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O Mundo de Yesod - 4 - Fogo
O Mundo de Yesod - 4 - Fogo
O Mundo de Yesod - 4 - Fogo
E-book226 páginas2 horas

O Mundo de Yesod - 4 - Fogo

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Sobre este e-book

Os escolhidos chegaram ao reino do Fogo, onde a quarta e última Chave do Poder os espera. No entanto, antes de poderem recuperar o último amuleto e completar a missão, a Companhia de Buscadores será novamente posta à prova: desta vez, serão Mayim e Esh que terão de encontrar o seu caminho através de dor, perda e deceção. À medida que o plano do Inimigo para destruir o Poder emerge do passado e a sua ameaça aumenta a cada passo que os escolhidos se aproximam da verdade, a sua jornada leva-os a descobrir novas pistas sobre o significado da missão. Do gigantesco Baar de Poço-Quente ao sombrio Zalyan de Fogobrando, novos amigos contribuem para a compreensão da verdade à medida que a magia extraordinária das Chaves começa a se revelar para apoiar a missão. Essa mesma magia, entretanto, poderia manter o Poder longe de Yesod para sempre. Quando o Desfiladeiro da Chama liberar o seu tesouro, os escolhidos terão o destino dos quatro reinos nas suas mãos.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento19 de nov. de 2020
ISBN9781071575499
O Mundo de Yesod - 4 - Fogo

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    O Mundo de Yesod - 4 - Fogo - Marzia Bosoni

    Capítulo 1 - Lembranças tristes

    Mayim estava sentada em silêncio diante do incrível, e para ela totalmente novo, espetáculo de uma cascata de lava que deslizava silenciosamente pela encosta do vulcão.

    A sua mente viajou até outra cascata, à última cascata que vira antes de deixar o seu reino e a tudo o que tinha acontecido ao longo das margens do rio que a formava.

    O rio Amargo.

    Quão adequado era esse nome! Agora Mayim percebia isso.

    Repensou na cascata e na caverna que esta escondia, nos enigmas da arca e na esplêndida Chave da Água que Karka se acostumara a acariciar quando estava imersa nos seus pensamentos.

    Quão felizes que estavam, enquanto subiam pelo carreiro, para lá do rio Amargo, prontos para atravessar a fronteira com o reino do Fogo! Mas também estavam vigilantes e cautelosos dado que as palavras das Lágrimas de Yesod, o guardião da terceira Chave, ainda ressoavam nas suas mentes: Nem todos os perigos esperavam por vós no interior desta caverna. E, por vezes, a verdade que aparece, embora sendo sincera e real, é enganadora.

    Contudo, Mayim estava tão feliz por revelar, finalmente, o seu segredo aos amigos que lhe parecia que nada poderia perturbar aquele momento.

    Quando chegaram ao planalto, Esh já tinha começado a falar sobre todas as iguarias que iriam poder saborear em Fogobrando: a alegria de regressar ao seu reino e de poder mostrá-lo aos seus amigos era tal, que as lascas douradas nos olhos do rapaz brilhavam de impaciência, embora crescesse nele a preocupação daquilo que iria realmente encontrar para lá da fronteira.

    Foi justamente Mayim a primeira a vê-lo, e a surpresa foi tamanha que mal conseguiu abafar um grito. Logo a seguir, também os amigos repararam no homem.

    — Rani! — gritou para se sobrepor ao barulho da cascata, ainda demasiado próxima.

    Os profundos olhos azuis do homem brilhavam de alegria e um sorriso iluminava-lhe o belo rosto azulado.

    A surpresa silenciou-os a todos e Mayim deu alguns passos até ele, mas Esh segurou-a pelo braço e, perdida alegria num instante, virou-se para Rani com uma voz tensa:

    — O que é que está a fazer aqui?

    Um brilho prateado passou pelos olhos de Rani quando este movia o olhar rapidamente sobre Esh, porém o seu rosto não tinha mudado de expressão. Levantara as mãos em sinal de paz:

    — Calma, impetuoso amigo do Fogo! Eu gostaria de poder-lhes dizer que também estou surpreso em encontrá-los aqui, mas seria uma mentira e temo que já contámos demasiadas, não acham?

