POR TRÁS DAS GRADES: Por trás das grades
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Pré-visualização do livro
POR TRÁS DAS GRADES - Marcio Morais
Copyright © 2017 Márcio Morais
Capa:
Augusto Paiva
Revisão:
Benjamin Linhares
Diagramação Digital:
Carla Santos
Todos os direitos reservados a Márcio Morais.
SUMÁRIO
Folha de rosto
Créditos
Agradecimentos
Apresentação
Compartilhar aquilo que nos realiza
Primeiro dia de trabalho
Perdendo os olhos
Os primeiros dias de preso na cadeia
O olho da goiaba está zerado
O dublê de pedreiro
A falsa invasão
Um romance homossexual por trás das grades
A ingratidão
A maldita caixa de som
A palavra empenhada
A visita de Boby
ao preso Amapá
Agente penitenciário - a base do sistema prisional
Ex-presidiários enfrentam resistência no mercado de trabalho
Barnabé e as suas mais de 100 entradas na cadeia
Cadeia - um território ideal para a transmissão do vírus HIV
Sem escrúpulos, mas com palavra
O crédito do celular
Um coração para dois apenados
A igreja como refúgio e a Bíblia como esconderijo
De carcereiro a delegado
Da prostituição para a lama das drogas
Tráfico dentro da prisão
Drogas dizimando famílias
Ex-detentos e as dificuldades da liberdade
Irmã Jureminha trocou a família por um detento
Levou o carro do irmão
A distância e o abandono compensados com a palavra de Deus
Mulher de preso: dedicação total
O confronto
O falso promotor
O Irmãozinho
e sua cueca com o fundo falso
O Moreirinha
O portão destravado
A pá quadrada
O Guardião de Ogum
As regras da prisão
Estuprou as duas enteadas
Balinha
e o seu amor verdadeiro
Auxílio-reclusão
O Azulzinho
O reconhecimento
O dízimo
Um romance por trás das grades
Puruca
e a sua vida bandida
Um viciado em cadeia
O preconceito
Presos pedem paz
O pai do próprio neto
Preso é um ser humano
Trabalho feito, trabalho reconhecido
Só sal
A Bíblia
O valor da liberdade
Gíria da cadeia no dia a dia
Rogério Baicere, um grande exemplo
Inventou que estava com HIV temendo ser violentado
A vida de um carcereiro
Biografia
Agradecimentos
Agradeço a todos os profissionais envolvidos nesse projeto e aos amigos do Sistema Penitenciário que possibilitaram o nosso contato com familiares e internos retratados neste livro. Mostramos um pouco do dia a dia de um interno por trás das grades, as dificuldades dos seus familiares, principalmente o relevante trabalho e dedicação do operador de segurança [agente penitenciário], que pouco é reconhecido pelos importantes serviços que presta.
A todos os meus familiares, minha base de sustentação.
Apresentação
Este livro retrata um pouco como é a vida de um ser humano por trás das grades, privado de liberdade. As histórias são contadas de uma maneira diferente, descontraída, mas muito sincera. Nos textos deste livro não brincamos com os sentimentos ou dificuldades dos internos, ou dos seus familiares, buscamos mostrar relatos pitorescos de como é a vida na penitenciária. Na prisão sabemos que não tem santo, a vida por trás das grades é um mundo bem diferente do que vivemos aqui fora, alguns chegam até a se acostumar, e quando deixam a detenção fazem de tudo para voltar, pois já se adaptaram ao mundo encarcerado. Não concordo quando dizem que todo preso sonha com a liberdade, alguns desejam ficar detidos pelo resto da vida, por escolha própria.
Nesta primeira edição do livro Por trás das grades trazemos diversas histórias, romances, do orgulho ao preconceito, as espertezas, truques, a palavra empenhada que na cadeia vale mais que dinheiro, o respeito dos internos com familiares de outros detentos, dentre várias outras histórias.
Mostramos também a discriminação que sofre o ex-presidiário, a falta de oportunidade de emprego lá fora para quem um dia errou na vida e busca a ressocialização, mas engana-se quem pensa que é só o preso que sofre preconceito, os operadores de segurança que atuam no campo penitenciário também sofrem discriminação. Por isso o agente penitenciário luta com os mais variados tipos de situação, colocando a sua vida em risco na defesa da população, mas não tem a valorização que merece.
As histórias narradas neste livro são verdadeiras, mas os nomes e lugares são fictícios com a finalidade de proteger os personagens citados.
A vida por trás das grades é, antes de tudo, uma lição, quem escapa é vencedor seja ele o preso ou o operador de segurança. Para o preso um mundo arrodeado de traições e maquinações, muitas vezes lá dentro a vida não vale nada. E para o operador de segurança, muito estresse e pouco reconhecimento.
