesse estar interessado nela, tinha convidado-a para sair, e ela estava pensando em aceitar.

— Então, tá, Iyo, aceita logo. Pra mim essa conversa já deu — disse Katsuma, dando as costas antes mesmo de ela poder concluir o que falava.

— Espera, Katsuma, ainda tá cedo pra ir embora! — Iyo gritou, acenando, mas o amigo já estava no final da pequena ponte. Ela correu e o alcançou. — Não entendi a pressa.

— Nada, não, Iyo. Só estou com fome.

A garota desacelerou o passo ao avistar sua casa e deu um tchau hesitante para Katsuma, que respondeu com um gesto pouco efusivo. Não era raro ele saber de garotos dando em cima de Iyo, mas detestava quando a amiga entrava nesses assuntos. Talvez porque ele mesmo nunca tivesse histórias do tipo para contar.

Ele morava bem ao lado da casa dela, então não teve muito mais tempo para remoer aquilo depois que a garota fechou a porta atrás de si.

— Vô, cheguei! — berrou Katsuma na porta da loja de Ozaki Koji, que ficava abaixo do sobrado onde os dois viviam. — Vou esquentar algo para comer.

Antes mesmo de esperar a resposta do avô, subiu as escadas, ligou o som da sala no último volume e jogou a mochila no sofá. Deixou a música eletrônica dominar o ambiente e foi para a cozinha, onde colocou um lámen para esquentar.

Katsuma não conhecia seus pais. Morava com o avô, um arqueólogo aposentado que era sua única família. Ozaki Koji tinha uma cicatriz no rosto, do lado direito, na região da bochecha, e precisava de uma cadeira de rodas para se movimentar. Ele contava que tinha conseguido essa marca e perdido os movimentos das pernas ao mesmo tempo, durante uma escavação perto das ruínas da estátua de Zeus, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Desde então, passara a trabalhar na loja, vendendo antiguidades.

De volta à sala, o garoto desligou o som e ligou a TV para assistir a um anime. Sentou-se no sofá ao lado da mochila e comeu o lámen como se fosse a refeição mais saborosa do mundo. Estava exausto, pois havia passado a noite anterior ajudando o avô a limpar a loja. Ao terminar o prato, arrumou a cozinha e foi para o quarto.

Lá estava o seu maior segredo: coleções fascinantes de livros de história e mitologia antiga. Era ali que se concentrava seu verdadeiro prazer. Enquanto dormia na sala de aula, deixava o gravador ligado, pois não podia perder uma palavra sequer do professor Nagata. Além da música eletrônica, seus fones de ouvido serviam para que ouvisse documentários, de modo a garantir que seus conhecimentos sobre aqueles temas estivessem sempre atualizados. Por algum motivo, que ele mesmo não sabia explicar, preferia manter em segredo sua admiração pelo desconhecido, como se o simples fato de ninguém mais saber sobre o assunto tornasse tudo ainda mais interessante.

Katsuma era capaz de interpretar línguas perdidas e hieróglifos complexos – uma herança que recebera do avô, uma paixão que ardia em seu coração. Ali, no quarto, ele podia se sentir à vontade para ser ele mesmo. Nem mesmo sua melhor amiga conhecia esse segredo, ou pelo menos ele acreditava que não.

O garoto se deitou na cama para ler um mangá e nem sentiu o tempo passar.

Katsuma saiu do transe ao ouvir o telefone tocar. Quando olhou pela janela, já estava escuro. Ele atendeu, e a imagem do avô apareceu num holograma de trinta centímetros, uma tecnologia que em 2064 já estava plenamente disseminada:

— Katsuma, estou terminando aqui na loja. Já subo para conversarmos mais sobre aquele objeto que comentei com você.

— Ok — respondeu o garoto, tentando disfarçar a ansiedade. — Espero aqui.

Ao desligar, o adolescente ficou em silêncio por uns instantes. Dias antes, o avô o tinha procurado para contar a respeito de um objeto antigo que, segundo o velho, era de extrema importância. O trabalho pesado na loja e as tarefas da escola de Katsuma tinham adiado a conversa até aquele momento, mas parecia que finalmente o garoto ia poder saciar sua curiosidade. Quando mencionara o objeto pela primeira vez, o avô pareceu ao mesmo tempo triste e ansioso.

Ouviu o som da porta da loja descendo e, pouco depois, o barulho do mecanismo do elevador nos fundos da loja, que o avô instalara para subir até a casa em sua cadeira de rodas. Katsuma já estava parado na porta do quarto quando o velho surgiu no corredor.

— Oi, vô! Vamos começar?

— Tudo bem, garoto, mas tenha calma. Antes preciso comer alguma coisa. Estou morto de fome.

Katsuma deu passagem ao avô, que guiou sua cadeira de rodas até a cozinha. O garoto sentou-se numa banqueta enquanto Koji começava a preparar o jantar. O avô ficava muito concentrado nessas horas, e Katsuma achou melhor esperar que ele tomasse a iniciativa de falar antes de perguntar qualquer coisa. Para seu azar, o homem só retomou a conversa depois que eles se sentaram à mesa.

— Antes de mais nada — começou o avô, finalmente —, quero lhe contar de uma mitologia não escrita, mas que vem sendo passada de geração em geração na nossa família. Você já ouviu falar sobre o ciclo de destruição e a teoria do equilíbrio do Universo, correto?

— Sim, o professor Nagata já falou a respeito. Hoje mesmo voltou ao assunto.

— Certo. Então vou narrar detalhes dessa história que nem seu renomado professor deve saber. Uma história que o avô do meu avô já contava.

Katsuma olhou atentamente para Koji, que mastigava lentamente o jantar. Reparou que, com a idade e a flacidez da pele, sua cicatriz na bochecha parecia estar cada dia mais baixa. O avô continuou:

— Os estudiosos descobriram que, para medir o equilíbrio entre o bem e o mal, os seres responsáveis por essa estabilidade haviam criado um artefato chamado A Grande Balança. Ela ficou guardada no Salão Imperial, aos cuidados de um dos mais sábios homens do Universo, Zenchi, o braço direito do imperador. Segundo dizem, A Grande Balança foi feita à semelhança da constelação de Libra, dourada e reluzente. Em um dos pratos encontra- se uma esfera de luz; no outro, uma esfera de trevas. Uma é semelhante ao Sol; a outra, a um buraco negro. No topo do artefato, flutuando, está uma ampulheta feita de ouro transparente e repleta de areia azul-marinho. Seu objetivo é indicar o momento exato para a destruição do planeta que está prestes a causar o desequilíbrio entre as forças do bem e do mal.

Katsuma a essa altura parecia nem respirar mais. Não estava gravando a fala do avô, como fazia no colégio com o professor Nagata, então não podia se dar ao luxo de perder nenhuma palavra.

— Em que lugar do Universo está o Salão Imperial? — perguntou o avô, mais para si que para o neto. — Ninguém sabe. Existe realmente essa balança? Ainda é um mistério. Mas há algo que todos os estudos apontam, se realmente acreditarmos neles: já faz alguns séculos que nosso planeta é indicado como o próximo do ciclo.

Nesse momento o avô parou e tossiu, cobrindo o rosto com uma das mãos. Katsuma não sabia se estava entendendo direito, mas percebeu que o velho estava suando de nervosismo:

— E o que podemos fazer para proteger o planeta? — perguntou o neto.

— Não se preocupe tanto com isso, garoto — respondeu o avô, ainda tossindo. — Afinal, lendas são lendas.

Katsuma ficou em

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