Do Samba à Bossa Nova: Inventando um País
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Do Samba à Bossa Nova - Pedro Bustamante Teixeira
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA
Para as minhas meninas Luanna, Lis e Iara.
Agradecimentos
Primeiramente quero agradecer o meu querido orientador, Gilvan Procópio Ribeiro, que me acompanhou nesta pesquisa com paciência, sabedoria e dedicação. Foi um prazer inenarrável conviver com ele tão de perto pelos dois anos de pesquisa. É ele quem assina o prefácio da primeira edição deste livro.
Também agradeço a Alexandre Faria, meu primeiro orientador, que tive a honra de reencontrar na qualificação e na banca do mestrado e que me orientou novamente no doutorado; Júlio Diniz, que conheci na banca de mestrado e que, na mesma ocasião, me fez o convite para cursar uma disciplina sua na Pós da PUC e que, desde a banca, tornava-se uma grande referência para a minha vida como pesquisador.
Por fim, quero agradecer muito minha família por todo apoio: meu pai, minha mãe; Luanna, minha companheira e as minhas filhas, Lis e Iara.
e o coração que é soberano e que é senhor
não cabe na escravidão
não cabe no seu não
não cabe em si de tanto sim
é pura dança e sexo e glória e paira para além da história
[...]
e o povo negro entendeu que o grande vencedor
se ergue além da dor.
(Caetano Veloso, Milagres do Povo)
Prefácio
A minha proximidade com o trabalho de Pedro, ao mesmo tempo que facilita, dificulta muito a tarefa de falar sobre ele. Acompanhei, durante cerca de dois anos, a pesquisa que ele fez, minuciosa e, não raro, angustiante, pela ansiedade em obter resultados conclusivos. Esta talvez seja uma das características mais marcantes e determinantes de um trabalho acadêmico: sabemos onde queremos chegar, mas precisamos comprovar cada uma das afirmações que fazemos. E o novelo se desenrola muito lentamente.
Pedro faz um levantamento exaustivo dos textos que trabalham com a canção brasileira ao longo do século XX, das origens do samba até sua recuperação com a bossa nova, passando por um exame arguto de cada um dos momentos em que a canção é apropriada ou recusada, em função de interesses variados, que vão da apropriação político-ideológica (leia-se o varguismo) à recusa estético-ideológica (leia-se o modernismo de Mário de Andrade e Villa-Lobos). Não raro, a apropriação e a recusa confluem, moldando um tipo de visão da música e das letras como expressão de uma dada perspectiva – sempre ideologicamente marcada – de identidade nacional. Abandonando o ritmo, a batida inicial do samba modelado nos quintais e terreiros do Rio de Janeiro, a canção brasileira assume uma feição apoteótica (vide Aquarela do Brasil) ou aparentemente internacional (vide a bolerização de nossa canção e a orquestração americanizada, que abafava o violão e praticamente suprimia a percussão).
Pedro se detém analiticamente em cada um dos momentos significativos por que passa a canção brasileira no século XX até chegar ao momento em que se dá a recuperação do samba-samba original através da reinvenção feita por João Gilberto.
O fato de esta pesquisa deter-se em João Gilberto está longe de esgotar o interesse e a intenção de Pedro de aventurar-se mais além. Na verdade, trata-se apenas do pontapé inicial de um projeto que tem um alcance bem maior. Afinal, grande parte da produção de canções e de modulações músico-vocais, na segunda metade do século XX passa, necessariamente, por João Gilberto (Chico Buarque, Caetano, Roberto Carlos dos anos 60, até Adriana Calcanhoto e outros tantos atualmente). Assim, podemos esperar muito mais do esforço de Pedro, que ainda renderá muito bons frutos.
De resto, tenho que agradecer a Pedro a oportunidade e a responsabilidade que me ofereceu ao permitir-me acompanhá-lo em uma etapa de seu percurso. Aprendi muito com ele, músico competente, e nossa convivência foi extremamente gratificante. O verbo no passado pode supor que a convivência terminou. Longe disso! Ela continua! Agora sedimentada em outros patamares e selada por uma amizade que desejo que seja permanente.
Deixemos agora que o leitor refaça por si mesmo – e tenho certeza que o fará com prazer – o caminho de Pedro. Boa viagem!
Gilvan Procópio Ribeiro
Professor da Faculdade de Letras
Universidade Federal de Juiz de Fora
Nota à segunda edição
A história do samba
a luta de classes os melhores passes de Pelé.
(Caetano Veloso – Os meninos dançam)
Um país novo foi inventado com o samba, um país novo foi inventado no carnaval. A bossa nova reafirmou a alegria do samba, estabelecendo uma nova era para a Música Popular Brasileira, mas não se sustentou, enquanto movimento, por muito tempo no Brasil. Caetano Veloso é quem diz: o Brasil ainda há de merecer a bossa nova
. Na atual conjuntura, em que o Brazil parece devorar o Brasil, só nos resta lutar, dentro da baleia
, para que isso ainda seja possível um dia.
