O humor da minha vida
De Paz Padilla
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Sobre este e-book
Assumamo-lo, nascemos, crescemos, vamos a um sem-fim de sítios, a que não queremos ir, por obrigação e alguns insensatos reproduzem-se e morrem. Esta conceção da morte como um processo natural é algo que Paz Padilla conhece bem, pois teve de enfrentar, numa questão de meses, a perda de duas pessoas insubstituíveis: A mãe e o amor da sua vida, Antonio.
Através da narração da sua singular história de amor, a humorista e apresentadora partilha o trabalho pessoal de aceitação realizado para acompanhar o marido nos seus últimos dias. O amor mistura-se com o humor descarado que a caracteriza para falar da morte sem tabus, sem papas na língua e sem medo.
"Um livro maravilhoso: Ri-me, chorei e, sobretudo, aprendi com ele."
—Rafael Santandreu
Paz Padilla
Paz Padilla es la autora del fenómeno editorial de 2021: El humor de mi vida, basado en su dramática y maravillosa experiencia vital, con más de trescientos mil ejemplares vendidos a día de hoy. Su carrera multifacética comenzó en 1994 tras su aparición en el programa de humor Genio y Figura. Desde entonces, ha hecho de todo en el mundo del espectáculo, excepto dejar de trabajar. Ha intervenido en un sinfín de programas de radio y televisión como cómica o presentadora, desde Crónicas marcianas a Got Talent, mientras crecía su talento como actriz en El club de la comedia, en series como ¡Ala… Dina! o Mis adorables vecinos, en largometrajes de la talla de Cobardes, comedias como A todo tren 2 y El Hotel de los líos y en exitosas obras de teatro como Sofocos, Desatadas y la versión escénica de El humor de mi vida, que ya han visto más de cien mil espectadores. Antes de El humor de mi vida, fue autora de otros dos libros: Ustedes se preguntarán cómo he llegado hasta aquí, en 2002 y Quién te ha visto y quién te ve, Mari, en 2013. En la actualidad, Paz interviene junto a su hija Anna Ferrer en Te falta un viaje –programa creado por ella misma–, sigue interpretando a La Chusa en La que se avecina, continúa con las representaciones de la obra de teatro y forma parte del equipo de conferenciantes de Mentes Expertas. De todo, menos dejar de trabajar.
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O humor da minha vida - Paz Padilla
Editado por HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
Citações nas páginas 176, 177, 178, 184, 188, 189, 190, 191, 193, 207, 208, 209 e 212 da edição em papel, correspondente aos capítulos 12 e 13, reproduzidas sob autorização © Sogyal Rinpoche, O Livro Tibetano da Vida e da Morte, Editorial Presença, 7.ª edição, tradução de Isabel Andrade.
The Tibetan Book of Living and Dying, edição revista de Sogyal Rinpoche. Copyright (c) 1993 de Rigpa Fellowship. Autorização concedida pela HarperCollins Publishers.
As citações da AECC (Asociación Española Contra el Cáncer) foram tiradas de www.aecc.es.
As menções a Rafael Santandreu foram autorizadas pelo próprio autor.
As menções a Enric Benito e a www.alfinaldelavida.org foram autorizadas pelo próprio autor.
Título em português: O humor da minha vida
Título original: El humor de mi vida
Tradutora: Fátima Tomás da Silva
© 2021, Paz Padilla Díaz
© 2021, para esta edição HarperCollins Ibérica, S.A.
© 2021 do prólogo «Viver, rir e aprender a morrer», Enric Benito
© 2021 do prólogo «Transformar a nossa mente num Ferrari», Rafael Santandreu
© 2021 do prólogo «Caminha com o coração», Verónica Cantero
Todos os direitos estão reservados, incluindo os de reprodução total ou parcial em qualquer formato ou suporte.
