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Aranya – Dragões Metamorfósicos Livro 1
Aranya – Dragões Metamorfósicos Livro 1
Aranya – Dragões Metamorfósicos Livro 1
E-book603 páginas8 horas

Aranya – Dragões Metamorfósicos Livro 1

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Sobre este e-book

Acorrentada a uma rocha e jogada do precipício por seu namorado, Aranya é executada por alta traição contra o Império Sylakiano. Cair uma légua adentro das mortais Terranuvens não é um destino que ela jamais visionaria. Mas e se ela não morresse? E se ela pudesse abrir as asas e voar?

Há muito tempo atrás, Dragões comandavam a Ilha-Mundo acima das Terranuvens. Mas seus escravos humanos desfizeram as correntes da tirania Dracônica. Humanos se alastraram pelas Ilhas com suas voadoras Draconaves, colonizando, construindo e guerreando. Agora, os todo-conquistadores Sylakianos derrotaram o último bastião da liberdade – a Ilha-Reino de Immadia.

O mal tem um novo inimigo. Aranya, Princesa de Immadia. Dragão Metamorfósico.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de set. de 2017
ISBN9781507189696
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    Aranya – Dragões Metamorfósicos Livro 1 - Marc Secchia

    Dedicatória

    Para Angela in memoriam,

    A quem voou para os céus cedo demais,

    Seu espírito era um de planar.

    Tabela de Conteúdo

    Aranya

    Dedicatória

    Tabela de Conteúdo

    Mapa da Ilha-Mundo

    Capítulo 1: Exilada

    Capítulo 2: A Roca-dos-Ventos

    Capítulo 3: A Torre de Sylakia

    Capítulo 4: Uma Guerra Menor

    Capítulo 5: O Carniceiro de Jeradia

    Capítulo 6: Criança Trocada

    Capítulo 7: Renascida

    Capítulo 8: Empenada

    Capítulo 9: O Ataque

    Capítulo 10: Amazona

    Capítulo 11: Remoy

    Capitulo 12: O Terceiro Martelo Marcial

    Capítulo 13: Sabedoria Dracônica

    Capítulo 14: Guerra

    Capítulo 15: Caçada

    Capítulo 16: A Perseguição

    Capítulo 17: A Rede Fecha

    Capítulo 18: Traição

    Capítulo 19: Fra’anior

    Capítulo 20: Testar

    Capítulo 21: Corrida para Sylakia

    Capítulo 22: Traída

    Capítulo 23: Os Escarros

    Capítulo 24: Poderes

    Capítulo 25: Origens

    Capítulo 26: Dragão de Magma

    Capítulo 27: Immadia

    Capítulo 28: Reunião

    Capítulo 29: Caçando os Caçadores

    Capítulo 30: Batalha das Draconaves

    Capítulo 31: Metamorfósico

    Capítulo 32: Rescaldo

    Capítulo 33: Mistérios

    Apêndice

    Sobre o Autor

    Mapa da Ilha-Mundo

    Tamanho maior disponível em www.marcsecchia.com

    Capítulo 1: Exilada

    ARANYA OBSERVOU A iminente destruição de seu reino.

    De modo lento, e curiosamente belo, retroiluminado pelo esplendor de um perfeito amanhecer por cima das paisagens de nuvens suspensas acima e abaixo de sua posição nas ameias da torre mais alta do castelo de Immadia, os pontos a se aproximar prometiam destruição, não obstante.

    Inevitável, esmagadora destruição.

    Eles pareciam com uma linha de infantis balões de papel suspensos ali no grande vazio, balões que as crianças acendiam e enviavam aos céus todos Dias de Iridith, o dia do Solstício de Inverno – apenas que esses assomariam muito maiores. Aranya perdeu a conta após a marca dos sessenta. Eram tantos! Uma invasão de escala completa. A força do Reino de Immadia não podia acreditar em aguentar. Aniquilação era garantida, a não ser que Aranya, Princesa de Immadia, se prendesse em exílio na terra dos bárbaros Sylakianos, sua vida em troca de muitas.

    Seus rápidos ouvidos captaram um furtivo passo em pedras atrás dela. Ela conhecia este caminhar. Seu pai lhe veio.

    Faisquenta, ele disse, usando seu apelido favorito para ela, ainda que soasse por seu ser como uma simples e dolorosa nota batida no gongo do sofrimento. Você não deveria estar parada no frio.

    Eu não sinto frio.

    As mãos do Rei pararam um morno manto de ralti-lã sobre seus ombros. Você nunca sente frio, não é, Aranya? Igual a sua mãe. Agora, o que é tão importante que dá méritos ao meu saltar de minha morna cama para encarar o amanhecer?

    Aranya sentiu suas mãos hesitarem antes de deixar seus ombros. Seu tom suavizou-se. Obrigado por vir, pai. Estou mais grata do que você sabe.

    Havia um persistente silêncio entre eles que falava de desentendimentos, de embates e oposições, de deveres e dor e perda, mas acima de tudo, de um amor guardado nas profundezas da alma. O suspiro do Rei Beran, enquanto ele veio estar ombro a ombro com sua alta filha de dezesseis verões de idade, falou de tudo isso e mais.

    Em tempo, com um gesto fluido, Aranya direcionou o olhar de seu pai para o horizonte sudestino, para a linha de pontos atravessando o vasto, esburacado rosto da lua amarela chamada de Iridith, logo acima da turva, verde-gris sopa das mortais Terranuvens. Uma suave tosse escapou os lábios de seu pai; um tremor balançou seu quadro. Inconscientemente, o Rei mudou-se para perto dela. Quando ela o observou, Aranya se assustou ao ver uma lágrima escorrendo pelo rosto barbado de seu pai.

    Ele nunca chorou.

    O dia chegou, ela disse. Seu coração sangrava por Immadia, mas ainda mais por ele. Seu destino era trivial comparado com o que ainda poderia ser. Pai, as pessoas vão precisar de toda sua força agora.

    Eu sofro por você, filha. Eu tenho a sua permissão–?

