Ilhas de Calor em Cidades Tropicais de Médio e Pequeno Porte: Teoria e Prática
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Sobre este e-book
Para adentrar ao espaço urbano e refletir sobre a diversidade inerente às cidades de médio e pequeno porte do ambiente tropical continental, capaz de gerar um clima específico, diferente do entorno rural e com particularidades no intraurbano, a autora optou por aplicar o roteiro metodológico para o diagnóstico das ilhas de calor em Presidente Prudente, cidade de médio porte, localizada no oeste do estado de São Paulo, Brasil. São evidentes os avanços na representação espacial das ilhas de calor utilizando-se de técnicas de sensoriamento remoto e da modelagem espacial.
Destaca-se a análise inédita da evolução e manutenção diária e sazonal das ilhas de calor em diferentes tipos de tempo atmosférico, assim como a sua modelagem espacial, que expressam procedimentos e resultados que podem interessar a profissionais da Geografia, da Arquitetura e Urbanismo, aos atores da área da saúde, aos técnicos de planejamento, aos tomadores de decisões na gestão pública e ao público em geral.
Os resultados aqui apresentados revelam fortes alterações do clima na escala local, decorrentes do processo de produção do espaço urbano, com intensidades de ilhas de calor que se aproximam daquelas diagnosticadas nas metrópoles e atestam a necessidade de políticas públicas capazes de contribuir para a mitigação desse fenômeno, na medida em que a maior parte da população brasileira vive em cidades de porte médio e pequeno.
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Ilhas de Calor em Cidades Tropicais de Médio e Pequeno Porte - Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2019 dos autores
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Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior — Brasil (Capes) — Código de Financiamento 001. Programa de Pós-Graduação em Geografia – Unesp – Presidente Prudente.
Aos meus filhos, Amanda e Gustavo,
e ao meu companheiro de vida, Amilton.
AGRADECIMENTOS
A realização deste trabalho foi possível graças ao apoio, auxílio e incentivo de diversas pessoas e instituições. Registro aqui minha gratidão a todas elas, e de maneira especial:
À Universidade Estadual Paulista, à Faculdade de Ciências e Tecnologia e ao Departamento de Geografia, por me proporcionarem condições de trabalho e me possibilitarem a dedicação para a realização da pesquisa.
Ao apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior — Brasil (Capes) — Código de Financiamento ٠٠١ — e ao Conselho do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Unesp — campus de Presidente Prudente.
Ao CNPq, pela concessão de bolsa de produtividade em pesquisa.
À Fapesp, pelo financiamento de projetos que permitiram a aquisição de equipamentos utilizados nesta pesquisa, desde o projeto temático (Processo: 05/55505-3), coordenado por Messias Modesto dos Passos (parceiro e amigo), até o projeto regular (Processo: 2014/16350-3) e de cooperação/chamada Fapesp/Sprint ٣ª edição/٢٠١٥ (processo: ٢٠١٥/٥٠٤٣٩٤).
Aos colegas e amigos do Departamento de Geografia da FCT-Unesp, especialmente aos docentes do grupo de pesquisa Interações na Superfície Terrestre, Água e Atmosfera (Gaia), João Lima Sant’Anna Neto, José Tadeu Garcia Tommaselli e João Osvaldo Rodrigues Nunes, pelas trocas de experiências no cotidiano da pesquisa, e à Maria Encarnação Beltrão Sposito (Carminha), pelo incentivo desde sempre e pelas dicas na redação da trama
da pesquisa.
Ao parceiro e amigo Vincent Dubreuil, da Universidade de Rennes II, França, por me introduzir no mundo do Sensoriamento Remoto e da modelagem espacial.
Aos meus alunos e alunas, que são o objetivo maior de minha atividade profissional, com agradecimento especial aos meus orientandos Tiago Santos Milani, Washington Paulo Gomes, Guilherme Silva de Sousa, Gustavo Henrique Pereira da Silva, Mayara Barbosa Vidal, Renata dos Santos Cardoso, Larissa Piffer Dorigon, Danielle Cardozo Frasca Teixeira e à Gislene Figueiredo Ortiz Porangaba.
