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Lendas do Poente 3
Lendas do Poente 3
Lendas do Poente 3
E-book107 páginas1 hora

Lendas do Poente 3

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Sobre este e-book

Cordilheira dos Pirenéus, século dezessete.

Um aldeão morre em circunstâncias estranhas. Suspeitando da natureza sobrenatural e maligna do evento, padre Isidro é enviado para investigar o incidente.

Porém, existem segredos ainda mais antigos e perigosos ocultos no coração de certas montanhas malditas, relembrados pelos últimos sobreviventes de uma época onde a névoa cobria verdades muito desencorajadoras... Agora este véu foi rasgado, liberando a ameaça. Se nada contê-la, o caos reinará.

Chegará a noite onde as fábulas que alimentaram a imaginação de pequenos se tornarão na realidade que aterrorizará até o mais incrédulos dos homens... Quem será capaz de manter a sanidade quando os firmes pilares que sustestam a realidade desmoronam? Magia, bruxaria, e segredos ancestrais irão abalar a ortodoxia do Cristianismo.

Uma aventura que nos levará de volta ao profundo dos Pirinéus, em uma terra fronteiriça, onde o impossível se mostra mais real do que o bom senso de muitos desejaria. Será você a desafiá-la, a perseguir seus mais incômodos e arcaicos mistérios?

Cada árvore, colina, lago, e caverna pertence a dois mundos; um deles ignorado por nós. Seus proscritos moradores têm alimentado as fantasias do folclore popular... até agora.

Adiante, os velhos caminhos que nos conduzem até eles estão traçados, e á sua espera. Viaje através deles, se você tiver a coragem e loucura necessárias.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento9 de dez. de 2020
ISBN9781071571903
Lendas do Poente 3

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    Lendas do Poente 3 - X. F. Moix

    Capítulos

    FRENESI

    DESENGANOS

    POÇÕES

    ACESSO SELADO

    AS SETE ERVAS

    QUANDO A ESCURIDÃO CAI

    SOB A SOMBRA DO MENIR

    SEGUINDO O RASTRO

    O SÉTIMO

    O TANOEIRO

    DESAFIOS

    FUMO E ÁGUA

    UM APERITIVO

    REINOS SUBMERSOS

    MONTSÉGUR

    OSSOS PARTIDOS

    GLÓRIA PERDIDA

    SEM OPÇÕES

    A RAVINA DAS ENLUTADAS

    AS DAMAS DA ÁGUA

    O CANTO DA SIBILA

    REFLEXOS EM AÇO

    A NOITE DE JANO

    OS ENCANTADOS

    KERRESETCAPS

    AS MONTANHAS MALDITAS

    O LENÇOL DA TENTAÇÃO

    UM FETO NAS TREVAS

    O NASCIMENTO DE UMA DEUSA

    A ESTRELA DA MANHÃ

    A DAMA DO CANIGÓ

    CAMINHOS ETERNOS

    ATIRE-SE NO MAR

    O IMPOSTOR

    LEVANTANDO VOO

    ISIL

    LENDAS DO POENTE

    FRENESI

    Dos arbustos, assomaram os chifres de uma camurça, que escapou rapidamente do lugar após escutar um som distante se aproximando. O grupo de homens cavalgava com rapidez. Salvador Roca levantou o braço, indicando a seus companheiros que freiassem os cavalos.

    ─O que ocorre?- indagou Abderrabán, olhando ao redor.

    ─Acamparemos aqui até que anoiteça. -ordenou o mineiro.

    ─Por qual razão? –replicou O Berrador. ─Não me parece sensato passar a noite à base de uma colina, onde estaremos expostos a qualquer ataque.

    ─Não o faremos, se é isto que te preocupa. Esperaremos, apenas...

    ─Esperar o quê? –disse Isidro

    ─O momento apropriado para seguir nosso caminho, sem correr riscos desnecessários.

    O grupo acampou, sem haver entendido com muita clareza o propósito de Salvador. O bandido e Manuel decidiram inspecionar os arredores. Perto, descobriram uma modesta lagoa de águas cristalinas.

    ─Talvez não tenha sido tão má decisão, vir até aqui. Vou me refrescar! Não vens? ─disse Manuel, enquanto se despia.

    ─Não gostaria de nadar enquanto caio em uma emboscada. Qualquer bandido astuto lhe advertiria do perigo de fazer semelhante estupidez!

    O caolho ignorou seus raciocínios e se jogou. Depois de refrescar-se por vários minutos, decidiu sair. Porém, seu parceiro já havia partido.

    ─Sabia que não podia confiar nele! Na mínima ocasião, desaparece. -resmungou.