    Você está perguntando a minha vontade nisso? Aranya tentou e falhou em manter a surpresa fora de sua voz. Eu conheço o meu dever, Pai. Uma vida –

    Para as muitas, sim, Beran disse, sua voz tensa com emoção e um fim para o conflito que drenou o sangue de Immadia pelos últimos doze verões. Quantas Draconaves, Faisquenta? Oitenta? Cem? Cada uma carrega cinquenta guerreiros. Milhares de guerreiros Sylakianos. Desde que nossa aliada Ilha de Rolodia caiu, e, com ela, muitas de nossas Draconaves, nós sabíamos que este dia chegaria. Como você sabia? Você ... sentiu?

    Eu acordei cedo.

    Nós dois sabemos a verdade disso. Repentinamente ele a apertou fortemente, um abraço tão inesperado quanto bem-vindo. Sim, eu estou perguntando, porque eu me arrependo de te negligenciar tanto ultimamente. Eu entendo a fúria queimando dentro de ti. Eu lhe imploro por perdão.

    Ele esteve envolto no seu novo casamento com Silha, anteriormente Princesa da Ilha de Yaloi e agora Rainha de Immadia, e os meninos gêmeos que logo se seguiram, os novos herdeiros para o reino, que passaram pela sucessão masculina. Silha estava grávida novamente. Aranya sentiu uma facada de vergonha. E eu estava com ciúmes, completamente bestial de todos vocês – Eu amo meus irmãos menores, Pai, eu realmente amo. É só porque eu tenho tanta saudade da minha mãe ... Me desculpe por fazer isso tão difícil para você. Eu não vou dificultar isso, eu prometo.

    O Rei a segurava no alcance de suas mãos, agora. Tinha uma escancarada qualidade em seu olhar que a acertou com uma profundidade de vulnerabilidade e orgulho que ela nunca tinha visto nele antes. Repentinamente, ela estava temerosa do que ele estava pensando. Ela notou que seu olhar estava próximo em nível ao dele, agora. Seu pai não era um homem pequeno. Como ela não tinha notado?

    Este costumava ser o esconderijo de sua mãe, ele disse. Izariela amava alturas, também. Sempre as alturas. Muitas manhãs, eu encontrava ela aqui nesta torre ao qual dei o nome dela, vestida apenas num frio recurso não importa o quão amargo o frio. Ela estaria observando as Terranuvens, escrevendo sua poesia. Eu nunca entendi como ela podia achar nuvens tóxicas tão inspiracionais. Ela uma vez me disse que sonhava em voar ali, voando tão selvagem e livre quanto um dragão. Ela amava dragões, como outro alguém que eu conheço.

    Aranya deu uma leve bufada de diversão.

    Faisquenta era o apelido dela para você. Ela disse que você nasceu com um fogo dentro de ti, mesmo que você fosse uma Setentrional.

    Me sinto culpada por queimar sua tapeçaria semana passada, Pai.

    Eu sei que você se sente. Sua mãe uma vez queimou metade da minha barba. Isso precisou de umas explicações para a corte. O Rei suspirou profundamente. Eu nunca te contei, mas ela foi assassinada – envenenada. Me perdoe por deixar você ser quem a encontrou.

    A pele escamosa de lagarto, o sangramento ... Eu era pequena, mas está queimado em minha memória.

    Sim. Um veneno tão incomum que nunca foi identificado, nem sequer descobrimos a verdade do acontecimento, Aranya. Sua mãe foi assassinada. Isso é tudo o que sabemos.

    Ele nunca tinha lhe contado. Ela sempre tinha acreditado na história sobre uma rara doença; que ela devia saber. Aranya entendeu o que seu pai estava dizendo. Suas palavras as marcava como adulta, uma igual. Ela estava pronta para ouvir essas coisas. Enquanto a armada de Draconaves dirigíveis cresciam contra a pálida imensidade de Iridith, a lua chamada de Jade espiava por trás dela como uma criança tímida apertando a saia de sua mãe, e a luz do amanhecer polia as muralhas e torres de granito manchado da cidade de Immadia em cauterizante glória, Aranya viu seu destino adornado ali também. Portantes preenchiam o mundo.

    Hoje, tudo mudaria. Se seria para melhor ou pior, ninguém poderia saber. Mas o pior viria primeiro.

    Você sente falta dela, também.

    Sim, ele disse novamente, muito suavemente. Você quase se matou tentando curá-la. Essa foi a primeira vez que notei que você tinha poderes, Faisquenta.

    Ela disse, amargamente, Sua filha pede perdão por ser uma encant–

    Absurdo. O Rei parecia surpreso que ele tinha a abalado tanto. Mas ele se apressou, Esta Ilha-Mundo pode ser hostil a mágica, Aranya, mas não deixe você ou eu jamais negar seus dons. Até o fogo é um dom.

    Era? Aranya não estava tão certa.

    Beran disse, "se você precisa de permissão, e se sou eu que lhe precisa entregar – eu lhe entrego agora. Seja quem você é, filha. Encontre seu destino; agarre-o com ambas as mãos. Negação pode levá-la apenas a dor.

    Mas tudo que uma encantadora vai ganhar lá é morte.

    A não ser que ela encontre um caminho melhor, mais nobre, ele aconselhou sabiamente. E se você torrar as barbas de alguns Sylakianos durante o feito, eu não me alegraria?

    Aranya riu.

    Venha. Tenho mil ordens para passar antes que estes dirigíveis cheguem. Vamos selar suas pinturas nas cavernas secretas, junto com os grandes tesouros da Ilha de Immadia.

    Minhas pinturas dificilmente são um grande tesouro, Pai.

    Eu sou o Rei; sou eu quem decido. Ele lhe deu um oblíquo olhar. "Eu não digo o suficiente, Faisquenta, mas sou tão orgulhoso de você, que me surpreende que meu coração não infle e voe além das Terranuvens por vontade própria.

    Agora você está sendo só besta.

    Eu sou seu pai, sou eu quem decido. Colocando seu braço por volta dos ombros dela, o Rei a direcionou de volta à pequena escadaria que iria para o castelo. Você é a cara da sua mãe, Aranya. Você herdou a beleza dela – definitivamente não a do seu pai.

    Mas se eu pudesse invocar metade da sua coragem, Pai ...