Revisão editorial: Paco Gómez Padilla
Desenho da capa: CalderónStudio
Desenho de interiores e paginação: Raquel Cañas Hernández
Fotografia da autora: Iván Martín
ISBN: 978-84-9139-664-2
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Índice
Créditos
Dedicatória
Prólogo: Viver, rir e aprender a morrer, por ENRIC BENITO
Prólogo: Transformar a nossa mente num Ferrari, por RAFAEL SANTANDREU
Prólogo: Caminha com o coração, por VERÓNICA CANTERO
O humor da minha vida
Introdução. Amor, morte e humor
1. O Largo e a Larga
2. Vinte anos não são nada
3. Sodoma e Maldivas
4. Com papéis
5. Ouviste o mesmo que eu?
6. Não estamos preparados para morrer
7. Primeiros contactos
8. Só sei que nada sei
9. Mzungu
10. Tarzan
11. Negacionismo
12. A arte de morrer bem
13. A nova perceção
14. Dona Lola
15. Que pena dela!
16. Tes quiero may lof
Agradecimentos
Ao meu Antonio,
pela sua generosidade, a sua bondade,
a sua honestidade, a sua integridade,
a sua força e a sua luz,
por me fazer sentir única,
por me amar tanto.
Contigo, não faltava nenhuma peça ao puzzle,
eras perfeito.
Prólogo: Viver, rir e aprender a morrerA vida é uma caixinha de surpresas. Em julho de 2020 ligaram-me da Sociedade Espanhola de Cuidados Paliativos a pedir permissão para dar o meu número de telefone a alguém que insistia em querer falar comigo. Tratava-se de uma atriz que, há poucos dias, acabara de perder o marido e conhecia os meus vídeos no YouTube. A intermediária acrescentou a sua opinião, dizendo que a pobre devia estar muito afetada e queria pedir apoio para o seu desconsolo.
Tratava-se da Paz, que me ligou ao fim de algumas horas e, desde o começo, desmontou o falso alarme de «possível viúva desconsolada a pedir apoio para um luto complicado». Com a sua voz cantarina, cheia de energia e entusiasmo, a primeira coisa que me disse — acentuando e prolongando o «i» — foi:
— ENRÍÍÍÍC! Estava desejosa de te agradecer por me teres ajudado tanto com os teus vídeos para poder acompanhar o meu Antonio.
Surpreendi-me com a sua maturidade, a sua vitalidade e a sua coragem e alegrei-me com a troca de perspetiva de «ajudar alguém que estava a sofrer» pela de poder partilhar a experiência que se dá nestes momentos e que poucos chegam a descobrir.
Tivemos uma conversa longa em que descobri que a Paz, acompanhando o seu amor até à beira do mistério que é morrer, fizera um processo pessoal que mudara o seu olhar sobre a vida. Estava comovida com isso e interessada em falar com alguém que conseguisse entendê-lo.
Depois de anos a viver estas experiências ao lado da cama, alguns de nós comprovaram que o amor é mais forte do que a morte e que quem se aproxima, sem medo e com amor, a acompanhar o processo de alguém amado, com frequência, descobre o presente de aprender diretamente que a morte não existe e sai transformado. Sofre o que se chama uma metanoia, uma mudança de perspetiva.
Quando a pessoa que morre vai em paz, na medida em que estamos ligados a ela, podemos receber esta herança de sentir a continuidade do importante, da solidez do subtil e da inefabilidade do transcendente e esta experiência muda-nos a vida.
Pareceu-me uma maravilha que alguém com a energia, sensibilidade e potencial impacto social da Paz pudesse ter vivido este processo. E alegrei-me por ter podido ser de alguma ajuda.
Desde o princípio, a Paz soube que o que viveu e aprendeu com esta experiência não era algo que queria só para ela e que queria partilhá-lo, talvez por perceber o sofrimento que se associa à ignorância tão grande de algo tão importante como a vida não ter fim.
Depois desta primeira conversa, tivemos outras e, numa delas, pediu-me algo que voltou a tirar-me da minha zona de conforto: Convidou-me para a acompanhar num programa de televisão que nunca vejo e tentei escapulir-me, dizendo-lhe que a minha filha não me perdoaria, pois, em casa, somos do âmbito académico e os programas de telerrealidade não têm prestígio. A sua perseverança fez-me ver que havia algo em que ambos, a Paz e eu, concordávamos: A necessidade de mostrar às pessoas uma nova perspetiva do morrer que nos levará a uma compreensão maior do viver. E, ignorando as minhas reservas, acabei por aparecer em Sálvame Deluxe para apoiar esta mulher — já amiga —, cuja coragem a levou a mostrar publicamente, poucos meses depois do falecimento do marido, uma forma saudável, realista, construtiva e sem hesitações — apesar do ambiente em que vivia — de enfrentar uma perda e sair com mais sabedoria.
