Oficina de criação literária: Como ensinar saberes e sabores da leitura e da escrita
()
Sobre este e-book
Esta inusitada oficina retoma o conteúdo apresentado pelo autor na bem-sucedida obra Escrever é divertido, publicada pela Papirus em 1999, e amplia seu repertório, oferecendo um generoso cardápio com 60 atividades, servidas em três momentos: entradas de sensibilizações para o ato de escrever; pratos principais de produções criativas avançadas; e sobremesas de estímulos ao deleite da leitura.
Você, professor, será o chef desta apetitosa experiência de aprendizagens, e seus alunos, os protagonistas das descobertas propiciadas pela leitura e pela escrita!
Leia mais títulos de Simão De Miranda
Estratégias didáticas para aulas criativas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Oficina de ludicidade na escola Nota: 5 de 5 estrelas5/5Novas dinâmicas para grupos: A aprendência do conviver Nota: 3 de 5 estrelas3/5Ludicidade: Desafios e Perspectivas em Educação Nota: 0 de 5 estrelas0 notas101 atividades recreativas para grupos em viagens de turismo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO colecionador de sonhos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA menina e o arco-íris Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a Oficina de criação literária
Ebooks relacionados
Texto e Escola: Notas Sobre Produção e Desenvolvimento em Comunicação Escrita Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLeitura, escrita e ensino: Uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clínicas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Escrita criativa e ensino I: Diferentes perspectivas teórico-metodológicas e seus impactos na educação literária Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMediação de leitura literária e formação de leitores na educação básica: Ensino fundamental II Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlfabetizar letrando com a literatura infantil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFomos maus alunos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Escrita e a Leitura no Ensino Fundamental: Espaço para a Produção de Autoria Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ler antes de saber ler: Oito mitos escolares sobre a leitura literária Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBiblioteca escolar e a formação de leitores: O papel do mediador de leitura Nota: 5 de 5 estrelas5/5Caminhos da leitura literária na educação infantil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Literatura para crianças e jovens no Brasil de ontem e de hoje: Caminhos de ensino Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUma vida marcada pela Educação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLetramento - Um tema em três gêneros Nota: 4 de 5 estrelas4/5Leitura e escrita na era digital Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLer com bebês: contribuições das pesquisas de Susanna Mantovani Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCrianças precisam mesmo ler?: O papel da literatura na primeira infância Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuando não é quase a mesma coisa: traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLiteratura infantil: Múltiplas linguagens na formação de leitores Nota: 5 de 5 estrelas5/5A formação do leitor literário juvenil: uma proposta de diálogo entre o verbal e o visual Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLeituras em contraponto: novos jeitos de ler Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistórias de Leitura: Diferentes Modos, Lugares e Leitores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Prática Docente na Formação do Leitor Literário Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLiteratura fora da caixa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlfabetizar letrando na EJA: Fundamentos teóricos e propostas didáticas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEles leem, mas não compreendem: onde está o equívoco? Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Incentivo à Leitura por Meio da Arte de Contar Histórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs desafios da escrita Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Métodos e Materiais de Ensino para você
Raciocínio lógico e matemática para concursos: Manual completo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres Que Correm Com Os Lobos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSexo Sem Limites - O Prazer Da Arte Sexual Nota: 4 de 5 estrelas4/5Aprender Inglês - Textos Paralelos - Histórias Simples (Inglês - Português) Blíngüe Nota: 4 de 5 estrelas4/5Massagem Erótica Nota: 4 de 5 estrelas4/5Técnicas de Invasão: Aprenda as técnicas usadas por hackers em invasões reais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pedagogia do oprimido Nota: 4 de 5 estrelas4/54000 Palavras Mais Usadas Em Inglês Com Tradução E Pronúncia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sou péssimo em inglês: Tudo que você precisa saber para alavancar de vez o seu aprendizado Nota: 5 de 5 estrelas5/5Jogos e Brincadeiras para o Desenvolvimento Infantil Nota: 3 de 5 estrelas3/5A arte de convencer: Tenha uma comunicação eficaz e crie mais oportunidades na vida Nota: 4 de 5 estrelas4/5Piaget, Vigotski, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão Nota: 4 de 5 estrelas4/5Como Escrever Bem: Projeto de Pesquisa e Artigo Científico Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ensine a criança a pensar: e pratique ações positivas com ela! Nota: 5 de 5 estrelas5/5Jogos e brincadeiras na educação infantil Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Bíblia e a Gestão de Pessoas: Trabalhando Mentes e Corações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manual Da Psicopedagogia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Aprender Francês - Textos Paralelos (Português - Francês) Histórias Simples Nota: 4 de 5 estrelas4/5BLOQUEIOS & VÍCIOS EMOCIONAIS: COMO VENCÊ-LOS? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ludicidade: jogos e brincadeiras de matemática para a educação infantil Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cérebro Turbinado Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pense Como Um Gênio: Os Sete Passos Para Encontrar Soluções Brilhantes Para Problemas Comuns Nota: 4 de 5 estrelas4/5Temperamentos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Curso Básico De Violão Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Avaliações de Oficina de criação literária
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Oficina de criação literária - Simão de Miranda
Oficina de criação literária
EF
como ensinar saberes e sabores da leitura e da escrita
Simão de Miranda
>>
Tudo está na palavra... Uma ideia inteira altera-se porque uma palavra mudou de lugar ou porque outra se sentou como um reizinho dentro de uma frase que não a esperava, mas que lhe obedeceu... Elas [as palavras] têm sombra, transparência, peso, penas, pelos, têm de tudo quanto se lhes foi agregando de tanto rolar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto serem raízes...