Às pessoas que acolheram e cuidaram dos equipamentos no período de realização da pesquisa em Presidente Prudente e também àqueles que se empenharam em encontrar abrigo nos melhores locais para os registros de dados, especialmente à Simone Scatolon Menotti Viana (amiga de longa data), ao Cesar de Alencar Souza e ao Diego Rafael Cavallaro.
À minha querida família, pelo apoio eterno e amor incondicional: meu pai, Arlindo; minha mãe, Luzia; minhas irmãs, Marcia e Michele; meu irmão, Marlon (in memoriam, de onde estiver...); e irmãos de coração, Edilson e Ademar... vocês são meu porto seguro...
Mesmo quando tudo parece desabar,
cabe a mim decidir entre rir ou chorar,
ir ou ficar, desistir ou lutar;
porque descobri, no caminho incerto da vida,
que o mais importante é decidir.
(Cora Coralina)
PREFÁCIO
Esta obra da Margarete Amorim, Ilhas de calor em cidades tropicais de médio e pequeno porte: teoria e prática, materializa um desafio com que todos os climatólogos estavam confrontados na atualidade: tornar essa área do saber socialmente útil trazendo evidência científica robusta para escolher novas formas de acomodar pessoas e atividades no seu ecossistema. E em que ecossistema poderia ser mais oportuno esse exercício? No urbano, claro!
A investigação em climatologia urbana, com mais de cinco décadas de exercícios aplicados, se considerarmos como marco histórico o trabalho de T. J. Chandler em Londres nos anos 60 do século XX, o que não é sequer consensual, tem mostrado a eficácia dessa escala de abordagem para compreender o modo de funcionamento do sistema climático e o seu caráter caótico e organizado.
Todavia, já estava de fato na hora de alguém parar um pouco, assimilar os resultados obtidos nesse domínio científico e, usando um suporte territorial específico, drenar todo o conhecimento acumulado para testar realmente o valor e a importância do salto qualitativo, para a sociedade, trazido pela climatologia aplicada.
A Margarete Amorim abalançou-se a partir de um território cujas características não têm sido as preferidas nesse tipo de estudos — Presidente Prudente, uma cidade média no oeste do estado paulista que, segundo as estimativas do IBGE, tem, em 2020, um pouco mais de 230.000 habitantes.
Contudo, a Margarete Amorim, como evidencia neste livro, insistiu, durante as últimas duas décadas, em dissecar, com sabedoria, com inteligência e sem dor, esse ser vivo — Presidente Prudente — trazendo para o seu laboratório e aplicando, à medida que foram surgindo, todas as ferramentas disponíveis que lhe permitissem conhecer melhor o seu alvo sem o sufocar. E não procurou esse conhecimento a partir do conforto da sua bolha. Não. A Margarete deu a volta ao mundo, escolheu a dedo quem queria conhecer, interpelou quem entendeu que deveria, envolveu-se e quis partilhar planos experimentais noutras latitudes e, como é próprio dos geógrafos, esteve sempre fisicamente presente nos lugares que queria compreender.
Foi numa dessas investidas que a conheci, em Portugal, em setembro de 2006. E, só depois, o seu trabalho e o seu laboratório vivo: Presidente Prudente.
A partir daí, cruzamo-nos muitas vezes em desafios umas vezes comuns, outras diversos, mas sempre em prol do mesmo objetivo: robustecer o conhecimento em climatologia e aplicá-lo para a promoção de espaços mais saudáveis e mais felizes.
Precisávamos, de fato, que alguém parasse um pouco e sintetizasse, com uma linguagem escrita e gráfica expressiva e simples, as múltiplas dimensões espaciais e temporais implicadas na leitura e na interpretação das relações que o sistema climático estabelece com o contexto biogeofísico, com as opções de uso do território e com os perfis sociais, econômicos e culturais de quem o usa.