    — Mentiras? — perguntou Esh sarcasticamente. — Que tal começar pelas suas?

    Mayim lançou um olhar severo ao amigo, mas Rani respondeu rindo:

    — As minhas dependem em boa parte das vossas. A sério, em tempos sombrios como estes, é impossível que quatro miúdos, dos quatro reinos, se encontrem juntos em viagem por mero acaso! E, ainda por cima, quando o Errante os acompanha, a única resposta possível é que sejam os escolhidos!

    — O que é que você sabe sobre os escolhidos e sobre… mim? — perguntou Khor, analisando Rani atentamente.

    — Quase tudo o que é possível saber. Ou seja, muito pouco! Os meus estudos não foram apenas longos, mas também muito interessantes!

    — Nesse caso, se você nos reconheceu, por que não disse nada? — perguntou Mayim, perturbada pela revelação.

    Rani dirigiu-lhe um sorriso radiante:

    — Minha encantadora Mayim, se os escolhidos não se desejam revelar, quem sou eu para os impedir? No entanto, percebi que a vossa busca e a minha missão se entrelaçariam inevitavelmente. E assim aconteceu.

    — E voltamos à minha primeira pergunta — continuou Esh num tom agressivo. — O que está a fazer aqui? E tome cuidado para não mentir!

    Rani olhou de relance para Esh e para os outros, mas depois voltou a encarar os olhos perdidos de Mayim:

    — Estou aqui pelo motivo que vos disse. Estou aqui porque a segui.

    O homem apontava para um local atrás dele e os cinco amigos, que até então tinham concentrado a sua atenção apenas em Rani, desviaram o olhar naquela direção: na orla da mata, a velha Zalyan observava-os, empunhando firmemente um bastão nodoso, ao qual não parecia precisar de se apoiar mais do que uma pedra precisa de se apoiar a uma folha de erva. O seu olhar era tão determinado, a sua expressão tão severa, que os garotos se sentiram profundamente intimidados.

    — A Zalyan — murmurou Avir.

    Karka sentiu Sus a estremecer no seu bolso, e Mayim deu um passo para trás enquanto o seu olhar também se ia tornando tão duro quanto o cristal dos projéteis da funda de Esh.

    Enquanto os escolhidos observavam a Zalyan, surpresos e entristecidos, Khor olhava para Rani que, com uma expressão insondável, ainda estava voltado para a mulher.

    O Errante, olhou para Rani e olhou para a Zalyan; o que viu fê-lo vacilar. Em silêncio, colocou-se atrás dos garotos e respirou fundo algumas vezes.

    A Zalyan avançou alguns passos na direção deles e Esh puxou imediatamente da Hatakh-Even, Avir empunhou o arco e Mayim a sua adaga curta. Karka bateu levemente no chão com o seu bastão de salgueiro de água e a vibração que se libertara, leve mas profunda, alcançara a Zalyan que parara imediatamente enquanto algo semelhante a um sorriso cínico aparecia no seu rosto enrugado.

    Rani voltou a dirigir-se para os garotos, mas os seus olhos atentos tinham captado de imediato o movimento de Khor e um brilho prateado passou naquele azul profundo.

    Lentamente, retirou da capa algo embrulhado num pano de veludo roxo, muito parecido com aquele que acolhia a terceira Chave na caverna atrás da cascata. Ele olhou para Esh com tristeza e perguntou:

    — Agora começas a acreditar em mim, escolhido do Fogo? Todavia, tinhas razão: eu menti sobre muitas coisas. Eu não sou um estudioso de Águasvivas e sempre soube quem tinha o pedaço do mapa em falta.

    O olhar vigilante de Esh dividia-se da Zalyan para Rani, enquanto Mayim encarava o homem de boca aberta, incapaz de acreditar que este lhe tivesse mentido.

    Rani desviou o olhar sobre ela e o seu rosto suavizou de novo:

    — Cada escolhido é... confiado a um Zalyan. O Zalyan apenas conhece o nome do escolhido e deverá viajar muito tempo para o encontrar.

    Rani volveu-lhe um sorriso triste:

    — Sinto muito por ter demorado tanto, minha pequena Mayim.

    Os grandes olhos escuros de Mayim pareciam tornar-se ainda maiores:

    — Você... você seria...

