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Sobre este e-book

Livro Um da saga Pacto Arcano de ficção científica sobre vampiros. Aviso: contém linguagem forte e representações não explícitas de sexualidade gay.

Um salvador improvável emerge para prevenir o evento de destruição em massa e genocídio acontecendo no mundo...

De dia

Los Angeles, 2040. Quando uma terrorista conhecida como Medusa ameaça matar milhões com uma bomba nuclear roubada, Nick Jameson toma uma decisão fatídica. Ele se revela em transmissão global como um Diurno – um vampiro com alma. Para salvar Los Angeles, Nick expõe não apenas seu dom, mas três culturas diferentes baseadas em magia antiga e milenar.

De noite

As três raças meta humanas existem em um cuidadoso balanço, trabalhando para manter a frágil paz. Nick e seus companheiros Diurnos dominam com sucesso sua sede de sangue. As Sentinelas, armadas com mágica e ferro, repreendem seus instintos guerreiros. E até alguns Vampiros, normalmente seus inimigos naturais, desertaram para a Corte de Sombras para se juntarem à tríplice aliança. Nick Jameson está envolvido intensamente com dois Vampiros – o maravilhoso Lorcan e o poderoso Rory. Ambos os homens amam Nick. Mas nenhum pode proteger o novo Embaixador da Humanidade dos eventos que ele mesmo causou.

Pela espada

Jeremy Harkness foi atraído aos serviços de Medusa sob falsos motivos. Um solitário sem ninguém e nada para se agarrar, ele estava disposto a morrer para sua causa. Mas na noite em que Medusa tentou destruís Los Angeles, Jeremy conheceu Nick, acordando seus próprios dons psíquicos. Pois Jeremy é a terceira raça de meta humano, uma Sentinela, nascido para matar Vampiros sem dó nem piedade. E nem Medusa nem a Corte das Sombras aceitarão a paz quando eles podem ter guerra.

Traição e emboscadas espreitam a cada esquina na estrada da coexistência, e a cada curva, Nick deve questionar em quem dentre seus aliados meta humanos, amigos e amantes, ele pode confiar – antes que sua civilização é arrastada para as profundezas da escuridão e do derramamento de sangue. Com magia milenar, romance emergente e alianças sempre mudando, essa série criativa mostra o mundo cintilante, homo erótico de Vampiros, Diurnos, Sentinelas e Humanos, quem batalham pela dominância do mundo em um futuro não tão distante.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento12 de mar. de 2021
ISBN9781071592199
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    Pôr-do-sol - Arshad Ahsanuddin

    Pôr do Sol

    Pacto Arcano: Livro Um

    ––––––––

    Arshad Ahsanuddin

    Consulte o verso para Glossário, elenco principal e linha do tempo

    Parte 1: Revelações

    Capítulo 1

    Janeiro 2040; Los Angeles, Califórnia.

    Tudo parecia pronto para a celebração, quem quer que fosse o vencedor. A cerimônia de premiação era amplamente televisionada, e as pessoas estavam realmente sintonizando esse ano porque o resultado da categoria de Melhor Filme era um assunto de grande debate. Os telespectadores assistiam as celebridades desfilarem pelo tapete vermelho com suas joias e elegância, os vestidos coloridos das mulheres formavam um lindo caleidoscópio que divergia com os tons sóbrios dos ternos dos homens.

    As estrelas se juntaram embaixo da luz refratada do lustre no centro do teatro. A multidão de cristais angulares fez a luz hipnotizar e dançar enquanto rodava, marcando as cortinas que rodeavam o palco e iluminando os arabescos azul-índigo e dourados que desciam das paredes.

    Jeremy Harkness notou tudo isso em sua televisão portátil enquanto seguia o resto de sua equipe até os bastidores. Ignorado por todos, que achavam que ele era apenas outro ajudante de palco, ele estava consciente da pistola no coldre em sua cintura, coberta pela camisa folgada. Se tudo fosse conforme o plano, a equipe Alfa já teria ocupado a sala de controle da emissora. Ele olhou para Medusa. Uma mulher de meia idade em um terno cinza escuro, ela se destacava, calma e dona de si, como sempre. Logo eles iriam fazer sua jogada, e sua equipe estaria ao centro e à frente para proteger o palco.

    Por baixo da música estridente, a equipe Gama colocou de lado a escada para a apresentação final e manobraram a empilhadeira no espaço vazio. Até o momento, tudo estava fluindo de acordo com o plano. Jeremy voltou sua atenção de volta à miniatura de televisão em sua mão. Timing era tudo. Era seu trabalho dar o sinal que colocaria o plano em ação.

    Enquanto o anúncio final da cerimônia se aproximava, as cortinas cintilantes emolduravam uma tela holográfica virtual que apareceu em cima do palco. O silêncio caiu sobre a plateia. A música dramática parou. Celebridades cintilantes inclinaram para frente em seus assentos enquanto assistiam o clipe com os nomeados no ar.

    Após o clipe final, Gavin St. Cloud, um dos atores mais gatos de sua geração e Melhor Ator do ano anterior, se aproximou do atril.

    - Vocês estão prontos? - ele perguntou com um sorriso, pegando o envelope branco ao som de aplausos. Ele sorriu mais. - Eu disse: vocês estão prontos? - o aplauso veio novamente, mais alto dessa vez.

    Jeremy sinalizou para os outros, que colocaram suas máscaras e sacaram suas armas enquanto Medusa avançou para a segunda cortina e esperou.

    Em seu monitor, ele assistia o ator abrir o selo do envelope e puxar um cartão impresso de dentro. Enquanto St. Cloud encarava as câmeras e descia o olhar para ler, Jeremy sinalizou novamente. Medusa subiu ao palco à vista das câmeras, sua espingarda de combate em mãos. Avançando atrás do ator desavisado, que estava espremendo cada gota de suspense antes do anúncio, ela bateu na cabeça dele e ele caiu, contorcendo-se, no chão. Ignorando os suspiros e gritos de plateia, Medusa calmamente bateu nele até que ficasse inconsciente, com a soleira da arma.

