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O mundo de Yesod - Ar
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O mundo de Yesod - Ar
E-book173 páginas2 horas

O mundo de Yesod - Ar

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Sobre este e-book

Yesod é um mundo formado por quatro reinos, cujos nomes são caracterizados pelos quatro elementos primordiais: Ar, Terra, Água e Fogo. Quatro reinos à beira de uma guerra fratricida devido ao desaparecimento do antigo Poder, a magia que os mantinha unidos, roubado por um Inimigo que já fora vencido, mas nunca definitivamente derrotado. Quatro jovens escolhidos, um de cada reino, deverão partir em busca das Chaves do Poder, os lendários talismãs que lhes permitirão abrir as portas da fortaleza de Ataf, onde estava guardado o Poder, que agora jaz encerrada e apagada. Avir, Karka, Mayim e Esh, entre aventuras e perigos, viverão um percurso de formação, aprenderão a se conhecer e compreenderão que a vitória e a salvação são dadas pela união de forças e diferenças.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento14 de mai. de 2019
ISBN9781547586554
O mundo de Yesod - Ar

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    O mundo de Yesod - Ar - Marzia Bosoni

    Para Sara

    que foi a inspiração de Yesod

    e é a guardiã do reino do Ar:

    liberdade, tempestade e poesia.

    Capítulo 1 - Um Poder antigo

    A fortaleza de Ataf estava envolta pela neblina matinal que vinha sempre do Sudeste, dos reinos da Terra e da Água, antes que, com a aurora, o vento do reino do Ar viesse do Norte para dissipá-la, enquanto o calor do reino do Fogo, a Oeste, a dissipava.

    O nevoeiro marcava sempre a passagem entre o esplendor noturno de Ataf, quando as imponentes muralhas de rocha da fortaleza brilhavam na escuridão como altas labaredas de fogo e o encantamento diurno da cidadela, quando os muros do palácio se tornavam transparentes como ar e os pavimentos e as paredes tremulavam a cada passo, como a superfície de um lago agitado pelo vento.

    Todos os viajantes ficavam perturbados e fascinados por Ataf, a capital da terra de Yesod, e nos primeiros séculos após a Grande Aliança todos os povos se deslocavam à fortaleza pelo menos uma vez na vida, enfrentando longas jornadas e levando ofertas aos Guardiões do Poder. Naquele tempo havia sempre gente do lado de fora dos muros, em qualquer época do ano: a maioria era pobre e sabia que podia sempre contar com a generosidade daqueles que vinham ver Ataf, mas também havia outras pessoas, chamadas Zalyan, que optavam por viver algum tempo aos pés da fortaleza, para se alimentarem da beleza e da magia de Ataf. Porque em qualquer altura do dia uma grande magia emanava de Ataf, que, como uma onda de energia, atravessava pessoas, animais e objetos.

    Era o Poder, o antigo e misterioso tesouro em torno do qual a fortaleza fora construída, guardado pelos Quatro Guardiões e protegido por quatro barreiras intransponíveis.

    Infelizmente, com o passar dos séculos, a memória da antiga Aliança desvaneceu-se nas mentes dos habitantes dos quatro reinos; cada vez menos pessoas se deslocavam a Ataf e agora os Pobres das Muralhas tinham partido para outro lugar, assim como os Zalyan que, menos numerosos, abandonaram Ataf para vaguear pelos quatro reinos.

    A região em torno de Ataf tornara-se, assim, selvagem e inóspita, desencorajando ainda mais os poucos que queriam alcançar o coração da terra de Yesod; cada reino deixou que a área na fronteira com Ataf se tornasse o mais hostil que se possa imaginar. Isso não foi feito intencionalmente, mas por negligência e por aquele torpor que com o tempo parecia ter contagiado todos os habitantes. Ninguém já se interessava com o que estava guardado em Ataf nem sequer com o caminho para chegar à fortaleza. O Poder estava lá desde sempre e para sempre permaneceria. Ninguém já se questionava sobre a origem e a natureza do Poder; como o sol que se levanta cada manhã e cada noite se põe, de igual modo o Poder existiria para sempre.

    Foi assim que se deu o início do fim.