    — Um Zalyan — concluiu Rani. — O Zalyan encarregado pelo Poder de te vigiar e de te ajudar sempre que possível. Mas acima de tudo, para te defender dela.

    Mayim olhou para a Zalyan, mas a mulher não tinha mudado de expressão.

    — Agora, peço-vos — continuou Rani — não há um minuto a perder! Demorei muito tempo para encontrar-te, mas pelo menos fui capaz de preparar algo que poderá talvez salvar-nos a todos.

    Enquanto falava, tinha desenrolado o tecido de veludo revelando uma maravilhosa caixa retangular: era quase completamente transparente, mas os lados tremulavam como se tivessem sido feitos de água e de ar.

    — Ataf... — murmurou Avir, incrédulo.

    Rani virou-se de repente para ele e sorriu de um modo estranho:

    — Isso mesmo, jovem escolhido do Ar, isso mesmo. Esta caixa é feita do mesmo material, ou talvez deva dizer da mesma magia que Ataf. E é a única coisa que pode conter as Chaves dos Reinos e de as manter a salvo.

    — As Chaves? — perguntou Mayim.

    — Com certeza, minha pequena. Levei anos para construí-la, mas sabia que era a única coisa que a poderia impedir de completar o seu plano terrível — respondeu apontando para a Zalyan.

    — Você é jovem — observou Esh. — Como pode ser um Zalyan? Não existem Zalyan jovens, há séculos.

    Rani desviou o olhar de Mayim e, mais uma vez, uma expressão estranha passou rapidamente pelo seu rosto:

    — A verdade nem sempre é o que parece. Como sabes certamente, graças à proximidade prolongada ao Poder, os Zalyan podem viver muito mais tempo do que outras pessoas. Tu dizes que sou jovem, todavia, já vivi mais de duzentas primaveras. Mas a magia do Poder não nos permite apenas viver muito tempo.

    — Permite que permaneçam jovens ou envelheçam como quiserem — concluiu Avir sem tirar os olhos da Zalyan, que continuava imóvel.

    A voz de Rani ficou subitamente mais baixa:

    — Tu sabes realmente muitas coisas sobre o Poder, escolhido do Ar. Mas agora, por favor, prestem atenção às minhas palavras. Esta caixa brilha com a mesma magia que Ataf, como o Avir notou, e pode, portanto, conter as Chaves e mantê-las a salvo de mãos erradas. Se o Inimigo vos viesse a matar, poderia apoderar-se das Chaves, dado que o vosso assassino tornar-se-ia automaticamente o novo guardião da Chave que protegem. Mas se as chaves estiverem a salvo na magia de Ataf, já ninguém lhes poderá tocar e as vossas próprias vidas correrão menos perigo!

    — E quem deveria guardar a caixa: você? — perguntou Esh com ironia na voz.

    Rani olhou para ele e estendeu a caixa a Mayim.

    — Claro que não. Eu não sou um escolhido. Poderão guardá-la à vez ou confiá-la a apenas um de vós, mas acreditem em mim: é a única maneira de realmente proteger as Chaves.

    — Até aqui, conseguimos isso sem a sua caixa. Porque é que as coisas haveriam de ser diferentes agora?

    — Porque, escolhido do Fogo, não tiveste de enfrentar uma Zalyan traidora até esta ocasião. A sua magia, aperfeiçoada pelo Poder, foi aprimorada ainda mais pelo Inimigo. Não é uma oponente a subestimar.

    — Disseste finalmente uma coisa verdadeira, Rani: não sou uma oponente a subestimar.

    Capítulo 2 - A traição de um amigo

    A voz da Zalyan chegou energética e clara e levou a que todos se voltassem para ela.

    — Mas talvez — continuou — também lhes devesses explicar que, depois de colocarem as Chaves nessa caixa, qualquer um se pode apossar delas, porque a magia de Ataf isolará a magia das mesmas.

    — Estás a mentir! — gritou Mayim. — O Inimigo demorou séculos para apagar lentamente a magia de Ataf. Uma vez as Chaves colocadas nesta caixa, necessitarias outros tantos para podê-las alcançar, mas, entretanto, levaríamos a missão a termo e restituiríamos o Poder a Ataf e aos reinos!