    Eu terei que baixar a bandeira Immadiana, disse o Rei, relanceando para o espadim de vinte pés agraciando o fio austral da Torre de Izariela. Sangue Sylakiano vai voar ali, amanhã. Sangue vermelho.

    Como um, eles olharam de volta o nascer dos sóis, enquanto a coroa de sóis gêmeos faziam sua estonteante aparição quase que simultâneamente acima das Terranuvens do leste. As Draconaves eram visivelmente maiores, tomando forma e corpo enquanto elas debatiam contra o prevalente vento em direção a Ilha de Immadia, uma das mais setentrionais Ilhas na Ilha-Mundo. No pátrio longe abaixo, um soldado começou a soar o gongo de aviso com ferozes pancadas.

    Dong Dong Dong

    De novo e de novo, ele martelava o grande gongo de latão, despertando as pessoas de Immadia para seu novo futuro.

    O Rei disse, Este é um dia terrível para as nossas pessoas, Aranya. Mas tudo que eu posso pensar é que nada vai jamais preencher o buraco que sua perda despedaçará em meu coração.

    * * * *

    Próximo da tarde do mesmo dia, a força de cinquenta Martelos de guerreiros Sylakianos começaram a enfileirar-se pelo pátio do castelo com um pesado passo. Patente após patente de guerreiros vestidos em vermelho e capacetes, armados com os martelos de guerra Sylakiano que favoreciam, marcharam numa exposição de disciplina tão rígida quanto era aterrorizante. No seu olho mental, Aranya tinha imaginado fumaça, pilhagens e guerreiros sorridentes arrastando mulheres Immadianas em portas escuras; crianças gritando enquanto martelos se levantavam e caíam espalhando morte, morte e morte.

    Não era nada disso.

    Os grandes dirigíveis, chamados de Draconaves, sombreavam o castelo com suas oblongas silhuetas. Com o tamanho de cento e cinquenta pés os grandes, multi-segmentados sacos de hidrogênio, envoltos por redes, suportavam um casulo abaixo para cargas ou guerreiros – até cinquenta homens e barcas tão grande quanto essas. Um martelo por barca – esta era a regra. Pórticos tomavam o comprimento dos lados estibordo e bombordo da cabine. Os pórticos dianteiros e traseiros geralmente seguravam uma ou mais bestas de guerra, grandes armas capazes de atirar flechas com o tamanho de seis pés precisamente além de duzentos pés de distância ou mais. A cabeça da gritante roca-dos-ventos, o símbolo de Sylakia, era costurada sobre suas laterais abauladas, e adornava o peitoral de todo guerreiro Sylakiano. Arqueiros eriçavam nos pórticos acima. As massivas bestas de guerra foram completamente armadas, prontas para fazer chover mísseis em chamas na cidade na menor implicação de resistência.

    Aranya do lado direito de seu pai, um passo para trás, ao lado da grande e verde bandeira de rendição hasteada no pátio, onde não poderia não ser vista do ar. Darron, Comandante do Castelo e o soldado de patente mais alta nas forças Immadianas, se encontrava à esquerda de seu pai. Seus olhos cinzas não perderam nada. Aranya se lembrava do grisalho Comandante desde que ela pode se lembrar. Ele a relanceou agora e acenou, parecendo dizer ‘Força, Princesa’. Ela acenou de volta.

    Bandeiras verdes tremulavam acima das ameias. Os Sylakianos respeitariam estas bandeiras. Rendição significava vida. A Ilha de Rolodia escolheu lutar. Os esquadrões Sylakianos tinham destruído cada homem, mulher e criança. Eles massacraram o gado e os rebanhos, e envenenaram os lagos terraceados. Então eles queimaram tudo. Nada restou de Rolodia além de cinzas ao vento.

    Todos na Ilha-Mundo sabiam como os Sylakianos tinham conquistado as Ilhas acima das Terranuvens. Apenas Herimor, uma grande junção de Ilhas-Reinos ao sul do vazio chamado de a Fenda, resistiu. Ninguém se atrevia a invadir Herimor. Escarros de rocha frequentados por homens ditos capazes de voar nas indomáveis Rocas-dos-ventos, encantadores loucos, dúzias de vulcões ativos e Ilhas que mudavam de posição com as luas – muito mais fábulas envolviam Herimor que fatos. Haviam outras ilhas acima das Terranuvens, ela se lembrou, outras ao norte até de Immadia, e longe ao leste do nascer dos sóis oriental, que eram pequenas pobres demais para atrair conquista. Afinal, a rocha meriatita que eles queimavam para produzir hidrogênio para levantar as Draconaves era rara e valiosa. Invasão era um investimento custoso.

    Meriatita era a razão pela qual os Sylakianos estavam aqui.

    Os guerreiros marcharam em posição até que eles envolveram o quadrado em todos os quatro lados. Repentinamente, eles se caíram em um joelho. Eles bateram os punhos de seus martelos de guerra contra as lajes, uma rápida cadência formando uma única grande percussão. O claro, doce triunfo das cornetas de guerra Sylakianas soaram pelo estrondo. O crescendo rolou de modo trovejante pela praça.

    Repentinamente, o silêncio caiu como um grito.

    Ignathion, Primeiro Martelo de Guerra de Sylakia!, berrou um dos guerreiros.

    IGNATHION! Mil punhos de aço atingiram peitorais armados.

    Um homem igual a um urso caminhou pela praça. Bem acima de seis pés e de ombros largos, o deliberado pisoteio de suas botas pareciam estremecer o chão – ainda que Aranya soubesse que isso era impossível. Ele olhou ao redor, brevemente, escuro de pele e ainda mais de olho, antes de marchar bem do lado de bandeira verde. Ele franziu as sobrancelhas ao Rei de Immadia.

    Com o murmúrio de pés e vestes, o Rei de Immadia, sua Rainha, Princesa Aranya e todas as pessoas não-Sylakianas presentes se prostraram, braços abertos, em postura de rendição. O silêncio veio tão denso quanto sangue.

    O homem disse, Eu sou Ignathion, Primeiro Martelo de Guerra de Sylakia, conquistador de mil Ilhas. ele dificilmente precisava aumentar a voz para preencher o pátio. Eu vejo que Immadia tomou o caminho da sabedoria neste dia. No nome do Supremo Comandante de Sylakia, eu aceito a rendição da Ilha de Immadia.