    Os Guardiões nunca podiam sair de Ataf, mas tinham repetidamente enviado mensagens e petições aos Governadores dos quatro reinos. Até mesmo os Zalyan mais velhos, que, graças à longa exposição à magia do Poder, viviam muito mais do que os outros homens, tinham tentado alertar os habitantes dos reinos. Infelizmente, ninguém escuta aquilo que não quer ouvir.

    Os quatro reinos ainda viviam em paz e, pelo menos no papel, os homens podiam circular livremente de um reino para outro, mas o espírito de unidade que levara à Grande Aliança tinha morrido nos corações da maioria das pessoas. Os estrangeiros eram vistos com suspeita e tolerados apenas porque a lei o impunha, mas nas áreas fronteiriças as diferenças entre os povos, exacerbadas pela pobreza e dificuldades diárias, tornaram-se motivo de desprezo aberto e, às vezes, até de confrontos, especialmente entre jovens.

    As histórias do passado ainda eram contadas ao redor de uma fogueira, de uma fonte, sentados sob uma árvore ou cantadas ao vento – dependendo das tradições dos vários povos – mas agora até os velhos que as contavam às crianças já não acreditavam naquilo que contavam. Eram histórias, fábulas simples para alegrar os pequenos ou para lhes explicar uma tradição ou ensinar-lhes as leis.

    Mas quando a terra de Yesod foi atravessada pelos primeiros sinais fatais, havia outras histórias para contar e acreditar, histórias que não falavam de amizade entre os povos, mas de uma rivalidade muito mais antiga, de suspeitas que agora pareciam encontrar confirmação.

    Quem poderia ter feito chover tanto no reino de Fogo – onde costumava chover no máximo cinco dias por ano – senão os habitantes do reino da Água?

    E quem poderia causar a seca no reino da Terra, senão o calor do reino do Fogo?

    O reino do Ar sempre foi cercado por colinas onduladas, onde o vento acariciava a relva, mas agora aquelas colinas cresciam um metro por ano, ameaçando sufocar o vento; e donde poderia vir tal magia senão do reino da Terra?

    No reino da Água, então, os invernos eram sempre mais longos devido a um vento gelado que soprava do Norte e atrasava cada vez mais o degelo.

    Não poderiam ser coincidências e a antiga rivalidade entre os povos novamente encontrou terreno fértil para crescer e alastrar.

    Neste clima de suspeita e ressentimento, as notícias do desaparecimento do Poder deram o melhor dos argumentos àqueles que semeavam o ódio entre os povos.

    As notícias, incompletas e muitas vezes contraditórias, chegavam devagar devido ao isolamento para o qual os quatro reinos tinham relegado Ataf e o seu precioso conteúdo.

    A magia da fortaleza de Ataf estava extinta. As quatro barreiras que protegiam o Poder não foram suficientes. As muralhas da fortaleza já não mostravam nenhuma porta de entrada. E os quatro Guardiões jaziam mortos do lado de fora, mostrando as marcas de uma batalha dura, mas inútil.

    Capítulo 2 - Esh do Fogo

    O jovem Esh acordou muito cedo, mas a mãe não ficou surpresa; o rapaz era o penúltimo dos seus cinco filhos, mas era de longe o mais irrequieto. Todos os dias se levantava antes do amanhecer, preparava o pequeno almoço para si e para os outros e depois irrompia para a rua como se à sua espera não estivessem as tarefas diárias habituais, mas sim a maior de todas as aventuras. Até mesmo quando estava doente, a sua mãe mal conseguia segurá-lo em casa; os irmãos mais velhos consideravam-no um excelente caçador de problemas, enquanto a irmãzinha que ajudava a mãe em casa, já tinha aprendido o modo desta bufar e de abanar a cabeça cada vez que Esh passava a correr. Mas naquele dia foi normal para Esh se levantar ainda mais cedo: era o primeiro dia da festa da Aliança, e o rapaz nunca perderia um momento sequer dos preparativos e da atmosfera de excitação alegre que percorria a aldeia como um tremor.

