Ao lado Dele
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Sobre este e-book
São ocasiões vividas que marcaram a vida dela e de sua linda família e momentos que ela tirou de lição das situações vividas.
Mostra como ela reagiu no seu interior a momentos que ela passou e que gerou um resultado de uma fé ainda maior na sua vida.
O livro narra momentos de angústia em que chorou sozinha e apenas após o lançamento deste livro que sua família descobriu e admirou mais ainda a força e a coragem desta mãe guerreira.
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Ao lado Dele - Ereni Miranda
Almeida
1. O COMEÇO DE NOSSAS VIDAS
Foi em uma noite de verão, no ano de 1965, que eu o conheci em uma vigília, realizada na casa de um casal de crentes. Percebi seus olhares dirigidos a mim enquanto cantava e tocava meu cavaquinho junto com os demais irmãos.
Pela manhã, ao terminar a vigília, fomos todos juntos até a avenida mais próxima, onde alguns tomavam suas conduções para retornarem às suas casas. No trajeto até o ponto de ônibus, conversamos um pouco. Quando chegamos, ele ficou no local do ponto e eu segui caminho com meus pais, indo para casa a pé.
Depois de termos andado uns 50 metros, virei-me e abanei a mão para ele, que correspondeu prontamente.
Penso que foi amor à primeira vista. Meus pais perceberam logo, porque ele começou a visitar nossa casa com frequência e sempre com uma desculpinha. Ele trazia aparelhos de som para meu pai consertar e conseguíamos trocar algumas palavras rapidamente. Essa foi a maneira que achou para me ver.
Isso durou até o dia em que se declarou, dizendo que gostava de mim. Meu coração saltou no peito! Então, entregou-me um bilhete com este versículo bíblico: Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais
(Jeremias 29.11). Em resposta, enviei o versículo de Provérbios 16.1: O coração do homem pode fazer muitos planos, mas a resposta certa vem da boca do Senhor
.
Eu queria dizer que Deus é quem sabia a resposta certa para nossos sentimentos e que, se o Senhor aprovasse, eu ficaria feliz, porque também já gostava muito dele. Quando ele visitava minha casa, nós cantávamos hinos e muito nos alegrávamos. Passados dois meses, ele pediu-me em casamento para o meu pai e disse que teríamos que nos casar logo, porque não era bom para um pastor ficar namorando por muito tempo. Meu pai concordou.
E não é que já na semana seguinte ele trouxe as alianças para nosso noivado! Nesse dia, chamou-me ao portão de casa para falar em particular e expôs-me a sua situação financeira. Ele disse:
– Trabalho na igreja em tempo integral. A igreja é pequena e as entradas financeiras são poucas. Em primeiro lugar, pago as despesas: programa de rádio, aluguel, água, luz… se sobra algum dinheiro, uso para o meu sustento e de minha mãe. Você não é rica, mas o salário do seu trabalho é só para você, que é filha única. Você se veste bem, tem bons sapatos e penso que não poderei mantê-la assim depois que nos casarmos, pois só tenho, por enquanto, um dormitório que troquei por um terreninho que tinha, e nada mais.
Naquela época, as moças eram muito românticas e eu não fugia à regra. Sabia que o amava e as demais preocupações pouco importavam. Então, respondi:
– Com você eu moro até debaixo de uma árvore. Prometo que jamais lhe pedirei algo que não possa me dar – e ele acreditou (risos)!
Naquele momento foi selado o nosso futuro. Começamos os preparativos. Minha saudosa cunhada Araci comprou rendas e cetins e costurou o vestido de noiva. Eu ajudei nos acabamentos.
O vestido ficou lindo. Araci e seu esposo Deamiro foram nossas testemunhas no civil.
Eu, meu esposo David, meu cunhado Deamiro e minha cunhada Araci
O terno do meu esposo foi doado por um alfaiate, membro de nossa igreja. Os móveis que faltavam foram comprados em loja de móveis usados. Certo dia, o David me falou:
- Hoje comprei uma mesa de uma perna só.