A bossa nova, que renovou o samba e toda uma tradição da canção brasileira, foi muito além do Brasil sem jamais deixá-lo. Nenhum movimento artístico brasileiro foi tão longe sem se desgastar no tempo. João Gilberto, que faleceu aos 88 anos em 2019, ainda trazia consigo o mistério da bossa nova e continua atraindo a atenção das sensibilidades artísticas mundo afora.
Mas João há muito estava sumido. Boa parte de sua vida, viveu em reclusão total. Pontualmente se mostrava, mas logo voltava para o claustro. Recentemente, não pôde realizar os concertos planejados para comemorar os seus 80 anos, e se isolou de vez. Seu último disco lançado, o ao vivo João Gilberto in Tokio (2004), é o último registro formal de sua busca. Posteriormente, apenas alguns registros disponibilizado nas redes sociais por sua filha Bebel Gilberto; entre esses um em que aparece de pijama ensaiando Garota de Ipanema com sua filha mais nova. No violão o desenvolvimento ulterior da harmonia de uma das canções mais conhecidas do mundo, lançada no álbum mais vendido da História do Jazz, Getz/Gilberto, em 1964, o que revela que, apesar da repetição aparente, tudo é movimento em João Gilberto. A procura da bossa nova é infinita.
João tentou até os seus último dias obter os originais de seus três primeiros discos: Chega de Saudade (1959), O amor, o sorriso e a flor (1960) e João Gilberto (1961). A trilogia, que também faz parte da discografia de Tom Jobim, e é tida como a essência perdida da bossa nova. Esses discos continuam fora de catálogo, e as canções de uma obra coesa, pensada em cada detalhe, tin tin por tin tin
, dispersam-se pela web em variadas coletâneas, para arrepio da História da Discografia Brasileira. Não por acaso, esses discos que não foram lançados em CD e não podem ser devidamente ouvidos nos aplicativos de música, valem ouro nas lojas de discos especializadas.
O livro Do samba à bossa nova : inventando um país se origina da minha dissertação de mestrado, que escrevi com a orientação generosa do professor Gilvan Procópio Ribeiro. No mestrado tentava entender a história do samba e a eclosão da bossa nova. Se por um lado, o samba construira os moldes da canção brasileira, por outro, a bossa nova renovava toda a tradição do Cancioneiro Nacional. Assim, o livro é o percurso de um estudante que, diante de uma questão, a história do samba – a qual não sabia reponder –, começava a se tornar pesquisador.
Reler este texto, quase 10 anos depois da conclusão do mestrado e cinco anos depois de sua publicação em livro, é se reencontrar com um outro tempo da pesquisa, um outro tempo do país. É se reencontrar com uma perspectiva que parece não fazer o menor sentido agora. Respeitei, no entanto, a pesquisa e o pesquisador em formação. Por vezes, ajeitei o texto, mas sempre no intuito de esclarecer o pensamento de então. Sim, deu vontade de reparar alguns equívocos e de reparar ausências sentidas na banca de mestrado, especialmente, pelo professor Júlio Diniz.
Diniz sentiu, com razão, certo desleixo com a cantora Carmen Miranda e com Dorival Caymmi. Parecia-me preciso para o desenvolvimento da narrativa, no entanto, ressaltar o lado pitoresco de Carmen Miranda, a imagem de Brasil que ela representava no exterior, e assim, acabei por deixar de lado a sua contribuição enorme na modernização do canto do samba no Brasil. Quanto a Caymmi, se nos valermos da sua discografia, se verá que, após ter realizado uma obra mitológica como Canções Praieiras (1954), rendia-se ao sucesso fácil do samba-canção, em sua roupagem mais mainstream, deixando o próximo passo do samba ainda por vir. Caymmi é o elo perdido entre o samba do Recôncavo Baiano, o samba do Rio de Janeiro e a bossa nova. Diniz lembrou do uso recorrente de acordes com sétima maior aumentada, uma novidade no samba que era inserida naturalmente por Caymmi sem causar espanto a ninguém.
Todavia há uma intransigência em João Gilberto sem a qual não haveria bossa nova e, sem a qual, certamente, a sua música não teria ido tão longe e não teria permanecido forte por tanto tempo. A intransigência que João Gilberto sustentou por toda vida fez com que a bossa nova se mantivesse sempre viva e coesa na sua voz e em suas mãos. O país inventado pelo samba e reafirmado com a bossa nova, com o Tropicalismo e com a MPB agoniza. O verde-oliva das fardas militares substitui o verde fulgurante das matas que queimam em um enorme Brasil. Precisamos, tal qual João Gilberto, ser intransigentes para garantirmos que o Brasil, país do samba, do baião e da bossa nova, não se torne outra vez o país da saudade, da tristeza e da melancolia.
O autor
Apresentação
Do samba à bossa nova: uma invenção de Brasil é o percurso de um músico amador e estudante da área de Literatura Brasileira que se esforça para reparar o equívoco de não se incluir nos Estudos Literários Brasileiros, o cancioneiro da música popular brasileira.
Depois de uma monografia em que se verificou possível, a partir de uma metodologia criada no Brasil por Luiz Tatit, e reverberada por José Miguel Wisnik, tratar