    Seu cavalo pastava pelos arredores, e se alarmou. Ao aproximar-se dele, encontrou uma roupa que não lhe pertencia caída na grama. O animal relinchou outra vez. Então, naquele momento, viu uma moça sair do meio da mata. Ela lhe sorriu. E ele se rendeu ao encanto de sua beleza. Permaneceu paralisado, ao observá-la achegar-se cuidadosamente. A cada passo que dava, mais detalhes de sua desnuda anatomia conseguia ver. Se deteve a escassos centímetros. Sua longa cabeleira encaracolada caía sobre seus elegantes ombros e seios voluptuosos. Abraçou-o, sem trocar palavras. Manuel mal podia acreditar no que acontecia. Beijaram-se, enquanto entrelaçavam seus corpos para entregarem-se a seus fervores. Após o frenesi apaixonado, Manuel deu suas roupas à moça; mas sorrindo, ela as recusou. Levantou-se e correu até seu cavalo. Com um salto ágil, montou-se em cima dele. Controlava as rédeas com grande destreza. Cavalgou até ela, enquanto seu peito e ventre eram acariciados pela ondulante crina do animal. O caolho conseguiu pará-la e corou, cobrindo-a com os tecidos. A moça os puxou, como se um repentino frio havesse tomado conta de seu buliçoso corpo. Manuel não estranhou, pois a noite começava a cair. Decidiram voltar para o acampamento.

    DESENGANOS

    Salvador tossiu de repente. Os ataques eram cada vez mais frequentes. Seus esforços para esconder a gravidade de sua doença não convenceram.

    ─Ancião, poderás continuar nos guiando durante toda a viagem? ─perguntou mordazmente o bandido ─Não foi uma boa ideia ter vindo conosco. Opino que serás mais um fardo do que uma ajuda.

    ─Silêncio rufião! Alguém se acerca!- advertiu Abderrabán, pondo-se em guarda.

    ─Será aquele estúpido, que enfim decidiu voltar! -apontou. 

    Efetivamente era Manuel, que voltava da lagoa. Mas não estava sozinho.

    ─Calma! É uma linda jovem que conheci! - disse

    Não podiam ver seu rosto, pois o cobria timidamente abaixo de seu vestido.

    ─Não se acanhe menina, mostra-te. - convidou O Berrador, segurando discretamente sua arma.

    Manuel desmontou e a ajudou a descer. Quando lhe retirou o capuz, viram o rosto de uma velha sorrindo-lhes infamemente.

    ─Oh não! Uma bruxa! És uma bruxa! -gritou horrorizado Manuel, retrocedendo até cair de bruços no chão.

    ─De novo você! -o bandido reconheceu seu rosto ─É a velha que conhecemos numa estrada, quando acompanhávamos os ceifeiros!

    ─Aia...aia...tens uma boa memória! -respondeu ela.

    ─Guardem vossas armas!-ordenou Salvador. ─Esta é a mulher que estávamos esperando.

    ─Maldição!–não parava de repetir, o desequilibrado Manuel. –Harpia infeliz, enganou-me com teus feitiços! -dizia enquanto retorcia-se, coçando o corpo como se padecesse de picadas insuportáveis.

    ─O que foi?!- perguntou Isidro

    ─Esta bruxa me enganou! Enfeitiçou a minha mente, e me há... me há violado! -exprimiu com lágrimas nos olhos.

    ─Não a culpe pelos teus impulsos aberrantes!─disse O Berrador, sem poder conter suas gargalhadas.

    ─Não tentes justificar-te! Te entregaste a mim voluntariamente! Agora não te arrependas!  O que poderia ter feito eu, tão frágil e indefesa, diante da fogosidade de um exaltado?!

    ─Estás mentindo, bruxa! Alteraste a minha visão, para fazer-me crer que eras uma jovem formosa! Me usaste! Vou te matar!- anunciou, sacando seu cutelo.

    ─Para trás!-interveio Abderrabán, refreando com firmeza a mão do despeitado. ─Pagarás as contas mais tarde! Não permitirei que nossa longa espera tenha sido em vão!

    ─Essa mulher possui conhecimentos que nos serão úteis. -indicou Salvador, ao momento que a tosse voltava a assediá-lo.─Deixem de idiotices, soltem-a!

    Após acatarem sua ordem, viram que sofria outro ataque. O velho sufocava. E nenhum deles podia ajudá-lo.

    POÇÕES

    O fumo inundava o interior da cabana. Entre a densa atmosfera, podia-se notar uma grande variedade de substâncias armazenadas em recipientes. Do teto, pendiam feixes de ervas. Em cima das mesas, viam-se pequenos morteiros de barro, onde os ingredientes eram triturados para a criação de misturas com fins mágicos e curativos.

    A anciã mexia no conteúdo de sua caldeira, onde fervia um ensopado especial. Acrescentou nele um punhado de folhas de cifre, sálvia, e erva-doce.

    ─Passe-me a camomila! - ordenou a Isidro ─Ainda me questiono

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