Ri muito, até que ele explicou: era daquelas mesas com a perna no centro, antiiiiiiiiiiga.
Levei meu pequeno enxoval. Coloquei cortininhas brancas de voal nas janelas, feitas por mim mesma. Passei uma tarde raspando os restos de quebra-queixo
que estavam grudados no fogão, o qual compramos também usado. Enfim, o humilde cômodo e cozinha, cedidos pela minha sogra nos fundos de sua casa, ficou bonitinho.
Nos casamos no final do outono, no dia 12 de junho de 1965, dia dos namorados. Eu mesma havia comprado flores em uma chácara. Dálias brancas, enormes, que amarrei com fitas nos bancos da pequena igrejinha onde casamos. Fiz um arco na entrada do corredor usando bambuzinho, melindre e dálias. E ali, às 18 horas daquele dia, comparecemos diante de Deus e prometemos ser fiéis um ao outro, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza, até que a morte nos separasse.
Nosso Casamento
A PEQUENA E PRIMEIRA PROVA
Com dez dias de casados, estávamos na salinha onde meu esposo atendia e orava pelo povo, na Rua Roberto Simonsen, ao lado da Praça da Sé, em São Paulo. Ali, devido a uma denúncia, chegaram investigadores da Polícia Civil. Fomos levados a uma delegacia que ficava no Pátio do Colégio, onde passamos a tarde sendo interrogados a respeito da igreja, das ofertas e dos dízimos. Apesar de nos terem humilhado, com acusações e zombarias, nada encontraram que pudessem provar contra nós. Para o interrogatório, fomos separados, ficando cada um em uma sala, e nos liberaram às 20 horas. Quando nos encontramos na calçada da delegacia, glorificamos a Deus por sermos dignos de sofrer humilhação pelo nome do Senhor Jesus. Essa foi minha pequena e primeira prova.
Ao longo dos anos caminhando ao lado de um líder, aprendi que Deus nunca concede responsabilidade, abundância e preciosas bênçãos sem antes ter provado o crente de várias maneiras e em várias situações.
Naqueles tempos, por não termos um carro, íamos aos cultos a pé, caminhando uns quatro ou cinco quilômetros. Íamos empurrando uma bicicleta, porque o caminho era uma só subida. Na volta, eu vinha na garupa, aproveitando a embalada da descida.
Logo que nos casamos, fiquei assustada ao ver a quantidade de horas que meu esposo passava em jejum e oração. Ele jejuava 24 horas ou até 36 horas, e isso sem tomar água!
Certo dia, na hora de jantar, chorei muito, pois já fazia 24 horas que ele não comia e queria continuar em jejum mais aquela noite. Nunca havia visto ninguém jejuar assim e achei que ele morreria por inanição, pois já estava muito fraco. Com o passar das horas, ele ia ficando febril, não conseguia dormir. Isso me deixou muito angustiada.
Normalmente, ele pedia-me para fazer o jantar cedo e comer antes que chegasse. Assim o cheiro da comida não o incomodaria, provocando vontade de entregar o jejum antes do tempo por ele determinado. Mas um dia ele chegou quando a casa ainda estava impregnada pelo cheiro da linguiça que eu havia fritado. Começou a abanar para o cheiro sair da casa e abriu portas e janelas, a fim de não ceder à tentação de alimentar-se. Que sufoco!
A oração também era algo que fazia com muita frequência. Ele orava tanto de joelhos que chegou a formar calos! Às vezes, esses calos rompiam e sangravam.
Pastor David tocando seu trombone no culto
Ele me contou que havia orado durante sete anos buscando os dons do Espírito Santo. Não foram sete meses nem sete dias, foram sete anos. Que perseverança!
Quando solteira, sempre trabalhei fora e, no