O Direito Bancário em Pesquisa Empírica nas Decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça
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Sobre este e-book
No espaço dos tribunais, o trato da matéria também é difícil. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça venceram as duras batalhas tratando dos institutos que do Direito Bancário fazem parte. Mas não apenas isso: houve um heroico e profícuo esforço para sistematização, condensação e compreensão do que decidiram em nível de competências originária e recursal. A coleta de tais informações foi buscada neste livro.
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O Direito Bancário em Pesquisa Empírica nas Decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça - Celso Lopes Seus
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO DIREITO E CONSTITUIÇÃO
Tenho a honra de poder dedicar este livro à Universidade La Salle, Canoas-RS, cujo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito iniciou, no ano de 2014, o curso de mestrado em Direito e Sociedade. E no ano de 2019, iniciou o curso de doutorado em Direito.
O programa tem duas linhas de pesquisa.
A linha de pesquisa Efetividade do Direito na Sociedade insere os acadêmicos nas questões relativas à legitimidade do Direito perante a sociedade.
A linha de pesquisa Sociedade e Fragmentação do Direito demonstra aos acadêmicos que essa fragmentação decorre de forças sociais – interdisciplinares – que sobre ele atuam e produzem mudanças decisivas.
As linhas de pesquisa revelam uma inigualável amplitude à pesquisa acadêmica, ao mesmo tempo que permitem a condensação de institutos diversos visando à melhor capacitação daqueles que serão futuros mestres e doutores.
Agradecimentos
Agradeço, especialissimamente, a todos os professores do PPG stricto sensu em Direito da Universidade La Salle, Canoas-RS, pelo inigualável magistério, estremado grau de profissionalismo, simplicidade e ao mesmo tempo grandiosidade de espírito, ao fazerem inserir seus alunos no pensamento acadêmico e revelarem a urgente necessidade da pesquisa empírica em direito, ferramenta essencial para o estudo, compreensão e conhecimento da ciência jurídica.
Portanto, devias ter entregado as minhas pratas aos banqueiros; e,
quando viesse, receberia o {que é} meu com juros.
(Mateus, 25:27)
PREFÁCIO
O Sistema de Justiça brasileiro vem experimentando um marcante movimento no sentido da revalorização das decisões judiciais. O Poder Judiciário, em uma sociedade marcada por profundas injustiças e desigualdades, é reiteradas vezes exigido para delimitar o papel das instituições e dos institutos, notadamente, entre outros, aqueles ligados à ordem econômica e financeira. São constantes os debates sobre as funções e os limites da aplicação dos princípios constitucionais da propriedade privada, livre concorrência, defesa do consumidor, redução das desigualdades... Abundam interpretações das mais variadas, todavia o signo da segurança jurídica se afigura cada vez mais ligado à chancela jurisdicional.
Se, de um lado, a jovem democracia brasileira experimenta e identifica seus limites, por outro, o atual momento da evolução da humanidade apresenta a cada dia uma infinidade de novas situações oriundas da era digital e que necessitam realce dos contornos e definições dos institutos jurídicos, para o enfrentamento das novas e até mesmo impensáveis situações. Impossível ao legislador prever tudo, e, no mais das vezes, a lei está atrasada em relação ao fato. Nesse contexto, o poder do intérprete jurisdicional ganha relevo e relevância ao atualizar e adequar a previsão legal ao caso concreto.
A dicção judicial, por vezes recalcitra, apresenta-se disforme e, com os auspícios do ditame constitucional do irrestrito acesso à Justiça, também estimula a litigância frívola, talvez mais afeta aos patronos do que aos constituintes, alimentando o já sobrecarregado Sistema de Justiça. Inegavelmente, a complexidade da sociedade enseja a necessidade de solução judicial uniforme concernente aos elevados preceitos do desestímulo à improbidade processual com vistas a evitar a ideia de que cada qual merece uma decisão judicial exclusiva e única, sem amparo em paradigmas anteriores.
O cenário que se descortina revela a necessidade de o Sistema de Justiça brasileiro adotar, de forma crescente, soluções de prestígio aos julgamentos paradigmáticos que sirvam de referência para os demais e, fundamentalmente, a fim de que aqueles que se predispõem ao ingresso de demandas tenham a antevisão do que os aguarda. Com efeito, os pronunciamentos judiciais servem como instrumentos de persuasão não só para os litigantes, mas também para aqueles que não o são, como elemento de previsibilidade negocial, pois, sabedores do resultado em casos análogos, adotarão posicionamento negocial; tendem a ser mais precisos os contratos bancários diante da simetria de informações e da certeza da interpretação jurisdicional futura.
