Síndrome do Estrangeiro: Banzo Consciencial
De Málu Balona
()
Sobre este e-book
"Essa é a condição da maioria dos portadores e portadoras da síndrome do estrangeiro, mal estar íntimo e social, cuja etiologia está plantada em vivências extrafísicas, entrevidas, no período anterior à atual existência. O começo da remissão dessa abstinência do Curso Intermissivo poderá estar no reconhecimento das ideias inatas propostas pela Conscienciologia e especialidades, no reencontro e afinidade espontânea com os pares da família evolutiva".
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Síndrome do Estrangeiro - Málu Balona
Copyright © 2020
1a Edição 1998 – Tiragem: 2000 exemplares.
2a Edição 2000 – Tiragem: 2000 exemplares.
1a Edição em Espanhol 2000 – Tiragem: 2000 exemplares.
3a Edição 2006 – Tiragem: 1500 exemplares.
4a Edição 2020 – Impresão sob demada: Tiragem inicial de: 450 exemplares.
Direitos de publicação desta edição autorizados à Epígrafe Editorial e Gráfica Ltda.
Os direitos patrimoniais desta obra foram doados pela autora ao Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia – IIPC.
Revisão Final:Ninarosa Manfroi e Rosemary Salles.
Capa: Paulo Presse.
Projeto Gráfico e Ilustrações:Ernani Brito.
Impressão: Midiograf.
Epígrafe Editorial e Gráfica Ltda.
Rua da Cosmoética, 1635 – Cognópolis CEP: 85853-755 – Foz do Iguaçu-PR Telefone: (45) 3525 0867
Loja virtual: www.epigrafe.com.br
Aos Inversores e Inversoras:
Esta pesquisa é dedicada, por uma reciclante existencial⁰¹, a todos aqueles que, na condição de conscins⁰² ou consciexes⁰³ pré-despertas, enfrentam hoje ou enfrentarão amanhã, os percalços da intrafisicalidade rumo ao Serenismo.
A Autora
AGRADECIMENTOS
Um livro-depoimento como este jamais existiria sem a contribuição de muitas conscins – consciências intrafísicas e consciexes – consciências extrafísicas. Seria impossível, neste espaço, agradecer a todas.
Aos meus pais, irmãos e à minha filha Nicole pela grande oportunidade evolutiva, o meu afeto com os mais sinceros agradecimentos.
Aos companheiros de curso intermissivo do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC), principalmente aos colegas da Sede e do Centro Educacional de Autopesquisa IIPC – Buenos Aires que, com amizade e paciência, favoreceram a reciclagem intraconsciencial (recin) e existencial (recéxis) pessoal para aproveitamento da atual existência.
Meus agradecimentos à equipe extrafísica pela autoria múltipla e ao professor Waldo Vieira, principal motivador da autopesquisa, minha gratidão pelas críticas oportunas e pelo prefácio desta gestação consciencial.
Agradeço a generosidade do Prof. Hélion Póvoa Filho e da Dra. Denise Quinet de A. Pifano, pela leitura técnica dos originais, pela amizade e pelos cuidados fraternos dispensados à minha pessoa.
Às conscins e consciexes que, experimentando a síndrome do estrangeiro (SEST) foram generosas, doando seu laboratório de vivências, dedico este livro.
