Um libreto e 100 sonetos
De Alec Silva
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Sobre este e-book
O soneto (do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som) é um poema de forma fixa, composto por quatorze versos (linhas), divididos em quatro estrofes, sendo dois quartetos – com quatro versos – e dois tercetos – com três versos.
Os dois quartetos devem ter o mesmo par de rimas, podendo ser alternadas (abab/abab), emparelhadas (aabb/aabb) ou interpoladas (abba/abba). Nos tercetos há uma maior liberdade para as rimas variando conforme o soneto, exemplos: (cdc/ede), (ccd/dee), (cde/edc), (cdd/eec), (cdc/dcd). Normalmente, os sonetos são decassílabos ou dodecassílabos, versos com 10 sons e versos com 12 sons, respectivamente.
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Um libreto e 100 sonetos - Alec Silva
coletivo
Apresentação
A antologia Um libreto e cem sonetos é composta por 100 poemas em forma de soneto, com tema livre. Novos poetas brasileiros juntam-se a grandes nomes da literatura em uma antologia de sonetos.
O soneto (do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som) é um poema de forma fixa, composto por quatorze versos (linhas), divididos em quatro estrofes, sendo dois quartetos – com quatro versos – e dois tercetos – com três versos.
Os dois quartetos devem ter o mesmo par de rimas, podendo ser alternadas (abab/abab), emparelhadas (aabb/aabb) ou interpoladas (abba/abba). Nos tercetos há uma maior liberdade para as rimas variando conforme o soneto, exemplos: (cdc/ede), (ccd/dee), (cde/edc), (cdd/eec), (cdc/dcd). Normalmente, os sonetos são decassílabos ou dodecassílabos, versos com 10 sons e versos com 12 sons, respectivamente.
A feira de Scarborough I
Alec Silva
Vai à feira de Scarborough, senhor?
Leve um recado a alguém pra mim:
Salsa, sálvia, tomilho e alecrim,
Ela é meu verdadeiro amor.
Camisa de cambraia, por favor,
Sem linha e agulha, pois só assim,
Salsa, sálvia, tomilho e alecrim,
Será meu verdadeiro amor.
Deve-se lavar num poço vazio,
Onde água nele nunca caiu,
E num espinho nunca plantado
Ela deve colocar pra secar.
Nada mais se deve acrescentar,
Senhor, este é todo o recado.
A feira de Scarborough II
Alec Silva
Oh, que notícia boa traz o senhor,
E tudo é muito claro pra mim,
Salsa, sálvia, tomilho e alecrim,
Ele é meu verdadeiro amor.
Caso retorne a vê-lo, por favor,
Uma terra acre arranje enfim,
Salsa, sálvia, tomilho e alecrim,
Será meu verdadeiro amor.
Entre a areia e a água do mar,
Com chifre de carneiro deve arar.
Grão de pimenta será plantado,
Foice de couro para a colheita.
Sua camisa estará feita
E a vestirá comigo ao lado.
A flâmula flamejante
Leonardo Antonio Barnadas Angioletti
As margens do Ipiranga proclamou o imperador,
Independência ou morte para um povo opressor.
Em São Paulo um centenário se ergueu,
Jaz sob o monumento os ímpios do apogeu.
No horizonte resplandeceu o anjo do Brasil
Pelo estandarte em terras abençoadas germinou a força viril.
No lábaro estrelado remanescesse a esperança
E em seu berço nascesse o patriotismo desde criança.
Nossa flâmula flamejante que sofreste reivindicações,
Baniste o despeito da tirania em novas sanções.
Intrépido Dom Pedro, forjaste a liberdade em nossos grilhões.
Heroicas palavras ressoaram sobre a nação desalmada
E em ruínas fortificaste a muralha brasileira difamada.
Na bainha da justiça retirou a sua espada e tornou a sua pátria unificada.
A minha piedade
Florbela Espanca (1894 – 1930)
Tenho pena de tudo quanto lida
Neste mundo, de tudo quanto sente,
Daquele a quem mentiram, de quem mente,
Dos que andam pés descalços pela vida;
Da rocha altiva, sob o monte erguida,
Olhando os Céus ignotos frente a frente;
Dos que não são iguais a outra gente,
E dos que se ensanguentam na subida!
Tenho pena de mim… pena de ti…
De não beijar o riso de uma estrela…
Pena dessa má hora em que nasci…
De não ter asas para ir ver o Céu…
De não ter Esta… a Outra…