Os pronunciamentos judiciais desempenham função importante na igualdade de tratamento na sociedade; avulta a isonomia de tratamento diante de situações formais e materialmente iguais, pelo qual se reforça o sentimento de justiça social e se promovem a estabilidade e a segurança das relações. A função nomofilácica dos pronunciamentos judiciais visa exatamente à uniformização da interpretação e aplicação do Direito, para que o sistema contenha em si uma estabilidade e uma previsibilidade.
Não basta, portanto, a compreensão da jurisprudência como uma pluralidade de decisões concernentes a vários e diversos casos concretos, ainda que sobre tema comum, com enfoques diversos. Cada vez mais o Sistema de Justiça está por exigir decisões com vigor vinculante, e não meramente persuasivo, decisões das quais se possa extrair uma tese jurídica que constitui o cerne de determinado posicionamento capaz de predeterminar futuros julgamentos, ganhando elevado grau de força, e capaz não só de persuadir o julgador, senão vinculá-lo e, por conseguinte, toda a sociedade. São exemplos disso as decisões em controle concentrado de constitucionalidade, as súmulas vinculantes, os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinários e especiais repetitivos, bem como os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça de matéria infraconstitucional.
Em boa hora, recebo a obra do colega e amigo Dr. Celso Seus, personalidade ímpar que tive a oportunidade de conhecer vivamente no âmbito da Comissão Especial de Direito Bancário da honrosa seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil. Em nosso fraterno convívio foi possível constatar o raciocínio rápido e preciso de quem milita na atividade forense bancária por muitos anos e, por isso, conhece a importância dos pronunciamentos judiciais na construção do Direito como ele é. A obra apresenta o Direito vivo, como ele de fato se apresenta no cotidiano. O leitor com certeza identificará na presente obra grande valor para soluções de questões que somente a pesquisa empírica é capaz de resolver, por meio de proposições tratadas rente à vida, sem desvios, que somente um advogado bem formado acadêmica e tecnicamente como o Dr. Celso Seus poderia nos brindar.
A minha satisfação da leitura sem dúvida se acrescentará à do leitor.
Gramado, outono de 2020.
Alexandre Schmitt da Silva Mello
Professor, advogado e consultor jurídico
Especialista em Processo Civil pela UFRGS
Mestre em Direito pela PUCRS
Doutorando em Direito pela UFRGS.
APRESENTAÇÃO
O Direito Bancário não está, lamentavelmente, no rol de disciplinas regulares das faculdades de Direito. Não está entre as matérias adoradas pelos alunos da graduação ao doutorado. Não costuma ser assunto recorrente de monografias ou dissertações. Ainda, é tema visto com parcimônia pelo Poder Judiciário, que o enfrenta, via de regra, apenas como matéria que representa grande volume de processos; simplesmente, em números absolutos. O Direito Bancário enche o cartório judicial, e isso incomoda mais pelo efeito físico do que pela representatividade das controvérsias.
O tema, todavia, merece importância pelo que representa na economia, nas relações pessoais e empresariais. Inclusive, pela importância, o Sistema Financeiro é temática constitucional. Está lá, no Título VII, artigos 170 a 192.
Cada processo, cada fato posto em julgamento, não importando qual o polo ocupado pelo banco na relação processual, representa, ab initio, a situação singular contratual que, não raras vezes, pode repercutir no mundo jurídico e, principalmente, nas relações comerciais bancárias futuras.
O tratamento e o direcionamento que a jurisprudência dá ao tema bancário são elementos fundamentais para aferição, inclusive, das taxas praticadas pelas instituições financeiras, e isso, por decorrência natural, impacta a vida de todos. Daquele que litigou e daquele que é cliente bancário sem processo ajuizado. É corolário lógico. Se determinada operação bancária é limada por julgados dos tribunais de Estado ou pelos tribunais superiores, ela passa por transformações que afetam o futuro tomador daquele crédito. E não só o tomador direto, pois, muitas vezes, quem toma o crédito é fornecedor de bens e serviços que, diante das mudanças na operação contraída, regulam o preço, o que afeta, portanto, a vida de toda a população. Portanto, ainda que inter partes, o efeito de uma decisão sobre matéria bancária será sempre erga omnes diante do efeito ao negócio dos bancos.
Tais considerações são importantes para apresentar esta obra. O autor, com absoluto sucesso, conseguiu fazer uma viagem por julgados importantes que impactam diretamente a vida de todos, seja pela repercussão jurídica do tema, seja pelo impacto que representou no mundo financeiro. Pontuou o exercício