O leitor terá agora a oportunidade de conhecer as várias histórias deste livro denominado Por trás das grades. Boa leitura e até a próxima edição.
Compartilhar aquilo que nos realiza
Thyago Macedo
Quando Márcio Morais me disse que estava escrevendo um livro sobre suas vivências no Sistema Penitenciário do Rio Grande do Norte, confesso que dei uma risada. Não uma risada de deboche, nem muito menos de descrédito com o projeto dele. Ri porque imediatamente me veio à memória o jeito espontâneo e, em determinados momentos, até caricato com o qual o tinha ouvido relatar alguns causos.
Ainda em fase de produção, Márcio me enviou alguns capítulos do seu livro Por trás das grades e confirmei o que eu já suspeitava. Com sua pitada de bom humor, ele conseguiu contar histórias pesadas e reais de uma maneira leve e reflexiva.
Sim, através da leitura dos capítulos a seguir será possível refletir sobre uma realidade que não faz parte do dia a dia do dito cidadão de bem
. Este livro nos leva a uma imersão em situações cotidianas nas cadeias brasileiras.
Nosso Sistema Penitenciário é considerado por muitos um lixão humano. É para lá que se joga tudo o que não presta, toda a escória da sociedade. E, tal qual em um lixão convencional, quando não existem projetos de reciclagem, no caso ressocialização, as condições estruturais só pioram com o passar dos anos.
O resultado do abandono dos governantes e do olhar atravessado da população para os presídios brasileiros tem sido o aumento do crime organizado nas unidades e uma guerra de facções tomando conta do sistema.
E tem sido nessa realidade de fogo cruzado que vivem os agentes penitenciários do país. Esse talvez seja o diferencial do Por trás das grades. Mais do que contar histórias reais de apenados, mais do que relatar situações cômicas, este livro nos faz ter a visão que os profissionais que fazem esse sistema têm.
Historicamente, a profissão de agente penitenciário no Brasil tem sido ridicularizada e taxada de corrupta ou de ineficiente. Entretanto, aqueles que conhecem o Sistema Penitenciário de perto sabem que essa generalização é injusta. A corrupção existe sim, pois, infelizmente, vivemos no país da corrupção. Não custa lembrar que temos visto até casos de juiz recebendo propina para beneficiar criminosos.
Portanto, a falta de controle do Estado nos grandes presídios, por exemplo, como vimos na Penitenciária de Alcaçuz, no RN, em janeiro de 2017, não é nem de longe por ineficiência dos agentes ou por causa de corrupção dentro das cadeias.
É nesse aspecto que Márcio Morais encaixa a realidade do seu livro e de suas histórias, buscando sempre ressaltar que dentro do Sistema Penitenciário encontramos profissionais sérios e comprometidos com o trabalho que desenvolvem. Inclusive, as próprias experiências adquiridas ao longo dos anos como agente penitenciário capacitaram o autor deste livro a desenvolver projetos de ressocialização e, hoje, ser reconhecido em todo o Rio Grande do Norte como um exemplo de gestão de uma cadeia.
Este livro Por trás das grades se torna uma leitura necessária para que a sociedade possa entender melhor as complexidades do Sistema Penitenciário e, mais ainda, possa enxergar a realidade dos profissionais que lá trabalham antes de emitir qualquer julgamento a respeito.
Com a paixão que Márcio Morais sempre teve pela comunicação e com o respeito que ele desenvolveu pela profissão de agente penitenciário, este livro é, sem dúvida, uma realização pessoal para ele. E quando expressamos e compartilhamos aquilo que nos realiza nos tornamos capazes de sermos compreendidos e admirados.
Boa leitura!
Primeiro dia de trabalho
Militando desde 1995 na imprensa e trabalhando com políticos, já tinha tido contato com presos, quando fazia parte da editoria de polícia dos jornais em que trabalhei, mas nunca tinha tido um contato tão direto com o Sistema Penitenciário. Em meados do mês de maio de 2012, tirei o meu primeiro plantão. Apesar de ter passado por um curso de formação muito eficiente, ministrado por profissionais da segurança pública em nível estadual e federal, ainda me faltava aquele contato direto dentro da cadeia.
Fazer a contagem dos presos, pagar café da manhã, almoço e jantar (servir as refeições) era uma experiência que ainda não tinha vivido. Quando entrei naquele pavilhão com cerca de 200 presos pedi a Deus para me livrar, me guardar, pois ninguém é capaz de enfrentar uma situação daquela sem a proteção divina.
A estrutura daquela unidade prisional tinha capacidade para apenas 100 presos, mas naquele dia eram quase 200. Eles abarrotavam os pequenos espaços das celas, o chão tomado por colchões. Na cadeia tudo pesa, até o ar