Julia Jones - Os Anos da Adolescência - Livro 6: Sem Tréguas: Julia Jones - Os Anos da Adolescência, #6

De Katrina Kahler

Julia Jones – Os Anos da Adolescência: Livro 6…
Um livro cheio de drama e suspense que descreve as tentativas de Julia para superar os desafios que se atravessam no seu caminho. Além de ser traída pela melhor amiga, Millie, ela faz tudo para reacender o seu relacionamento com Blake, um romance que parece condenado a fracassar. 

Felizmente, ela consegue se distrair um pouco graças ao novo emprego e a uma noite passada em casa da Emmie, algo pelo qual ela ansiava. Contudo, um confronto inesperado vai provocar mais pânico e angústia quando Julia descobre que é vítima de uma nova forma de bullying. Quem será responsável e porquê?

Este livro fabuloso para adolescentes vai prender o leitor desde o início, tentando adivinhar como tudo irá acabar. É um enredo aliciante que, certamente, todos os fãs da série Julia Jones vão adorar.

• Idioma: Português
• Editora: Kc Global Enterprises Pty Ltd
• Data de lançamento: 26 de abr. de 2021
• ISBN: 9781071594940

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Capítulo Um

Sentia uma dor intensa no estômago por causa do meu sentimento de culpa - um turbilhão incómodo que não parava de rodar. Quando os olhos do Blake se cruzaram com os meus, a sua expressão estava cheia de mágoa.

-Blake... - gaguejei. Mas, essa foi a única palavra que consegui dizer antes de ele me virar as costas bruscamente com ar sombrio. Me engasgando, dei um pulo e corri atrás dele.

- Blake, espere, por favor me deixe explicar.

As minhas palavras eram uma perfeita réplica do que a Millie dissera uns minutos antes. Por favor, me deixe explicar... Explicar o quê, exatamente? Que a Millie tinha acertado em cheio no alvo? Que eu ainda era apaixonada pelo Ky? Que o Blake não passava de uma distração, alguém que me ajudava a esquecer o amor da minha vida? Perguntas para as quais nem eu sabia a resposta.

Mas a tristeza e a rejeição que vi na cara do Blake eram muito difíceis de suportar. Eu sabia que ele significava algo para mim, muito mais do que a Millie tinha insinuado, e eu tinha que lhe dizer isso.

Agarrei no braço dele. 

- Blake, espere... O que a Millie disse... não é verdade!

- Não? - perguntou ele, me fitando com um olhar ainda mais carregado.

- Não, não é! - respondi, muito séria, desejando que ele acreditasse em mim. - Eu e o Ky já não andamos juntos. Todo o mundo sabe isso.

- Mas, e você, Julia? Conseguiu superar? Ou eu não passo de alguém que lhe está ajudando a esquecer o Ky como disse a Millie?

Hesitei uma fração de segundo antes de responder. Mas, foi o tempo suficiente.

- Parece que ela está certa!

Afastando a minha mão do seu braço, ele deu meia volta e se afastou. Quanto a mim, não pude fazer mais nada senão ficar olhando o vulto dele desaparecer no aclive.

Senti um nó na garganta e comecei a ter dificuldade em respirar.

Corra atrás dele! Vamos! Corra! Antes que seja tarde demais... - gritava uma voz dentro da minha cabeça. 

Porém, o meu corpo se recusava a ouvir; parecia que estava desligado do meu cérebro. Os meus pés pesavam como chumbo e permaneceram colados ao chão.

Me senti perdida e confusa até que o toque súbito da campainha da escola ecoou nos meus ouvidos e dissipou o nevoeiro que reinava no meu cérebro. Então, reparei no mar de alunos que se dirigia para as aulas da tarde.

Não tinha outro remédio senão ir junto com eles.

Dando meia volta rapidamente, vi a Millie – ainda de pé e imóvel – olhando para mim.  Deu um passo em frente, mas ela era a última pessoa que eu queria ver. Me traíu com o Ky, e agora também tinha estragado a minha relação com o Blake. Será que ele voltaria a falar comigo? Será que ela tinha acabado de arruinar todas as minhas chances de voltar para ele? 

O meu instinto sabia a resposta para essa pergunta.

Se isso acontecesse, a culpa era toda da Millie.

E eu jamais a perdoaria.

Capítulo Dois

Nessa tarde, tinha uma aula dupla de História com a odiada Miss Bromley. No entanto, essa professora deplorável era o menor dos meus problemas. 