Noutra das nossas conversas, a Paz disse:
— Quero escrever um livro sobre a minha experiência.
E soube logo — a intuição é a forma como a verdade me chega — que seria algo que valeria a pena e decidi fazer o prólogo. E aqui estou.
Vamos ao livro. Em primeiro lugar, obrigado, Paz, pela tua generosidade e pela tua coragem para mostrar ao mundo as tuas lembranças, reflexões e experiências, frequentemente íntimas e sempre próximas, autênticas e, com frequência, comovedoras. Li-o quase de uma assentada e comovi-me, senti ternura — teria adorado conhecer a tua mãe! — e, às vezes, senti um nó na garganta, mas, sobretudo, ri-me muitíssimo.
Dito isto, que é o mais importante, passando de leitor a prefaciador, devo dizer algo menos pessoal ou mais profissional sobre o livro e acrescentarei algumas coisas neste sentido.
Mari Paz: O relato é uma das formas de libertação da tensão e a descrição elaborada de uma experiência como esta, para além de dar sentido ao vivido, também mostra um caminho — o que transitaste através da dor, do amor e do humor — que pode servir de guia para que os outros aproveitem a tua vivência e que os alcançará fácil e profundamente.
No morrer, como noutras situações graves da vida, há duas coisas que são úteis: A sensatez e o sentido de humor. O humor ajuda a aliviar a atmosfera, a situar o processo de morrer na sua verdadeira perspetiva e a desmontar a seriedade intensa da situação.
Acho que o humor, quando é sábio e surge do amor, nos transporta para um nível de consciência que relativiza a realidade e supõe uma forma de inteligência amorosa que nos liga rapidamente com o mais íntimo de nós e nos abre para, suavemente, integrar a dor, aceitar a perda e manter a perspetiva de que somos mais do que o nosso sofrimento. Através do humor, nos momentos difíceis, este ajuda-nos a perceber que a vida que nos sustenta não se fecha com o que, agora, parece que nos arrasta ou nos atinge, há outra forma de ver e este olhar abre-se com a porta da gargalhada, da alegria, que não é incompatível, como bem diz a Paz, com a tristeza própria do luto.
Entre gargalhadas, piadas e brincadeiras, a Paz vai dando pistas de como manter a coragem e a confiança no meio do caos aparente. Mostra como o sentido comum e o sentido de humor são importantes, mas não os únicos, e explica-nos a sua atração e interesse pela meditação ou deixa-nos pérolas de sabedoria como: «A tristeza não é um antónimo de felicidade. Não são incompatíveis, não é por estarmos tristes que não podemos ser felizes. A tristeza é parte natural do processo de luto e, como parte natural, devemos aceitá-la, parar de resistir.»
Há capítulos que me pareceram sublimes. Não percam o discurso maravilhoso da Paz no funeral do Antonio. Não é de estranhar que, do outro lado, lhe mande o seu perfume! — Entenderão quando lerem!
E partilha coisas que, de uma perspetiva padrão, quer dizer, da de alguém que não sofreu ou que não soube integrar e transcender o sofrimento, podem parecer afirmações insólitas, como quando diz: «E este ano, aprendi a celebrar a morte. A não ter o menor medo dela. A aceitar o curso inevitável da vida. A acompanhar os entes queridos na sua viagem com amor. Um amor puro, branco e inesgotável. A amar-me e cuidar de mim. A desfrutar de qualquer detalhe de beleza e de bondade do presente imediato. E o que a experiência me ensinou foi que, para aprender tanto, a única coisa que não podemos esquecer é de rir.»
Têm isto garantido se começarem o livro, espero, como a Paz deseja, que também vos sirva para «refletir sobre a importância de viver, sobre a nossa passagem efémera por este mundo»; aceitar «que devemos preparar-nos para as nossas mortes vindouras.»
Com frequência, pedem-me algum livro para alguém que sofreu uma perda recente sobre como lidar com o luto e o que conheço e costumava recomendar era do estilo de autoajuda que, apesar de servirem, não cumprem realmente as minhas expectativas. Agora, sei que livro vou recomendar: ESTE!!
