Os Interditos de Claire: June Summer Editions
De June Summer
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Sobre este e-book
Basta uma reunião de velhos amigos e a vida de Claire mudará irremediavelmente. Ela que não se fazia perguntas e avançava tranquilamente pela existência, esposa e mãe perfeitas, descobrirá outro caminho. O da sensualidade, da feminilidade, da sexualidade. Amantes se sucederão que sempre a levarão mais longe no caminho das delícias sexuais que ela experimentará com eles. Em um mundo muito onírico, mas, no entanto, de um erotismo tórrido, Claire aprenderá a se conhecer, a rejeitar tabus, a se deixar levar. Vai sair transformada.
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Os Interditos de Claire - June Summer
OS INTERDITOS
DE CLAIRE
June Summer
––––––––
Tradução
Sérgio Salvia-Coelho
Ou como uma mulher descobre seu corpo,
Sua sexualidade sensual, seu desabrochar...
INTRODUÇÃO
Esta narrativa se inspira em uma história real,
Mas os acontecimentos estão codificados e encriptados
Por respeito pelas pessoas implicadas
Assim como para suscitar a imaginação do leitor.
Ele adota o modo de um conto onírico,
Pois sua heroína se pergunta
Continuamente se sonha ou não,
Tão extraordinária lhe parece
Sua experiência.
Claire se chama assim porque passará
Do lado luminoso ao lado obscuro
Para se tornar ela mesma.
Tomara que cada mulher que deseje isso
Possa um dia viver experiência semelhante,
Ir assim ao fundo de seu coração,
De seu corpo, de seu espírito,
E também se tornar ELA.
Escrito por June para suas irmãs:
Claire, Julie, Jade, Jaspe, Émilie,
Nala, Jill, Jane,
Jeene, Jeya e todas as outras
Que são Elas, para se tornar ELA...
Com um fraterno agradecimento aos amigos do fórum
Que se reconhecerão, assim como a Romain Gabriel
Que amigavelmente me ofereceu as aquarelas
Que constituem os grandes capítulos,
Assim como a nosso fotógrafo studio-kaf.ch
E nossa modelo Wildcrazygirl...
Estes textos são reservados a um público adult
A ) REVIRAVOLTA
––––––––
––––––––
A MULHER RECATADA
––––––––
––––––––
A mulher recatada vive em um mundo perfeito. Nos dias de sol ela vai passear com os filhos ou pendurar a roupa, e quando chove ela passa roupa vendo a novela na televisão. Seu universo é calmo, sereno e reconfortante. O marido? Um bom pai, um companheiro de vida, com quem a sexualidade consiste em ternos abraços noturnos no leito conjugal. A mulher recatada acha que é muito bom assim, e não entende o que vê à sua volta ou em certas revistas de fofoca, histórias de casais instáveis, desfeitos, que pena meu Deus pelas crianças e que desperdício de energia!
Sua sexualidade está adormecida, e ela não sabe...
A mulher recatada não sabe que talvez seja bonita, não conhece o potencial de sua sexualidade, ela põe roupa para se vestir e não para seduzir, ela pensa sempre nas necessidades de sua família, de seus filhos, nunca nas próprias. Ela se estima feliz, e ignora que não vive completamente.
Ela vive em um cartão postal, é a impressão que têm as pessoas que a visitam. Uma linda casa colocada em uma encantadora paisagem campestre, lindos filhos já crescidos, um bom marido acolhedor, um grande jardim florido, ronronantes gatos indolentes, ela mesma sorridente e satisfeita, sempre ali, bem colocada e sabendo apreciar sua vida como um presente.
Tem um físico agradável que ela evidencia pouco, olhos escuros que nunca maquia, cabelos castanhos que mal escova, um corpo roliço e vigoroso mantido com esportes e atividades externas. Ela parece tudo conseguir e tudo ter... Não deseja mais nada, sabe que tem sorte, que tudo está bem.