    Jeremy estalou os dedos e seguiu sua equipe até o palco, sua metralhadora pendurada pela alça. Dois homens da equipe Beta agarraram o ator inconsciente pelos braços moles e pernas e o arrastaram para fora. Notando o aparecimento de mais homens armados nas saídas, Jeremy e o resto de sua equipe montaram guarda em volta de sua líder enquanto ela ajustava o microfone que usava sobre o cabelo curto e grisalho.

    Ela atirou para cima. - Silêncio!

    As celebridades pararam, rígidas de medo.

    - Senhoras e Senhores, podem me chamar de Medusa. No momento, meu pessoal tem armas apontadas para todos os pontos de acesso do prédio, e nessa sala em particular, assim como na sala de controle da emissora. Eu estou, agora, em controle total de suas vidas. - ela sinalizou para sua equipe na sala de controle.

    A cortina atrás dela subiu, revelando a empilhadeira no centro do palco. Carregava um metal cilíndrico branco de um metro e vinte de comprimento e quarenta e cinco centímetros de largura.

    - O objeto à sua frente é uma bomba nuclear controlada por esse controle remoto. - ela levantou seu braço direito, revelando uma caixa de metal presa ao seu punho. - Estou preparada para detonar esse dispositivo se minhas exigências não forem cumpridas. Eu, por este meio, convido um único representante do governo a entrar no prédio e inspecionar a bomba, apenas para mostrar o quão sério estou falando. Esse convite é válido por uma hora. Vou transmitir minhas exigências nessa mesma hora. Vocês todos devem ficar confortáveis. Ninguém vai à lugar algum por um tempo.

    Jeremy viu as celebridades murcharem em seus assentos, qualquer pensamento de resistência intimidou-se pela equipe Delta cobrindo as saídas e mais homens armados se espalhando pelos corredores de tapetes vermelhos. Uma atriz em um vestido vermelho chamou sua atenção, ela se agarrou com medo ao marido, lágrimas reais fazendo o rímel escorrer pelo rosto. Irônico, ele pensou. Ela tinha acabado de ganhar um prêmio que reconheceu sua impressionante atuação de uma mulher conhecida por sua bravura em batalha. Acho que nunca sabemos quais são os nossos limites até eles serem testados. Jeremy segurou sua arma no ponto, mas por dentro estava calmo, até relaxado, enquanto se acomodava para esperar. A sorte havia sido lançada. Era apenas uma questão de tempo antes da aposta valer a pena.

    Trinta minutos depois, Medusa ainda estava em silêncio no atril, a espingarda prensada contra seu ombro direito. A equipe Gama, transferida para monitoramento de perímetro, subiu no palco, levando um homem alto em um terno azul naval. Medusa olhou para ele de cima a baixo. Depois ela tirou o microfone do atril e apontou para o recém-chegado. - Diga para o pessoal de casa quem você é.

    - Agente Jeffries da filial de Los Angeles do FBI. Estou aqui para avaliar a ameaça nuclear. - a voz do agente era calma e controlada.

    Medusa apontou para a bomba. - Sinta-se em casa, Agente. - a equipe Beta escoltou o agente até o cilindro branco e puxou o invólucro de metal para que ele pudesse ver o compacto e complicado trabalho. Sem correr riscos, Jeremy manteve sua arma apontada para o agente o tempo inteiro em que ele estava examinando os componentes da bomba.

    - Você acredita em mim, Agente Jeffries? - ela perguntou.

    - Parece autêntica - ele disse em um tom evasivo.

    Medusa bufou. - Provas podem ser rapidamente providenciadas, Agente, mas acho que você realmente não iria gostar. Está preparado para minhas exigências?

    - Estou.

    Ela sorriu. - Chegou ao meu conhecimento que o governo dos Estados Unidos secretamente desenvolveu um novo sistema de misseis terrestres adequado para uma implantação nuclear, o que é uma clara violação dos nossos tratados de redução de armas. Eu exijo que os Estados Unidos reconheçam a existência desse programa de armas ilegais e entreguem o protótipo do veículo e seus projéteis para uma parte mais responsável custodiar.

    O agente encarou-a com olhos de coruja enquanto ela virava o microfone para ele. Finalmente ele piscou surpreso e respondeu: - Eu não tenho conhecimento dessa arma que você descreveu. Mesmo se fosse real, eu acho difícil de acreditar que chegaria à atenção de qualquer pessoa.

    Medusa deu uma gargalhada. - Ah, eu te garanto que eu sou capaz, Agente. Eu sou, também, uma patriota honrosa. Assim, eu decidi dar à Administração Daniel a chance de confessar por contra própria. - ela apontou sua espingarda para a bomba. - Naturalmente, eu precisei oferecer algum incentivo. Não foi tão difícil assim colocar as pessoas certas para adquirir a ogiva dos nossos estoques desatualizados. Agora, eu garanto que o programa de armas existe. O que faremos sobre isso?

    O Agente Jeffries a assistiu através de olhos cerrados. - Supondo que ele existe, e o governo confirme. O que você vai fazer?

    Medusa encolheu os ombros. - Assim que a plataforma de armas estiver segura em minhas mãos, eu simplesmente irei sair e levar a bomba comigo. Relativamente simples, de fato.

    - Segura em suas mãos? - o agente Jeffries se endireitou, sua voz estava fria.

    - Eu terei posse do lançador de misseis, Agente. Você trará para mim aqui, e meus homens e eu vamos descartá-lo como eu quiser. - o sorriso da terrorista aumentou. - Até lá, considere a bomba uma apólice de seguro contra sua inevitável tentativa de traição.

    Agente Jeffries encarou-a, surpreso pelo pedido descarado. - Você quer que a gente te dê um lançador de misseis? Creio que será muito difícil.