    Aranya sentiu o fitar do Martelo de Guerra como um peso esmagador. Ela não se atreveu a respirar.

    Que seja de conhecimento que sua aliança traidora com a Ilha de Rolodia não será esquecida, nem perdoada, Ignathion rosnou. Por isso vocês pagaram caro, eu lhes garanto. Levante-se, Rei Beran. Seu serviço a Sylakia começou.

    Seu pai se levantou. Aranya se levantou, também.

    O que tú ofereces de tua casa, Rei Beran?

    Beran limpou a garganta. De acordo com os costumes de guerra, eu ofereço a minha filha, a Princesa Aranya de Immadia, a ser sua refém, Primeiro Martelo de Guerra.

    Apenas ela sabia o que isso custou ao seu pai.

    Enquanto ela caminhou para frente, Ignathion olhou sobre ela com uma onda em seu lábio, como se ela fosse nada além de bens dentre os saques de sua conquista. Aranya mascarou sua ansiedade e vergonha. Ela sabia que ele veria uma alta, magra e jovem mulher, vestida num fluído vestido violeta de seda Helyon, a cor da casa real Immadiana, com seu trançado cabelo brigado em uma rede abaixo do obrigatório, realçante ao rosto lenço de cabeça que escondia cada fio da vista pública. Seu vestido era próprio, típico de todas as mulheres das Ilhas, mas talvez mais fino que a maioria, uma vez que a exposição do cabelo feminino era visto como indecoroso. Ele não podia achar problemas em sua aparência, isso ao menos era certo.

    Mas seu cabelo era outro problema que ela não tinha mencionado ao seu pai, junto ao fato que seus poderes estavam crescendo – crescendo ao ponto de serem incontroláveis. Aranya segurou uma careta. Cabelo louco, poderes loucos. Os Sylakianos não tinha ideia de que tipo de refém ela poderia se mostrar.

    Era escasso conforto.

    Um belo troféu para a minha sala de troféus, ressoou Ignathion. Leve-a embora. Acorrente-a em minha Draconave.

    Fúria perfurou em Aranya pela escolha de palavras dele. Um troféu? Outra cabeça de animal para estufar e pendurar na sua parede? Fogo estalou por sua visão. Como sempre, sua fúria fez o calor incendiar dentro de seu corpo, uma ardente ventania que ela deve restringir a todo custo ... Aranya relanceou aos céus enquanto ela estremeceu, lutando para abafar sua raiva.

    Ela viu uma dúzia de dirigíveis ancorados acima da cidade. Muitos mais, bem acima de cem Draconaves, sacudiam do lado de fora das paredes. A maioria foi esvaziada de sua carga de guerreiros, que tomaram posições estratégicas ao redor da cidade. Mas uma Draconave chamou sua atenção. Ela tremulava a flâmula dos Martelos Carmesins, o famosamente brutal primeiro regimento de Sylakia; guerreiros lendários que dizia-se beber o sangue das vítimas em batalhas. Mais rápido que pensamento, uma onda de fogo escorregou além de seu controle.

    BRAAAAOOOOMM!

    A Draconave detonou em uma bola de fogo.

    Tecido em chamas e pedaços de corda e madeira choveram na cidade. Eco pós eco rolaram de volta das montanhas congeladas que flanqueavam a cidade capital de Immadia ao norte e ao oeste.

    Aranya cambaleou. É tudo que ela podia fazer para continuar de pé. Assim como quando ela tentou curar sua mãe morta, usar o poder drenava ela de forças. Do canto do olho ela notou como o Rei relanceou a ela. Ele sabia. Ela levantou seu queixo definido e manteve o olhar para a frente.

    Os olhos de Ignathion se estreitaram enquanto ele inclinava a cabeça para avaliar os destroços Ele não tem como ter visto o foguete de fogo para cima, Aranya disse para si mesma. Tinha sido invisível. Ela queria vomitar. Tantos homens, mortos ...

    Huh, bufou Ignathion. Algum tolo fumante chegou perto demais do hidrogênio. Seu fitar cinza como pedra retornou a Aranya. Leve a refém embora. Beran, vamos abrir seus melhores barris de cerveja enquanto assinamos seus termos de rendição. Eu vou partir para Sylakia antes dos sóis se puserem. O Supremo Comandante da Ilha-Mundo vai querer saber de seu último triunfo. Seu busto massivo inchou enquanto seu punho batia contra seu peitoral. Toda glória a Sylakia!

    GLÓRIA A SYLAKIA! rugiram seus soldados.

    * * * *

    Apesar das manilhas prendendo seus pulsos e tornozelos, os Sylakianos trataram Aranya com cortesia. A Draconave dos Martelos de Guerra foi abaixada o suficiente para que ela pudesse embarcar sem a necessidade de subir numa escada de corda. Nem a lâmina reta em seu quadril esquerdo, nem as adagas bifurcadas foram tiradas dela imediatamente – talvez este seja o código de honra Sylakiano que ela aprendeu? Mais provavelmente, eles pensaram que uma mulher tinha pouco uso com uma lâmina contra o preparo de corpulentos Martelos Carmesim Sylakianos que a protegiam com o alerta simples de guerreiros veteranos. Aranya franziu. Mesmo desacorrentada, ela não lutaria com eles. Ela deu a sua palavra.

    Além disso, ela tinha a toda-poderosa mãe de todas as enxaquecas.

    Ela empoleirou-se na cadeira providenciada a ela numa pequena, vazia cabine, e esperou. Brevemente, um servente apareceu para lhe oferecer refresco. Aranya escolheu suco de fruta prekki. O suco esperançosamente saciaria sua furiosa fome, e a azeda doçura limparia sua cabeça. Ela fitou o único vão acima da beliche e viu os sóis migrarem para o oeste. Aranya se preparou para não mostrar nenhum sinal de fraqueza exterior. Ela queria desesperadamente chorar.

