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A poesia na precariedade do existir
A poesia na precariedade do existir
A poesia na precariedade do existir
E-book103 páginas1 hora

A poesia na precariedade do existir

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Sobre este e-book

"A poesia na precariedade do existir" é uma coletânea de ensaios sobre a poesia de Wilbett Oliveira, poeta mineiro contemporâneo que, nas palavras de Joel Cardoso, "deambula pelo mundo das palavras com as inquietações de um ser inserido na complexidade de um mundo (o nosso mundo), cujos valores em crise apontam para a fragmentação do ser". Os autores dos ensaios passeiam pelos poemas em busca de desvendar o olhar do poeta por trás das palavras, apoiando-se em uma perspectiva filosófica (no primeiro e no quarto ensaios), literária (no segundo e no terceiro), e culminando em uma leitura do sagrado (no último ensaio).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de mai. de 2020
ISBN9786586270266
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    Pré-visualização do livro

    A poesia na precariedade do existir - Lygia Caselato

    Catalogação

    Copyright by © 2020

    Vários autores

    Projeto editorial/organização

    Lygia Caselato

    Conselho Editorial:

    Haron Gamal

    Joel Cardoso

    Josina Nunes Drumond

    Imagem de capa:

    Fogo na lua cheia [ Paul Klee ]

    Preparação dos originais:

    Lygia Caselato

    Diagramação:

    Editora Cajuína

    Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou qualquer meio eletrônico ou mecânico, sem permissão expressa da editora (Lei 9.610, de 19/02/98).

    [CIP]

    Dados Internacionais da Catalogação na Publicação

    337 CaseP Caselato, Lygia.-

    A poesia na precariedade do existir. Lygia Caselato [Organizadora]. 1a edição - Cotia, São Paulo: Editora Cajuína, 2020.

    ISBN: 978-65-86270-26-6

    1. Literatura 2. Crítica literária. 3. Ensaios

    I. Lygia Caselato II. Título

    CDD B869.4

    ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

    1. Literatura: ensaios

    2. Literatura: crítica

    LogoCajuinaEbook

    Estrada Velha de Sorocaba, 763 / c 428 - 06709-320 - Cotia, SP

    Home page: www.editoracajuina.com.br

    Email: contato@editoracajuina.com.br

    (11) 4777-0123 - 97360-1609

    Sumário

    Catalogação

    Epígrafe

    1 Poesia e (des)esperança em Minimal lâmina: despoesia

    2 A poesia sob o olhar gris de Wilbett Oliveira

    3 Entrelaçando palavras, entretecendo seres: análise do poema Tear

    4 Entre silêncios e escombros

    5 A poesia na precariedade do existir

    6 Sêmen: poesia e magia

    7 As desandanças e os descaminhos na poesia de Wilbett Oliveira

    8 Sobre Palavrares e poesia

    9 Pretextos, textos, contextos em desarrumação

    10 Dizeres filosóficos na/da poesia de Wilbett Oliveira

    11 Hermenêutica e ontologia em Salignalinguagem

    12 Tantas vozes na existência do poeta: dizeres filosóficos na poesia wilbettiana

    13 Peripécias de um camaleão: sobre a poesia de Wilbett Oliveira

    14 A chama da lamparina, o tempo embalsamado e a solidão do mundo: embate contra cronos em Palavrares

    15 Trilogia da consagração: Sêmen, Salignalinguagem e Gris

    Notas

    Epígrafe

    em vão faço um poema

    como se estivesse gris

    e elaborasse vozes

    no silêncio de um instante

    [Wilbett Oliveira, Gris, 2012]

    1 Poesia e (des)esperança em Minimal lâmina: despoesia

    Lygia Caselato

    USP

    É corrente a afirmação de que a crítica engrandece os bons artistas, enquanto permanece temida pelos maus. Uma obra que já foi analisada e comentada por diversos estudiosos e escritores respeitados e continua inspirando novas leituras é no mínimo fértil do ponto de vista da crítica. De onde se presume que também seja fecunda em termos artísticos, pois a arte sempre precede a crítica. A crítica reflete, reverbera e amplia os significados profundos da arte, e se põe como uma revelação dela, para o benefício do público. Pode-se afirmar que a arte se realiza duplamente quando planta sementes na intelectualidade e também alimenta os anseios poéticos do homem comum. Assim é Minimal lâmina: despoesia, de Wilbett Oliveira.