    Medusa casualmente deixou o cano da espingarda descer e apontar para o agente enquanto olhava para o seu relógio. - Então a cidade vai morrer. Aquela plataforma de míssil vai ser destruída de um jeito ou de outro, Agente. Você tem vinte e dois minutos até o meu prazo original. Se eu não receber a confirmação do local dentro desse tempo, eu detonarei a bomba. Misericordiosamente, eu permitirei mais duas horas depois do prazo para a entrega do veículo de sua atual localização na Base da Força Aérea de Los Angeles. - ela acenou para o seu povo. - Meus homens vão te escoltar para fora, assim você pode se comunicar com seus superiores.

    Equipe Gama escoltou o agente Jeffries para fora do palco.

    Um barulho agudo atravessou o corredor e Medusa hesitou, tentando encontrar a origem do barulho. Atrás de sua máscara, Jeremy franziu o rosto. Algo não estava certo. Uma intensa luz clara brilhou no seu lado esquerdo e transformou-se em um homem loiro de pele clara, de aproxiSenhorante trinta anos que parou a poucos metros de Medusa. Ele estava vestido casualmente em uma blusa de manga curta de linho branco, jeans e tênis. Jeremy abaixou sua arma para a posição que cobria o intruso enquanto o resto da equipe Beta cercava-o.

    O homem levantou suas mãos calmamente. – Calma, Medusa, não estou aqui para te machucar. - sua voz ecoava pelo corredor, perfeitamente transmitida pelo sistema de áudio mesmo não tendo nenhum microfone.

    - Quem diabos é você? - perguntou Medusa, sua postura escorregando momentaneamente.

    Ele abaixou as mãos, encontrando seus olhos com uma arrogância casual. - Meu nome é Nicholas Magister Luscian, mas pode me chamar de Nick caso te ajude a relaxar. - ele assentiu amigavelmente para os homens armados que o cercavam. - Eu te garanto que não sou uma ameaça para você nesse momento. Sou impedido por lei de interferir na sua operação.

    - Como você entrou aqui? - ela latiu.

    - Manipulação dimensional em fases, conhecido também como tele transporte de classe três. - Nick sorriu para ela. - E eu vim porque fui convidado.

    - Tele transporte. - Medusa se aproximou, seu show de temperamento cruelmente suprimido e sua espingarda sem desviar do alvo. - Uma afirmação interessante. Eu não sei quem você acha que é ou como você passou pelos meus homens, mas sei que não foi convidado.

    Nick cruzou os braços sobre o peito, completamente à vontade enquanto ignorava as armas apontadas para ele. Se esse cara não estivesse estragando meses de planejamento, Jeremy estaria admirando seu autodomínio. Ele tinha que admitir que Nick fosse uma figura impressionante, ereto e despreocupado em meio a uma floresta de metralhadores, mesmo estando vestido para ir ao bar.

    - Na verdade, eu fui. Você emitiu um convite para um único representante do governo entrar e inspecionar a bomba. Você não especificou de qual governo. - Jeremy encarou-o através do tecido fino de sua máscara. - O que diabos isso deveria significar?

    Nick olhou para ele, como se tivesse ouvido a pergunta não dita de Jeremy, e continuou a responder. - Existem quatro governos nacionais na América do Norte: os Estados Unidos, Canadá, México e o Conselho de Triunvirato. Estou aqui em nome do Conselho para avaliar a ameaça nuclear. Você deixou os americanos olharem, agora é a nossa vez.

    Medusa o considerou friamente, mas Jeremy pôde ver que sua curiosidade fora aguçada. Merda. Ela nunca desiste de um problema quando ele provoca seu interesse. Era o que fazia dela uma talentosa analista de inteligência, mas só serviria como uma distração aqui. - O que, exatamente, é o Conselho de Triunvirato? - ela perguntou.

    - O Triunvirato governa o Povo Livre da América do Norte e mantém a paz. - Nick manteve contato visual com Medusa, ignorando Jeremy e o resto dos seus homens. Normalmente, nossas leis exigem que deixemos seu povo limpar a bagunça sozinho, mas dessa vez, como você colocou um número significante do nosso povo em risco, o Conselho escolheu intervir dentro dos limites do seu convite.

    Medusa sorriu, divertindo-se além de si. - E quem você quer dizer por meu povo?

    Nick olhou ao redor, para os homens armados em volta dele. - Os humanos.

    Medusa riu alto. Virando para Jeremy, ela mandou: - Livre-se dele.

    Jeremy acenou para um de seus maiores homens. O outro terrorista deixou a arma pendurada pela alça e avançou para agarrar o ombro de Nick. Alcançando, Nick pegou o homem pelo pescoço e, com uma mão, casualmente o levantou do chão. O resto dos homens recuou em surpresa enquanto seu colega sufocava, segurado firmemente pelo aperto do intruso.

    Jeremy saiu do choque. - Mantenham suas armas no alvo. - ele ordenou a seus homens.

    Nick virou-se para olhar para Medusa. - É contra minha honra matar seres humanos, mas o deixarei aleijado sem pensar duas vezes. Agora, por que você não me deixa fazer o meu trabalho e te deixarei fazer o seu?

    Medusa encarou o seu homem, que esteva desesperadamente tentando tirar os dedos de Nick de sua traqueia. - Coloque-o no chão.

    Nick deixou o homem cair no chão com um estrondo.

    - Os termos do seu convite foram bem específicos, Medusa. Você vai me deixar olhar a sua bomba, ou você não é tão honrosa afinal de contas?

    O rosto de Medusa ficou avermelhado. - Tudo bem. Se for preciso.

    Jeremy pôde ver que ela estava incomodada com o insulto, mas ela era muito inteligente para ser isca. Quem quer que esse cara fosse, eles teriam que controlá-lo até que ele pudesse ser descartado.

    Nick andou até o cilindro de metal, parando há alguns metros. Jeremy e três dos seus homens o seguiam, suas armas acompanhando cada movimento.

    - Rapineira, - disse Nick - faça uma análise tática do dispositivo à minha frente.

