Igrejas Ortodoxas em São Paulo
()
Sobre este e-book
Relacionado a Igrejas Ortodoxas em São Paulo
Ebooks relacionados
Geografia da religião: os territórios, as redes e a produção dos espaços religiosos na cidade de Irauçuba - Ceará - Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA elite eclesiástica no bispado do Maranhão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMídia, religião e sociedade: Das palavras às redes digitais Nota: 2 de 5 estrelas2/5Canção nova e as peregrinações pós-modernas: Hierópolis carismática de Cachoeira Paulista – SP Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntre o Velho e o Novo Mundo:: Família, Igreja Católica e Imigração Italiana no Paraná Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReligião e Religiosidade: O Relegere e o Religare em Família Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO impacto do pluralismo religioso na Igreja brasileira: um estudo de caso Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRessurreição e Transfiguração: Rafael Sanzio e o Mecenato Católico no Início do Século XVI Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCatolicismo Negro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMemória brasileira em Áfricas: Da convivência à narrativa ficcional em comunidades Afro-Brasileiras Nota: 0 de 5 estrelas0 notas"A palavra que vivifica e salva contra o mal da palavra que mata": imprensa católica - Belém (1910-1930) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSalvação solidária: O culto às almas à luz da teologia das religiões Nota: 5 de 5 estrelas5/5Dom Paulo Evaristo Arns: Um franciscano apaixonado pelo Reino de Deus na Cidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEspaço Sagrado, Fé E Ancestralidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA interface entre política e cultura nas Comunidades Eclesiais de Base Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEdifício educacional protestante Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCaminhos da Sinodalidade: Pressupostos, Desafios e Perspectivas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFenomenologia da religião: Compreendendo as ideias religiosas a partir das suas manifestações Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIrmandades dos Homens Pretos: Sentidos de Proteção e Participação do Negro na Sociedade Campista (1790-1890) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCiências das Religiões em Foco: um olhar científico sobre a fé, a prática e o ensino religioso Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIgreja Primitiva Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPilares Da Fé Cristã Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Teia: religião, família e sociedade – negociações e interações Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiversidade Sexual na Igreja: a luta pela inclusão de pessoas LGBTQIA+ na comunidade cristã Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Visibilidade do Sagrado: Relíquias Cristãs na Idade Média Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPluralismo e libertação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs cristãos-novos no Brasil colonial e a escrita nos livros didáticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
História Social para você
Quem Manda no Mundo? Nota: 4 de 5 estrelas4/5Colorismo Nota: 3 de 5 estrelas3/5Introdução à Mitologia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Umbandas: Uma história do Brasil Nota: 5 de 5 estrelas5/5Entre o passado e o futuro Nota: 4 de 5 estrelas4/5A culpa é do jeitinho brasileiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDa senzala ao palco: Canções escravas e racismo nas Américas, 1870-1930 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Verdade sobre o Massacre de Nanquim: Revelações de Iris Chang Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTransfeminismo Nota: 5 de 5 estrelas5/51822: Dimensões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória social da beleza negra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMetodologia da escrita: Entre arquivos, sentimentos e palavras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPernambucânia: O que há nos nomes das nossas cidades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMemórias da escravidão em mundos ibero-americanos: (Séculos XVI-XXI) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnos 40: Quando o mundo, enfim, descobriu o Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVargas e a crise dos anos 50 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSe o grão de arroz não morre: Colônias de imigrantes japoneses: desvendando onde e como tudo começou Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRacionais Entre o Gatilho e a Tempestade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA missão na literatura: A redução jesuítica em A fonte de O tempo e o vento Nota: 5 de 5 estrelas5/5"O nascimento do morto": punkzines, Cólera e música popular brasileira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBaixo Sul da Bahia Território, Educação e Identidades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGeografia e cultura: olhares, diálogos, resistências e contradições Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO presidente, o papa e a primeira-ministra: a parceria que venceu a guerra fria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMulheres em movimento movimento de mulheres: a participação feminina na luta pela moradia na cidade de São Paulo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória social do LSD no Brasil: Os primeiros usos medicinais e o começo da repressão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRaça - trajetórias de um conceito: Histórias do discurso racial na América Latina Nota: 5 de 5 estrelas5/5Bezerra da Silva: Música, malandragem e resistência nos morros e subúrbios cariocas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Rastros de resistência: Histórias de luta e liberdade do povo negro Nota: 5 de 5 estrelas5/5Guerra Fria História e Historiografia Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Categorias relacionadas
Avaliações de Igrejas Ortodoxas em São Paulo
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Igrejas Ortodoxas em São Paulo - Felipe Beltran Katz
Felipe Beltran Katz
Igrejas Ortodoxas em São Paulo
São Paulo
e-Manuscrito
2019
PREFÁCIO
Discutindo o Iconostasis paulistano:
contributos para os estudos dos deslocamentos, patrimônios e tradições
A relação entre Ocidente e o Oriente é uma relação de poder, de dominação, de graus variáveis de uma hegemonia complexa [...] o Oriental é descrito como algo que se julga (como um tribunal), algo que se estuda e descreve (como num currículo), algo que se disciplina (como numa escola ou prisão), algo que se ilustra (como num manual de zoologia). O ponto é que em cada um desses casos o oriental é contido e representado por estruturas dominadoras.
