O banquete
De Platão
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3 avaliações1 avaliação
- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Leitura um pouco pesada, mas em geral um bom livro.
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O banquete - Platão
Esta é uma publicação Principis, selo exclusivo da Ciranda Cultural
© 2020 Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda.
Traduzido do original em grego
Συμπόσιον
Texto
Platão
Tradução
Maria Stephania da Costa Flores
Revisão
Agnaldo Alves
Produção editorial e projeto gráfico
Ciranda Cultural
Diagramação
Fernando Laino Editora
Ebook
Jarbas C. Cerino
Imagens
Irina-PITTORE/Shutterstock.com;
tan_tan/Shutterstock.com;
markara/Shutterstock.com;
Dimec/Shutterstock.com
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
P716b Platão
O Banquete [recurso eletrônico] / Platão ; traduzido por Maria Stephania da Costa Flores. - Jandira, SP : Principis, 2021.
80 p. ; ePUB ; 3,8 MB. - (Clássicos da literatura mundial)
Tradução de: Συμπόσιον
Inclui índice. ISBN: 978-65-5552-329-4 (Ebook)
1. Literatura grega. 2. Platão. I. Flores, Maria Stephania da Costa. II. Título. III. Série.
Elaborado por Odilio Hilario Moreira Junior - CRB-8/9949
Índice para catálogo sistemático:
1. Literatura grega 883
2. Literatura grega 821.14'02-3
1a edição em 2020
www.cirandacultural.com.br
Todos os direitos reservados.
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Apolodoro – Creio que não estou sem preparo a respeito do que quereis saber. Subia eu há pouco à cidade, vindo de minha casa em Falero, quando um conhecido que vinha atrás de mim avistou-me e de longe me chamou, exclamando em tom de brincadeira: Falerino! Eh, tu, Apolodoro! Não me esperas?
Parei e esperei. E ele me disse: Apolodoro, te procurei há pouco, desejando me informar sobre o encontro de Agatão, Sócrates, Alcibíades e dos demais que assistiram ao banquete, e saber como foram seus discursos sobre o amor. Uma pessoa contou-nos que os tinha ouvido de Fênix, o filho de Filipe, e disse que também tu sabias. Ele porém nada tinha de claro a dizer. Conta-me então, pois és o mais indicado a relatar as palavras do teu companheiro. E antes de tudo, dize-me se tu mesmo estiveste presente àquele encontro ou não
. Respondi--lhe: É muitíssimo provável que nada de claro teu narrador tenha te contado, se presumes que esse encontro de que me falas se realizou há pouco, de modo a também eu estar presente
. Presumo, sim
, disse ele. Como, ó Glauco?
, tornei-lhe. Não sabes que há muitos anos Agatão não está na terra, e que ainda não se passaram três anos desde que frequento Sócrates e tenho o cuidado de cada dia saber o que ele diz ou faz? Antes, andando ao acaso e pensando que fazia alguma coisa, eu era mais miseráve1 que todos os outros, e não menos que tu agora, se crês que tudo se deve fazer de preferência à filosofia.
Não zombes
, tornou ele, mas antes dize-me quando se deu esse encontro.
Quando éramos crianças
, respondi-lhe, e quando, com sua primeira tragédia, Agatão venceu o concurso um dia depois de ter sacrificado pela vitória, ele e os coristas.
Faz muito tempo então, ao que parece
, disse ele. Mas quem te contou? O próprio Sócrates?
Não, por Zeus
, respondi-lhe, mas aquele que contou a Fênix. Foi um certo Aristodemo, de Cidateneão, pequeno, sempre descalço; ele assistiu ao banquete, pois era amante de Sócrates, a meu ver dos mais fervorosos. Não deixei todavia de interrogar o próprio Sócrates sobre a narrativa que ouvi, e este me confirmou o que o outro me contara.
Por que então não me contaste?
, tornou ele. Perfeitamente apropriado é o caminho da cidade para que falem e ouçam os que nele transitam.
E assim é que, enquanto caminhávamos, fazíamos nossa conversa girar sobre esse assunto, de modo que, como eu vos disse no início, não me encontro sem preparo. Se portanto é necessário que também a vós vos conte, devo fazê-1o. Quando falo eu mesmo algumas palavras sobre filosofia, ou as ouço de outrem, além do proveito que acredito tirar, alegro-me ao extremo; quando, entretanto, são outros os assuntos, sobretudo os vossos, de homens ricos e negociantes, a mim mesmo me irrito e de vós me apiedo, os meus companheiros, que imaginais fazer algo quando nada fazeis. Talvez também vós me considereis infeliz, e creio que é verdade o que presumis; eu, todavia, quanto a vós, não presumo, mas bem sei.
Companheiro – És sempre o mesmo, Apolodoro! Sempre te maldizendo, assim como aos outros; e me parece que assim, sem mais, consideras a todos os outros infelizes, a começar por ti mesmo, exceto Sócrates. De onde pegaste o apelido de mole, não sei; pois és sempre assim em tuas conversas: contigo e com os outros esbravejas, exceto com Sócrates.
Apolodoro – Caríssimo, e é tão evidente que, pensando desse modo tanto de mim como de ti, deliro e estou desatinando?
Companheiro – Não vale a pena brigar por isso agora, Apolodoro; ao contrário, não deixes de fazer o que te pedi. Conta como foram os discursos.
Apolodoro – Os discursos, em verdade, foram mais ou menos assim... Bem, é do começo, conforme me contou Aristodemo, que também eu tentarei contar-vos. Disse ele que encontrou Sócrates, banhado e calçado com as sandálias, o que poucas vezes fazia; perguntou-lhe então onde ia assim tão bonito.
– Ao jantar em casa de Agatão – respondeu-lhe Sócrates. – Ontem, nas cerimônias da vitória, eu o evitei, por medo da multidão; mas concordei em comparecer hoje. Eis por que me embelezei; a fim de ir belo à casa de um belo. E tu, por que não te dispões a ir sem convite ao jantar?
– Como quiseres – aquiesceu o outro.
– Segue-me, então – continuou Sócrates –, e estraguemos o provérbio, alterando-o assim: A festins de bravos, bravos vão livremente
. Ora, Homero parece não só estragar mas até mesmo desrespeitar este provérbio; pois tendo tornado Agamenão um homem excepcionalmente bravo na guerra, e de Menelau um mole lanceiro
, no momento em que Agamenão fazia um sacrifício e banqueteava, ele imaginou Menelau chegando sem convite, um fraco indo ao festim de um bravo.
– Ó Sócrates, todavia é provável que, não como tu dizes, mas como Homero disse, eu esteja para ir ao festim de um