    Uma nova voz ecoou pelo salão. - O dispositivo é uma arma termonuclear B83, rendimento estimado de 1,2 megatons. É preparada para detonar por controle remoto de micro-ondas. Explosão de detonação no solo irá imediatamente destruir toda estrutura artificial dentro de um raio de três quilômetros, com danos extensos a prédios civis por vários quilômetros além disso, seguido de destruição progressiva e, após, uma tempestade térmica. A subsequente precipitação radioativa tornará uma grande área metropolitana hostil para praticamente toda forma de vida por, pelo menos, trezentos anos.

    - Casualidades planejadas?

    - Casualidade humana estimada ultrapassa três milhões de mortes. Casualidades meta humanas estimadas em vinte mil mortes.

    - Informar Segurança do Armistício que a ameaça é crível e recomendar imediata evacuação de toda a população da área da grande Los Angeles.

    - Confirmado.

    Andando de volta à frente do palco, ele confrontou Medusa. - Rapineira parece acreditar que você está falando a verdade.

    - Seu parceiro deve ter uma boa visão do palco para ser capaz de identificar a arma de forma tão precisa. - disse Medusa, apertando os olhos nas sombras além do palco. - Onde ele está se escondendo?

    - Ele não está se escondendo. Ele está bem aqui. Se apresente, Rapineira.

    - Prazer, Medusa. - disse a voz. - Sou Rapineira, terceira geração de inteligência artificial em contrato de serviço com Nicholas Magister Luscian em nome do Segurança do Armistício. Minha função é prover suporte pessoal, administrativo e logístico em sua capacidade como Embaixador do Conselho de Triunvirato para a Corte das Sombras. Meu programa é atualmente residente em uma rede cibernética de biocircuitos implantada pelo corpo do Embaixador. Minha voz é gerada pela manipulação do ar ao redor simulando um som, e estou transmitindo a voz do Embaixador e o som ambiente diretamente ao áudio local e sistemas de difusão de televisão.

    Enquanto Rapineira estava falando, Jeremy ouviu alguém desmaiar, e então algo mudou. As cores do cômodo pareceram muito claras de repente, e ele sentiu o começo de uma enxaqueca. Ótimo. Tinha anos que eu não sentia uma dessas. Por que agora? O nível do barulho aumentou conforme o cômodo encheu de vozes - muitas para distinguir as palavras. Ele tentou focar em Medusa. Eu não tenho tempo pra isso. Eu tenho um trabalho pra fazer.

    - Tele transporte seria difícil o suficiente para engolir, sem acreditar em IA. - Medusa bufou e olhou para o seu relógio. - Essa tem sido uma distração agradável, mas você agora desperdiçou onze minutos do meu tempo, e eu estou bem ocupada no momento. Eu sugiro que você saia, ou mandarei atirarem em você.

    - Nicholas, - disse Rapineira - estou recebendo uma atualização tática do Segurança do Armistício sendo difundida pelo sistema de redes de comunicação planetária. Uma emergência nível cinco foi declarada na cidade de Los Angeles, Califórnia, subespecificação: ataque nuclear. Evacuação por tele transporte de todo pessoal do Armistício da área começará em dez segundos. Tempo estimado para completa evacuação é de noventa segundos.

    A expressão de Nick endureceu. - Me tire da lista, Rapineira. Eu ficarei um pouco mais. - ele olhou de volta para Medusa. - Só de curiosidade, qual é o seu real objetivo?

    Ela se endireitou um pouco. - Meu objetivo?

    - Eu sei que humanos não precisam de uma razão para matar uns aos outros, mas vocês começaram a ficar mais espetaculares nas últimas décadas. - Nick inclinou a cabeça. - Mas você sabia que o governo americano não aceitaria suas exigências. Você não irá nem ao menos tentar justificar suas ações?

    A terrorista o olhou sem acreditar. - Você está tirando sarro de mim?

    - Um pouco. - disse Nick sem piscar. - Quer dizer, você passou por um bocado para cometer suicídio e levar milhões de pessoas com você.  Aonde você quer chegar?

    - Eu não devo explicações pra você, menino.

    - Então para quem você deve? - Nick olhou ao redor para os homens armados o cercando. - E o resto de vocês? Estão todos tão dispostos a gastar suas vidas para nada? Claro que vocês sabem que ela pretende continuar com isso, certo? Ela apenas esperou esse tempo todo para satisfazer a própria curiosidade.

    Medusa riu e gesticulou para seus soldados. - Não desperdice seu fôlego, Nick. Meus homens são indivíduos muito comprometidos. Eles sabem que estão servindo um propósito maior.

    Enquanto ela falava, por um momento, Jeremy olhou diretamente para dentro de seus olhos. Sua consciência de repente explodiu - imagens e cenas que ele não reconhecia, mas sabia imediatamente que eram verdadeiras em seu cérebro. Ele viu tudo: do momento atual ao momento em que ela concebeu a operação que os levaram àquele lugar. Anos e anos de memória desdobrando diante dele num piscar de olhos, e Jeremy finalmente entendeu como ele foi completamente usado.

    - Sua vadia inacreditável!

    Nick e Medusa viraram o rosto com surpresa para a interrupção. Jogando sua metralhadora para o lado, Jeremy tirou sua máscara e deixou-a cair no chão, revelando sua pele pálida e cabelo escuro. Ele avançou e ficou entre Nick e Medusa. - É tudo mentira, não é? - ele gritou para ela. - Nós acreditamos em você e é tudo besteira!

    Os outros homens armados assistiam em confusão. A parte de trás da mão de Medusa o estapeou, o pegou de surpresa e ele cambaleou.

    - Se controle Harkness, e volte para a sua posição! - ela gritou.

    Jeremy cerrou os punhos ao lado, seus olhos cinza ardentes em raiva sobre a marca vermelha em sua bochecha. - Eu consigo ver o que você é. Você tem mentido para nós desde o começo! Você disse que só iria ameaçá-los, que a bomba era o último recurso, mas você planejou explodir a cidade desde o começo, independentemente do que acontecesse. Isso tudo é sobre vingança, isso tudo!

    Medusa arregalou os olhos e seu rosto ruborizou. - Você não sabe do que está falando, Harkness. Agora cale a boca e volte para o seu posto!