    Muito mais tarde, uma idosa criada Immadiana chamada Beri apareceu para informar que foi designada para garantir o conforto de Aranya durante a jornada de quinze dias para a Ilha Sylakia. Aranya conhecia Beri em maior parte por sua reputação de inabalável honestidade e integridade. Ela trouxe a bordo várias mudas de roupa, e um estojo de malha contendo os mais preciosos pincéis, lápis e ferramentas de pintura de Aranya.

    Não pude trazer suas tintas, princesa, Beri se desculpou.

    Eu podia te beijar, Beri.

    Seria impróprio, bufou a serva, mas uma pintada de rosa entrou em seu enrugado rosto.

    Enquanto os sóis gêmeos desciam no céu, gloriosos e dourados, e Aranya desejava gritar apenas para passar o tédio, comandos repentinamente começaram a ser rosnados fora da Draconave. Momentos mais tarde, ela ouviu um homem declarar que o primeiro martelo de guerra estava a bordo.

    Soltar, veio o grito. Içar âncoras. Começar as turbinas.

    De uma vez, a porta da pequena fornalha de metal abriu-se. Aranya sabia do processo. Ela tinha voado numerosas vezes de Draconave. Quando ela era mais nova, ela incomodou seu pai para que explicasse tudo a ela. O fogueiro arremessaria pedaços de meriatita esmagada na fornalha, nem demais nem tão rápido. A pedra então derretia e corria numa câmara secundária, despejando o elemento fervente num banho de ácido. Esta reação produziria o hidrogênio que era essencial para abastecer uma Draconave, usado tanto na flutuação do ar e para impulsionar as grandes turbinas que dirigiam o dirigível. Se a meriatita estivesse em curto fornecimento, o que era comum, dez guerreiros de uma vez eram designados para dirigir as turbinas, normalmente por pedalar uma contração carinhosamente chamada de quebra-costas, localizada na área comum dos guerreiros.

    Uma alta batida fez Aranya se empurrar contra suas correntes. Um guerreiro entrou e se curvou curtamente. Ele disse, Ordens dos Martelos de Guerra, Princesa de Immadia. Você pode observar a partida do pórtico traseiro.

    Eu estou ... grata.

    Seus guardas lhe direcionaram para trás. Abrindo uma pequena, leve porta, eles se espremeram no pórtico traseiro, um pouco atrás e abaixo das seis turbinas que dirigiam a Draconave. Aranya notou que eles tomaram um firme aperto de seus punhos manilhados. Seu sorriso irônico foi encontrado com firmes balanços de cabeça. Nenhum salto permitido.

    O chão recuou naquele silêncio que sempre a surpreendia sobre as Draconaves. Não, haviam pequenos sons – os gemidos dos sacos de hidrogênio abaulando contra suas redes contensoras, o ranger dos espartilhos tomando as tensões, o soprar da fornalha e o guincho de protesto enquanto as asas estabilizadoras, que davam ao dirigível seu fantasioso nome, estendiam-se. As asas foram ajustadas para receber a brisa mais do que para estabilizar a Draconave. Quão irônico, Aranya pensou, que na cultura Sylakiana que aparentemente odiava e desprezava tanto dragões, que sua mera menção era equivalente a cortejar a morte, que o principal meio de transporte entre Ilhas seria chamado de Draconave.

    Firmemente, a Ilha de Immadia se revelou a ela. Tetos de ardósia cinza acorrentados em quatro-praças ao redor do tradicional pátio das casas. Os brilhantes toldos da feira acenavam sua atenção, e então as belas torres e torreões do castelo que sempre lhe tiveram como sua casa. Seus olhos traçaram as creneladas ameias e colocações das catapultas móveis com uma desafiante e possessivo apetite. Ela voltaria. Isto não era um eterno adeus.

    Aranya captou vista de Rei Beran e Rainha Silha, cada um segurando um de seus irmãos gêmeos menores, encontrados ao topo da Torre de Izariela. Simbólico. Seu coração encurralou-se em seu peito enquanto eles levantaram os braços, palmas tornadas ao céu, num gesto de enviar amor. Ela teria respondido, mas não pôde levantar seus braços acorrentados.

    Um nevoeiro embaçou sua visão. Aranya piscou até que tivesse recuado.

    A Draconave levantou-se mais rapidamente agora, ganhando a aquisição da brisa, a terra desdobrando-se abaixo dela enquanto sua família encolhia-se em pontos num castelo distante. As montanhas coroadas em neve flanqueando a cidade formavam uma espetacular, reluzente plataforma para a terra tangente na estação fria, quebrada pelos pontos brancos de gigantes ovelhas ralti procurando por uma mordidela de anêmica grama marrom, antes que as breves chuvas de primavera trouxessem verde para cada campo e fenda rochosa. Nos limites da Ilha estavam os ubíquos lagos terraceados, reforçados por grandes desatadas paredes de pedra construídas por anciões para capturar a inadequada pluviosidade destas terras duras. Immadia tinha três níveis de lagos terraceados. Outras Ilhas tinham muito mais.

    Abaixo dos lagos terraceados, lavando contra os puros penhascos de meia légua – mas talvez muito mais altos, uma vez que ninguém sabia o quanto as Terranuvens realmente se estendiam – estava a sempre presente, nunca terminável paisagens de nuvens de gases tóxicos que se esticavam para o horizontes e além, branco, cinza e turquesa em lugares, uma tapeçaria eternamente mutável que escondia o que muitos Ilhéus acreditavam ser uma terra de demônios e monstros, ou uma cova sem fundo de inferno. Ah, haviam histórias sobre monstros que rastejavam para fora das Terranuvens, muitas histórias, mas a verdade é que ninguém sabia, uma vez que nada nem ninguém podia sobreviver aos venenos naquela atmosfera.

    O arco da Draconave apontava quase diretamente ao leste, ligado ao conjunto de ilhas de Gemalka, conhecia por suas minas de granada e diamantes, e pela deleitável truta arco-íris encontrada em seus lagos terraceados. Eles atravessaram a sombra da Ilha de Immadia, crescida em muitas léguas a esta hora da noite.

    Mas Aranya manteve seu fitar fixado na Ilha de Immadia até que sua casa fosse apenas um grão no horizonte; até que as Terranuvens engolissem os sóis se pondo e seus guardas, tremendo, pedissem que ela voltasse para o calor da cabine.