OBRIGADO, PAZ, em nome de todos os que vão desfrutar e aprender com esta experiência que nos ofereces!
DR. ENRIC BENITO
Prólogo: Transformar a nossa mente num FerrariDesde criança, quis ser cientista. Pelo menos, desde que li A origem das espécies, de Charles Darwin, com catorze anos de idade. E nunca acreditei em superstições, fantasmas ou milagres. Só no que os meus olhos conseguem ver e os meus sentidos, verificar. No entanto, na minha vida, tive a oportunidade incrível de saber que a magia existe. Ou algo muito parecido com a magia: O poder do pensamento para modelar a nossa mente, a nossa vida emocional e a nossa felicidade.
O filósofo Epicteto, no século I desta era, nasceu escravo. Os seus pais eram escravos e ele foi vendido, ainda bebé, a um amo novo que o levou para longe, para a capital do império, Roma.
Depressa se constatou que o pequeno era sobredotado. Aprendeu a ler e a escrever, sozinho, antes dos quatro anos e nunca parou de demonstrar a sua genialidade. Mas a sua maior façanha foi que, embora escravo, ele estava decidido a ser feliz.
E, assim, o pequeno Epicteto descobriu que a felicidade está na mente e não nos factos que nos acontecem. A frase dele é: «Não é o que nos acontece que afeta, mas o que dizemos a respeito do que nos acontece.» Há mais de vinte anos, dedico-me a ajudar as pessoas a fazer essa mesma descoberta. A perceber que se a esposa o deixar e se sentir deprimido não é porque foi deixado, mas pelo que disse depois: «Meu Deus, nunca mais voltarei a ser feliz! Que horror, estou sozinho!», etc.
Embora pareça mentira, vi várias vezes que tudo depende do nosso diálogo interno, da nossa avaliação do que nos acontece. E as pessoas mais fortes e felizes, como Epicteto, sabem que, aconteça o que acontecer, poderão fazer coisas valiosas por si mesmas e pelos outros. A sua filosofia torna-as imensamente fortes; muito harmoniosas; extremamente capazes de amar.
Quando era jovem, eu também — como muitos — me incomodava com ninharias, tinha medos irracionais e queixava-me sem parar. Mas tive a sorte de descobrir a psicologia cognitiva — ou do pensamento — e, depois disso, a minha vida emocional não parou de melhorar.
No ano passado, como a Paz, tive uma perda importante. O meu pai faleceu depois de uma doença prolongada. E, durante três dias, senti uma tristeza enorme: A maior tristeza que alguma vez experimentei. Mas, ao mesmo tempo, foi uma experiência bonita. Os meus quatro irmãos, eu e a minha mãe estivemos especialmente unidos. Os meus amigos e familiares estiveram lá. E, dentro do meu coração, sabia que não tinha acontecido nada de mal ao meu pai. Juntos, honrámos a sua memória e encontrámo-nos para nos amar com o mesmo amor que aprendemos com ele. E dissemos um «até breve», porque sabíamos que a vida passa tão depressa que, dentro de pouco, estaríamos todos juntos outra vez.
Passaram esses dias e o meu coração ficou novamente em forma e plenamente feliz. Penso no meu pai muitas vezes, falo com ele e não sinto nenhuma tristeza. Antes pelo contrário, sinto alegria por o ter tido por perto durante tanto tempo. Sei que, se não fosse pela minha autoeducação emocional com psicologia cognitiva, não teria lidado tão bem com a sua perda. E essa é apenas uma das maravilhas que se consegue com esta magia chamada inteligência emocional.
E não é só algo que me aconteceu. Recebi centenas de cartas de leitores dos meus livros que me relataram experiências semelhantes; pessoas que, depois de se educarem mentalmente, viram, um pouco espantadas, como enfrentavam a vida — e a morte — de outra forma.
Com a filosofia pessoal correta, a vida é muito fácil. Com os pensamentos adequados, só vemos abundância e oportunidades. Com a atitude própria dos mais fortes e felizes, tudo é um jogo apaixonante. Mas, primeiro, temos de estudar, de conhecer bem a mente e de