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Lendas do Poente 1
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Lendas do Poente 1
E-book139 páginas1 hora

Lendas do Poente 1

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Sobre este e-book

Século XVII. Cordilheira dos Pirineus, Península Ibérica.

Um camponês de Cerdaña morre em estranhas circunstâncias. Suspeitando da natureza sobrenatural e maligna do acontecimento, um sacerdote é enviado para investigar o incidente. Pelo caminho se verá perseguido por um peculiar bandoleiro que tentara roubar a relíquia que ele protege. Dizem que possui poder suficiente para enriquecer qualquer homem e oferecer-lhe uma vida cheia de bênçãos.

Mas existe um segredo mais antigo e perigoso oculto no coração das montanhas malditas, lembrado por uns poucos sobreviventes de um tempo em que a neblina era capaz de cobrir verdades muito desencorajadoras... Agora esse véu foi rompido liberando a ameaça, se ninguém a contiver o caos se instalara.

Chegará à noite em que as fábulas que alimentarão a imaginação dos pequenos, e se tornarão realidade para aterrorizar aos homens mais incrédulos...

Quem será capaz de manter a sanidade quando os firmes pilares que sustentam a realidade desmoronarem? Magia, bruxaria e segredos ancestrais vão abalar a ortodoxia do cristianismo.

Uma aventura que nos transportará para o mais profundo dos Pirineus, em uma terra fronteiriça, onde o impossível parece ser mais real do que a sensatez de muitos desejariam. Você será um daqueles que vão desafia-la para perseguir seus mais incômodos e arcaicos mistérios?

Cada árvore, colina, lago e caverna pertencem aos dois mundos; um deles ignoramos. Seus proscritos moradores têm alimentado as fantasias do folclore popular... até agora. Você poderá revelar sua presença? Se entrar em seus domínios, pode ser que os conheça. Mas terá que pagar um preço.

Na frente os caminhos antigos que nos conduzem para eles estão traçadas e te esperam. Você tem coragem suficiente ou a loucura necessária para percorrê-las?
 

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento16 de out. de 2020
ISBN9781547579129
Lendas do Poente 1

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    Lendas do Poente 1 - X. F. Moix

    A RELÍQUIA ALBIGENSE

    SONHOS PERDIDOS

    SEM PERDÃO

    A PONTE DO INFERNO

    NOTURNO

    CONFISSÕES

    UMA VARANDA NAS NUVENS.

    AS VOZES SILENCIADAS

    A TAVERNA

    CATIVO

    OLHARES ATENTOS

    UIVOS NA ESCURIDÃO

    DISPUTA

    DECISÕES

    ENCONTRO NA ENCRUZILHADA

    UM MOINHO PERTO DA ÁGUA

    TENTAÇÕES

    OS FANTASMAS APRISIONADOS

    A POUSADA

    AS HORAS SILENCIOSAS

    O ARTISTA INCOMPREENDIDO

    WERNER MEYER

    DESPEDIDA

    O GUARDIÃO DAS ALTURAS

    ECOS DO PASSADO

    NECESSIDADES

    O BARRANCO

    ESPREITANDO ENTRE A BRUMA

    O ENCLAVE  IMPIEDOSO

    MALEFÍCIO

    AUGÚRIOS FUNESTOS

    BARRO E INCERTEZAS

    EM BUSCA DE UM OLHAR

    ENTRE AS MARGENS

    A OVELHA FUJONA.

    SOPRO DE VINGANÇA

    A CAIXINHA PRATEADA

    EM FRENTE DE UM LAGO

    EVOCAÇÕES

    O VISITANTE NOTURNO

    DEZESSETE ANOS ATRÁS

    AS FERIDAS QUE NUNCA SE CURAM

    REVELAÇÕES

    O ROSTO DA MORTE

    LUZ TÊNUE

    A JOVEM DO PENTE

    UM CAMINHO QUE RETOMAR

    PRÓLOGO

    A RELÍQUIA ALBIGENSE

    Montségur. Madrugada de 2 de março de 1244.