Pablo Neruda. Confesso que vivi. Rio de Janeiro: Difel, 1978.
Sumário
F
Um livro para ensinar a escrever e a gostar de ler mundos e textos como quem saboreia o prato mais gostoso
A tragédia social de uma nação que não se nutre de leitura
• Qualificações críticas e reflexivas dos processos de alfabetização e de letramentos
Letramentos/letramentos múltiplos e multiletramentos
• Produção de projetos críticos e reflexivos de preparo e degustação de textos e de leitura nas escolas
O que e com que esta cozinha experimental alimenta
• Pressupostos teóricos
Teoria histórico-cultural
Pedagogia histórico-crítica
Do princípio
Pratos literários tradicionais
• O conto
• A crônica
• A poesia
Cardápio
Entradas
• Sensibilizações criativas para o ato de escrever
Um: Mexam as letras
Dois: Agitem as palavras
Três: Combinem as palavras
Quatro: Classifiquem as palavras
Cinco: Misturem as palavras
Seis: Estiquem as palavras
Sete: Façam saladas de frases
Oito: Espichem as frases
Nove: Substantivem os sabores
Dez: Nomeiem os utensílios
Onze: Usem ingredientes-surpresa
Doze: Abusem da criatividade
Treze: Aqueçam a personagem
Catorze: Explorem a personagem
Quinze: Desdobrem as narrativas
Dezesseis: Surpreendam a morfologia
Dezessete: Economizem as mensagens
Dezoito: Sejam as celebridades
Dezenove: Temperem com figuras de linguagem
Vinte: Saboreiem a narrativa coletiva
Vinte e um: Imaginem o que fazer
Vinte e dois: Devorem o dicionário
Pratos principais
• Produções criativas avançadas
Vinte e três: Tietem a personagem
Vinte e quatro: Apimentem os vocabulários
Vinte e cinco: Brinquem com a personagem
Vinte e seis: Decifrem a galinha
Vinte e sete: Provem neologismos
Vinte e oito: Reaqueçam contos
Vinte e nove: Renovem contos
Trinta: Prossigam a narrativa
Trinta e um: Salpiquem poemas dadaístas
Trinta e dois: Esquadrinhem histórias em quadrinhos
Trinta e três: Descrevam o prato
Trinta e quatro: Adjetivem o prato
Trinta e cinco: Imaginem o prato
Trinta e seis: Ilustrem o prato
Trinta e sete: Misturem fábulas e parábolas
Trinta e oito: Combinem manchetes
Trinta e nove: Adicionem pitadas de poesia
Quarenta: Sorvam períodos e parágrafos
Quarenta e um: Vejam a bula
Quarenta e dois: Coloquem pitadas de haicais
Quarenta e três: Rejuvenesçam provérbios
Quarenta e quatro: Provem vários tipos e gêneros
Quarenta e cinco: Adaptem ao seu estilo
Quarenta e seis: Refresquem poemas
Sobremesas
• Estímulos criativos ao deleite da leitura
• Os inigualáveis sabores da leitura
Quarenta e sete: Iniciem o preparo do menu da leitura
Quarenta e oito: Deem asas à imaginação
Quarenta e nove: Leiam especulando paladares
Cinquenta: Cacem e cruzem palavras e encantos
Cinquenta e um: Preencham lacunas de deleites
Cinquenta e dois: Saciem os funcionários e vice-versa
Cinquenta e três: Registrem o preparo do banquete de formas múltiplas
Cinquenta e quatro: Criem visuais para portas e murais do salão
Cinquenta e cinco: Produzam músicas-tema e trilhas sonoras da festa
Cinquenta e seis: Criem passatempos para a festa
Cinquenta e sete: Produzam os convites da festa
Cinquenta e oito: Criem os figurinos e os acessórios da festa
Cinquenta e nove: Revisem o preparo do menu da leitura
Sessenta: Celebrem o grande banquete
Como avaliar o preparo e a degustação
Referências bibliográficas
Notas
Sobre o autor
Outros livros do autor
Redes sociais
Créditos
Um livro para ensinar a escrever e a gostar de ler mundos e textos como quem saboreia o prato mais gostoso
F
Ponto de partida da nossa conversa: escrita e leitura, sustentadas nas relações sociais, não podem ser ensinadas separadamente para que produzam sentidos. São interdependentes, como a fome e a vontade de comer; como as aprendizagens e o desenvolvimento, desde que nascemos. Ensina-nos a teoria histórico-cultural proposta por Lev Vygotsky (1896-1934) e seus seguidores, que defende o papel da mediação social no desenvolvimento das funções mentais tipicamente humanas que refletem nosso comportamento consciente, como o pensamento lógico, a abstração, a atenção voluntária, a percepção e a memória. É por isso que os processos iniciais de apropriação do alfabeto, conjugando dialeticamente escrita, leitura e conhecimentos de mundo, potencializam o desenvolvimento da criança. Aliás, é Luria (2001, p. 144), colaborador de Vygotsky, quem afirma que a escrita pode ser definida como uma função que se realiza culturalmente por mediação
