Tendência temporal da mortalidade geral por suicídio no estado do Ceará/Brasil, 2000 a 2015
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Sobre este e-book
Estima-se que a cada 40 segundos uma pessoa cometa suicídio em algum local do planeta (Who, W. H. O. R., 2014), o que significa que até 2020 mais de 1,5 milhões de pessoas irão cometer suicídio em todo mundo. Em 2015 ocorreram aproximadamente 800.000 mortes por suicídio no mundo, estando entre as 20 principais causas de morte e sendo considerada a segunda causa de morte por injúrias no mundo (Who, 2017b). Somente em 2014, na Europa, ocorreram mais de 58.000 mortes por suicídio e as tentativas sem êxito conseguem representar 20 vezes mais que esse número (Lovisi et al., 2009; Eurostat, 2014; Who, W. H. O. R., 2014; Freeman et al., 2017). Se pensarmos nas tentativas que não obtiveram êxito, essa problemática ganha números ainda maiores e reafirma a relevância dessa temática para a saúde pública (Who, 2017b).
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Tendência temporal da mortalidade geral por suicídio no estado do Ceará/Brasil, 2000 a 2015 - Jarlideire Soares Freitas
JARLIDEIRE SOARES FREITAS
RAIMUNDA HERMELINDA MAIA MACENA
CARLOS HENRIQUE ALENCAR
RENATO EVANDO MOREIRA FILHO
ROSA MARIA SALANI MOTA
TENDÊNCIA TEMPORAL DA MORTALIDADE GERAL POR SUICÍDIO NO ESTADO DO CEARÁ/BRASIL, 2000 A 2015
logoEditora©2020, copyright dos autores
Todos os direitos em língua portuguesa reservados aos autores.
1ª edição: 2020
Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em citações breves, com indicação da fonte.
ADMINISTRAÇÃO
Cecília Bortoli
GERÊNCIA EDITORIAL
José Fernando Tavares
PREPARAÇÃO DE TEXTO
Juliana Mourinho
CAPA e PRODUÇÃO DO ARQUIVO EPUB
Booknando
Editora FAMPER
Av. Bento Munhoz da Rocha, 1014
editorafamper.com.br | info@editorafamper.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
T291 Tendência temporal da mortalidade geral por suicídio no estado do Ceará/Brasil, 2000 a 2015. Carlos Henrique Alencar; Chiara Lubich Medeiros de Figueired; Jarlideire Soares Freitas; Raimunda Hermelinda Maia Macena; Renato Evando Moreira Filho; Rosa Maria Salani Mota. (Vários Autores). Maringá, PR: Editora Famper, 2020.
900 Kb; epub.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5661-002-3
1.Suicidio 2. Políticas Públicas e Suicídio 3. Tipologia e Natureza da Violência. I. Vários Autores II. Título III. Ebook
CDD: 341.5561
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Elisandra Artus Berté CRB 9/1675.
SUMÁRIO
Capa
Folha de rosto
Créditos
1 - Introdução
2 - Suicídio: uma forma de violência?
3 - Políticas públicas e suicídio
4 - Métodos
5 - Resultados
6 - Discussão
7 - Conclusões
8 - Recomendações
Referências
Apêndices
Notas
Lista de abreviaturas e siglas
Lista de figuras
Lista de gráficos
Lista de tabelas
1
INTRODUÇÃO
O suicídio é definido como um comportamento no qual um indivíduo realiza autoagressão a fim de produzir dano a si próprio, e compreende as ideações, tentativas e a consumação do óbito (Abreu et al., 2010). Há que se destacar que a problemática do suicídio é complexa, atingindo a humanidade de maneiras diferenciadas, por seu caráter multifacetado e por acarretar inúmeras consequências físicas, emocionais e sociais (Morais et al., 2016).
Estima-se que a cada 40 segundos uma pessoa cometa suicídio em algum local do planeta (Who, W. H. O. R., 2014), o que significa que até 2020 mais de 1,5 milhões de pessoas irão cometer suicídio em todo mundo. Em 2015 ocorreram aproximadamente 800.000 mortes por suicídio no mundo, estando entre as 20 principais causas de morte e sendo considerada a segunda causa de morte por injúrias no mundo (Who, 2017b). Somente em 2014, na Europa, ocorreram mais de 58.000 mortes por suicídio e as tentativas sem êxito conseguem representar 20 vezes mais que esse número (Lovisi et al., 2009; Eurostat, 2014; Who, W. H. O. R., 2014; Freeman et al., 2017). Se pensarmos nas tentativas que não obtiveram êxito, essa problemática ganha números ainda maiores e reafirma a relevância dessa temática para a saúde pública (Who, 2017b).
