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Filosofia Jabuticaba: Colonialidade e pensamento autoritário no Brasil
Filosofia Jabuticaba: Colonialidade e pensamento autoritário no Brasil
Filosofia Jabuticaba: Colonialidade e pensamento autoritário no Brasil
E-book104 páginas1 hora

Filosofia Jabuticaba: Colonialidade e pensamento autoritário no Brasil

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Sobre este e-book

Neste livro, João de Fernandes Teixeira se pergunta sobre o sentido de fazer filosofia no Brasil. Como filósofo, pioneiro nos estudos em Filosofia da Mente em nosso país, Teixeira participa da ágora internacional não apenas investigando os problemas da área, mas também propondo novas questões a serem investigadas. Por outro lado, depara-se com a tendência ao comentarismo, predominante na filosofia no Brasil. O comentarismo nos faz crer que somos incapazes de fazer filosofia, restringindo-nos à função de comentadores dos trabalhos desenvolvidos pelo colonizador e impedindo-nos de realizar nosso potencial de reflexão filosófica. Para Teixeira, as origens desta tradição encontram-se no pensamento autoritário instalado no processo de colonização e na sua herança. Colonialidade e pensamento autoritário que se revelam cada vez mais presentes e intensos na polarização extrema dos debates na política.
O fazer filosofia no Brasil é, para Teixeira, "um problema filosófico, político e cultural", uma vez que a ausência do livre pensar e a presença da colonialidade favorecem a permanência de uma cultura de corrupção e privilégios. Neste livro, ele se permite enfrentar o problema sem amarras, distante da tradição comentarista, com o livre pensar que é próprio do filosofar. Em seu enfrentamento, oferece-nos pistas que talvez nos permitam encontrar nosso lugar para uma filosofia no Brasil.
Afirma ele: "Realizar nosso potencial filosófico não significa produzir uma filosofia genuína e inteiramente brasileira. Significa conseguir participar de uma ágora internacional na qual precisamos definir o nosso lugar. Significa trazer contribuições originais para uma filosofia cuja temática é cada vez mais definida de forma cosmopolita. Não se trata apenas de aceitar temas para discussão, mas de propor novas temáticas". Estaria Teixeira dando os primeiros passos para a construção de uma corrente filosófica brasileira? Deixo a questão para os leitores. (Monica Aiub)
IdiomaPortuguês
EditoraFiloCzar
Data de lançamento22 de out. de 2021
ISBN9786587117607
Filosofia Jabuticaba: Colonialidade e pensamento autoritário no Brasil
Autor

João de Fernandes Teixeira

João de Fernandes Teixeira é um dos pioneiros da filosofia da mente no Brasil. Bacharel em filosofia pela USP e mestre em filosofia da ciência pela UNICAMP é também PhD pela University of Essex, na Inglaterra. Fez pós-doutorado nos Estados Unidos, sob orientação de Daniel Dennett. Foi colaborador do Instituto de Estudos Avançados da USP e lecionou em várias universidades brasileiras como a UNESP, a UFSCar e a PUC-SP. Publicou 14 livros na área de filosofia da mente e ciência cognitiva. Mantém a página Filosofia da Mente no Brasil no Facebook.

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    Livro que tem grandes provocações e nos faz pensar de forma ampla. Apesar do mesmo apresentar questões superficiais e incompletas quanto ao entendimento do marxismo e a luta de classes. Recomendo como forma de provocação das ideias, afinal isso faz um filósofo.

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Filosofia Jabuticaba - João de Fernandes Teixeira

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João de Fernandes Teixeira

FILOSOFIA JABUTICABA

Colonialidade e pensamento autoritário no Brasil

São Paulo

FiloCzar

2021

Copyright © 2021 by FiloCzar

Editores: César Mendes da Costa e Monica Aiub da Costa

Revisão: Paula Felix Palma

Projeto Gráfico: Editora FiloCzar

Imagem de capa: Imagem de Guilherme Resende por Pixabay

Conselho Editorial: Gustavo Leal-Toledo (UFSJ); Ivo Assad Ibri (PUC-SP); José Barrientos Rastrojo (Universidade de Sevilha); Liana Gottlieb (ECA-USP); Mauro Araújo de Souza (Fundação Santo André); Sofia Miguens (Universidade do Porto).

FiloCzar

Rua Durval Guerra de Azevedo, 511

Parque Santo Antônio – São Paulo – SP

CEP: 05852-440

Tels.: (11) 5512-1110 - 96781-9707

E-mail: cesar@editorafiloczar.com.br

www.editorafiloczar.com.br

Para Malu, Jujuba† e Tâmara

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas contribuíram para que este livro fosse escrito. O primeiro esboço foi revisado por minha amiga e ex-aluna, Suely Molina. Recebi também críticas construtivas de meu ex-aluno, André Rehbein Sathler Guimarães. Meu colega e amigo, Gustavo Leal-Toledo, atualmente professor na Universidade Federal de São João del-Rei também contribuiu com observações importantes e material histórico sobre a Academia Brasileira de Filosofia.

Por fim, mas não por último, quero agradecer a Paula Felix Palma pela correção minuciosa das últimas versões. O diabo mora nos detalhes.

Quem pensa por si mesmo é livre. E ser livre é coisa muito séria.