    O corpo de Aranya não estava frio. Mas seu coração era gelo.

    Capítulo 2: A Roca-dos-Ventos

    AO PRECISO ACERTO da última hora da tarde, medido pela ampulheta na parede, na véspera de seu terceiro dia fora de Immadia, o servente Sylakiano entregou o terceiro convite do Primeiro Martelo de Guerra com sua costumeira eficiência formal. Beri, respondendo a porta pela terceira vez, respondeu que a princesa polidamente recusou por má saúde.

    O homem, incapaz de resistir a um sorriso, adicionou, "O Martelo de Guerra deseja transmitir para a filha do honrado Rei Beran que ele ordena seu comparecimento pela hora do pôr dos sóis."

    Beri concordou. A Princesa comparecerá.

    O servidor recuou com a menor das reverências.

    Aranya arremessou seu cálice de madeira contra a parede de sua pequena cabine, desejando que fosse feito de bom cristal ao invés de madeira esquisitamente esculpida. O cálice saltou diretamente de volta a ela e colidiu com seu rosto.

    Ela tocou sua bochecha machucada. Ai! Ele ordena? Imundo bárbaro Sylakiano, me ameaçando – e como você ousa aceitar –

    Huh, Beri bufou. Eu troquei suas fraldas quando você era criança, garota. Não me atormentas. Ele vai te arrastar para lá com ou sem sua preciosa dignidade. Recusado três vezes? Um insulto. Ele é um homem orgulhoso, tão orgulhoso quanto o pau teimoso que você chama de pai. Você estava doente na primeira noite, admito.E estava de cama na manhã de ontem. Mas bem agora? Isso foi puro despeito e abaixo da mulher que você é. Não me faça fazer isso de novo.

    Aranya jogou os lençóis de ralti-lã bem fiados e levantou-se. Mas sua fúria fez apenas dor florescer atrás de sua têmpora. Ela se sentou com um gemido.

    Princesa? Aranya?

    Beri – ah, dejetos de ralti, você está certa. me desculpe.

    Sim, estou certa. Mas Beri temperou seu grunhido com um sorriso que enrugou suas bochechas até a altura de seus olhos. Ele de boa vontade trocou suas armas por um alívio de suas correntes. Esta não é a conduta de um bruto Sylakiano.

    Aranya olhou a idosa serva, se sentindo como se tivesse seis anos ao invés de dezesseis, com vergonha de ser posta em seu lugar. Beri raramente era uma de falar o que tinha em mente, mas sua sabedoria era dita de ser tão larga quanto as Terranuvens e mais afiada que uma adaga bifurcada Immadiana. Ela serviu quatro gerações da família real. Seu pai escolheu bem. Permitiriam eles manter Beri em Sylakia, em seu exílio? O quanto Beri sabia sobre ela?

    Beri, como eu devo me portar com este homem Ignathion? O que você aconselharia?

    Que você vestisse algo mais apropriado que um pijama, ela respondeu duramente. Apresse-se e troque-se, garota.

    Apressadamente esponjada com um tecido umedecido numa bacia de água fria, trocada, perfumada e vestida no seu vestido de seda Helyon, Aranya inspecionou sua aparência no pequeno espelho que Beri contrabandeou com suas habilidades. O combinante lenço de cabeça violeta acentuava as profundezas ametistas de seus olhos – olhos ansiosos, ela pensou, desejando que ela aparecesse mais confiante e em controle de suas circunstâncias, não intimidada por ... agora havia o suficiente para uma piada de bom dia digna de qualquer bufão. Confiante? Em controle do quê, exatamente? Este vento que a esbofeteava como se sua vida fosse palha esquecida no jogar de uma colheita, as cascas indesejadas de um reino que não precisava de uma Princesa na sucessão?

    Tomar reféns era uma formalidade ridícula.

    Ela tocou seu novo machucado. Maxilares vazios, Beri estava reclamando. Ela tinha comido pouco desde deixar as costas de Immadia. O prospecto de janta fez seu estômago grunhir como um esfomeado lince montanheiro. Os Sylakianos aparentemente criavam gatos muito maiores que linces Immadianos, gatos chamados de rajais ...

    Se apresse agora. Beri girou em direção a porta, quebrando o vagar de seus pensamentos. Chega de enfeites – não que você sequer se enfeite. Não deixe Ignathion esperando.

    Seus captores severos como lama desceram com ela, um antes e outro depois, para conduzir a Princesa de Immadia para a belamente apontada cabine da Draconave – a sala de navegação. A porta estava entreaberta. Pela porta, ela viu o Primeiro Martelo de Guerra de Sylakia, conquistador de sua terra natal, se portando com as mãos apertadas atrás de suas costas, observando com um semblante meditativo para fora das janelas crisvidro que iam do chão ao teto para uma Ilha que ela notou tardiamente que devia ser Gemalka. Sua estatura era tão imponente, seu curto cabelo quase penteava o teto.

    A garganta de Aranya sacudiu. Endireitando suas costas, ela entrou lentamente, pés suaves na densa tapeçaria. Como ele não se virou imediatamente, ela roubou diversos relances ao alojamento de Ignathion. Seu olhar tomou os gráficos e instrumentos navegacionais, as regradas pilhas de diários de bordo e almanaques tão necessários para a correta navegação e leitura de correntes aéreas e clima, os gráficos lunares detalhando cada aspecto das complexas interações entre as cinco luas, e uma maior bibliotecas de livros importantes na estante oposta. Ela notou que se tudo isso pertencesse a ele, Ignathion deve ser um homem bem educado e inteligente. Um bruto bem educado. Seus olhos tropeçaram para a mesa preparada para dois, apreciando a perfeição artística do spray de flores silvestres brancas agraciando cada cenário. Branco para amizade, ela notou. Quão inesperado. Pratos da mais fina, mais delicada porcelana, vidros estriados de artesanato do qual a mesa de seu pai se orgulharia – a artista em si notou os menores detalhes.

    Os guerreiros recuaram. Para sua maior surpresa, Aranya escutou seus passos recuarem ao corredor que levava ao traseiro da nave. Não protegeram seu comandante? Ou ele não precisava de proteção de gente como ela?