A Autora
SUMÁRIO
PREFÁCIO DA
1
ª EDIÇÃO: Uma Teoria Original
INTRODUÇÃO
Parte 1
Capítulo 01:
O que é e quem tem a SEST
Capítulo
02: Nascimento da Pesquisa – Cronêmica e Associação de Ideias
Capítulo
03: Paralelismo na Situação Extrafísica e Intrafísica da Consciência
Capítulo
04: Hipótese de Trabalho – Pré-autismo e Pré-esquizofrenia
Capítulo
05: 1993 –
Fases e Identificação do Perfil na SEST
Capítulo
06: Adolescência e Crise de Identidade
Capítulo
07: Mecanismos de Defesa do Ego (MDEs)
Parte 2
Capítulo 08:
Parâmetros Básicos da SEST
Capítulo
09: Busca de Soluções para o Conflito
Capítulo
10: Consciência-casulo: O Ego Encapsulado
Capítulo
11: Parâmetros para a Doença Mental – O Delicado Conceito de Normalidade
Capítulo
12: Consciencioterapia e Projecioterapia – Conceitos e Definições
Capítulo
13: Teoria Conscienciológica da Personalidade: Estrutura, Dinâmica e Evolução (Desenvolvimento Consciencial)
Capítulo
14: Maturidade Integrada e Evolução Consciencial (Holomaturidade)
APÊNDICE 1
APÊNDICE 2
POSFÁCIO
ENTREVISTA COM A AUTORA
TESTE PARA INTERMISSIVISTAS
REFERÊNCIAS FILMOGRÁFICAS
RFERÊNCIAS MUSICOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS PINACOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS
SIGLAS E ABREVIATURAS
ÍNDICE GEOGRÁFICO
ÍNDICE ONOMÁSTICO
ÍNDICE REMISSIVO
CURRÍCULO CONSCIENCIOLÓGICO AUTORAL
(1989-2020)
"Evolução – Até mesmo um nível maior de evolução íntima, na vida intrafísica, pode acarretar conflitos à conscin. Um dia, você, com todo o seu patrimônio de vivências transcendentes, acima da média dos seres humanos, pode se sentir, dentro da Socin⁰⁴, igual a corpo estranho, planta exótica, ou peixe fora-d’água, seguindo no contrafluxo, contra a corrente, água acima, em rota de colisão (síndrome do estrangeiro)."
(VIEIRA. 700 Experimentos da Conscienciologia, 1994)
PREFÁCIO DA
1
ª EDIÇÃO
Uma Teoria Original
Solução. No enfoque da Conviviologia, a síndrome do estrangeiro é um problema de primaz importância para milhares de conscins e nesta obra encontramos a solução para eliminá-la.
Fatos. A essência da teoria está fundamentada nos fatos da existência intrafísica.
Terapêutica. A anatomização detalhada da síndrome do estrangeiro vem esclarecer o conflito íntimo de legiões de personalidades por aí afora. Somente isso já bastaria para imprimir o selo de alto nível a esta teoria e dar-lhe uma credencial incontrovertível de terapêutica da consciência.
Combate. Importa combatermos sempre a síndrome do estrangeiro que, não raro, se desenvolve no lado mais sombrio de tudo que é luminoso ou sadio, e mesmo no lado mais luminoso de tudo o que é sombrio ou mórbido no microuniverso de conscins ao nosso derredor.
Dados. Com os casos e dados da mais alta ordem de significação que encontramos aqui, podemos caminhar para a melhoria do autodiscernimento desde as áreas com engarrafamento de neurônios nas rodovias dos cérebros, até os guetos dos especialistas e das mutilações do saber, próprias do neo-obscurantismo, das superficialidades e da cultura inútil.
Retrocognometria. A retrocognometria ou a medida retrocognitiva da história pessoal tem, inevitavelmente, de pesquisar e aplicar os conhecimentos advindos das perquirições da síndrome do estrangeiro em função da incidência corriqueira e abrangente dessa condição íntima, patológica, em pessoas nos mais diversos contextos existenciais.
Carta. Afastar a influência patológica da síndrome do estrangeiro significa desfazer-se de uma carta ruim no jogo da vida humana, inavaliável para a nossa evolução individual e grupal (Evoluciologia).
Dolorímetro. A compreensão da síndrome do estrangeiro é uma espécie de algesiômetro ou dolorímetro para os componentes da massa humana impensante, desprovidos de Ciência e vítimas dos atravanques da intrafisicalidade. Por ela é possível mensurar a extensão do curso intermissivo.
Paragenética. Os inversores e inversoras existenciais encontrarão na teoria as respostas para inúmeras das suas indagações, muito além da congeneticidade exclusivamente psíquica ou mental (Paragenética).
Recin. Pela Recexologia, quem se empenha em vivenciar na cotidianidade a recin e a recéxis há de eliminar, em primeiro lugar, a síndrome do estrangeiro.
Evolução. Segundo a Evoluciologia, quem consegue alcançar o conceito da inteligência evolutiva liquida em definitivo com a síndrome do estrangeiro que, em certos casos, anula completamente, por exemplo, as potencialidades de um macrossoma.