. Todavia, em algum lugar de nossas vidas, sobretudo de nossa vida escolar, esses dois fenômenos vão se afastando um do outro. E é fortemente danoso quando a fome se afasta da vontade de comer. Quando menos notamos, nossas habilidades de escrever até tomam vulto, enquanto as de leitura se atrofiam e, na razão direta, atrofia-se o prazer gerado por esses atos. Isso me faz lembrar as pessoas bombadas
que, na academia de ginástica, hiperestimulam determinados grupos musculares em detrimento de outros, tornando-se disformes. Parece-me que a escola, academia de saberes e de sabores (infelizmente também de dissabores), segue a mesma lógica quanto ao ensino da escrita e da leitura, circundando o território dos textos convencionais e estacionando lá. Em geral, a exploração dos diversos gêneros e tipos textuais é acanhada. Afinal, dizem muitos, a escola não tem a intenção de formar escritores! E mais timidamente ainda se ensina o gosto pela leitura! É nessa cozinha que este livro se intromete. Entendendo essa inseparável correlação, vejamos como a dicotomia que impomos ao ato de ler e de escrever pode produzir resultados trágicos.
Vivemos tempos de não leitores e infelizmente não temos poder para formar
leitores. Não há ação externa que forme alguém, sobretudo à luz da teoria histórico-cultural. Mesmo considerando as fortes influências que um sujeito tem sobre o desenvolvimento do outro, transformando e sendo transformado nas relações dialéticas, ele é o sujeito do seu próprio desenvolvimento. Sua constituição como sujeito é singular, sua formação é singular. Nossas influências podem orientar tal formação, mas sua constituição é própria dele. Assim, não formamos leitores, leitores se formam. Ou não. Como podemos efetivamente influenciar os alunos a se formarem leitores em um tempo de não leitores é pretexto deste livro.
As pesquisas sobre leitura no Brasil sempre nos preocupam, sobretudo quando relacionamos o ato de ler ao desenvolvimento social, econômico e cultural de uma nação. O famoso alerta do pré-modernista Monteiro Lobato (1882-1948), que já na década de 1930 dizia que um país se faz com homens e livros
, repercute como frase oca proferida para dourar discursos ou adornar artigos. Na prática, muito pouco avançamos nestas décadas que nos separam da advertência de um autor que, para fazer o livro circular por este país afora, fundou a primeira editora brasileira e inventou a distribuição consignada de livros para qualquer tipo de estabelecimento que desejasse dividir os lucros com ele. E qual a dimensão dos prejuízos pessoal e nacional a um povo que não lê? Esse mesmo Lobato, também em local não sabido, apregoara que aquele que não lê, mal ouve, mal fala, mal vê
. A riqueza dessa metáfora se evidencia na medida em que, transcendendo a necessidade de ler a palavra, de ouvir o que é dito e de ver coisas e fatos, a leitura de mundo é requisito básico para o exercício consciente da cidadania, competência que exige, mas supera, a elementar alfabetização. E Freire (1989) vai nos dizer que a leitura de mundo precede a leitura da palavra, reivindicando que os tão conhecidos mecanismos de leitura
sejam transmudados no que ele denominou ato de ler
, apontando para uma prática de leitura crítica, reflexiva e produtora de sentidos. A falta da prática da leitura, sobretudo compreendida como ato de conhecer, impõe alto custo pessoal e social: para o indivíduo, a baixa autoestima, o imobilismo, a alienação, a exclusão; para a nação, a negação ao desenvolvimento social, econômico, científico e cultural.
A tragédia social de uma nação que não se nutre de leitura
F
A principal pesquisa nacional sobre o tema, Retratos da leitura no Brasil
, realizada trienalmente pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) por encomenda do Instituto Pró-Livro, do Sindicato Nacional