O grito: Jesus crucificado e abandonado na história e na vida do Movimento dos Focolares desde o seu nascimento, em 1943, até o raiar do Terceiro Milênio
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Sobre este e-book
"Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" Neste grito, Chiara Lubich capta um acesso, privilegiado e intenso, aberto por Deus ao seu próprio mistério de Amor. No abismo do sofrimento do Homem-Deus, todo sofrimento humano se ilumina e adquire sentido. A união profunda entre o Pai e o Filho no Espírito, que aquele grito revela e doa, torna-se o modelo da unidade entre os homens.
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Pré-visualização do livro
O grito - Chiara Lubich
Título do original:
IL GRIDO
© Città Nuova Editrice – Roma – 2000
Tradução:
Irami B. Silva
© Editora Cidade Nova – São Paulo – 2000
Revisão:
Ekkehard A. Schneider
Euclides Lins
Ignez M. Bordin
Projeto gráfico:
Cesar Wagner Pires de Freitas
Conversão para Epub:
Cláritas Comunicação
ISBN 978-85-7821-129-5
(Original: 88-311-5096-0)
2a edição
Editora Cidade Nova
Rua José Ernesto Tozzi, 198
Vargem Grande Paulista – SP – Brasil
CEP 06730-000 – Telefax: (11) 4158.2252
www.cidadenova.org.br
e-mail: editoria@cidadenova.org.br
Sumário
Prefácio
Aquele que seguimos
Jesus Crucificado
Jesus Abandonado
Jesus Abandonado e a Obra de Maria
Onde e como descobri-Lo
O que Jesus Abandonado realiza
Um período luminoso
A provação
Rumo à ressurreição
Os Papas e a Obra de Maria
As cruzes da Igreja
Aspiração à unidade
Outros gestos de reconhecimento por parte de personalidades religiosas
Anos de alegria e de exultação
O nosso lugar na Igreja
Escola Abbá e Inundações
A última obra de Amor, por enquanto, a Jesus Abandonado
A janela
A vinha de Jesus Abandonado
Referências Bibliográficas
A Jesus Abandonado,
como uma carta de amor.
PREFÁCIO
A Obra de Maria, ou Movimento dos Focolares, nasceu em 1943, na cidade de Trento (Itália), por obra de Chiara Lubich, uma professora que reuniu algumas amigas junto a si para percorrer um itinerário de fé e de vida e nele experimentar a perene novidade do Evangelho, fonte de unidade e de renovação profunda da pessoa como um todo. A partir daquele primeiro núcleo, o Movimento conheceu uma contínua e constante difusão, e hoje compreende alguns milhões de pessoas no mundo inteiro, bispos, sacerdotes e religiosos, famílias, homens e mulheres consagrados, jovens, unidos no focolare
, como em Nazaré.
É de se perguntar o porquê dessa difusão tão singular, dessa vitalidade do Movimento que se apresenta como um dos componentes mais dinâmicos da Igreja no alvorecer do Terceiro Milênio. Qual é o seu segredo, a sua essência mais profunda, o âmago de onde jorra tanta energia espiritual, tanta luz, tanto frescor evangélico ou amor compartilhado na feliz simplicidade fraterna que me tocou, há muitos anos, no primeiro encontro com Chiara, e que me comove em todos os encontros com o Movimento, do Brasil às Filipinas, da Nigéria ao Canadá?
Eis aqui, então, o significado e o valor deste precioso texto de Chiara Lubich, que quer elucidar justamente as raízes espirituais, teológicas e históricas do Movimento dos Focolares. Mais do que um ensaio sobre o Movimento, é um cântico
, escreve a Autora, um hino de alegria e de gratidão
, uma carta de amor
a Jesus crucificado e abandonado.
O título, singular e sugestivo, O grito: Jesus crucificado e abandonado na história e na vida do Movimento dos Focolares, desde o seu nascimento, em 1943, até o raiar do Terceiro Milênio, leva-nos e impulsiona-nos para o âmago de toda a experiência dos focolarinos: o encontro com o Amado, o Crucificado, que grita na cruz: Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?
(Mt 27,46).
O livro é o relato desse encontro, vivenciado por Chiara Lubich em primeira pessoa e depois partilhado com todos os que aderem ao Movimento.
Na primeira parte do volume, a Autora lê o texto evangélico do Abandonado na cruz, indagando sobre todos os seus aspectos, do exegético ao teológico, do espiritual ao da reflexão patrística. O mistério abissal do sofrimento de Deus e em Deus é central para entender o sofrimento dos homens, redimido pela morte e pela ressurreição de Cristo. A união profunda e inefável do Pai com o Filho no Espírito, vivida também no momento da Cruz, do abandono, torna-se assim modelo da união dos cristãos, dos discípulos fiéis a Cristo, que têm a coragem de tomar cada um a própria cruz, todo dia, para seguir o Senhor e testemunhá-lo na vida por meio de um estilo marcado pela comunhão, caracterizado pela vocação que leva todos, crianças e jovens, adultos e idosos, gente de todas as idades, raças, camadas sociais, culturas, todos, enfim, homens e mulheres, da diversidade à unidade em nome de Cristo.