Amplitude. Impressiona, nesta tese, a análise metodológica das pesquisas, a atenção dirigida, a amplitude e a interdisciplinaridade alcançadas pela autora, Málu Balona, abrindo nova panorâmica aos estudos da personalidade quando considerada inteira
ou, mais apropriadamente, aos seres sociais de qualquer país um pouco mais alertas para a evolução de si próprios.
Áreas. A teoria é uma luz mais ampla para as áreas mais obscuras da Assistenciologia, notadamente nestas 4 linhas científicas: a Psicologia, a Clínica Médica, a Psiquiatria e a própria Consciencioterapia. Além disso, este trabalho oferece expressiva contribuição criativa às pesquisas da Parapsicologia.
Biblioteca. Pessoalmente é nossa convicção de que todo conscienciólogo ou consciencióloga, daqui para frente, jamais deixará de manter, anotado, um exemplar desta obra em sua biblioteca técnica e nem se esquecerá de recomendá-la àqueles homens e mulheres que se iniciam na vivência teática da Conscienciologia.
Pedagogia. Apontamos de modo enfático o aspecto relevante e prioritário da abordagem pedagógica da teoria na formação dos docentes, homens e mulheres, jovens e veteranos da vida, pois são estas as pessoas mais carentes de superação da sua problemática intraconsciencial – o conflito magno curso intermissivo / execução da proéxis –, a fim de estarem aptos para lecionar os princípios teóricos e práticos da Conscienciologia com autoridade moral e vivencial.
Cosmoética. As implicações cosmoéticas da teoria conduzem os interessados e interessadas a reciclagens construtivas e constantes, a autocorreções de curso e a desestigmatizações, deslavagens cerebrais e desrepressões multifacetadas, à maneira de uma catarse cosmoética com bases holobiográficas.
Frutos. Esperamos que este livro seja apenas o primeiro fruto de uma longa série deles, neste período de gestações conscienciais iniciado pela autora que já moureja no universo libertário das consciências há mais de uma década, em busca da excelenciação do conhecimento humano.
Convite. Convidamos a todos os pesquisadores e pesquisadoras do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC) e do Centro de Altos Estudos da Consciência (CEAEC) a estudar em profundidade esta obra a fim de alcançarmos outras ideias de ponta, investigadas, assim, como deparamos neste contexto e ao modo da síndrome do estrangeiro.
Modelo. Todos temos aqui um modelo técnico valioso para seguir.
Autora. A autora é uma das pesquisadoras mais lúcidas que conhecemos para diagnosticar conscienciometricamente a realidade das personalidades intrafísicas tanto de modo individual quanto grupal – uma tarefa, a rigor, de evoluciólogo – e, os fatos indicam, foi ela mesma, alguém que passou pela experiência da síndrome do estrangeiro com autolucidez nesta vida humana, crítica, atual, em plena Era da Aceleração da História.
Protótipo. Que este trabalho substancioso seja um protótipo abrindo caminhos para dezenas de outros que virão, na mesma linha de conhecimentos prioritários da consciência, são os augúrios deste admirador de Málu Balona, uma de nossas mais decididas colaboradoras desde a proposição pública da Conscienciologia na condição de Ciência.
Waldo Vieira
Julho, 1998
INTRODUÇÃO
É um privilégio, hoje, nesta existência humana, podermos nos dar o luxo de estudar nós próprios, sem medos, remorsos ou lamentações.
Aproveitando o efeito catalisador da gratidão pelo que foi aprendido podemos gerar novos pensamentos, sentimentos e energias – neopensenes e neossinapses em nosso atual cérebro físico. O ideal é tirarmos partido do passado para melhor elaborarmos o futuro.
Apresentamos de maneira geral, péssimo hábito: registrar sempre com precisão maior na memória integral de todas as vidas (holomemória), episódios e vivências negativas.
Isso ocorre com a maioria quase absoluta das consciências. Daí a importância, para o leitor interessado nos processos relativos à síndrome do estrangeiro, de apresentarmos após análise profunda, o registro positivo dos fatos aqui propostos.
Vamos nos empenhar ao máximo na aplicação da crítica objetiva, levando as impressões ao paracérebro e ao mentalsoma – corpo do discernimento maior. A capacidade de parapercepção acurada é fruto natural da autorreflexão e da inteligência evolutiva (IE) avançada.
