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Literatura e Ensino:: Análises e Reflexões Acadêmicas em - Guimarães Rosa, Machado de Assis e Dalcídio Jurandir
Literatura e Ensino:: Análises e Reflexões Acadêmicas em - Guimarães Rosa, Machado de Assis e Dalcídio Jurandir
Literatura e Ensino:: Análises e Reflexões Acadêmicas em - Guimarães Rosa, Machado de Assis e Dalcídio Jurandir
E-book200 páginas2 horas

Literatura e Ensino:: Análises e Reflexões Acadêmicas em - Guimarães Rosa, Machado de Assis e Dalcídio Jurandir

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Sobre este e-book

O ser humano precisa de perspicácia para realizar uma leitura satisfatória e, consequentemente, ter entendimento sobre ela. Para nós, a leitura torna-se um desafio a cada dia, pois precisamos ter claros quais seus objetivos, suas funções e em quais contextos está inserida, principalmente quando recorremos a ela como um meio indispensável de aprendizado. No decorrer da história a leitura deixou de ser um mero passatempo, uma mera decodificação da intenção do autor, e foram surgindo outros fatores imbricados, como a obra, o autor em si e o leitor. Para se tornar autêntica, versátil, frutífera e interativa, a leitura depende sempre de um objetivo e de um contexto comunicacional, e é um processo de interação entre o leitor e o texto. No ambiente escolar, necessitamos cada vez mais abandonar nossos resquícios mecanicistas, desvendar nossos olhos e enfrentar de vez nossas falhas para que possamos ajudar nossos alunos, leitores em potencial, a descobrir a fantástica viagem da leitura!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de jun. de 2020
ISBN9786555235876
Literatura e Ensino:: Análises e Reflexões Acadêmicas em - Guimarães Rosa, Machado de Assis e Dalcídio Jurandir

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    Pré-visualização do livro

    Literatura e Ensino: - Cristiane do Socorro Gonçalves Farias

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA

    Dedicamos aos nossos professores que no percurso de nossa vida escolar/acadêmica compartilharam o que tinham de melhor, a sabedoria.

    Aos nossos alunos pelo carinho e confiança. Eles nos inspiram a buscarmos novos horizontes.

    Aos nossos colegas professores que nessa luta diária, com todas as dificuldades almejam por meio da educação, um mundo melhor.

    Agradecimentos

    A Deus sobre todas as coisas.

    Ao apoio, incentivo e amor

    incondicional de nossas famílias.

    À Edinalva e Maria Eduarda.

    À Izonete e Adima Cardoso.

    A Orlando Feitosa e Hilda Feitosa (in memoriam).

    A Sebastião e Benedita Farias, Isabelly, Gabrielle e Geany.

    Apresentação

    As vozes aqui, se metaforizam no fio de Ariadne e pegamos em sua ponta para que nos leve a um porto seguro, e o ponto de chegada que encontramos é a Literatura. Sendo assim, este livro é um encontro de pesquisas coordenadas e executadas por professores pesquisadores da rede pública de ensino, que pensam na Literatura como forma de expressão verdadeira do ser humano, seja fazendo reflexões a partir do estudo bibliográfico ou colocando-a em prática em ambiente escolar sendo um dos vários lócus para um trabalho dessa natureza, baseado em suportes teóricos que nos amparam para o árduo trabalho da pesquisa em si.

    O primeiro capítulo "A onomasiologia em os irmãos Dagobé" baseado no livro de Guimarães Rosa, mostra-nos como o autor consegue criar, com o seu conhecimento de diversas línguas, culturas, religiões e mitologias, vocábulos que trazem uma significativa carga. Estes, no conto, empregados como os nomes dos personagens, por si só conseguem, por meio da onomasiologia (ciência que busca a possível explicação dos nomes a partir do conceito, do significado, para, após analisá-los, pode atribuir a forma linguística que lhe será correspondente), revelar o destino não só dos indivíduos como de todo o coletivo. Após a identificação do nome dos personagens na obra, foi feita uma descrição onomasiológica, no intuito de analisar e comparar os acontecimentos e as atitudes relacionadas aos personagens.

    O segundo, intitulado "A loucura e a crítica social no enredo e na construção dos perfis psicológicos de Bento Santiago e de Simão Bacamarte", de Machado de Assis, traz como ponto crucial entender o caminho como o escritor utiliza a Loucura enquanto modelo de comportamento, qual seja uma forma de delírio ou de furor que se apossa do homem e o faz falar e agir de forma distinta das usuais ou ainda consideradas normais pela sociedade. Permeia os caminhos da investigação, para entender como esses modos de concepção da Loucura puderam influenciar o autor a criar o enredo do romance Dom Casmurro e do conto/novela O Alienista, nos quais Bento Santiago e Simão Bacamarte são examinados, ora como personalidades doentias, na visão do realismo-naturalismo, período literário ao qual o autor se filia, ora como resultado de um estado de delírio vivenciado pela ilusão de ser e de poder. Considerar-se-á mais profundamente a construção desses perfis psicológicos e desses enredos como parte integrante da radiografia da sociedade desenganada do final do século XIX e início do século XX, objeto fim da análise em fluxo de consciência das personagens, ou ainda como método de criação literária que caracteriza o autor em questão como o maior entre todos os escritores brasileiros nesse gênero.