    - Por que você não nos falou da sua família, então? - Jeremy perguntou. - A polícia matou os dois, e agora você só está tentando fazer a cidade pagar. Não tem causa nobre aqui, nunca teve!

    Medusa ficou branca de raiva e apontou a espingarda para Jeremy. - Mais uma palavra e eu te mato.

    - Então me mate. Mas eu não vou morrer por você. - Jeremy apertou a mandíbula em desafio. - Meus olhos estão abertos e eu não tenho medo.

    Medusa encontrou seu olhar irritado. - Tudo bem. Se for isso que você quer. - ela puxou o gatrilho no mesmo momento que Nick se moveu entre eles num borrão. O tiro da espingarda jogou Nick de costas no peito de Jeremy, jogando os dois homens no chão.

    Nick levantou, sua blusa agora estava vermelha e pingando. Jeremy assistia sem acreditar, sem conseguir respirar enquanto estava deitado no chão.

    - Fique abaixado. - disse Nick com uma expressão severa. Ele levantou o punho fechado, e uma luz clara e alaranjada rodeou sua mão. Ele então arremessou a bola de luz em direção da bomba, que estourou em faíscas.

    Medusa gritou de raiva antes de abrir o detonador em seu braço e pressionar o botão de dentro. Nada aconteceu. Uivando, ela atirou em Nick pelas costas.

    Manchas vermelhas e claras apareceram pela parte de trás de sua blusa branca. Ele então se virou e arremessou a arma para longe das mãos de sua agressora, quebrando-a ao meio e jogando os pedaços aos pés de Medusa. Enquanto ela tentava pegar a pistola de forma atrapalhada dentro da jaqueta, Nick dobrou os joelhos e pulou para trás, lançando - o para cima e em uma cambalhota no ar. Enquanto Jeremy assistia, Nick pousou a quatro metros e meio dela, suspenso a dois metros do chão. Recuperando do choque, o resto dos soldados de Medusa abriu fogo, mas Nick ignorou as balas que vinham em sua direção. Suas mãos apertadas na frente do corpo, Nick deu uma pequena pirueta, girando mais e mais rápido enquanto um arabesco de linhas brilhantes apareceu ao redor dele, tecendo um casulo multicolorido de luz. De repente, ele parou, encarando a audiência. Ele esticou os braços ao seu lado, e a bolha de luz expandiu, consumindo os terroristas que ainda atiravam nele. Assim que a luz encostava-se, eles caíam. A luz continuou a espalhar em uma onde esférica até que, eventualmente, chegou ao final do recinto, homens armados caindo como moscas num rastro.

    Jeremy deitou onde estava, amontoado no palco, intocável por qualquer força que derrubava os outros. A maior parte da audiência, ele viu, aproveitou a oportunidade para escapar, tropeçando em seus captores.

    Nick abaixou os braços e caiu no chão. Andando para frente do palco, ele olhou para baixo, para a forma inclinada de Medusa e balançou a cabeça. Virando de volta para Jeremy, ele esticou a mão. - Você pode levantar agora.

    Jeremy ficou de pé, ignorando a mão estendida, e olhou sem certeza ao redor do palco, para seus camaradas caídos. - Eles estão mortos?

    - Não. Só inconscientes. Deem algumas horas e eles vão acordar morrendo de dor de cabeça. - Nick puxou a camisa por cima da cabeça e segurou-a a uma distância para inspecioná-la, ensopada de sangue e cheia de buracos. Ele suspirou. - Eu realmente gostava dessa camisa. - embolando e jogando-a em cima da bomba ainda fumegante.

    - Como você fez isso? - Jeremy encarou Nick em choque. - Você está coberto de sangue, mas não tem nenhuma marca em você.

    Nick encolheu os ombros. - Eu curo rápido. - ele coçou despreocupadamente sua barriga. - Mas eu não vou ser capaz de passar por um detector de metais por alguns dias, até eu metabolizar todas as balas. Quero dizer, credo, o que as pessoas estão usando? Munição de aço?

    Jeremy acenou a cabeça silenciosamente, seus olhos procurando algum sinal dos buracos das balas que deveriam estar cravadas no peito de Nick.

    - Ah, tudo bem então, uma semana normal. - Nick entrelaçou os dedos, formando um triângulo com seus dedões e dedos indicadores. Um brilho verde claro propagou de suas mãos, envelopou seu corpo, e então desapareceu, deixando-o completamente vestido de novo, limpo de machas de sangue. Ele estava agora usando calças brancas por dentro de botas brancas de couro e uma blusa de manga longa, branca, sem colarinho com uma cruz maltesa bordada acima do peito no lado direito em linha prata, sobreposta de três círculos concêntricos em ouro. - Então, Harkness, é seu primeiro ou último nome?

    Jeremy continuou encarando ele. - Último. Meu primeiro nome é Jeremy. - ele engoliu - O que você é?

    Nick sorriu em aprovação. - Essa é uma boa pergunta, e provavelmente a coisa mais inteligente que você disse o dia todo. - seus olhos focaram em algo atrás de Jeremy. - Hora de ir.

    -  -

    Capítulo 2

    O ar atrás de Jeremy brilhou, e um terceiro homem apareceu no palco. Ele estava vestido com uma roupa cinza, parecida com o design da de Nick, e por cima usava um colete de lona bordado com uma logo - uma espada azul cercada por um círculo preenchido de branco pela metade. Braçadeiras de couro preto em seus antebraços, cada uma segurava uma adega embainhada. Seus olhos grandes e escuros silenciosamente expressavam seu entretenimento enquanto olhava fixo para os terroristas caídos e para a caixa chamuscada da bomba.

    - Olá, Nicholas. - ele disse, seus traços cinzentos relaxaram em um sorriso largo.

    - Scott. - Nick deu um sorriso torto. - O que te traz aqui?

    Scott coçou preguiçosamente seu queixo. - Bom... Todos os humanos com armas nas mãos, em quilômetros, desmaiaram. Seu trabalho, acredito.

