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Megafone
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E-book82 páginas22 minutos

Megafone

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Sobre este e-book

Megafone é um livro de poesia que traz quatro sons em vibrações distintas: Balbuciar, Soluçar, Articular e Recitar. Retrata o amadurecimento do poeta desde sua infância, que durante seu processo criativo encontra não só a delicadeza das palavras, mas a dureza contida nelas também.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de nov. de 2020
ISBN9786588360033
Megafone

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    Megafone - Saulo Ribeiro Torquato

    HABITAÇÃO

    BALBUCIAR

    MEGAFONE

    Antes, pouca coisa me movia,

    nada era meu.

    Sempre com os burros n’água fria,

    uma escuridão feito breu.

    A ver se desatolava, viajei.

    Julgava ir de vez,

    mesmo achando ser estupidez.

    O dia já clareava quando retornei.

    Trouxe um megafone para o ato,

    numa chance de falar,

    falei [mas sem nada explicar!].

    Hoje, a água está menos fria.

    Aos burros dei carta de alforria.

    Ganhei um nome: Torquato!

    O GURI

    No centro da cidade a tarde mansa caía.

    No horizonte o âmbar do sol sumia.

    Mergulhando na turbidez do mar,

    cerimônia de pássaros a revoar

    buscava já os fios de alta tensão.

    Fosse encanto ou fascinação,

    doeu-me o semblante desolado do guri

    fixo na vitrine de trajes infantis,

    cuja expressão conhecia sem precisar ver.

    Ali, senti toda aflição da minh’alma gemer

    naquele entardecer que de maduro caía,

    onde a maré alta furiosa no cais batia.

    Minha mente gravando toda beleza

    do instante, fundia-se à tristeza,

    revelando o mesmo retrato antigo,

    que desde criança trago comigo.

    ODE À BRINCADEIRA

    Mãe, na velha máquina Singer [eterna],

    roupas usadas costurava, cerzia, o corte

    mudava e na finalidade fazia ajustes.

    Lembro dos shorts feitos de pernas

    de calça jeans, o cós em confiança.

    Só hoje, do ridículo deles, lembro.

    Ali não. Acho que naquele tempo

    vaidade não pegava em criança.

    Tudo víamos, mas não havia recalque.

    Lata de óleo virava caminhão tanque;

    de sardinha, jipe; pedaço de linha na mão

    e um caco de telha [e o fanchião de bode

    virava disputa!]. Compulsão de ter? Não!

    Poetas, fazíamos da brincadeira uma

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