O psicossoma – corpo emocional ou paracorpo das emoções é o veículo da emocionalidade e das sensações. Torna-se, portanto, inadequado quando o objetivo é a avaliação crítica e a análise desapaixonada.
Felizmente, nem todos são portadores da síndrome do estrangeiro que passaremos a designar SEST.
No decorrer da leitura, alguns poderão identificar-se com certas passagens; outros somente vivenciaram o problema durante curto período da vida; percentual ainda menor poderá identificar-se apenas com alguns aspectos citados.
Ao final, um grupo bem delimitado poderá reconhecer-se portador ou portadora da SEST clássica, com sintomas e características específicas aqui descritas. Contudo, mesmo assim, os percentuais de agudez tendem a apresentar-se em graus diferentes, segundo a sábia fórmula: cada caso é um caso
.
Por esse motivo, sugerimos ao leitor ou leitora, evitar enquadrar-se de maneira forçada ou precipitada, pois não é charmoso nem interessante conviver com a SEST.
Em certas passagens, estaremos inevitavelmente, abordando situações desagradáveis, constrangedoras ou dolorosas.
O objetivo não será remoer tristezas ou remexer velhas feridas psicológicas. É preciso reciclar o lixo armazenado na memória integral, atualizando arquivos holomnemônicos pessoais.
Hoje, o importante é reconhecer a lição positiva aprendida em favor da evolução consciencial. Não há culpados pelas nossas dificuldades. Há apenas deficiências a superar.
O preço cobrado pela imaturidade é sempre o de aprender da maneira mais difícil. Vamos assumir a responsabilidade integral pelo que nos ocorre, sendo autoimperdoadores, buscando perdão antecipado – heteroperdão para todos os demais, ad infinitum.
Será produtivo fazer anotações pessoais durante a leitura, preferencialmente no próprio livro, pois neste momento, estaremos mergulhados na autorrealidade intraconsciencial.
Aqueles que mais se interessam pela evolução de cada um de nós, os amparadores extrafísicos, aproveitam oportunidades de reflexão como esta, para transmitir dicas, intuições, sugestões, inspirações, orientações e ideias que permitam aprofundar a autopesquisa e maior autocompreensão. O leitor poderá chamá-los da forma que melhor lhe parecer: anjo da guarda, benfeitor, mentor, guia, ou outra expressão.
Contudo, o ideal é evitar toda conotação mística associada à assistência extrafísica recebida, pois, na maioria das vezes, lidamos com personalidades já conhecidas de outras vidas e de períodos intermissivos vivenciados entre duas vidas humanas consecutivas.
Sem a ajuda e constante presença amiga dos amparadores, não teria sido possível desenvolver este trabalho. Muito inteligente será atuar com simplicidade e sinceridade, o que permitirá aprofundar ainda mais esta relação interdimensional de amizade.
Ideias que parecerem obscuras ou que, de algum modo, incomodarem mais durante a leitura, poderão ser aproveitadas, já que, muitas vezes, constituem valiosas pistas sobre a autorrealidade intraconsciencial.
Apresentamos, aqui, hipótese de trabalho passível de equívocos, e com certeza, de muito aprimoramento. Por este motivo, as críticas serão bem-vindas, apontando incorreções, omissões, falhas e desconhecimento da autora.
Além da vivência pessoal em 48 cursos sobre o tema dados em 5 países (Brasil, Argentina, Espanha, Estados Unidos e Portugal), em 24 cidades, a 1.652 alunos de 1991 a 2006, 223 questionários foram aplicados (tabulação de dados no final deste volume) e análises técnicas de relatos, foram utilizadas anotações pessoais na condição de propositora, coautora e docente, em 109 cursos de Extensão em Conscienciologia e Projeciologia 1 (ECP1), promovidos pelo IIPC no Brasil, Argentina, Espanha e Portugal para mais de 15.000 participantes (Ano-base 2015).
Somos antecipadamente gratos aos leitores e leitoras que queiram contribuir com esta ampla tarefa assistencial de esclarecimento (tares), doando as autoexperiências e relatos.