    - Apenas algo que eu venho trabalhando. - Nick encolheu os ombros. - Uma versão incrementada de um Choque Neural padrão, direcionado a qualquer humano carregando uma arma de fogo.

    - Descobri quando passou por mim. Bonito design. Bom, depois disso não pareceu ter necessidade alguma de manter longe os soldados das Forças Especiais que estavam tentando entrar no prédio, então eu decidi ver se vocês estavam se dando bem. - ele acenou com a cabeça na direção de Jeremy. - Parece que você esqueceu-se de um.

    - Achei que precisaria de uma testemunha.

    A voz de Scott endureceu. - Você acha mesmo que uma testemunha realmente irá ajudar no seu caso?

    - Isso está para ser visto.

    - Por que você aumentou tanto o alcance? Você derrubou policiais e soldados que cercavam o prédio, assim como os terroristas que estavam dentro.

    - Eu não tive tempo para recalcular os parâmetros do feitiço, então tive que manter o raio original de um quilômetro e meio. - a voz de Nick era natural.

    Jeremy começou com aquilo, seu olhar indo do rosto do Scott ao de Nick. - Feitiço?

    Scott o ignorou. - Você o calculou para um raio de um quilômetro e meio, com você ao centro, e visou incapacitar humanos carregando armas de fogo. O que foi projetado para fazer? Derrubar um exército?

    Nick estava eloquentemente em silêncio.

    - Entendo. - Scott suspirou. - Nick, eu te amo como um irmão, mas se eu te deixar sair daqui depois desse fiasco, aí eles vão te caçar e matar sem misericórdia.

    - Eu sei. Faça o que tiver que fazer, Scotty.

    Scott ficou em silêncio por um momento, perdido em seus pensamentos. - Quarrel, - ele disse finalmente. - testemunhe.

    - Registro forense ativado. - disse outra voz sem corpo.

    Scott se endireitou. - Processo judicial da Segurança do Armistício iniciado nessa hora e data, Agente Especial Scott Maxwell Phillips Consul Luscian presidindo. - ele olhou para Nick. - Cidadão, por favor, declare seu nome completo para registro.

    - Nicholas Magister Luscian.

    - Nicholas Magister Luscian, a evidência disponível apresentada indica que você se envolveu em múltiplos crimes de exercício de magia com intenções hostis a seres humanos, sem seus consentimentos.  Você se objeta a essa interpretação do evento?

    - Não.

    - No momento de suas ações, você estava ciente que elas constituiriam em uma ofensa classe um, punível por imediata morte?

    - Sim.

    - Você está, por meio deste, acusado de múltiplos crimes classe um do Armistício. Sua rendição incondicional é requerida dentro do Artigo Um das Regras de Relacionamento.

    - Eu me rendo.

    - A corte considera suficiente a evidência apresentada para sustentar um julgamento de rápida execução. Você tem algo a dizer em sua defesa antes que a sentença seja proferida?

    Nick cruzou os braços e manteve sua posição. - Eu clamo justificação sob o Artigo Três das Regras de Relacionamento.

    Scott franziu as sobrancelhas. - Agir em proteção de vida só é válido para defesa pessoal quando a sua vida realmente está em perigo. Não tem arma suficientemente poderosa nesse recinto para te matar, com exceção do dispositivo nuclear em si, e você teve ampla oportunidade de escapar antes da detonação.

    - Não a minha vida. - disse Nick. Ele apontou para Jeremy, que assistia em fascinação. - Eu estava protegendo a dele.

    Scott olhou para Jeremy. - Artigo Três não se aplica à defesa de humanos.

    - Ele não é humano.

    A mandíbula de Jeremy caiu. - Que?

    - Eu acho que ele é um de nós. Mais especificamente, eu acho que ele é um de vocês. - disse Nick.

    Scott se virou para Jeremy e o analisou. - Eu não vejo evidência do Dom.

    - Você está procurando no lugar errado. - Nick balançou a cabeça. - Acho que seu Dom foi silenciado em favor de uma configuração alternativa.

    As sobrancelhas de Scott se ergueram. - A mutação Celta?

    - Creio que sim.

    - Você tem ideia de quanto tempo faz desde a última vez que um caso de mutação Celta coexistindo com o Dom completo foi confirmado?

    - Quatorze anos.

    - E você acha que encontrou um dos nossos Irmãos Perdidos em tempo de te dar um pretexto para prevenir um massacre na sua cidade de nascimento? Não é uma terrível coincidência, Nick?

    Nick encolheu os ombros. - Coincidência.

    Scott olhou-o calculosamente. - Apresente sua evidência.

    - Enquanto eu estava conversando com a terrorista-líder, eu conduzi uma varredura em todas as mentes do prédio, caso uma oportunidade de intervir aparecesse. - ele olhou para Jeremy. - Alguns segundos depois que toquei sua mente, Jeremy demonstrou telepatia de ordem superior. Ele realizou uma leitura profunda em sua líder, o que revelou suas reais motivações - vingança pelo assassinato de sua família em um fogo cruzado entre gangue e polícia quase há dez anos. Eu já havia, independentemente, verificado esse motivo quando fiz minha leitura.

    Jeremy o encarava com os olhos arregalados.

    - Sua habilidade dormente provavelmente respondeu ao toque direto de outra mente. - disse Scott, continuando a ignorar Jeremy. - Mas telepatia é uma função predominantemente da genética humana e não exclusiva àqueles que têm acesso ao Dom, silenciado ou não. A corte dispensa seu argumento.

    Nick respirou fundo. - O Choque Neural que eu lancei era a qualquer humano carregando uma arma de fogo. Jeremy está usando uma pistola na cintura. - os três homens olharam o coldre da arma no cinto de Jeremy. - Eu não fiz nada que o protegesse do feitiço, e ele escapou do feitiço inteiramente sozinho.

    Scott estava considerando. - A corte suspende o julgamento no momento, até que os parâmetros do feitiço sejam revistos em detalhes e uma explicação alternativa seja apresentada. Apresente seu próximo argumento.