Junto ao texto evangélico da crucificação, a invocação de Cristo ao Pai: Que todos sejam uma coisa só
(Jo 17,21) constitui, portanto, a outra referência incessante da espiritualidade dos focolarinos. Criar e sustentar a unidade — a comunhão não somente entre católicos, mas com os outros cristãos e também com aqueles que, enquanto homens e mulheres de boa vontade, procuram a verdade — é a missão do Movimento e é a vocação à qual nos sentimos chamados quando nos encontramos com o Cristo crucificado.
Por conseguinte, refazemos com Chiara Lubich o caminho do Movimento pelas etapas mais significativas e importantes, marcadas por dificuldades, incompreensões e provações, mas também pelos sinais da Providência que orientam e sustêm o caminho, alargando-o para os horizontes de toda a Igreja e do mundo inteiro.
A constante que acompanha toda a sua história, nos é assim proposta pela Autora: "Ora, se observarmos o nosso Movimento, vemos que ele […] parte de um desejo de amor: amar a Deus, redescoberto como Amor, como Pai […]. Também para nós, esse amor se traduzia e se traduz em fazer a vontade de Deus, que se resume no Mandamento Novo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (Jo 15,12)".
O amor é o semblante de Jesus crucificado, e amar criando espaços de comunhão na cidade é o modo de testemunhar a própria fé e a própria adesão sincera a Cristo abandonado na cruz por amor a nós, propter nostram salutem¹.
A cidade nova
é o projeto que emana do encontro de amor com o Amado, uma cidade em que as provações não faltam, onde constatamos também que a semente lançada com generosidade produz frutos abundantes, porque o Pai, rico de misericórdia, vela sempre sobre suas criaturas e dispensa o dom do Espírito a quem quer que o peça com fé.
João Paulo II abalizadamente confirma essa vocação para o amor, em 19 de agosto de 1984, ao dirigir-se assim aos focolarinos: O amor é […] a centelha inspiradora de tudo aquilo que se faz com o nome Focolare, de tudo aquilo que vocês são, de tudo aquilo que vocês fazem no mundo. […] O amor abre o caminho. Auguro que esse caminho seja sempre mais largo para a Igreja, graças a vocês
. Realmente, o caminho do diálogo e da comunhão é hoje mais amplo graças também ao empenho do Movimento dos Focolares, inserido no coração de todas as culturas por meio das Mariápolis, Cidades de Maria, a Mãe que, como o céu, envolve tudo e todos, porque em todos quer formar o seu Filho, Jesus Cristo.
A aurora do Terceiro Milênio, caracterizada pela graça e pela alegria do Grande Jubileu, anuncia uma época nova para a Igreja, uma era que o papa Paulo VI já anunciara e vislumbrara, a da Civilização do Amor.
Ao anúncio da morte de Deus
, que parecia dominante nos últimos dois séculos, corresponde hoje o anúncio de uma nova aliança, de uma amizade renovada e aprofundada, visto que por intermédio de Cristo abandonado e crucificado, janela
aberta entre Deus e o homem, como o define Chiara, o Pai olha para nós e nós podemos voltar a contemplá-lo e a nos regozijar com sua presença.
Pai, que todos sejam um!
é a oração de Cristo, mas também a invocação com que Chiara fecha o livro, abrindo assim para a esperança o limiar do Terceiro Milênio. Quem o ler não poderá deixar de se apossar desta sua prece, endereçando, assim, a sua carta de amor ao Senhor crucificado que, abandonado na cruz, não abandona o homem, mas se torna seu redentor e companheiro de viagem nas sendas da história, iluminada pela luz do Verbo Encarnado no seio de Maria Santíssima, e aquecida pelo fogo do Espírito de Amor do Pai, rico de Misericórdia, e do seu Filho Jesus, crucificado e abandonado, o Ressuscitado.
Roma, Santa Páscoa de 2000
Card. Paul Poupard
1 Por nossa salvação. [N.d.T.]
AQUELE QUE SEGUIMOS
Um cântico
O assunto que me proponho desenvolver neste livro é, para mim e também para os membros do Movimento dos Focolares, de capital importância, de um fascínio ímpar e, por isso, requer um empenho todo especial.
Na realidade, devo falar d’Aquele que um dia, um dia preciso, diferente para cada um, na única vida que Deus nos