Málu Balona
"Saudade – Depois que o projetor (a) consciente humano intensifica as suas experiências de volitação fora do corpo físico, começa a compreender o desassombro e o ideal daquelas consciências presas ao restringimento físico da existência terrestre, mas saudosos-intuitivos da livre volitação extrafísica – pilotos em geral, ases da aviação, astronautas e pilotos-escritores – inclusive personalidades conhecidas: Charles Augustus Lindberg (1902–1974), Antoine de Saint-Exúpery (1900-1944), Richard Bach, Edgard D. Mitchell, pioneiros da exploração maior dos ares, do espaço físico do Universo além da Terra. Por aí se observa que existe, de fato, uma saudade parapsíquica interressomática ou intermissiva". (VIEIRA, Waldo; Projeciologia: Panorama das Experiências da Consciência Fora do Corpo Humano, 1986).
Parte
1
"Interaciologia. Jamais podemos esquecer as interações naturais que a vida humana mantém com as comunidades extrafísicas, ou comunexes (Multidimensiologia), incluindo a paraprocedência (Paraprocedenciologia) de onde veio cada conscin. Evidentemente, a compreensão maior da natureza e estrutura das comunexes amplia o autodiscernimento e a cosmovisão das conscins intermissivistas em geral e não apenas dos ofiexistas, homens e mulheres. Você sente falta da sua paraprocedência? Tal reação é típica da síndrome do estrangeiro (SEST)."
(VIEIRA. Dicionário de Argumentos da Conscienciologia, 2014)
Capítulo
01
O que é e quem tem a SEST
Síndrome – [Do gr. Syndromé, concurso.] S.f. 1. Med. Estado mórbido caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, e que pode ser produzido por mais de uma causa. 2. Fig. Conjunto de características ou sinais associados a uma condição crítica, suscetíveis de despertar reações de temor e insegurança: a síndrome de guerra nuclear; a síndrome da inflação galopante e outros.
À primeira vista, todos poderiam concluir: "a maioria dos seres humanos é portadora da síndrome do estrangeiro. Quem não teve a sua fase de estranhamento nesta vida?" Porém, não é bem assim. A síndrome do estrangeiro (SEST) é um distúrbio do comportamento, caracterizado por um estado mórbido de alienação, estranheza ao ambiente e/ou a pessoas, inadaptação, melancolia aguda, apatia, depressão, às vezes acompanhada de anorexia, podendo levar à dessoma⁰⁵ prematura.
Sinonímia. Síndrome de abstinência do curso intermissivo, crise aguda de saudade, suicídio branco (morte por desgosto), melin⁰⁶ precoce, melin infantil, melin pós-ressomática, saudade parapsíquica interressomática, síndrome de abstinência da autoparaprocedência, perda do sentido da vida (raison d’être), transtorno de estresse pós-ressomático⁰⁷ (TEPR), banzo⁰⁸ consciencial.
É importante definir que o sentimento de irrealidade e estranheza em relação à vida humana, vivido pelos portadores da SEST, reside no esquecimento temporário da origem extrafísica. Segundo essa hipótese, o portador ou portadora é aquele que nasceu e não sabe
, antípoda ao dito popular morreu e não sabe
.
É devido a essa singularidade significativa que podemos identificar os intermissivistas, verdadeiros portadores da SEST, dentre os demais casos da inadaptação social comum (sociofobia) e de diversas outras psicopatologias.
Utilizando as abordagens conscienciológicas e projeciológicas no caminho de pesquisa definido e trilhado pela autora por mais de três décadas, não foram encontradas referências específicas e características em outras áreas de ciência sobre a SEST, embora algumas obras nos tenham sido muito úteis.
No campo da Antropologia, por exemplo, há referência ao isolamento vivido pelo pesquisador que, em meio a culturas estranhas ou sistema de regras exótico, não pode compartilhar os autoanseios e achados com os demais membros da comunidade.
Essa impossibilidade de comunicação (incomunicação) é igualmente sentida pelo portador da SEST que, embora vivendo aparentemente no próprio meio social, tem a sensação de pertencer à outra raça, outra cultura, falar outro idioma, praticar sistema de valores distinto, incompreensível para os demais.
A expressão anthropological blues, utilizada por Roberto da Matta, caracteriza a tristeza ou a melancolia do antropólogo. Também se refere ao estilo de música americana – blues, que tem sua marca no lamento (NUNES, 1978).