Em 2015, o Brasil ocupou a 14ª posição nas américas, com um coeficiente de 6,3 por 100 mil habitantes (Who, 2017b). Por ser um país populoso, o Brasil possui um coeficiente de mortalidade por suicídio considerado baixo, 5,7% no período de 2004-2010. Entretanto, em números absolutos, encontra-se entre os 10 países com mais episódios de suicídio, sendo 9.852 casos apenas no ano de 2011 (Marín-León et al., 2012; Botega, 2014; Who, W. H. O. R., 2014). A região Nordeste apresentou os menores coeficientes de suicídio no ano de 2012, com uma média de 2,7 mortes por 100.000 habitantes, contudo, essa foi a região do país com o maior aumento acumulado nos coeficientes, crescendo 130% no período de 26 anos (Lovisi et al., 2009).
O suicídio se apresenta como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, representando entre 0,5 a 1,4% de todas as mortes do planeta (Lovisi et al., 2009; Khazaei et al., 2017). No ano de 2012 o Ceará apresentou o maior número de suicídio do Nordeste, o segundo estado com a maior taxa de suicídios da região Nordeste e o 12º do país (Waiselfisz, 2014). No período de 1997 a 2007, ocorreram em Fortaleza 4.326 mortes por suicídio e os coeficientes de mortalidade cresceram de 1,2 mortes/100 mil habitantes em 1997, para 11,0 mortes/100 mil habitantes em 2007 (Oliveira et al., 2012).
Estudos indicam que diversos fatores individuais, sociais e programáticos possuem contribuição diferenciada com o fenômeno do suicídio no mundo. Considerada a 13ª causa de mortalidade no mundo, o suicídio está entre as sete principais causas de morte para ambos sexos, apesar dos homens apresentarem risco aumentado para atentar contra a própria vida (Lozano et al., 2013; Khazaei et al., 2017). Estudo realizado com informações de 91 países apontou uma taxa de suicídio de 10,5%, variando significativamente entre os gêneros. Enquanto os homens apresentaram taxas de mortalidade por suicídio de 16,3 por 100 mil habitantes, as mulheres apresentaram taxas de 4,6 por 100 mil habitantes (Khazaei et al., 2017).
Entretanto, além dos fatores individuais, existem riscos externos que influenciam nessa decisão, como desemprego, problemas familiares, perda de um alguém importante, entre outros (Alasaarela et al., 2017; Arribas-Ibar et al., 2017; Braden et al., 2017; Carbajal et al., 2017; Freeman et al., 2017; Jukkala et al., 2017; Kegler et al., 2017; Khazaei et al., 2017). Estudo realizado no sudoeste asiático também apontou que existe uma correlação entre suicídio e posição socioeconômica e baixo nível de educação, especialmente em países que possuem uma renda alta e um bom desenvolvimento socioeconômico (Khazaei et al., 2017; Knipe et al., 2017).
A relação entre o suicídio questões econômicas e sociais ainda não é claro, porém ao se relacionar com fatores de proteção social de um determinado local, é possível encontrar achados que demonstram uma associação negativa entre os dois aspectos, porém, se faz necessário entender que essa relação pode se dar de forma diferente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento (Kim, 2018). Entretanto, há indícios que sinalizam que as diferenças nos coeficientes de suicídio podem estar relacionadas a fatores prevalentes em áreas com menor grau de urbanização, tais como limitação à serviços de saúde mental, pouco acesso a atenção primária, profissionais de saúde menos capacitados para lidar com a temática e menores níveis de relações sociais (Kegler et al., 2017).
Os países de baixa e média renda apresentam 85% dos casos de suicídio, com crescimento significativo das prevalências nos países em desenvolvimento (Lovisi et al., 2009; Khazaei et al., 2017). Apesar da influência que a pobreza pode ter no suicídio (Fraga et al., 2017), no Brasil, ao se correlacionar os coeficientes de suicídio de grandes centros urbanos e os dados macroeconômicos como desemprego e Produto Interno Bruto (PIB), entre os anos de 2006 a 2015, observou-se correlação negativa com o primeiro e correlação nula com o segundo, demonstrando que as questões econômicas e sociais e o suicídio ainda precisam serem melhor avaliadas (Asevedo et al., 2018).
A idade também vem se apresentando como um fator de risco para o suicídio. O mapa da violência do Brasil de 2014 assinala que o suicídio vem aumentando de forma progressiva entre 1980 e 2012, com coeficientes de incremento de 62,5% na população jovem, a partir dos 17 anos. Já na população geral, entre os anos de 2002 a 2012 esse crescimento foi de 33.6% (Waiselfisz, 2014). No período de 1997 a 2007, dentre os suicídios que ocorreram em Fortaleza, a maioria eram homens, na faixa etária entre 20 a 49 anos, com pouca ou nenhuma escolaridade e solteiros (Oliveira et al., 2012).
O suicídio talvez seja um dos problemas de saúde com mais casos de subnotificação e má classificação em