Ah, se eu soubesse (estatística)...: A estatística desmistificada

De Jorge Scheidegger

A maioria dos livros sobre Estatística costuma ser bem indigesta. O rigor das teorias e fórmulas pesa com severidade e contribui para a mistificação dessa ciência. Contudo, depois de anos praticando e aplicando essas técnicas, o autor percebeu que os conceitos essenciais são simples. Um pesquisador ou um professor, sem dúvida, deve dominar o tema em profundidade, mas um praticante só precisa conhecer os conceitos essenciais para conduzir a maior parte das aplicações que fará. Quando tiver dúvidas, sempre poderá recorrer aos especialistas.

O livro aborda algumas das técnicas estatísticas mais amplamente aplicadas. Cobre desde técnicas descritivas, bem elementares, para entender como se comportam conjuntos de valores, até algumas técnicas preditivas, mais potentes, usadas para fazer projeções de vendas, por exemplo.

Não menos relevante, a linguagem empregada no livro procura uma aproximação coloquial com o leitor, fugindo de expressões mais herméticas, que dificultam o entendimento. Aprendizado deve ser sinônimo de bom humor, e o leitor encontrará algumas pitadas disso.

• Idioma: Português
• Editora: Falconi Editora
• Data de lançamento: 10 de jun. de 2021
• ISBN: 9786586591057

Pré-visualização do livro

2021.

Capítulo 1

O analfabetismo numérico

1 O analfabetismo numérico

Uma das vantagens competitivas que transformaram os pequenos bandos de hominídeos pré-históricos em sociedades organizadas e de sucesso foi sua capacidade de comunicar intenções e aprendizados de um indivíduo ao outro, de formamais eficaz do que outras espécies. Os gestos e grunhidos de então, que aindahoje compõem o repertório da maioria dos animais, gradualmente cederam lugara uma comunicação verbal cada vez mais articulada, o que tornava aquela espécie muito mais eficiente que as demais na luta pela sobrevivência. O conhecimento acumulado ao longo de cada geração era transmitido por relatos orais das tradições, feitos por anciãos aos jovens da geração seguinte. Foi o registro dessa comunicação, contudo, o principal fator que acelerou o progresso humano. Apósa escrita, a transmissão pôde ultrapassar, definitivamente, a barreira de tempoentre as gerações. Na era da escrita, vemos o nível de alfabetização das diversas civilizações como um bom indicador das diferenças no avanço socioeconômico das nações.

Posteriormente foi notado que, ainda mais importante do que ter um alto padrãode alfabetização, importa também promover e desenvolver a alfabetização funcional. Este outro conceito avalia mais que a capacidade de ler e escrever mecanicamente. Ele avalia a capacidade de interpretar e raciocinar sobre aquilo que selê e se escreve. Para absorver os conhecimentos que cada um lê ou ouve, nãobasta usar a linguagem verbal e a escrita correta, é preciso empregar habilidades cognitivas para que os conteúdos das falas e dos textos sejam entendidos no seu significado. Essa relação entre a alfabetização e a alfabetização funcional também é observada no contexto mais estreito das ciências exatas, ligando, de maneira análoga, a Matemática e a Estatística. A Matemática é como uma alfabetização requerida para calcular resultados de contas, mas é na Estatística que estão as ferramentas para interpretar funcionalmente os resultados