Conseguindo chegar primeiro que ela por escassos segundos, procurei um lugar para me sentar, mas a maioria já estava ocupada. Todo o mundo receava as regras estritas de Miss Bromley e ninguém queria correr o risco de chegar atrasado. Mordi o lábio, ciente de ser o alvo de muitos olhares. 

De repente, vi um lugar vago ao lado da Sara, mas jamais me sentaria junto dela. Por isso, não tive alternativa senão ficar ao lado da Millie. A mochila dela estava em cima da mesa; percebi que, provavelmente, ela tinha reservado o lugar para mim. Soltando um suspiro de frustração, abri caminho através da miríade de alunos sentados, lançando um olhar furtivo ao Blake quando passei por ele. Contudo, ele não levantou os olhos do livro aberto à sua frente. Era óbvio que ele me estava evitando. 

Ignorando a Millie, me sentei no lugar, tirei o caderno de notas e só então, olhei para a frente.  Na minha visão periférica, reparei que a Millie me olhava de modo furtivo. Procurando estar em sintonia com o som entediante do monólogo da professora, ignorei todas as tentativas da Millie para chamar a minha atenção. 

- Temos muito trabalho pela frente esta tarde – disse Miss Bromley, sobrevoando o seu domínio com olhos de águia. – Dei a mesma matéria ao outro grupo na semana passada. A partir de hoje, ficam com todos os apontamentos que precisam para fazeram a revisão.

Lembrei, fugazmente, os meus colegas que ainda gozavam a semana no exterior e fiquei curiosa em saber se estariam bem. Imaginei que a Lisa e a Beth teriam muitas estórias para contar depois de regressarem. Tanto quanto sabia, não tinha havido quaisquer problemas com o grupo delas, o que significava que todos tinham seguido as regras. Ao contrário dos garotos com quem, erradamente, me tinha juntado.

Quando o lápis da Millie caiu ao chão e rolou até aos meus pés, a minha atenção se voltou para a sala. Desinteressada, desviei a cara e olhei para o chão. Eu podia pegar o lápis para ela com toda a facilidade, mas ela não merecia que eu fizesse isso. Aliás, ela não merecia qualquer ajuda da minha parte. Jamais. Quando se baixou para o apanhar, olhou para mim. Mantendo a minha expressão glacial, retribuí o olhar fazendo cara séria para que ela percebesse o que estava passando pela minha cabeça.

Como é que as coisas se tornaram tão complicadas e confusas era algo que eu não conseguia entender. A Millie era a minha melhor amiga; pelo menos, era o que eu pensava. A pessoa em quem eu podia confiar. Mas ela me traíu da pior maneira. O mal estava feito e era irreparável.

Perseguir o namorado de uma amiga – ainda que seja um ex-namorado – era um assunto tabu. As amigas não faziam isso. Isso era o nível mais baixo da baixeza, e desperdiçar uma amizade de longa data por causa de uma paixoneta por um garoto era algo inaceitável. 

A Millie sabia o que eu sentia pelo Ky. Certamente, ela sabia que isso me ia magoar muito. 

Quantos às acusações dela sobre qual dos dois eu gostava –  Ky ou Blake – serviam apenas para aliviar o seu sentimento de culpa. Agora eu entendia tudo. 

Embora ela tentasse defender o seu ponto de vista e, talvez tivesse revelado um pouquinho da verdade, isso não tinha nada a ver com o que ela fizera. Imaginei os dois juntos – ela e o Ky - , os braços dela à volta do corpo musculado dele enquanto os lábios de ambos se aproximavam. Fiquei enjoada só de pensar nisso; aflita, fiz um esforço enorme para esquecer tal cenário com medo de começar vomitando em cima da mesa.

Mas a voz de Miss Bromley dissipou os meus pensamentos:

-Por favor, abram os livros e registem estes apontamentos. Vou destacar todos os pontos importantes que discutimos, e sugiro que passem o fim de semana a rever a matéria a fim de estarem preparados para o exame na semana que vem.

De imediato, a Millie procurou uma folha em branco e começou escrevendo furiosamente. Eu queria ignorar, mas ela estava mesmo a meu lado, e não pude deixar de reparar em todos os seus movimentos.

O barulho de papel a rasgar fez com que eu olhasse de lado para a Millie que segurava um pedaço da folha do caderno. Em seguida, ela dobrou o papel cuidadosamente e o atirou para cima da minha mesa. 

Olhei para o papel. O meu primeiro impulso foi atirar para o chão para que fosse varrido como lixo que era. Mas a minha curiosidade levou a