Edward Said
Inspirado pelos questionamentos de Said e movido pelo desejo muito próprio dos historiadores de interrogar o passado, Felipe Katz compôs seu livro Igrejas Ortodoxas em São Paulo, no qual enfrenta o desafio de uma análise histórica envolvendo as questões complexas dos deslocamentos, das tradições e das religiosidades. Visitando o passado e rastreando polêmicas em torno do tema, a obra recupera, de forma crítica e inovadora, tensões do passado que se encontram perpetuadas na contemporaneidade. O autor se propõe a questionar interpretações e preencher vazios na produção historiográfica sobre a e/imigração, priorizando grupos pouco estudados – armênios, gregos, ucranianos, russos – e observando temáticas como religiosidades, culturas e tradições.
Fundamentada na dissertação de mestrado em História defendida na PUC/SP, a obra traz imensas contribuições, recupera questões, revê interpretações e desvela silêncios e ocultamentos, preenchendo lacunas e abrindo novas perspectivas analíticas. A pesquisa cautelosa identifica doze Igrejas Orientais na cidade de São Paulo (Igrejas Ortodoxas Calcedonianas, Igrejas Ortodoxas não Calcedonianas e Igrejas Católicas Orientais) e analisa as mediações dessas instituições entre as sociedades de origem e de acolhimento, revelando suas ações para manter as tradições e a unidade dos grupos.
O autor se coloca a tatear caminhos pouco explorados, estabelecendo um diálogo profícuo entre um precioso conjunto documental (recuperado através da História Oral) e uma ampla bibliografia, o que possibilita compor uma interpretação inovadora e plena de significados, tendo como fio condutor as discussões sobre a religiosidade e as culturas armênia, grega, ucraniana e russa.
Igrejas Ortodoxas em São Paulo revela um investigador incansável que, apesar das dificuldades enfrentadas no decorrer da pesquisa, superou bravamente todos os obstáculos na busca de indícios, sinais e vestígios de outros tempos, conseguindo questionar o corpo documental, dando visibilidade a segredos encobertos, clareando trajetórias, práticas e representações, desvelando o passado.
Na obra desponta um exímio conhecedor do ofício de historiador que traz contribuições significativas para desnaturalizar interpretações. Observando atenta e criticamente as questões dos deslocamentos, encara o desafio da contestação e confronta os silêncios impostos pelas lacunas historiográficas. Em convergência com tendências recentes, resgata o papel histórico e dá visibilidade a experiências históricas de armênios, gregos, ucranianos e russos.
Estes escritos recobram as tensões históricas que compuseram a trajetória dos deslocamentos desses grupos para São Paulo. Baseando-se nos depoimentos dos membros do clero, examina o processo de estabelecimento das comunidades na sociedade de acolhimento, seus projetos e dificuldades, incluindo a organização das Igrejas. Observa também as ações do clero, o posicionamento político, o empenho na transmissão de valores, memórias e manutenção da união comunitária.
Ao apontar as múltiplas mediações estabelecidas no Iconostasis paulistano, a obra contribui para o diálogo sobre a diversidade cultural. Fazendo o exercício comparativo entre as várias comunidades e/imigrantes, dá voz aos fiéis, suas experiências de fé e sua inserção na comunidade através da religião.
A história aqui produzida desvela segredos encobertos por evidências inexploradas e, habilmente, ilumina o passado, ampliando sentidos interpretativos. Desse modo, através de uma narrativa fluida, o autor reconstrói experiências, remonta cenários, recompõe práticas e resistências, cuidadosamente descobre o inesperado, não no sentido de apontar o excepcional, mas trazendo à tona o que até então estava submerso e silenciado.
Entre outras virtudes, o texto proporciona uma leitura envolvente, fundamentada na extensa investigação e na erudição do autor, que usa toda a sua sensibilidade de pesquisador e narrador. Recomendo ao leitor deixar-se levar nesta viagem pelo tempo, tendo o escritor como guia ao visitar o passado, descobrir segredos e revelar sonhos que envolveram agruras e devoções de e/imigrantes armênios, gregos, ucranianos e russos.
Boa leitura!
Maria Izilda S. Matos
SP, 28.11.2017
AGRADECIMENTOS
Gostaria de externar minha gratidão a todos que, por ações ou palavras, colaboraram em todo o processo do trabalho. Agradecer a todos não é tarefa fácil, pois devo a muitos. Mas não posso deixar de mencionar alguns agradecimentos especiais.