    O terceiro capítulo intitula-se "O ensino de Literatura e a obra de Dalcídio Jurandir". Objetivou-se analisar a realidade do ensino de Literatura Paraense no Ensino Médio e em particular na última série deste nível de ensino, bem como aparece nesse contexto a produção literária do escritor paraense Dalcídio Jurandir. Adotou-se, para tal, o método descritivo-interpretativo para análise dos dados coletados a partir de questionários com questões objetivas, aplicados a nove professores e 40 alunos de uma escola pública do município de Belém-PA. Os principais resultados apontam para a necessidade de implementação de ações que visem à valorização do labor literário desse autor. Concluiu-se que sem essa valorização o fazer literário desse autor permanecerá na obscuridade em que se encontrava. Em vista disso, apresenta-se uma proposta de intervenção para os lócus de pesquisa com o intuito de sensibilizar este espaço escolar para uma reflexão em torno de nossa Literatura local, numa perspectiva de viabilizar a inserção da Literatura Paraense em seu currículo escolar de maneira efetiva e satisfatória.

    Por fim, o último capítulo "Dalcídio Jurandir: leitura e recepção em sala de aula", espelhou-se no projeto Recepção das Poéticas Amazônicas, do Núcleo de Pesquisa Culturas e Memórias Amazônicas (Cuma/ Uepa), em que propõe a inserção mais atuante da Literatura da Amazônia em escolas públicas, e se justifica devido à preocupante ausência da leitura de autores amazônicos nesses locais de ensino. A experiência de recepção literária teve como suporte os pressupostos da Estética da Recepção por meio de Jauss e Zilberman e aconteceu na Escola Estadual Prado Lopes no primeiro bimestre do ano letivo de 2014, em turmas finais do Ensino Fundamental. Dalcídio Jurandir foi o escritor paraense escolhido do qual analisamos o texto Escola retirado da obra Chão de Lobos.

    A partir dessas experiências, esperamos que com o livro possamos, de alguma forma, instigar outros profissionais da educação o caminho da pesquisa, principalmente contribuir para que a prática em sala de aula, com discussões acerca das reflexões que podemos fazer ao lermos um texto literário e ratificando a importância do uso desses textos em ambientes escolares, torne-se um encontro de saberes e descobertas.

    Boa leitura!

    Sumário

    I

    A ONOMASIOLOGIA EM OS IRMÃOS DAGOBÉ DE

    GUIMARÃES ROSA

    ANÁLISE ONOMASIOLÓGICA DO CONTO

    LIOJORGE

    DAMASTOR

    DORICÃO

    DISMUNDO 

    DERVAL 

    DAGOBÉ

    DISCUSSÃO SOBRE O CONTO 

    ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 

    REFERÊNCIAS 

    II

    A LOUCURA E A CRÍTICA SOCIAL NO ENREDO E NA CONSTRUÇÃO DOS PERFIS PSICOLÓGICOS DE BENTO SANTIAGO E DE SIMÃO BACAMARTE

    INTRODUÇÃO 

    CONSIDERAÇÕES SOBRE A LOUCURA 

    DEFININDO O QUE É LOUCURA 

    A LOUCURA CONSEQUÊNCIA DE INÚMEROS FATORES SOCIAIS 

    A LOUCURA EM DOIS MOMENTOS LITERÁRIOS MACHADIANOS 

    CONTEXTUALIZANDO MACHADO DE ASSIS 

    HUMANITISMO: SINTOMA DE LOUCURA OU CRÍTICA AO CIENTIFICISMO 

    A CONSTRUÇÃO DE PERFIS ASSOCIADOS À LOUCURA 

    SIMÃO BACAMARTE: "DE MÉDICO, DE POETA E DE LOUCO, TODOS NÓS

    TEMOS UM POUCO"

    BENTO SANTIAGO, O BENTINHO: ANTOS SÓ; DE QUE MAL ACOMPANHADO.

    CONCLUSÃO 

    REFERÊNCIAS 

    III

    O ENSINO DE LITERATURA E A OBRA DE DALCÍDIO

    JURANDIR

    INTRODUÇÃO 

    A LITERATURA AMAZÔNICA NO CONTEXTO LITERÁRIO NACIONAL 

    DALCÍDIO JURANDIR: VIDA E OBRA 

    O autor no contexto escolar 

    Lócus e sujeitos e metodologia da pesquisa 

    Análise das respostas dos professores 

    Análise das respostas dos alunos 

    Proposta de Intervenção para a escola alvo da pesquisa 

    Possíveis propostas 

    Considerações finais 

    REFERÊNCIAS 

    IV

    Dalcídio Jurandir: leitura e recepção em sala

    de aula

    INTRODUÇÃO

    Literatura de expressão amazônica. Por que não? 