O autor refere-se a 3 fases de uma pesquisa etnográfica: a fase teórica ou intelectual – uso de diagramas, mapas, esquemas; a fase prática – organização da viagem / expedição; e, por fim, a parte pessoal ou existencial – na qual a vivência direta substitui as fases anteriores.
O mesmo ocorre na SEST, quanto às fases mencionadas. A primeira fase, antes de assumir outra neoexistência humana é também, em parte, teórica, pois a consciência encontra-se ainda distante do objetivo traçado. Naquele momento, não dispõe do corpo físico (soma). Está utilizando veículos de manifestação mais sutis e atributos que, na vida intrafísica, certamente sofrerão efeitos do restringimento e não serão percebidos e identificados com facilidade.
Na intermissão, apesar de estar utilizando o veículo nobre de manifestação consciencial – mentalsoma – corpo mental do autodiscernimento e da intelectualidade, a consciência não consegue reproduzir a sensação do que é ressomar – renascer no soma, na matéria densa. Nessas condições é que assume compromissos relativos à programação existencial (autoproéxis), a ser cumprida posteriormente na Terra.
A segunda fase, mais prática, diz respeito ao rapport antecipado com o grupo familiar – grupocarma, no qual deverá renascer; à simulação da profissão que otimizará os resultados evolutivos, e aos aspectos objetivos sobre o país, a cidade e o novo corpo (soma) que irá receber.
A terceira e última fase denominada teática – teórico + prática – somente ocorrerá com a vivência integral do experimento autoevolutivo, já dentro do contexto da vida humana, após o renascimento no soma (ressoma).
Assistir ao trailler de própria neovida futura, espécie de simulação dentro da série de existências humanas (seriéxis), ainda na dimensão extrafísica durante o período da intermissão⁰⁹ é condição bem diferente da consciência intrafísica (conscin) despertar dona de novo corpo humano (neossoma), sem saber nem como chegou ali, nem para onde retornar, caso não goste. Esse é o conflito básico da SEST.
O estrangeiro intrafísico sente-se exótico, distante socialmente, segregado e marginal sem saber o porquê. O isolamento o impede de manifestar a cosmoética¹⁰ que possui.
No campo da Medicina, pesquisadores afirmam que sobreviventes de experiências de quase morte (EQMs¹¹) passam por período de readaptação ao próprio corpo, aos familiares e ao próprio entorno social, após vivenciarem a experiência da projeção lúcida crítica (MOODY, 1989).
São tantos os casos, que esse processo foi caracterizado por alguns autores como síndrome de reinserção, pois os portadores apresentam um quadro emocional específico e levam tempo variável para adaptar-se, sendo que, na maioria das vezes, não conseguirão comportar-se de modo igual ao anterior àquela experiência.
Quando persistente, essa condição gera a necessidade de acompanhamento terapêutico especializado, já que toda a família estranha o novo membro. Os portadores sentem saudades da experiência extrafísica, ansiando por retornar ao lugar
onde se sentiram tão bem. A partir dessa etapa, mostram dificuldade em retomar a vida do ponto em que a deixaram. No entanto, a maioria amadurece e evolui enquanto pessoa (BALONA, 1996).
Essa é justamente a condição do(a) intermissivista portador(a) da SEST, sentindo-se também recém-chegado de lugar indefinido, sendo por esse motivo membro estranho ao grupo. Contudo, neste caso, não há rememoração clara, o que só vem a dificultar ainda mais o entendimento da causa real da inadaptação.
No campo da Filosofia, há referências do filósofo grego Platão (428-347 a.e.c.), no seu mito da caverna no qual propõe questionamentos que podem ser utilizados, em analogia, pelos sobreviventes das EQMs e da SEST (PLATÃO, 1992).
Platão convida-nos a imaginar o mundo subterrâneo onde alguns homens, prisioneiros durante toda a vida, jamais conheceram outro lugar. Na obscuridade, só vêem as próprias sombras projetadas nas paredes pelas chamas do fogo sempre aceso.
Supondo que, algum dia, um desses prisioneiros conseguisse livrar-se das correntes, chegando à porta da caverna e finalmente vendo pela primeira vez a luz do sol, ao retornar ao ambiente de origem, desejaria compartilhar com todos a estranha e agradável experiência. Porém, com quem poderia fazê-lo?