    Enquanto Mayim se virava para Karka para pedir que esta colocasse a Chave da Água na caixa, Avir notou que uma sombra tinha passado pelo rosto da Zalyan, uma sombra que o Errante conseguiu nomear imediatamente: dor.

    Os garotos conversaram um bocado entre eles, enquanto Rani e a Zalyan mantinham as suas expressões impassíveis. Contudo, uma vez mais, o Errante notou algo a agitar-se imediatamente por baixo da superfície do belo rosto de Rani; então a sua atenção foi atraída pelo esplendor indescritível das Chaves que reluziam no pescoço dos escolhidos e, em particular, pela Chave da Terra que tinha desempenhado um papel tão determinante na sua existência, condenando-o a dez anos de solidão e esquecimento e, na sua mente, ressoavam, sombrias, as palavras da profecia que Maen lhe dera antes de partirem de Águasvivas:

    "Antes de a noite acabar,

    antes de Yesod se curar,

    uma decisão o Errante deve tomar

    para os jovens sinais da obscuridade salvar,

    se de lealdade o juramento de observar

    ou do seu coração seguir o errar."

    Com um gesto rápido, afastou esses pensamentos e num instante tomou a sua decisão.

    — Vamos lá, pessoal — interveio Khor. — Se esta caixa é realmente feita da magia de Ataf, como o Avir percebeu, não poderá constituir um perigo para as Chaves. Acredito que, independentemente de como esta jornada acabar, as Chaves estarão mais a salvo protegidas pela magia de Ataf. E até vocês estarão mais a salvo.

    Apesar das dúvidas que ainda os incomodavam, Karka foi a primeira a aceitar o convite de Khor, tirou a Chave da Água do pescoço e colocou-a delicadamente na caixa transparente, onde quatro espaços iguais pareciam aguardar ansiosamente.

    Avir estava ainda mais hesitante do que Karka, mas o seu instinto dizia-lhe para confiar no Errante, assim também ele colocou a Chave da Terra ao lado da Chave da Água.

    Esh ainda não confiava em Rani e, para ele, o assunto poderia ser facilmente resolvido com a Hatakh-Even, contudo, Avir era o seu melhor amigo e não precisava de saber mais nada.

    Por fim, Mayim fechou delicadamente a tampa transparente da caixa envolvendo-a no veludo roxo e virou-se sorrindo para Rani.

    A seguir tudo aconteceu num piscar de olhos.

    Khor correu até ela e apoderou-se da caixa enquanto a moça gritava de surpresa. O homem desembainhou a espada e colocou-se a meio caminho entre eles e a Zalyan, na margem do rio Amargo. Brandindo a espada com a mão direita, voltou a guardar a caixa embrulhada no veludo sob a capa.

    Todos olhavam para ele, chocados, até a Zalyan que parecia esperar tudo, exceto um golpe assim.

    Os olhos de Rani emanavam intensos reflexos prateados, e o sorriso que pouco antes dera a Mayim tinha-se agora transformado num rosnado discreto.

    Mas, naturalmente, os garotos estavam ainda mais estupefactos.

    — Khor! — exclamou Avir num gemido.

    O rapaz deu um passo na direção dele, mas Khor apontou-lhe a espada:

    — Fica onde estás, Avir, não vos quero fazer mal. Não percebem? Estas Chaves roubaram dez anos da minha vida, até mais do que isso! Passei anos a pesquisar, anos a procurar a Chave da Terra e por fim aquilo que ganhei foram cegueira e loucura. Durante dez longos anos. E quando recuperei a minha vida, foi só para descobrir que já não tinha, uma vida!

    Os garotos sabiam bem ao que Khor se referia: depois de uma tão longa espera, o homem voltou finalmente a casa, só para descobrir que a rapariga que amava se tinha casado e que tinha uma filha, e todos os sonhos que o tinham mantido vivo foram-se em pedaços.

    Embora permanecendo imóvel, Avir estendeu as mãos num gesto de súplica:

    — Khor, por favor, desperte. Recorde as palavras da profecia. E recorde o seu juramento. E se isso não basta, Khor, meu amigo, recorde a nossa amizade! Não podemos deixá-lo

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