    O dia fatídico que todos temiam, chegou ao fim. A queda do ultimo bastião da resistência, estava próximo. Um grupo de cátaros se reuniu ao redor de seu líder. Era o prefeito. Um homem cuja alma estava totalmente purificada e em comunhão com Deus. Junto a seus seguidores, realizou as ultimas orações.

    ─ Oh, Pai misericordioso, logo nos livraremos desta prisão carnal e nossas almas serão livres para alcançar teu Reino. Guia-nos em nossos últimos passos. Amém.

    ─ Amém – respondeu o grupo.

    ─ Nestas próximas horas demonstraremos nossa integridade e compromisso com a Fé verdadeira. Um exército de cristãos se lançará contra nós; incitados pela ira e pela corrupção daqueles que se dizem serem os verdadeiros regentes da palavra de deus. Que falsos são seus argumentos e vis suas intenções! Tudo o que tocam com suas mãos envenenadas, é usado para fazer o mal. Embora nós morramos, é nosso dever evitar que continuem pervertendo o mundo com sua mesquinharia! Procuram o que está escondido atrás destes muros. Nós fomos os escolhidos para proteger o tesouro mais valioso que jamais existiu.

    ─ Não podemos usa-lo, agora que as circunstâncias exigem? – exclamou um homem.

    ─ É fácil pensar em tudo aquilo que evitaríamos e inclusive que conseguiríamos, se escutássemos a voz da tentação. Nossa condição impura deseja a própria sobrevivência! Mas não se enganem! Todos nós sabemos que este mundo é só uma ilusão. Um reflexo imundo daquilo que nos espera na outra vida. Qualquer façanha conquistada mediante o uso do tesouro traria consequências desastrosas. Desvirtuaria nossa obra! É necessário esconder bem longe daqui! – os acólitos estremeceram. ─ Não se desesperem irmãos! Escolhi quatro jovens diáconos, de grande perseverança e fortaleza de espírito, para que o guardem. Anos atrás, viajaram até aldeias longínquas, perdidas entre as mais escarpadas montanhas, para transmitir a palavra de Deus. Confio que saberão encontrar um esconderijo ideal.

    SONHOS PERDIDOS

    Cordilheira dos Pireneus, século XVII.

    O sol poente se desvanecia no horizonte acompanhado de um céu rosado. Um homem corpulento permanecia em pé, imóvel e na expectativa diante do vasto campo que o rodeava. Tomou consciência do árduo trabalho que ainda havia para ser feito. Finalmente decidiu levar a cabo seu plano. Umas vozes lhe fizeram uma pergunta. Respondeu com tom autoritário. Nessa noite dormiu sossegado, mas sua despreocupação se converteu em preguiça. Já era bem entrada a manhã quando acordou com um sobressalto.

    – Maldito seja, acabei dormindo! – Exclamou furioso, enquanto abandonava sua alcova freneticamente. 

    De repente foi assaltado por um medo horrível. Olhou para o chão procurando algo com seus olhos adormecidos

    Onde está? Perguntou. Eu poderia pedir qualquer coisa... onde está? Eu poderia ser um benfeitor de todas as bênçãos imagináveis até o fim de seus dias. Seus desejos teriam sido ordens. Onde está? Gritou desesperado enquanto caia de joelhos no chão. Só lhe foi pedido para ter atenção e cautela. Ele foi incapaz de conseguir e pagaria por isso.

    Ao redor começou a escutar milhares de sussurros estranhos. Pareciam incompreensíveis. Embora ele entendesse perfeitamente. Eram palavras de morte. Sabia que não podia escapar, sua hora havia chegado e tudo pelo que havia lutado se perderia.