Todos o julgariam louco, sofrendo de alucinações pelo fato de ter deixado a caverna. Com o tempo, esse pobre homem já não desejaria mais comentar a autovivência, incompreensível para os companheiros que jamais haviam saído daquele lugar.
Desse modo, os intermissivistas portadores da SEST cedo compreendem que possuem certa informação que jamais poderá ser compartilhada, pois os companheiros evolutivos ignoram a existência de outros sítios por eles visitados algures.
A SEST traz permanente e pesado sentimento de perda, como se a consciência, ao sofrer o restringimento imposto pelo corpo biológico e pela dimensão intrafísica, tivesse também sido obrigada a renunciar ao contato com dimensões mais sutis de existência.
Veremos, oportunamente, o papel desempenhado pela projetabilidade lúcida que permite minorar essa separação, funcionando como um tipo de liberdade condicional para a conscin mais lúcida.
Platão descreve essa condição: passar da obscuridade à luz e da luz à obscuridade, numa clara analogia ao restringimento consciencial sofrido na vida humana. Faz também referência às almas que desdenham dos negócios humanos e aspiram sem cessar a orientar-se para este lugar elevado (dimensão extrafísica).
No campo sociológico, estudos demonstram que certas pessoas ao se mudarem de cidade ou bairro, apresentam dificuldade de adaptação, permanecendo, durante certo período variável, presas ainda ao antigo local de residência.
Muitos continuarão a cruzar a cidade para comprar pão, tomar café ou utilizar serviços básicos, tais como: conserto de sapatos, compras em geral e até para adquirir jornais, preferindo deslocar-se e continuar visitando locais já conhecidos. O fenômeno foi chamado de choque cultural (TOFFLER, 1994).
Ocorre uma impressão de incongruência e estranheza, dificultando a chegada psicológica ao novo ambiente. Certos indivíduos mais sensíveis apresentam diversos males físicos – enfermidades psicossomáticas, ansiedade, depressão, o que poderá levar a certo retraimento do convívio em sociedade, acompanhado de sentimento de diferença, tristeza e desamparo.
A inadaptação poderá levar meses ou nunca chegar a ser superada, em certos casos. É fato que mudanças são sempre agentes de algum nível de estresse, negativo e positivo. O aspecto negativo corresponde à resistência natural e à ameaça que o novo provoca (neofobia); o positivo é o crescimento e a experiência posteriormente adquirida (desafio).
Também na SEST, a consciência portadora sofre da falta de familiaridade com as pessoas, os ambientes e as situações. Se a mudança, tão comum, de uma cidade para outra pode nos afetar tanto, quanto será a consciência afetada pela mudança dimensional?
Em pesquisas referentes às experiências de regressão mnemônica, provocadas por especialistas, aparecem casos de sujeitos que após recordarem certa suposta vida passada, não conseguem mais adaptar-se à vida atual, lamentando e sentindo saudades da outra existência (DROUT, 1989).
Na SEST, a consciência intuitivamente sabe que não pertence àquele lugar. Sente saudades de outra existência diferente, de outro ambiente, o que a faz sentir-se confusa, melancólica e abandonada – transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).¹²
No campo da Psicologia com abordagem psicanalítica, há trabalhos de aprofundamento sobre a migração humana e seus efeitos psicológicos, muitas vezes, devastadores (VIANA, 1978).
Todas essa condições críticas e características constituíram base comparativa para a pesquisa e hipótese da SEST.
A estreita relação entre migração e inadaptação foi demonstrada pela pesquisa realizada em 1935, nos Estados Unidos da América (Lima, O. C. – Influência da Urbanização na Saúde Mental do Homem e da Mulher, Tese de Doutoramento, Fac. Medicina, USP; SP), indicando que a população de imigrantes internados nos sanatórios psiquiátricos com quadros de distúrbios mentais era 2,85 vezes maior do que a de americanos nos mesmos nosocômios (VIANA, 1978) (grifo nosso).
Corroborando Viana, em 2003, surge na Europa a síndrome de Ulysses proposta pelo psiquiatra espanhol Joseba Achotegui. Para o pesquisador, os imigrantes apresentam quadro complexo de sintomas psicopatológicos decorrentes do choque cultural (V. Infografia, 2003).