    A grade teórica que pode ser utilizada aqui como fundamento para uma crítica filosófica da poesia deve ser uma filosofia da arte direcionada ao universo poético que permita interpretar os poemas e explorar as ressonâncias internas do texto de forma não arbitrária.

    Entende-se que a literatura que satisfaz o ser humano é a que se apresenta como a forma possível do sonho. O sonho encontra no poeta a sua expressão ou realização, e o poeta encontra no sonho a sua sublimação ou elevação. O sonho desce, enquanto o poeta sobe, e ambos se encontram no caminho, na menor superfície possível de contato entre o real e o ideal.

    O poeta busca o sonho, o ideal, mas só pode expressá-lo no mundo real. Entre as palavras concretas e os pensamentos abstratos, haverá sempre um hiato e, no limite, é sempre possível que este contato não ocorra. O poeta precisa procurar o ideal, persegui-lo, desvendá-lo, como se observa nesses versos de Minimal lâmina: despoesia:¹

    digo menos cada vez mais

    nos limites extremos do impossível (ML, p. 182)

    O paradoxo da expressão, que implica sempre a sua impossibilidade, alimenta e orienta o percurso do poeta. A expressão é impossível porque assim que uma ideia é posta em palavras deixa de ser a ideia tal como havia sido pensada, e adquire uma concretude palpável que pode apenas aludir indiretamente ao seu significado real, atuando na melhor das hipóteses como uma metáfora.

    O poeta contemporâneo, tanto quanto o clássico, é obrigado a lidar com essa dualidade, com a existência quase platônica de dois mundos distintos e separados (o real e o ideal), com a seguinte diferença, que o poeta clássico conhecia o ponto de inflexão entre os dois mundos aparentemente desconexos e poetava a partir dele, mas não revelava o segredo ao seu leitor, enquanto o poeta contemporâneo conhece também esse ponto secreto, mas explicita em sua obra os meios utilizados, revela a pincelada e desconstrói o sentido pleno ou unívoco da poesia, tornando-a definitivamente aberta e relativa, embora não sem referência à dualidade (forma / conteúdo). As palavras do poeta contemporâneo são porosas e deixaram de apontar para algum sentido previamente estabelecido pelo artista.

    Despoesia — subtítulo do livro em análise — pode significar, então, a tentativa de desfazer o sentido gasto da poesia que apresenta o milagre, mas não revela o santo. Despoetar significa revelar a superfície mínima de contato entre o real e o ideal (a lâmina minimal), ao invés de utilizá-la sem a ela mencionar. Mostrar que a aparente impossibilidade da expressão se resolve com a própria expressão que, ao abandonar a rima e o ritmo convencionais, instaura outra lógica interna resultante do próprio movimento de elevação do poeta.

    A poesia fala de algo que diz respeito a todos os homens. O poeta alcança esse ponto de contato entre absoluto e o relativo, e vem mostrá-lo ao leitor comum, que por si mesmo não alçaria essas alturas.

    Wilbett Oliveira convida o leitor a se colocar nesse ponto de vista, nesse ponto de contato entre o real e o ideal, sabendo que a poesia é um estado de espírito (Andrade, 2017, p. 10).

    O poeta vivencia esse estado de espírito, tenta refleti-lo em suas palavras, e aplica alguma magia capaz de desprender o significado dessas palavras na mente do leitor, que vislumbra então o mesmo estado de espírito:

    quanta solidão

    desprende-se do desvazio (ML, p. 99)

    O paradoxo das palavras, o des-vazio, que nos induz a pensar sobre a impossibilidade de alcançar um sentido pleno e satisfatório para elas, faz com que também sintamos a solidão que se desprende do paradoxo.

    Sentimentos como angústia, solidão, melancolia, alienação e tristeza são o sal que tempera a linguagem do poeta (Andrade, 2017, p. 13). Contudo, em contraposição a esse grupo de sentimentos cor de cinza (MN, p.

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