Ah, se eu soubesse (Inteligência Artificial)...: Uma Viagem aos "Cérebros Eletrônicos"

De Jorge Scheidegger

Poucas coisas avançaram tanto nos anos mais recentes quanto a capacidade dos dispositivos eletrônicos que nos cercam. Smartphones traduzem textos entre inúmeros idiomas, sem contar que também ouvem e entendem o que falamos; aparelhos de localização com GPS encontram sua posição em quase qualquer lugar da terra, com precisão de metros; máquinas robóticas substituem o homem em atividades de alto risco e dificuldade com muito maior precisão e menor exposição. O que possibilita todas essas façanhas, e muito mais, é a Inteligência Artificial, ou IA.

Mas o que é a IA? A ficção (científica, mas às vezes, nem tanto) propõe estereótipos, em geral, antropomórficos, com todas as virtudes e efeitos observáveis no amplo espectro do comportamento humano. Se com tudo isso já é difícil entender o comportamento humano, alcançar a compreensão da IA nessas circunstâncias parece completamente inatingível. O propósito deste livro é desmistificar boa parte dessa percepção.

Ao longo do texto, serão apresentados diversos elementos que compõem os artefatos dotados de IA. Será explicado, em linguagem acessível, como esses elementos foram desenvolvidos e serão apresentadas algumas técnicas para construí-los. O leitor verá, no final das contas, que não há nada misterioso nessa IA.

• Idioma: Português
• Editora: Falconi Editora
• Data de lançamento: 10 de jan. de 2022
• ISBN: 9786586591095

Pré-visualização do livro

1 Sonhos e pesadelos

O homem é um eterno insatisfeito. Procurar maneiras de satisfazer tais anseios, sempre presentes, embora mutantes, é uma das forças mais poderosas para o progresso da humanidade. Podemos entender essa permanente insatisfação sob dois aspectos. Um deles é o da pirâmide das necessidades humanas de Abraham Maslow,viii que começa com as mais fisiológicas, de sobrevivência e preservação; passa pela segurança de ter um abrigo e meios para sustentar-se; segue com as necessidades de socializar em família, clãs, grupos e comunidades; passa pela estima proporcionada pelo reconhecimento e respeito dos outros; e alcança o topo na autorrealização, em que o próprio indivíduo se desafia e cria sua autoconfiança e independência. O outro aspecto é o da fugacidade do estado de satisfação, que, por uma necessidade atendida, dura pouco, na medida em que o elemento conquistado se incorpora ao natural do indivíduo. A insatisfação com outras necessidades ainda não atendidas logo volta a dominar, de modo que o estado natural das pessoas é o de