A situação pode ser atribuída à incapacidade de vincula- ção e ao sofrimento que, muitas vezes, o estrangeiro sente de modo intenso. A falência no processo de interação com as pessoas e o meio pode explicar, em parte, o quadro de incidência maior de transtornos mentais nos membros estranhos à comunidade.
No Capítulo 4, estabeleceremos as relações existentes entre SEST, esquizofrenia e autismo, transtornos que abordaremos de maneira distinta da convencional.
Na literatura mundial há referências sobre as personalidades inadaptadas em geral. Na década de 50 foram chamadas de outsiders (forasteiros). O termo se refere àquelas consciências que viveram ou vivem no contrafluxo social, contrários ao espírito de sua época – Zeitgeist.
Alguns se sentiam alienados da vida cotidiana por terem experimentado rápidos lampejos de um tipo de consciência mais vasta e profunda. No século XIX, o resultado disso era uma insatisfação que levava, com frequência, ao suicídio ou à morte precoce pela tuberculose
(VIANA, 1978).
Casos de outsiders históricos, tais como: o bailarino russo Vaslav Nijinsky (1890-1950), o escritor irlandês George Bernard Shaw (1856-1950), o escritor russo Fyodor Dostoyewski (1821-1881), o escritor norte-americano Ernest Hemingway (1889-1961), o escritor alemão Hermann Hesse (1877-1962) e o pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-1889), dentre ou- tros, são apresentados para ilustrar a síndrome.
O poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) constitui também caso clássico de outsider. Maior aprofundamento nessa autobiografia, seguindo os parâmetros, permitiria identificar, por analogia, certa afinidade com a SEST (BRECHON, 1998).
Contudo, foge ao objetivo desta obra pesquisar casos históricos de SEST. Sabemos que há chances de encontrarmos quadros expressivos, como exemplo o do genial escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850).
Embora existam grandes semelhanças entre as personalidades outsiders e aquelas portadoras da SEST, em certas passagens o autor da proposta parece confundir, meros surtos de síndrome do pânico e outros estados psicóticos com estados alterados de consciência benignos e autênticos, conhecidas na Psicologia como experiências de expansão da consciência, experiência oceânica (Freud) ou experiências de pico (Maslow).
Convidamos o leitor motivado e autopesquisador curioso a buscar referências históricas que possam levar à identi- ficação da SEST clássica, que é antiga¹³ e só tem de original a caracterização, a classificação, a nomenclatura e as técnicas conscienciológicas e projeciológicas propostas para remissão (V. Apêndice: Referências Bibliográficas e Analogias).
Capítulo
02
Nascimento da Pesquisa – Cronêmica e Associação de Ideias
Toda pesquisa tem histórico e deve nascer de observação cuidadosa. Na pesquisa conscienciológica, na maioria das vezes, o processo nasce principalmente da autovivência, pois o pesquisador é cobaia–investigador–participante direto–comunicador da própria experiência.
A pesquisa da SEST não foge a esses princípios conscienciológicos. O autor sempre poderá se preservar da exposição excessiva, porém, quando a intenção é interassistencial, a escolha recairá sobre a autopesquisa-depoimento, sem pretender a autodevassa consciencial ou a supervalorização de dificuldades pessoais, posturas inadequadas ao pesquisador da autoconsciência. Binômio Antivitimização-Autobeniginidade (BALONA 2008).
A vantagem da autopesquisa-depoimento é o fato de ser teórico-prática (teática), permitindo assistência a outras consciências sofredoras do mesmo mal, que poderão igualmente utilizar-se da própria experiência como terapia de apoio.
A técnica utilizada para a exposição do histórico da SEST tem por objetivo motivar aqueles que, embora vivendo situações originais e de utilidade para outros, ainda não dispõem de metodologia e experiência no campo da pesquisa científica.
1981 – Expressão Feliz para um Quadro de Infelicidade
Depois de viver na França, no primeiro período entre 1979 / 1981, voltei a morar no Rio de Janeiro com minha filha e meu companheiro, de origem francesa. Ao chegar ao Brasil, o mesmo passou a apresentar quadro de instabilidade emocional que mesclava melancolia, inadaptação, fobia, alienação