Agradeço à professora Maria Izilda Santos de Matos, pela orientação durante o processo de elaboração da dissertação de mestrado que ora se transforma em livro e pelas palavras de encorajamento e incentivo.
Agradeço aos professores Fernando Torres Londoño e Yvone Dias Avelino, membros da banca do Exame de Qualificação, pela ajuda durante toda a trajetória da pesquisa e as sugestões e críticas para o aprimoramento do trabalho.
Agradeço aos professores Antônio Rago Filho e Maria Antonieta Antonacci da PUC-SP e à professora Lená Madeiros de Menezes da UERJ, pela colaboração na elaboração e nas primeiras etapas do trabalho.
Agradeço a todos os membros do Curso de Filosofia da PUC-SP, colegas e professores, pela colaboração, compreensão e auxílio intelectual durante todo o processo da pesquisa.
Agradeço a todos os membros do Programa de Pós-graduação em História da PUC-SP, coordenadores, professores e colegas, pela conivência e troca de experiências.
Agradeço a todos os entrevistados, que cederam um pouco de seu tempo e experiências de vida e colaboraram no trabalho, de maneira definitiva, para a melhor compreensão da situação das Igrejas Orientais na cidade.
Agradeço a todos os amigos, em especial a Nelson Mendes, pela transcrição das entrevistas, a Gabriel Beçak, pela colaboração com as fotografias, a Fábio de Moraes, por diversas colaborações, e a Heitor Loureiro, colega de mestrado que colaborou em várias etapas da pesquisa devido à proximidade de nossos temas.
Finalmente, agradeço a meus familiares, especialmente minha mãe, meu avô, minha avó e meu pai, pela colaboração e incentivo durante a pesquisa.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO I – ICONOSTASIS PAULISTANO: ESTABELECIMENTO E FORMAÇÃO DAS IGREJAS ORIENTAIS
1.1 MAPA DO CRISTIANISMO ORIENTAL
1.2 LADO ORIENTAL DO CRISTIANISMO: IGREJAS ORTODOXAS
1.3 ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DAS IGREJAS ORTODOXAS
1.4 FORMANDO UMA κοινóτητα PAULISTANA
CAPÍTULO II – DISCURSO, FÉ, MEDIAÇÃO E FORMAÇÃO DE IDENTIDADE NA METRÓPOLE PAULISTANA:CLERO ORIENTAL
2.1 MIMESE: MANUTENÇÃO E FORMAÇÃO DE IDENTIDADES
2.1.1 Ritos e Diáspora
2.1.2 Relação entre Irmãs
2.2 IMPERATIVO DA CONTINGÊNCIA: FUTURO DO ICONOSTASIS
2.2.1 Apontamentos de Problemáticas
2.2.2 Projetos e Perspectivas
CAPÍTULO III – MEDIANDO TRADIÇÕES NA METRÓPOLE PAULISTANA: IGREJAS CATÓLICAS ORIENTAIS
3.1 OS OUTROS CATÓLICOS
3.2 ROSÁRIO E ICONOSTASIS: ORTODOXOS E CATÓLICOS ORIENTAIS
3.3 ENTRE O UNIVERSAL E O PARTICULAR: IGREJA CATÓLICA LATINA E CATÓLICOS ORIENTAIS
CAPÍTULO IV – PARA ALÉM DOS BELOS PORTÕES: APONTAMENTOS DOS FIÉIS CRISTÃOS
4.1 ESCOLHAS
4.2 MÚLTIPLAS PERSPECTIVAS
4.3 PENSANDO O FUTURO DO ICONOSTASIS: APONTAMENTOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FONTES E BIBLIOGRAFIA
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Iconostasis da Catedral Ortodoxa de Antioquia de São Paulo
Figura 2 - Igreja do Patriarcado Ortodoxo de Antioquia no bairro do Paraíso
Figura 3 - Mapa da cidade com localização das Igrejas Ortodoxas
Figura 4 - Igreja Ortodoxa Sirian de Santa Maria na rua Padre Mussa Tuma
Figura 5 - Igreja Ortodoxa Ucraniana de São Valdomiro em São Caetano do Sul
Figura 6 - Igreja Apostólica Armênia na Avenida Tiradentes
Figura 7 - Igreja Ortodoxa Grega no bairro do Brás
Figura 8 - Igreja Ortodoxa Copta no bairro do Jabaquara
Figura 9 - Igreja Católica Melquita na Avenida Paulista.