    De facto, embora nos últimos anos a aldeia de Esh tenha ficado entristecida pelos longos dias de chuva, tal como no resto do reino do Fogo, todos os habitantes aguardavam ansiosamente a semana do mais importante festival dos quatro reinos: durante sete dias e sete noites todas as praças secundárias da aldeia acolheriam enormes fogueiras que iluminariam mesmo as noites mais escuras, enquanto na espaçosa praça central seria realizada a grande feira. Nos acampamentos ao redor da aldeia aconteceriam as famosas Corridas da Aliança, e isso era, com certeza, o que mais interessava a Esh e à rapaziada.

    Esh não fazia a menor ideia por que estas se chamavam assim, e qualquer pessoa da terra teria simplesmente respondido que elas sempre assim foram chamadas.

    A aldeia dele, Stir, ficava no coração do reino do Fogo, a dez dias de viagem da capital, Lumebrando, e os jogos, que aí aconteciam, atraíam sempre pessoas das aldeias vizinhas. Esh adorava assistir às corridas, tanto quanto desejava nelas participar, mas de acordo com os regulamentos, não escritos das corridas, ele teria de esperar mais dois anos; os homens e os mulheres só tinham acesso às competições a partir dos quinze anos, e o rapaz olhava com inveja para os irmãos que podiam participar.

    Na manhã do primeiro dia da festa, o rapaz estava com os amigos na grande praça, onde vagueavam entre as bancas e as tendas da feira até que algum comerciante, mais irritável que os outros, os enxotou de vez. Então, foram até à orla da aldeia onde os primeiros atletas das outras aldeias começavam a chegar.

    Naquela manhã, no entanto, Esh imediatamente percebeu que algo estava errado: assim que abriu os olhos, pulou da cama como de costume, mas uma dor terrível na testa fê-lo sentar de volta na cama. Com os olhos fechados, esfregou a cabeça e quase imediatamente a dor desapareceu. Foi o primeiro a chegar à grande praça e, incapaz de ficar parado, começou a correr enquanto esperava pelos amigos. Os comerciantes que preparavam as bancas olhavam para ele entre o surpreso e o duvidoso e alguém até se riu. Esh, irascível por natureza, começou a sentir-se muito irritado com aquela atitude absolutamente incompreensível; felizmente, naquele momento viu alguns amigos que chegavam e correu ao seu encontro.

    Os três rapazes pararam de repente quando chegaram perto dele.

    – Mas que diabo é que te deu? – perguntou o primeiro que conseguira recuperar a palavra.

    – Olha que é a Festa da Aliança e não o Festival do Fogo Mascarado! – acrescentou o segundo, que olhava para ele com pena.

    – Ridículo! – gracejou o terceiro.

    Esh, já nervoso devido ao comportamento dos comerciantes, não pensou duas vezes e atirou-se àquele tinha rido, espancando-o repetidamente. Os outros dois amigos intervieram para separá-los, mas Esh também os atacou e em poucos minutos tornaram-se num emaranhado de braços, pernas e cabelos loiros incrustados de poeira.

    Por fim, dois comerciantes decidiram intervir porque a poeira levantada pelos quatro garotos estava a sujar-lhes a mercadoria.

    Bem agarrado por um dos mercadores, Esh gritou com raiva para os amigos:

    – Posso saber por que razão estão todos a olhar para mim?

    Em resposta, um dos outros rapazes tirou um pedaço de espelho do bolso e atirou-lho:

    – Já te viste ao espelho esta manhã?

    Ainda furioso, Esh pegou no espelho, olhou para si e mal conteve um grito. Pensando que fosse uma mancha no espelho, tentou limpá-lo nas calças, mas quando olhou de novo teve de se render à evidência: no meio da testa, exatamente onde sentiu a dor ao acordar, estava uma pequena chama vermelha, um sinal que todos conheciam: o símbolo do reino de Fogo. Esh experimentou esfregar a testa com a mão, mas o sinal permaneceu onde estava. Esfregou com mais força até a testa sangrar, mas não havia modo do sinal sair dali. Confuso, olhou para os amigos e para os dois comerciantes.

    – Não percebo. Não desaparece. – conseguiu gaguejar.

    Um dos dois homens encolheu os ombros e voltou para a vida dele; sinais e símbolos não eram a sua competência e os primeiros clientes estavam para chegar.

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