Mitos, arquétipos e narrativa: A Jornada dos amantes em Black Mirror
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Mitos, arquétipos e narrativa - Altamir Botoso
mundo.
Prefácio
Comumente o sucesso de uma produção audiovisual seriada está associado ao seu poder de identificação e de sugestão de imagens com a finalidade de afirmar e reafirmar modelos de pensamento e de ação em torno das figurações de suas personagens. A captação de público por parte de uma série televisiva dá-se, em vias gerais, pela construção e pela reafirmação constante de tipos encontrados no seio das sociedades, fazendo com que seus espectadores/leitores se identifiquem mais facilmente com as situações (re)criadas pelo enredo – criando uma espécie de vórtice espelhado que suga, através das malhas narrativas, a atenção de quem se aventura por aquele universo ficcional, mediante a identificação.
Traços de personalidades, status social, modelos de representação... As séries de grande sucesso da atualidade apostam, temporada atrás de temporada, em situações de convenção: o pai que busca reencontrar e reunir sua família, a luta entre tribos e grupos adversários em busca de poder, as dificuldades na vida de pessoas simples e virtuosas, o florescimento da juventude e a descoberta do amor... Estruturas de pensamento e de narração que, obviamente, não foram criadas pelo mundo contemporâneo, como explana Arlindo Machado em A Televisão Levada a Sério (2000): os romances e os teatros medievais já apostavam na repetição de tipos sociais; os romances do século XIX, principalmente os românticos, mantinham seu cerne representativo, enquanto a figuração e a descrição de personagens e ambientes mudavam; as narrativas lendárias e mitológicas, para além da fundação do mundo ocidental, estavam alicerçadas em tais paradigmas representativos.
Na atualidade, as séries televisivas, bem como outras narrativas reconhecidamente populares, replicam os tipos, arquétipos e estereótipos sociais em suas páginas de roteiro, projetando e reordenando um mundo de fácil reconhecimento – consciente ou inconsciente. De episódio em episódio essas estruturas vão sendo aperfeiçoadas e reafirmadas, fazendo com que o espectador fidelize sua identificação e tenda a acompanhar o desenrolar dos imbricamentos narrativos, sendo tragado por um espiral espelhado: ao se ver nas cenas da história, todo leitor é curioso. O que em mim dialoga com o outro ficcional. O que a ficção representa de mim.
Para Umberto Eco, no ensaio "Tevê: a transparência perdida", esse seria o principal traço encontrado nas narrativas seriadas desde o final do século XX até os dias atuais. Nas palavras do semioticista italiano:
A característica principal da Neotevê é que ela fala (conforme a Paleotevê fazia ou fingia fazer) sempre menos do mundo exterior. Ela fala de si mesma e do contato que estabelece com o próprio público. Não interessa o que diga ou sobre o que ela fale (também porque o público, com o controle remoto, decide quando deixá-la falar e quando mudar de canal). Ela, para sobreviver a esse poder de comutação, procura entreter o espectador dizendo-lhe eu estou aqui, eu sou eu e eu sou você
.¹
O caso da série britânica Black Mirror é ícone ao demonstrar a fabulação concisa, a la short stories, espelhando dinâmicas e situações contemporâneas com o invólucro da distopia tecnológica que dialoga diretamente com as ânsias e imagens de cunho universal. Os sentimentos, as reações e os arquétipos humanos em suas percepções mais íntimas e arcaicas: a investigação e olhar por entre o imaginário humano nas cenas do seriado antológico da Netflix é o fulcro de "Mitos, arquétipos e narrativa: a jornada dos amantes em Black Mirror", dos professores Renan da Silva Dalago e Altamir Botoso.
Os autores abrem sua obra, cuja leitura fluida e escrita objetiva envolvem rapidamente o leitor, apresentando considerações sobre a concepção de mundo, essencialmente humana, por meio de imagens, chegando à elaboração das narrativas distópicas - assim introduzindo a série antológica Black Mirror, vencedora de diversos prêmios da crítica internacional e também reconhecida pelo público em escala global. A produção audiovisual, agora com assinatura da plataforma de streaming Netflix, como bem salientado, tece, em seus episódios, cenários distópicos nos quais a tecnologia emerge como grande mecanismo impulsionador das amarras narrativas. O homem contemporâneo vê-se espelhado por entre as telas negras de seus dispositivos em uma projeção de suas principais ânsias, esperanças, medos e tabus.
Amor, ódio, vingança, zelo, traição, ambição, segredos... Sentidos universais que ecoam por entre as cenas de seus episódios. Símbolos e mitos presentes na cultura humana desde suas primeiras organizações. É desse assunto que parte o segundo momento deste estudo de Dalago e Botoso. A manutenção das estruturas míticas no imaginário coletivo, o que corrobora a ancestralidade da fundação, a impressão, a mutualização das experiências humanas no pensamento, na cultura e na História por meio dos arquétipos. De milênios a milênios, séculos após séculos, de geração a geração, os arquétipos surgem como elo entre