Renato Russo

SUMÁRIO

PREFÁCIO

FILOSOFIA E BRASILIDADE

UM POUCO DE HISTÓRIA

ENTULHO AUTORITÁRIO DE DIREITA E DE ESQUERDA

A FILOSOFIA NO BRASIL HOJE

 BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS

SOBRE O AUTOR

PREFÁCIO

Este pequeno livro foi escrito durante a pandemia do novo coronavírus. A quarentena, que exigiu uma reclusão por vários meses, despertou em mim muitas dúvidas sobre o ofício que ocupou quase minha vida inteira: estudar filosofia. E não apenas estudá-la, como tentar efetivamente fazê-la, ou seja, enfrentar o desafio do pensamento. Havia uma questão que me corroía há muitos anos. Somos um povo incapaz de fazer filosofia ou não a fazemos porque ela não nos interessa? Ou será que somos tão espertos a ponto de passarmos ao largo de todas as inúteis cefaleias metafísicas envolvidas na reflexão?

Os pensadores franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari afirmam que, na vida dos filósofos profissionais, o questionamento sobre o que é a filosofia surge na velhice. Acrescento algo mais a essa afirmação: a velhice chega para o filósofo profissional quando ele começa a se perguntar sobre o sentido de fazer filosofia em seu país.

Por que alguns países produzem filosofia e outros não? Será que somos um país excessivamente extrovertido e ensolarado, incompatível com a reflexão filosófica? Será que somos naturalmente aversivos à teorização por sermos um povo que narra as desgraças de sua vida em um tom tragicômico? Ou será que a nossa filosofia sempre existiu, mas tem estado invisível nos últimos séculos? Afinal, ainda nos consideramos um país abençoado, permeado pela alegria e pela sensualidade do carnaval, o Brasil do samba e do pandeiro e da fantasia de que somos joviais e tolerantes. O país do qual rimos, sem perceber a tristeza de nossas risadas, que mais se assemelham às risadas melancólicas de um palhaço.

A grandeza de um povo é, em geral, medida pela sua capacidade de pensar, de se conceber e de se expressar. Um povo sem essas capacidades, ou seja, sem reflexão filosófica própria, dificilmente será reconhecido pelos outros. Um pensamento filosófico é a marca cultural determinante da identidade de um povo. A cultura que toma emprestada a filosofia de outros povos sempre se sentirá apequenada, sem identidade própria e, por isso, esse será um povo de cabeça baixa e com pouca autoestima. Será que a nossa identidade como brasileiros é não ter identidade? Por que não somos motivados a escrever nossas próprias filosofias?

Deleuze e Guattari afirmam que a filosofia nos deixa tristes. Se esse sentimento que nos assola no fim da vida pode ser devastador, pior ainda é constatar que vivemos em uma nação que mal conseguiu produzir uma esquálida filosofia tropical. Temos filosofia, mas não a filosofia vigorosa e antropófaga que se espera como reação ao colonialismo. Ao contrário, a pouca filosofia que produzimos não tem garras e, por isso, duvidamos se realmente existe filosofia no Brasil. Uma filosofia sem garras é muito conveniente do ponto de vista político e acadêmico. É uma filosofia que não confronta ideais autoritários e que transforma a atividade do filósofo na carreira de um funcionário público acadêmico cujo objetivo é formar outras linhagens de funcionários públicos que compartilhem os mesmos pontos de vista. O ciclo se repete, tudo se copia e nada se cria.

A filosofia no Brasil é um problema filosófico, político e cultural. Como um país com tantos cursos de filosofia e tantas pós-graduações não foi capaz de produzir uma filosofia própria e, quase o tempo todo, se limita a comentar as filosofias europeias e americanas dos séculos passados?

Será que isso ocorre porque o Brasil é um caso bem-sucedido de colonização? Tentar criar filosofias monumentais, expressões do espírito de um povo ou de uma época é tentar imitar os europeus, aceitar os valores propostos pelos colonizadores, sem nunca conseguir se igualar a eles. Acredito que esse caminho leva à esterilidade e à frustração. Almejar um passado que nunca pudemos ter nos condena a abdicar da originalidade e aceitar como nossa tarefa principal comentar a filosofia que as grandes nações colonizadoras produziram. Estamos atolados no comentarismo, em uma filosofia jabuticaba, inautêntica. Uma filosofia que, com poucas exceções, é uma bizarrice tropical. Precisamos, urgentemente, encontrar um caminho, uma terceira margem do rio.

Será que somos uma nação que ainda não realizou seu potencial filosófico? Por que não conseguimos dar esse passo se temos todas as condições para fazê-lo? Quais serão as causas desse raquitismo mental crônico? Na história das ideias, temos alguns pensadores pontualmente localizáveis, como Farias Brito, Mário Ferreira dos Santos, Vicente Ferreira da Silva e Vilém Flusser, mas nunca fomos capazes de formar uma corrente filosófica, um ismo que remetesse ao nosso país. Nunca tivemos escolas filosóficas como as que se consolidaram em alguns países da Europa e nos Estados Unidos.

Realizar nosso potencial filosófico não significa produzir uma filosofia genuína e inteiramente brasileira. Significa conseguir participar de uma ágora internacional na qual precisamos definir o nosso lugar. Significa trazer contribuições originais para uma filosofia cuja temática é cada vez mais definida de forma cosmopolita. Não se trata apenas de aceitar temas para discussão, mas de propor novas temáticas. É preciso também, se desprender do comentário, do comentarismo. A filosofia no Brasil ainda segue, predominantemente, uma tradição histórica e filológica que desqualifica tudo o que não se encaixa nesse paradigma. Por isso não acreditamos que somos capazes de fazer filosofia e acabamos nos resignando a um lugar periférico na história mundial das ideias.

O desafio da reflexão filosófica é, atualmente, pensar a contemporaneidade ou saber porque ela não se deixa pensar. Para que tenhamos uma filosofia feita no

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