    Aranya, Princesa de Immadia, ele retumbou, se voltando. Seus movimentos eram ágeis para um grande homem, mas circunscritos como se ele fosse constantemente alerta de seu grande tamanho.

    A mão direita de Aranya se estendeu automaticamente. Colocando sua palma esquerda abaixo da mão oferecida, Ignathion a levantou, soprou uma vez sobre seus dedos para demonstrar nenhuma má intenção de sua parte, fez um círculo de paz com seu indicador direito duas vezes antes de sua grave, barbada face, e então ele beijou o preciso centro da palma da mão de Aranya, entre suas linhas vitais, três vezes.

    Sobre seus maxilares cicatrizados, mutilados na maneira da elite dos guerreiros de Sylakia com o duramente ganho símbolo da roca-dos-ventos, os olhos de Ignathion eram tão cinzas quanto uma tempestade preparada acima das Terranuvens.

    Ele disse, Me concede grande prazer de finalmente tomar conhecimento da filha do meu mais honrado e maior oponente, Rei Beran.

    Arqueando suas sobrancelhas tão ligeiramente, Aranya respondeu, Primeiro Martelo de Guerra, estou honrada por seu convite mesmo neste tempo de dor e perda para o Reino de Immadia.

    Ainda assim, ele disse. Com perfeita cortesia, ele a sentou por sua conta. Me chame de Ignathion, por favor.

    E para mim, Aranya bastará.

    Aranya foi treinada nas minúcias de cortesias e comportamento cortês comum a Ilha-Mundo, e passou tempo em diversas outras Cortes e Casas Governantes, então ela leu os sinais facilmente – e assim, foi desconcertada. Por que tratá-la como uma igual? Por que mostrar tanta honra e respeito para alguém mais nova que ele em anos; e mais ainda, para sua prisioneira, logo a ser mofada na infâme Torre de Sylakia, o confortável palácio de prisão onde Sylakia encarcerava seus reféns políticos? Um bom número de reféns, ela entendeu, dada a erupção de suas recentes conquistas de sucesso. Por que Rei Beran era seu ‘mais honrado’ oponente? Certamente, a Ilha de Immadia era tão miserável quanto a poeira esmagada debaixo de suas botas conquistadoras? Apesar, ela sorriu para si, Rei Beran trouxe Ignathion para uma vívida perseguição por doze verões, e causou incontável vergonha ao Supremo Comandante Sylakiano, Thoralian.

    Há! Seu pai podia ser honrável, mas ele também era astuto. E assim era sua filha.

    Então ela o educou em suas características, e cercou e sondou e circulou as polidas perguntas de Ignathion pela duração dos primeiros cinco cursos de um magnífico jantar, do qual ela tomou parte sinceramente, até que ele baixou seus talheres, sorriu abertamente pela mesa, e disse, Você, Aranya, me lembra mais que forçadamente de uma mulher que um dia cortejei. Naqueles dias eu era nada além de um Terceiro Martelo de Guerra, comandando escassas três Draconaves e um Martelo de duzentos guerreiros. Esta jovem beleza era o brinde de um longínquo reino Ilha, cortejado por reis e príncipes e nobres de uma força crescente chamada Sylakia, que era formada de nada além de seis Ilhas na época. Ela teria aproveitado a truta arco-íris, como você. Outra porção?"

    Aranya, assustada de ver seu prato vazio, aceitou com um aceno. Ignathion a serviu habilmente. Se encostando de volta em seu assento com aquele enfurecedor, até presunçoso sorriso enrugando suas características, ele adicionou, Esta bela veio de Fra’anior. Talvez você a conheça?

    O talher de Aranya escorregou e ela atirou um pedaço de peixe amanteigado e incrustado com ervas na prístina toalha de mesa.

    Nós tínhamos nos aproximado, ele disse, resgatando o pedaço de peixe fugitivo e colocando-o de lado, quando uma astuta raposa de penhasco furtou a incomparável Izariela de Fra’anior debaixo de nossos narizes e a levou embora para sua reduto Setentrional. Foi um escândalo enorme; talvez o único ato desonroso que Beran jamais realizou – um ousado sequestro de uma fortaleza protegida, um convite a guerra aberto com Fra’anior e uma fuga lunática se esquivando das Draconaves de vinte Ilhas – tudo por um amor que queimava mais forte que a fornalha de uma Draconave. Aranya, seu pai é um trapaceiro e um pirata.

    Pela primeira vez em quatro dias, um genuíno sorriso curvou seus lábios.

    Ignathion mirou seu talher através da mesa a ela. Aí. Este é o sorriso que eu me lembro. Mas me dói ver que Rei Beran foi levado aos seus calcanhares, Aranya. Doze anos! Nenhuma outra ilha durou dois verões em uma campanha contra mim, mas – ele é uma velha raposa de penhasco, aquele homem. Uma escorregadia truta com a mais alta integridade e o espírito de batalha de um Dragão. Ele foi derrubado apenas porque Rolodia o traiu – você não sabia?

    Aranya balançou a cabeça. Seus pensamentos ainda estavam rebobinando ao ouvir seu pai ser comparado a uma truta, uma raposa de penhasco e um Dragão no mesmo sopro. Traído? Por seu mais antigo amigo, o Rei da Ilha de Rolodia? O quanto isto deve tê-lo esmagado.

    Eu fui profundamente perturbado ao ouvir da morte da sua mãe, Aranya.

    Ela foi envenenada.

    Eu sei. Faço que seja meu negócio entender meus inimigos. Eu sei como barbas começam a ser cauterizadas. Tapeçarias, também.

    Desta vez, Aranya teve que encostar seu pulso na mesa para calar o estremecer de suas mãos. Queime-o abaixo das Terranuvens, não havia nada que esta fera não soubesse sobre ela? Ela se sentiu mal. Ele sabia! Ele sabia de alguma coisa, ou suspeitava pelo menos. Por que ele estava brincando com ela – ameaçando? Subornando? Tornando-a numa lebre presa pelo pescoço nas garras de seu caçador, ganhando sua vida em troca? Por quê? O que ele possivelmente poderia querer de sua prisioneira? Ela abaixou seu olhar, esperando que o repentino terror não tivesse se mostrado tão estaticamente.