    SEM PERDÃO

    Outro dia improdutivo transcorria diante do olhar resignado do padre Isidro, sentindo de novo um grande vazio em seu interior. Sua verdadeira paixão era a busca do conhecimento através da observação do mundo que o rodeava, algo estranho nesses tempos; pois alguns de seus companheiros eclesiásticos só se preocupavam em controlar a vontade de seus paroquianos sob as ordens do Santo Ofício. Em alguma parte do caminho traçado para transmitir a mensagem de Salvação, muitos haviam esquecido o significado da piedade e do perdão. Tudo o que a igreja temia servia de alimento para as chamas vorazes, qualquer perigo que pudesse quebrar sua firme doutrina era brutalmente erradicado.

    Quando Isidro apagava as velas de seus aposentos e se deitava na cama, voltava a lembrar daquele intenso cheiro de pergaminho queimado. Havia presenciado muitas fogueiras e isso lhe atormentava. Sabia que nada, mesmo que consumido pelo fogo, podia ser destruído sem conseguir criar raízes no coração dos homens. Considerava uma responsabilidade guiar as almas perdidas até o caminho divino. Tudo isso dependia de sua capacidade de ouvi-los. Mas com o tempo já quase não o fazia, pois havia perdido a esperança de que alguém entenderia suas palavras.

    No princípio sentiu pena ao compreender que as pessoas eram fracas de vontade. Depois decepção ao comprovar que não controlavam seus atos nem pensamentos. Posteriormente frustração ao descobrir que todas as suas bem intencionadas palavras chegavam a ouvidos moucos.

    O instinto humano era regido por uma simples lei: sobreviver. O poder e o medo continuavam ameaçando a frágil sanidade dos homens e durante séculos o mundo em que habitavam era um autêntico inferno onde Deus só estava presente em palavras e orações, em promessas de esperança e felicidade tão falsas e vazias como os corações daqueles que se gabavam de difundi-las.

    – Eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém, – disse Isidro para seus fiéis.

    Provavelmente esse homem não tardaria em pecar novamente. No momento partia com alegria para seu lugar, achando-se mais em paz que o próprio padre.

    Ao sair do átrio um indivíduo de aspecto suspeito tropeçou com ele e nervosamente se dirigiu para fora. Duvidando das intenções do sujeito, inspecionou o altar. Procurou o cofre e não o achou. Havia sido vítima de uma pilhagem. Uma das muitas, feita por algum desalmado, intolerante, covarde e vulgar bandido. Fechou às portas da igreja, a tarefa de perdoar havia terminado.

    A PONTE DO INFERNO

    Um indivíduo com um tapa-olho se dirigia apressadamente para o refúgio combinado. Roubar os padres era um pecado grave, arderia no inferno. Mas sua vida já era um caminho cheio de penúrias; pois para sobreviver tinha que roubar o alimento que jogavam para os porcos. Se conseguia colocar em um prato bem arrumado, até poderia passar por comida descente. Tudo dependia do modo como era ingerido; se estava sentado em uma cadeira comodamente ou no chão rodeado por ratos. Não desejava voltar a sentir-se como um verme, coletando as sobras que nem os cachorros queriam.

    Exausto chegou ao ponto de encontro. Com seu único olho observou o lugar que devia cruzar. Era uma ponte. Porém não uma ponte qualquer. Seu sócio o orientou sobre um lugar maldito! Diante dele se encontrava A ponte do Inferno. Havia ali espalhados todo tipo de ossos de animais, amuletos e demais anéis maléficos, pendurados em árvores moribundas. Estava decidido a dar as voltas necessárias, se assim conseguisse evitar o lugar.

    Ao dar meia volta, um breve clarão roçou seu peito, cortando seu passo.

    – Por favor, Satã, não me leve com você! Não era minha intenção profanar tua ponte! Cheguei aqui enganado! Por culpa de um indesejável! Vou corrigir meus pecados! Devolverei o que eu roubei!

    – Pois não deveria. Acaso recusaria tua única oportunidade de encontrar a felicidade, poder e fortuna? – Respondeu uma voz sombria.

    – Não me servem de nada,

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