    LEITURA E LEITOR: CAMINHOS INTERCRUZADOS 

    UM BREVE ESTUDO SOBRE A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO 

    O AUTOR: DALCÍDIO JURANDIR 

    A OBRA 

    LÓCUS E SUJEITOS DA PESQUISA 

    A RECEPÇÃO DO TEXTO 

    ALGUMAS REFLEXÕES FINAIS 

    REFERÊNCIAS 

    I

    A ONOMASIOLOGIA EM OS IRMÃOS DAGOBÉ DE GUIMARÃES ROSA

    ANÁLISE ONOMASIOLÓGICA DO CONTO

    O conto Os irmãos Dagobé, faz parte de Primeiras estórias, obra de Guimarães Rosa. A narração é em primeira pessoa, alguém que observa os irmãos Dagobé em um velório, não percebemos marcação de tempo e espaço. O autor traz no conto a violência como tema; sua trama gira em torno dos personagens: Damastor (morto), Derval (caçula), Dismundo, Doricão e Liojorge.

    O conto tem início no velório do mais temido irmão Dagobé, o Damastor, criatura temida por muitos, mas que morre de forma inesperada pelo pacato Liojorge, que fora ameaçado pelo morto e para salvar sua pele, mata primeiro. Todos ficam perplexos quando sabem que Liojorge quer velar o corpo e carregar o caixão. Os irmãos concordam. Mas todos pensam que faz parte de um plano maligno contra o assassino. Mas a espera pela vingança é frustrada pelos espectadores ao verem os irmãos agradecerem a presença de todos, inclusive de Liojorge, e que iriam embora para outro lugar, recomeçar a vida.

    A análise onomasiológica dos nomes dos personagens Liojorge, Damastor, Doricão, Dismundo e Derval, mais o sobrenome Dagobé, que são destaques no conto, está a seguir com o deslindamento da trama criada pelo autor Guimarães Rosa.

    LIOJORGE

    Eis que eis: um lagalhé pacífico e honesto, chamado Liojorge, estimado de todos, fora quem enviara Damastor Dagobé, para o sem-fim dos mortos.

    Em Liojorge pode-se perceber a aglutinação dos étimos Lio, que possivelmente vem de Hélio e Jorge. Lio é sol; liso; feixe, vínculo a articular entre si os diversos personagens e acontecimentos da trama¹ – Dele depende a harmonia, o astro que todos os demais necessitam como fonte de luz, calor e energia. Sua luz se opõe às trevas, dia e noite em uma antítese da natureza cíclica, trazendo consigo a cada manhã uma nova esperança. É também liso, algo que não se pode pegar facilmente, que está além das possibilidades do opressor, que não se enquadra facilmente aos ditames daqueles que o querem dominar, por isso Liojorge, diante de Dorição, Dismundo e Derval, no momento em que Damastor estava sendo enterrado, não cai em si, mas ele se escorregou em si. Tanto nesse fragmente como ao longo do conto, apesar da narrativa nos levar a crer que era o fim de Liojorge, há uma outra conotação: a que Liojorge reconheceu o grande risco que estava correndo, mas ao mesmo tempo sabia que era suficientemente capaz de escapar dos seus algozes. Lio é também o radical que indica duro, reafirmando a personalidade de Liojorge, mesmo sendo um homem simples um lagalhé, mas que ao contrário do que se imagina, mostra-se firme em suas atitudes e toma as rédeas de seu destino, com um profundo senso de justiça de só ter matado em legítima defesa: [...] Liojorge o ousado lavrador, afiançava que não tinha querido matar irmão de cidadão cristão nenhum. Puxara só o gatilho no derradeiro do instante, por dever de se livrar, por destino de desastre! (13º parágrafo). Dureza que o impulsiona a ir ao enterro de Damastor, mesmo com o risco de sofrer a vingança de seus irmãos; que o faz resignado a permanecer no arraial depois de matar Damastor em demonstração de que a força que o move é interna e profunda e não externa e superficial.

    O étimo Jorge significa agricultor², e por isso o enterro de Damastor é visto por Liojorge como a preparação de uma semente que deverá ser plantada. Não podia furtar-se a sua responsabilidade, deveria estar naquele enterrá-lo, plantá-lo – como lavrador –, pois é a semente da esperança de um novo tempo, de uma nova vida, para – apesar do clima fúnebre – provocar um renascimento, como um ritual de purificação (batismo dos cristãos), a quebra de um paradigma; um divisor de águas que marca uma travessia penosa, mas que resulta na libertação da opressão. Jorge aponta ainda para o mito de São Jorge, popularmente conhecido como o santo guerreiro. Esse mito surge com a estória de um jovem soldado romano que viveu por volta do século III d.C. quando Diocleciano era imperador de Roma. Jorge, filho de pais cristãos, aprendeu desde a sua infância a ser um bom cristão. Promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade – qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Em uma reunião do Senado para aprovar uma lei do imperador Diocleciano para matar os cristãos, Jorge levantou-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os ídolos adorados nos tempos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo, como salvador dos homens. Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge responde que vem da verdade, e que a verdade era Jesus

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