    Ignathion mexeu incansavelmente enquanto o servente apareceu com os pratos para o sexto curso, um suavemente temperado peito de frango servido numa cama de arroz de açafrão. O aroma de caril a deixou com água na boca.

    Quando o servente partiu, Ignathion a serviu mais uma vez e preencheu seu cálice de cristal com denso e roxo suco-prekki.

    O silêncio entre eles se alargou de modo insuportavelmente fino.

    Desesperada para tirar Ignathion do controle, Aranya disse, Você sabe por que minha mãe foi assassinada, Primeiro Martelo de Guerra? Foi um plano Sylakiano?

    Não, ele rosnou. Não se atreva a me acusar – Ignathion se recompôs com esforço. – Seu aperto tenso no talher relaxou. Muito bem, eu mereci esta reprimenda. Aranya, sua mãe era uma mulher rara. Veneno é a marca de Herimor – e umas outras Ilhas que eu poderia nomear, admitidamente. O que eu quero expressar é ... pelo Sinal de Sylakia, isso é difícil dizer. Eu falei duramente com Beran em público para que todos os Sylakianos soubessem que eu não trataria mesmo um amigo Príncipe-Aprendiz diferente de qualquer de meus outros inimigos.

    Aranya estreitou os olhos. Então, seu pai e Ignathion já foram Aprendizes de uma Corte estrangeira juntos? Tantas vertentes entrelaçadas, tantas vidas. Que jogo Ignathion estava jogando? O que ele estava contando a ela, os fios semi-escondidos embaixo de sua conversa? Ele estava insinuando que apesar de ter feito tamanho espetáculo de Beran, ele sentia algo diferente em seu coração?

    Alguns Sylakianos desconfiam de Princesas estrangeiras, Aranya, e as veriam afogadas no esquecimento. Sylakianos são pessoas supersticiosas. Eles desconfiam de estrangeiros, especialmente aqueles com olhos incomuns.

    Olhos? Esta pequena acentuação significa habilidades, não? Se isto significava uma oferta de trégua, ou até mesmo uma amizade secreta pelo bem de seus pais, ela não se atreveria a recusar – atreveria? Porque ele tinha articulado a alternativa com perfeita claridade. Exposição. Uma denúncia. Umas poucas palavras bem postas causariam a cabeça de uma encantadora suspeita a ser permanentemente partida de seus ombros.

    Após molhar sua garganta ressecada, Aranya ofereceu, Confiança é sempre uma questão espinhenta, Ignathion. Mas eu aprovo as flores que você escolheu para a mesa.

    Ignathion levantou seu cálice. Deveras. A sua semelhança com sua mãe é realmente incrível, Aranya. Vamos saudar a memória de Izariela de Fra’anior ... juntos.

    Assim ela tomou um perigoso passo para seu futuro, Aranya refletiu. Ela tomou um gole de seu suco. O Primeiro Martelo de Guerra queria algo dela. Ele não era um homem frívolo. Ignathion era um mestre de estratégia a longo termo, seu pai a avisou. Ele realmente mantinha seus pais em tão alta consideração? Por que ele sugeriu a diferença entre amizade e dever? Uma ideia a atingiu: ele já possuía duas cônjuges tradicionais. Costume Sylakiano não permitiam mais, então ele não deveria estar buscando sua pessoa. Poderia ser para um de seus filhos que ele preparou esta sutil artimanha sobre uma Princesa exilada? Seu pulso saltou instavelmente em sua garganta enquanto Aranya considerava a hegemonia deste homem sobre sua vida. Mas seu senso de dever certamente deve dirigi-lo a entregá-la seguramente a Sylakia. Sendo assim, por que os avisos velados? Haviam outros, mais sutis perigos se escondendo em Sylakia? Perigos particulares para aqueles com olhos incomuns?

    Ela tinha muito a ponderar.

    Aranya sorriu a ele por cima do aro de seu cálice, tentando ignorar o quão magistralmente ele tinha jogado seu jogo cortês. Ignathion, quando o Primeiro Martelo de Sylakia tiver conquistado todo o mundo acima das Terranuvens, para onde ele lançará seu nobre olhar? Além da Fenda?

    Ao norte da fenda é apenas um quarto do mundo conhecido, ele disse.

    Novos territórios; novas conquistas?

    De vez em quando eu desejo um fim para toda a guerra. Mais uma mordida do frango? Um olhar adentro do homem, sempre tão rápido para cortar novamente. E uma não-resposta para os planos de Sylakia. Sagaz. Permita-me compartilhar contigo minhas memórias daquele pirata das Terranuvens que se atreve a se chamar de rei.

    Aranya curvou uma sobrancelha a ele. Surpreenda-me.

    * * * *

    Durante a noite, as oitenta restante Draconaves da flotilha Sylakiana atravessaram uma ameaçadora tempestade, ancorada por robustas amarras tão próximas do chão quanto era seguro. Relâmpagos sempre foram um perigo para dirigíveis. Mas com muito poucas partes metálicas expostas à atmosfera, o maior perigo geralmente era o vento. Cisternas de vento podiam derrubar uma infeliz embarcação nas profundezas das Terranuvens, matando todos a bordo dentro de alguns sopros. Raivosas rocas dos ventos, também, eram um incômodo, despedaçando buracos nas sacas das Draconaves para liberar precioso hidrogênio. Se uma Draconave fosse pega longe demais de um porto seguro, ou se encontrasse com baixa meriatita, uma morte rápida era garantida.

    Aranya dormiu mau, acorrentada a sua cama sob os vigilantes olhares de dois guerreiros. Evidentemente, a confiança de Ignathion não se estendia tão longe quando eles sacudiam quase quinze pés acima do robusto maciço de Gemalka. Ela sonhou de encontrar sua mãe, de uma morta Izariela se levantando, ensanguentada em pele, fitando acusadoramente para sua filha. Vinda a manhã, Beri aceitou a chave e destrancou sua carga.

    Nem mesmo uma hora mais tarde, enquanto ela desjejuava com frescas frutas e um rolo fermentado de Gemalka, Aranya sentiu a Draconave guinar-se em movimento. Partida para a longa jornada austral a Sylakia,

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