Claro, estaria faltando paixão, ou excessos, ou defeitos, mas ela é assim, é recatada, e o mais importante para ela é permanecer estável e forte para que sua família seja equilibrada. Ela se crê plena, não sabe que uma nesga da sua personalidade está adormecida.
Ela se pergunta às vezes o que deve fazer do resto da sua vida. Aprendeu muito, evitou todas as ciladas, é um exemplo de sucesso pessoal e familiar. Às vezes tem um mal-estar passageiro, como se não tivesse visto o tempo passar, como se lhe faltasse algo. Mas depois volta a si, não, ela tem tudo e tem sorte. É recatada.
Mas porque o recato passa pelo conhecimento do extremo oposto, seu mundo perfeito logo vai sofrer uma reviravolta, e isso também ela não sabe...
Um dia Claire, abrindo seu e-mail, encontrou a mensagem de uma antiga conhecida de escola: um convite para uma reunião de veteranos. O que haveria de mal em aceitar? Foi assim que, na semana seguinte, ela se arrumou com calma, se vestiu com esmero e sem excessos, sendo pouco vaidosa. Não via razão para dar importância a sua aparência, ninguém em volta a notaria. Seu marido a amava com um afeto tranqüilizador e sólido, seus filhos só viam a mãe nela.
Foi até o Café de La Tonnelle para reencontrar sua velha turma. Ela já sabia, por já ter participado de reuniões assim, que tipo de ambiente iria encontrar, a conversa ritual sobre o trabalho de um, sobre a família de outra...
Entrou no café e foi se sentar junto a eles. Sim, foram os mesmos diálogos calmos e simpáticos. Até o momento em que...
Um homem chegou na hora em que as discussões já embalavam: moreno, barbudo, forte, com um jeito selvagem, irradiando uma impressão estranha, por vezes irônica ou desesperada. Quando ele a cumprimentou e ela cruzou seu olhar, verde e cheio de pequenos raios de luz sob os cílios negros, sua mente fraquejou. Era ele, seu primeiro amante, aquele que a acompanhara até as portas do prazer para desaparecer em seguida, bruscamente, sem dar mais notícias. E agora lá estava ele de novo, frente a ela, vinte anos depois! Não mais o adolescente imberbe que conhecera, mas um homem cuja atitude exalava força e virilidade.
Ele veio diretamente se sentar frente a ela e seus olhares não se largaram mais... No vozerio das conversas seus olhos faziam reviver os abraços apaixonados, as línguas que se entrelaçavam até o grito, as carícias íntimas que faziam tremer. Agarrada em seus olhos, reviveu aquele jantar no qual ele tomou sua mão por cima da mesa para beijá-la e se pôs a sugar seus dedos de modo tão sensual que a fez ter seu primeiro orgasmo, seu ventre em contrações irradiando choques elétricos por todo seu corpo.
Depois a acompanhara até sua moto e, nesta noite, a beijara do seu jeito, que ela nunca mais reencontrou nos homens que freqüentou em seguida... Sua língua se havia insinuado com força e ternura até ela não sentir mais outra coisa, e se viu seminua junto a ele, como se por encanto esse beijo lhe houvesse tirado a noção do tempo... Lembrou-se com emoção dos acoplamentos sensuais que se seguiram contra essa moto, e como ele a havia pego com força e ternura até quase lhe tirar os sentidos, depois de ter gozado e gritado, a mão segurando a boca para não alertar todo o quarteirão... Essa lembrança lhe fez sorrir, e ele sorriu de volta como se tivesse seguido o curso de seus pensamentos.
Ela enrubesceu e se sentiu envergonhada. Algo de insólito, de perigoso até, irradiava desse homem, e ela deveria talvez lembrar que era casada... sim, com quem mesmo?
Seus pensamentos se misturavam, perturbados pelo violento desejo que tomou conta dela, causando-lhe uma tal sensação de dor que ela tinha que se esforçar para respirar, tão grande era a tensão... Esse desejo era tão intenso que lhe devorava o ventre, que fazia verter um estranho líquido em sua intimidade, e inflamava sua mente, submersa por idéias excitantes, idéias proibidas.