    Nick encontrou os olhos desafiantes de Scott, arrumando seus um metro e oitenta. - A última coisa que ele fez antes que as balas começassem a voar foi citar a última linha do Livro das Palavras.

    Jeremy franziu as sobrancelhas. - Do que você está falando?

    Scott apontou para ele. - Por favor, diga seu nome completo para registro.

    - O que é o Livro das Palavras?

    - Diga seu nome, por favor. - Scott repetiu.

    - Jeremy Kenneth Harkness... Do que ele está falando?

    Scott falou algumas palavras em uma língua desconhecida, e então traduziu. - Meus olhos estão abertos e eu não tenho medo.

    O rosto de Jeremy ficou pálido e cerrou os punhos. - Isso não significa nada.

    Scott se aproximou, mantendo contato visual. - Essas foram as últimas palavras que você iria falar em sua vida mortal. Obviamente, elas têm algum significado para você.

    Jeremy travou a mandíbula. - Não importa. - as palavras são minhas. Ninguém pode tê-las.

    - Meu melhor amigo está em julgamento por um crime capital, tudo por ter salvado sua vida. Você não acha que deve a ele ser honesto comigo?

    Jeremy olhou para Nick, que o estava assistindo intensamente. Finalmente caiu a ficha que ele esteve perto da morte apenas a alguns minutos atrás. Ele cedeu à revelação, chocado demais para medir suas palavras. - É só um juramento de criança que eu inventei, parte de um jogo de faz de conta que eu criei na minha cabeça depois da morte de meus pais. Nunca falei para ninguém sobre isso.

    - Você pode me contar o resto do juramento? - perguntou Scott.

    - Não. - Jeremy cuspiu.

    - Porque significa muito para você compartilhar. - a voz de Scott era gentil. - Mesmo sendo um juramento de criança. Mesmo sendo apenas um jogo de faz de conta. Ainda é vitalmente importante para você, não é?

    Jeremy não disse nada, apenas o encarou.

    - Jeremy, eu nasci humano, mas eu carreguei uma poderosa herança chamada de Dom. É uma mágica hereditária tecida em várias linhas de sangue por milhares e milhares de anos. Só aciona seu poder completo quando herdado dos dois pais e então permanece dormente até que uma sequência especial de circunstâncias o acorde. Nick acredita que você tem o Dom, mas que foi interrompida por uma mutação genética que surgiu na população humana da Irlanda há mais ou menos três mil anos. Causa um curto circuito no Dom e divide seu poder em habilidades psíquicas humanas, como telepatia, premonição e telecinesia. O povo Celta se referia a esse fenômeno como Segunda Visão.

    - A Visão? - os olhos de Jeremy arregalaram. - Mas isso é apenas um mito.

    - Você tem algum ancestral irlandês?

    Jeremy engoliu em seco. - A família da minha mãe era de Dublin. - ele balançou a cabeça. - Não, isso é loucura. Não acredito em vocês. Vocês estão tentando me pregar uma peça.

    - Jeremy, quando o Dom é acionado, ele aciona uma cascata de melhorias físicas que aumentam as habilidades de combate, como força, agilidade e resistência. E então ativa uma sequência programada de memórias e habilidades conectadas à personalidade do Dom, transformando o humano em um soldado instantâneo, com todas as habilidades necessárias para lutar uma guerra intensa que vêm acontecendo às sombras desse mundo por mais de trinta mil anos. - Scott apoiou a mão no ombro de Jeremy. - A pessoa com o Dom deixa de ser humano e se torna uma Sentinela.

    Jeremy deu um passo para trás, saindo do alcance. - Não. Não, isso não é possível. Sentinelas estão apenas na minha imaginação. Eu as criei. Elas eram iguais cavaleiros em armaduras, mas com mágica.

    - Essa é uma descrição justa.

    - Era só um jogo. - Jeremy gritou. - Não era real!

    - Nunca foi um jogo, Jeremy. - Scott disse com uma paciência infinita. - Era um traço de memória que permaneceu do Dom. Uma memória de quem você deveria ser.

    - Eu não acredito em você! - Jeremy levantou os punhos e avançou para atacar.

    - Eu sou um Filho da noite. - Scott disse baixo.

    Jeremy congelou.

    - Eu seguro a linha contra a escuridão, desde o pôr-do-sol até o começo de um novo dia.

    - Eu vivo pela Luz; eu morro pela Luz. - a voz de Jeremy suavizou, maravilhado enquanto voltava às mãos para a lateral do corpo. - Meus olhos estão abertos e eu não tenho medo.

    - Satisfeito? - Nick perguntou.

    - O Artigo Três pode ser mantido. - Scott contou a Nick, sem tirar os olhos de Jeremy. - As acusações contra você estão retiradas sem prejuízo. A corte não encontra nenhuma ilegalidade nas suas ações e estende a você agradecimento do povo Sentinela por defender nosso Irmão Perdido. O processo judicial está, nesse momento, encerrado. Finalizado nessa mesma data com meu selo e assinatura, Scott Maxwell Phillips Consul Luscian, conhecido como Serpente de Água, Segurança do Armistício.

    - Registro forense finalizado. - disse a voz de sua IA.

    Nick expirou vagarosamente. - Você teria feito aquilo, Scotty? Se o veredito tivesse sido outro, você teria tentado me matar?

    - Por uma violação pública desse tamanho, eu teria. Ninguém toleraria. Se eu tivesse deixado você ir, a trégua teria sido abalada. - Scott sorriu enquanto virava o rosto para Nick. - Ênfase na palavra tentado. Você é mais forte que eu, muito mais forte, mas eu teria ganhado tempo suficiente para os outros conseguirem chegar aqui.

    Nick levantou suas sobrancelhas. - Outros?

    - Você é um alvo de grande importância. - Scott encolheu os ombros. - Toda Sentinela no país teria vindo correndo para ter a chance de ajudar a destruir o Assassino de Almas.

    - Encantador. - Nick fez uma careta. - Um vale-tudo místico no coração de Los Angeles.