Figura 10 - Igreja Ortodoxa Russa no Exílio na Rua Tamandaré
Figura 11 - Igreja Católica Maronita na Rua Tamandaré
Figura 12 - Igreja Católica Russa ao lado do Museu Paulista
Figura 13 - Igreja Católica Armênia de São Gregório na Avenida Tiradentes
Figura 14 - Igreja Católica Ucraniana na Vila Prudente
LISTA DE ABREVIAÇÕES
AC - Membro do clero da Igreja Católica Armênia
AO - Membro do clero da Igreja Apostólica Armênia
CO - Membro do clero da Igreja Ortodoxa Copta
GO - Membro do clero da Igreja Ortodoxa Grega
MK - Membro do clero da Igreja Católica Melquita
MN - Membro do clero da Igreja Católica Maronita
PO - Membro do clero da Igreja do Patriarcado Ortodoxo de Antioquia
RC - Membro do clero da Igreja Católica Russa
RO - Membro do clero da Igreja Ortodoxa Russa no Exílio
SO - Membro do clero da Igreja Ortodoxa Sirian
UC - Membro do clero da Igreja Católica Ucraniana
UO - Membro do clero da Igreja Ortodoxa Ucraniana
F-AO - Fiel da Igreja Apostólica Armênia
F-MK - Fiel da Igreja Católica Melquita
F-SO - Fiel da Igreja Ortodoxa Sirian
F-UC1 e F-UC2 - Fiéis da Igreja Católica Ucraniana
É claro, então, que a prudência (sabedoria prática) é uma forma de virtude, e não uma técnica. Havendo, portanto, duas partes da alma dotadas de razão, a prudência deve ser uma forma de virtude de uma das duas, ou seja, da parte que forma opiniões, pois a opinião se relaciona com o que é variável, da mesma forma que a prudência.
Aristóteles
APRESENTAÇÃO
Dentro da grande maioria das Igrejas Orientais há uma estrutura muito familiar a essas instituições religiosas: o Iconostasis. O Iconostasis é uma parede onde estão dispostos diversos ícones de vários Santos, da Mãe de Deus e do próprio Jesus Cristo. A localização do Iconostasis é muito importante na construção de uma Igreja Oriental. Ele se situa entre o altar e a nave, marcando distintamente esses espaços.
O lado voltado para a nave é onde estão dispostos os ícones; o lado contrário, o das costas do Iconostasis, está voltado para o altar. A circulação entre um lado e outro do Iconostasis se dá por uma passagem: os Belos Portões. A Divina Liturgia, nome dado à celebração religiosa Oriental (equivalente à Missa na tradição Católica Romana), depende muito do Iconostasis. Todas as orações e as leituras do texto sagrado acontecem no altar; no momento da pregação e da comunhão dos féis, o membro do clero atravessa os Belos Porões e dirige-se à nave. A todo momento os fiéis estão voltados para o Iconostasis, onde estão dispostos os ícones.
Essa relação do Iconostasis com a Divina Liturgia e sua posição na Igreja Oriental sugerem certas reflexões. O Iconostasis seria a representação da divisão entre dois mundos que se encontram na Igreja: um mundo transcendental, universal e necessário, e um mundo humano, contingente e circunstancial. O lado do altar seria o mundo transcendental, e o lado da nave, o humano.
Esse lado do altar é o espaço da oração, da relação com o divino, com o imutável, pois está localizado atrás dos ícones dispostos, de frente para os fiéis. É lá o local da verdade, somente acessível aos membros do clero. Somente quem conhece a oração por completo pode penetrar nesse espaço. Esse é o local onde se situa o texto sagrado, a palavra verdadeira, a opinião verdadeira, a ortodoxia, único lugar onde ele pode ser lido de forma plena.
Do outro lado do Iconostasis está a nave. Lá estão os fiéis, os homens. É o lugar da contingência, do mutável, do livre arbítrio. Nesse espaço os homens recebem a mensagem de Deus por intermédio da oração vinda do outro lado do Iconostasis. Ali ocorre a pregação, quando o membro do clero passa pelos Belos Portões e vem aos fiéis tratar de assuntos terrenos, com a ajuda do texto sagrado. Nesse local também ocorre a comunhão, quando os fiéis recebem o corpo de Cristo, e o homem torna-se um pouco divino.
Figura 1 - Iconostasis da Catedral Ortodoxa de Antioquia de São Paulo.¹
As Igrejas Orientais também possuem outra particularidade: elas estão sempre associadas às comunidades em que se desenvolveram. Portanto, qualquer Igreja Oriental vem acompanhada de um adjetivo cultural, seja Armênio, Maronita, Ucraniana ou Russa. Assim, o divino e o humano se misturam.
No lado transcendental do Iconostasis a oração é feita na língua da Igreja, os textos sagrados estão na língua da Igreja, pois é necessário e divino. No entanto, quando o membro do clero passa pelos Belos Portões e está fora da região de origem da Igreja, a língua é a profana e contingente,