Era preciso se recompor, ir embora, voltar para a casa, mas ela permanecia em sua cadeira, pregada por uma estranha fraqueza, fascinada por esse olhar verde, totalmente incapaz de mover-se.
Alguém esbarrou em sua cadeira: o garçom que tirava os pratos... Claire teve um sobressalto, muito acanhada, tentando controlar seu corpo que parecia ter adquirido uma vontade própria...
Ela que se achava dona de si em qualquer ocasião: (não dava ela aulas de ioga na escola primária para saber dominar os medos ou as emoções invasoras (respire – inspire – visualize uma praia...) Ela estava reduzida a nem sequer ousar levantar-se da cadeira: Ela sentia um líquido desconhecido e insidioso escorrer dela misteriosamente. Seu baixo-ventre se contraia por espasmos quase dolorosos, e ela se sentia em crise de oxigênio, os pulmões comprimidos por uma espécie de medo, uma vertigem...
Porque era mesmo medo, um sentimento que ela experimentara muito raramente, o que a invadia por inteiro. Seu coração e seu ventre estavam sendo devorados por este medo, enquanto seu corpo se enrijecia com a energia que ela despendia para permanecer impassível e sorridente nessa cadeira fodida de merda, nesse restaurante estúpido, escutando esses fodidos... que continuavam discutindo sempre e mais os programas escolares, as últimas férias em Ibiza e da dificuldade para parar de fumar... Que tédio horroroso esse bando de chatos, que tédio mortal
se dizia.
Com pavor, tentou analisar o que sentia: o que estava acontecendo? Ela adorava esse tipo de encontros, sempre tinha a resposta adequada e esperta na ponta da língua, em suma, ela era o modelo da mulher sociável, e agora estava achando a situação mortalmente tediosa e só pensava em se jogar feito uma selvagem sobre ele, esse grande barbudo despenteado e mesmo desleixado que a olhava com um ar intenso... infeliz... febril...
Ele olhou para suas mãos, ela olhou para seus lábios. Reviveram aquele instante de vinte anos antes e nunca esquecido, olhos nos olhos, sem se tocar, sem falar, sem que seus colegas de mesa percebessem coisa alguma. Unido a ela por tamanha empatia criada apenas pelo olhar de seus olhos verdes cravados em seus olhos avelã, ele lambia cada dedo um por um, girando a língua, voltando a fazer como outrora nascerem no fundo da bacia de Claire pequenas descargas elétricas que ela sentia com pavor subir até seu cérebro... Enquanto retesava toda a sua vontade para manter as aparências (Faça cara de paisagem, filha, que isso passa
dizia sua mãe...)
Seu cérebro aliás parecia ter tomado chá de sumiço! Ela, que se considerava dona de si mesma e que olhava de cima as conhecidas que haviam cedido a um mau passo, havia regredido a um estado quase animal, no qual reinava uma única pulsão, irreprimível, indomável, insensata...
Um fogo subia desde sua intimidade, um fogo de energia mesclada de medo, mesclada de desejo, subia por todo seu corpo para atingir sua mente onde terminava de queimar qualquer capacidade de ponderação. Restava apenas aquele beijo langoroso, virtual sem dúvida, mas tão presente nas lembranças deles que o reviviam com a mesma intensidade que tantos anos atrás. Como outrora, os dedos tremiam sob a língua, os quadris se contraíam, os olhos se carregavam de desejos e os gritos de prazer subiam...
— AAAAAHHHH...
E Claire, sentada em sua cadeira em meio a seus antigos colegas, soltou um grito de prazer sob esse olhar verde sombreado de tensão e desejo, enquanto era tomada por uma sensação estranha de prazer intenso e secreto. Logo se sentiu invadida pela vergonha. Compreendera que não podia mais fugir... que algo de novo e de inevitável havia ocorrido! E que sua vida estava doravante inexoravelmente dedicada a mudar...
2. O MEDO
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Atônita