    - Teria sido uma pena, salvar a cidade de uma destruição nuclear, mas no final reduzir o Sul da Califórnia a vidro derretido. - Scott olhou para as câmeras ao redor. - Então eu devo dizer que você certamente deixou a peteca cair dessa vez. Esse tipo de revelação pública constituiria uma violação classe três se o Triunvirato não tivesse deixado você agir do seu modo. Eu achava que era pra você apenas provocá-la para que ela atacasse você. Por que você não pediu para Rapineira derrubar as câmeras?

    - Lendo a mente de Medusa, eu sabia que ela iria pressionar o botão independentemente. Eu tinha que mantê-la fora de equilíbrio até que pudesse instigá-la à fazer algo precipitado. Entretanto, ela estava curiosa, e tinha uma enorme tendência autoritária. Enquanto eu a desafiasse em público, com as câmeras rolando, ela seguraria a detonação até que pudesse me colocar em meu lugar. Jeremy estragou tudo quando ficou do meu lado. De qualquer forma, é tarde demais para fazer qualquer coisa sobre isso agora. - Nick virou-se para Jeremy. - Falando nisso, é hora de você fazer uma escolha.

    - Qual escolha? - Jeremy olhava de um para outro.

    - Uma das nossas associadas está mantendo um campo de força ao redor do prédio. Ela está mantendo longe os reforços que chegaram para tomar o lugar dos soldados que Nick derrubou com o feitiço.

    O campo de força dissipará quando nos formos. - Nick indicou a bomba. - Você veio aqui para destruir a cidade, Jeremy. O fato de você ter mudado de opinião provavelmente não vai adiantar com as autoridades humanas. Se você quiser ficar aqui, você irá passar o resto da sua vida atrás das grades, junto com a Medusa e o resto deles.

    - Mas você tem outra opção, se quiser escolhê-la. - Scott disse.

    - Qual opção?

    - Você, obviamente, conseguiu acessar subconscientemente algumas memórias do seu Dom, então elas ainda estão aí, apenas suprimidas. Eu posso trazer essas memórias de volta à sua consciência e deixá-lo lembrar de quem és, mesmo que você não tenha as melhorias físicas ou a mágica que deveriam ser suas. Se você escolher esse caminho, você pode vir conosco e encontrar santuário entre o Povo Livre, pelo menos por um tempo.

    - O que eu tenho que fazer? - Jeremy lambeu os lábios nervosamente.

    - Você tem que apenas me dar o seu consentimento.

    - Posso fazer uma pergunta antes?

    - Se você quiser.

    Jeremy olhou para Nick. - Se ele é uma Sentinela, e eu sou uma Sentinela, o que você é?

    Nick sorriu para Scott. - Ele é um dos espertos.

    - Talvez nós devêssemos discutir isso em outro lugar. - Scott disse, olhando para as câmeras novamente.

    - É tarde demais para ser recatado, Scotty.

    Scott engasgou. - Jeremy, no seu jogo de criança, qual era o propósito das Sentinelas? O que eles faziam?

    Jeremy franziu as sobrancelhas. - Eles matavam vampiros. - ele estremeceu. - Eu sei... É imbecil.

    Nick sorriu mais, revelando suas presas.

    -  -

    Capítulo 3

    Jeremy tropeçou para trás em surpresa. - Jesus, Maria e José! - ele encarou Nick. - Você não pode tá falando sério!

    - Eu não disse uma palavra, Jeremy. - Nick parou de sorrir e suas presas retraíram. Sua voz se tornou séria. - Se você escolher viver sua vida como uma Sentinela, você terá que se inteirar dos eventos atuais. As regras mudaram.

    - Eu não entendo.

    - Você vai entender. - disse Scott. - Mas eu preciso do seu consentimento.

    - Tudo bem. - Jeremy se endireitou. - Faça o que você tiver que fazer.

    Avançando, Scott colocou a ponta do dedo indicador no centro da testa de Jeremy. Os olhos de Jeremy arregalaram e ele encarou uma luz brilhante à frente que apenas ele conseguia ver.

    - Jeremy Kenneth Harkness, pelo seu verdadeiro nome eu te vinculo. Eu chamo seu Dom à minha mão, e eu ordeno - lembre-se.

    Uma cascata de imagens passou pela mente de Jeremy, estilhaçando sua consciência em fragmentos de pensamento e memória. Imediatamente, o feitiço costurou páginas rasgadas de sua personalidade, como se montasse um livro.

    Scott afastou seu dedo da pele de Jeremy, e o jovem homem desabou no chão, tremendo.

    - Como se sente, irmão? - Scott o ofereceu sua mão.

    - Acordado. - Jeremy disse, atordoado. - Como se eu tivesse dormido minha vida inteira. - Ele deixou Scott ajudá-lo a levantar. Então ele se virou para Nick. Olhos esbugalhados, ele tropeçou para trás em choque. Jesus.

    - Jeremy, - Nick disse, rapidamente levantando suas mãos. - espere um minuto.

    Jeremy esticou seu braço direito para frente com a palma da mão virada para Nick e seus dedos abertos. O conhecimento de como atacar tinha, automaticamente, subido do seu subconsciente, como se ele sempre soubesse.

    Nick cambaleou e gritou. Caindo de joelhos, ele agarrou a cabeça com suas mãos.

    - Jeremy, espere! - Scott agarrou o punho de Jeremy.

    - Ele é um deles. - disse Jeremy, sua voz recheada de raiva.

    - Me escute, Jeremy. Existem coisas que você desconhece, coisas que você não entende. Deixe-o ir. - Scott apertou o punho do jovem, e Jeremy estremeceu de dor. - Confie em mim. Por favor, deixe-o ir e eu lhe explicarei tudo.

    Ainda olhando para Nick, Jeremy vagarosamente fechou seus dedos em forma de punho, parando o ataque. - Apenas porque ele salvou minha vida. Por causa disso, eu deixarei que você me explique.

    Nick estremeceu e então levantou, presas e garras estendidas. - Essa merda dói! - ele gritou, sua

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