A Margarete fê-lo e muito bem. A nós compete aproveitar esta obra magnífica com mais de 140 páginas e dezenas de figuras para divulgar o estado da arte nessa matéria e mobilizar mais investigadores para prosseguir e avançar no conhecimento em climatologia aplicada.
Só a Margarete Amorim, pelas características pessoais e profissionais, poderia, em rigor, fazer essa síntese urgente do ponto de vista científico e pedagógico com essa qualidade. E penso que acompanho muitos se lhe agradecer esse esforço altruísta para nos oferecer um marco a partir do qual os nossos caminhos de investigação em climatologia ficam muito mais facilitados.
Tenho a certeza de que o livro Ilhas de calor em cidades tropicais de médio e pequeno porte: teoria e prática será lido e relido, para já, pelos lusófonos, mas consultado por toda a comunidade científica que se dedica a essa área temática.
Parabéns, Margarete. E agora vamos ao próximo!
Porto, 3 de novembro de 2020
Ana Monteiro
Prof.ª catedrática do Departamento de Geografia
Universidade do Porto — Portugal
APRESENTAÇÃO
Esta obra retrata o conhecimento construído com o grupo de pesquisa Gaia (Interações na Superfície Terrestre, Água e Atmosfera, cadastrado no CNPq desde 2002), por meio das reflexões teóricas e práticas desenvolvidas na orientação de pesquisas, não só na pós-graduação, mas também na graduação, em cerca de 30 cidades de pequeno e médio porte.
Para se adentrar o espaço urbano e refletir sobre a diversidade inerente às cidades de pequeno e médio porte do ambiente tropical continental, optou-se, como exemplo analítico, pela cidade de médio porte de Presidente Prudente, localizada no oeste do estado de São Paulo.
Do ponto de vista teórico, a pesquisa fundamentou-se na abordagem do paradigma do Sistema Clima Urbano, proposto por Monteiro (1976), e além dele, buscou-se refletir sobre a perspectiva de análise da Geografia do Clima, de Sant’Anna Neto (2001).
Foram muitos trabalhos de campo com diferentes formas de registros, tratamento e análise dos elementos do clima que proporcionaram a segurança de se chegar aos procedimentos metodológicos aqui apresentados. Por meio desses procedimentos, buscou-se desenvolver um roteiro metodológico para associar os registros da temperatura do ar com as temperaturas dos alvos, analisando-se as ilhas de calor da atmosfera inferior, obtidas por meio do registro das temperaturas do ar, e as ilhas de calor superficiais, diagnosticadas por técnicas de sensoriamento remoto.
Longe de considerar esse assunto encerrado, neste livro, pretende-se contribuir para o debate sobre a teoria e os procedimentos para o diagnóstico e a caracterização das ilhas de calor de cidades de pequeno e médio porte no ambiente tropical continental, levando em consideração as características dos sistemas atmosféricos que propiciam não apenas a geração das ilhas de calor, mas também a sua evolução diária e suas magnitudes de acordo com as características de ocupação e uso da terra, da forma urbana e de seus padrões construtivos.
A obra está organizada nos seguintes capítulos: na introdução, apresenta-se a trama
da pesquisa e suas justificativas. No capítulo dois, discute-se o contexto teórico e prático para o estudo das ilhas de calor em cidades de pequeno e médio porte. No terceiro capítulo, são apresentados os caminhos para o diagnóstico das ilhas de calor em cidades de pequeno e médio porte. No quarto capítulo, partindo-se dos pressupostos teóricos e dos procedimentos metodológicos evidenciados nos capítulos anteriores, apresenta-se a aplicação do método e das técnicas para o diagnóstico das ilhas de calor, tendo como exemplo analítico Presidente Prudente. No quinto capítulo, sintetizam-se as características das ilhas de calor no ambiente tropical em cidades de pequeno e médio porte. Nas considerações finais, há reflexões acerca da importância de se estudar as ilhas de calor em cidades de médio e pequeno porte e dos avanços teóricos e metodológicos para o seu diagnóstico.
Sumário
1
INTRODUÇÃO 17
2
O CONTEXTO TEÓRICO E PRÁTICO PARA O ESTUDO DAS ILHAS