Sentimentalidades

De Carlos R.

Neste livro, liberto nos versos das minhas poesias as sentimentalidades que nos guiam, que sedimentam relações, que afastam pessoas, que envolvem nossa racionalidade, que fazem viajar para o desconhecido dentro de pensamentos que misturam lágrimas e sorrisos, certezas e dúvidas. Sentimentos que entrego para me fazerem mais perto de vocês que me leem e, na aventura de escritor e leitores, criarmos laços de emoções verdadeiras.

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 1 de jun. de 2019
• ISBN: 9788530002510

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transbordar.

A poetisa

As palavras dela me revelam quem é,

revelam mais que a nudez que um dia me mostrou,

não é mais apenas beleza que vejo,

não é apenas a sua beleza que desejo,

é a deusa dos meus devaneios,

que preenche minha alma

e tira os meus pés de uma vida calma.

É o poder da poesia dessas coralinas,

mulheres sedutoras,

que fazem para a si as vontades dos seus amantes,

não só os das suas camas,

também aqueles apaixonados pelas palavras reveladas,

encantados pelas suas letras coloridas,

as cores pinceladas nas nossas vidas acinzentadas.

Desejo ser as sentenças da minha poetisa,

morar nos seus versos,

deixar que me leve igual às pétalas que passeiam na brisa,

ser conduzido na suavidade da sua inspiração,

fazer evidenciar os meus pensamentos mais loucos.

Que ela roube todos os sentimentos do meu coração.

Momentos

manhã fria de agosto

acordar sem alvoroço

movimento e olhar preguiçosos

um bom momento pra ouvir o coração

vontade de ver o mar

desejo de só amar

querer apenas me entregar

um bom momento pra ouvir o coração

deixar o vento entrar

a luz do Sol encontrar

poder você idolatrar

um bom momento pra ouvir o coração

lembrar de uma bela canção

ser contigo plena junção

ter toda sua atenção

venha ouvir meu coração

Passeante

morador de dois séculos

sou tempo e palavras misturadas

um livro fora da estante

apenas aberto

sem precisar ser importante

sou vida e sou história

escritas em algumas memórias

noutras apenas palavra esquecida

aceito assim também

já não preciso ser pessoa tão conhecida

hoje sou cinquenta e amanhã serei mais

não sei quantos

importa-me pouco saber

quero apenas passear nas minhas estradas

e guardar as belezas que só na felicidade podem caber

Filhos

palavras fecundadas pelos meus sentimentos

letras juntadas e fertilizadas por tantos desejos

frases paridas dos meus pensamentos

sou pai de versos que revelam meus sacramentos

libertadas da minha imaginação as poesias se vão

o mundo que rouba filhos lhes dá novas estradas

longe de mim serão novamente interpretadas

e noutros olhos e bocas as encontrarei alteradas

egoísmo que faz querer ser dono das minhas crias

querer guardar o que nasce de mim e ter a maior das matilhas

mas a ilusão de possuir o que se criou é a pior das armadilhas

os verbos que saem do meu corpo serão outras famílias

despeço desta poesia e lhes dou de presente

longe de mim sei que conquistará muitos amantes

para que de outros pensamentos se torne semente

para