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QUANDO EU FUI À ATLÂNTIDA
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QUANDO EU FUI À ATLÂNTIDA
E-book224 páginas3 horas

QUANDO EU FUI À ATLÂNTIDA

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Sobre este e-book

No ano de 1.975 a indústria cinematográfica brasileira deveria encontrar-se dentro a uma trincheira em um campo de batalha, de um lado as produções de baixo nível donde muitos dos cineastas brasileiros se lançaram em produções pornográficas onde o consumo era rápido e o retorno quase sempre era certo e havia um público fiel a essas fitas, do outro lado os produtores renomados negavam-se investir neste novo tipo de metodologia, recusavam-se a fazer estes tipos de películas baratas e sem arte, e no meio desta interminável guerra estava à sétima arte.Resgatando uma importante parte da história do Cinema Nacional, Florípedes nos leva à uma visita emocionante ao estúdios da Atlântida Cinematográfica.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de dez. de 2021
ISBN9786588676066
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    QUANDO EU FUI À ATLÂNTIDA - Florípedes José Ovídio

    Sumário

    MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS

    CAPÍTULO I

    CAPÍTULO II

    CAPÍTULO III

    CAPÍTULO IV

    CENA I (externa)

    CENA II (externa)

    CENA II (estúdio)

    CENA III (externa)

    CENA IV (estúdio)

    CENA V (estúdio)

    CENA VI (externa)

    CENA VII (externa)

    CENA VIII (estúdio)

    CENA IX (estúdio)

    CENA X (externa)

    CENA XI (externa)

    CENA XII (externa)

    CENA XIII (externa)

    CENA XIV (externa)

    CENA XV (externa)

    CENA XVI (externa)

    CENA XVII (externa)

    CENA XVIII (externa)

    CENA XIX (externa/estúdio)

    CENA XX (externa)

    CENA XXI (externa/estúdio)

    CENA XXII (externa)

    CENA XXIII (externa)

    CENA XXIV (externa)

    CAPÍTULO V

    LIVROS E REVISTAS CONSULTADAS

    MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS

    Aos funcionários da sala Cecília Meirelles, A escola de cinema Darci Ribeiro, Ao Sr. Luiz Antônio do Museu da Imagem e do Som, aos funcionários do CTAV, aos diversos sites de busca que pesquisei na internet (e foram muitos), aos funcionários da Biblioteca Pública Nacional. Em especial ao amigo Luizão da livraria Arlequim (Avenida 1º de março) pelas dicas de Dvd’s contendo os filmes do estúdio Atlântida, desculpe se não me lembrei de todos vocês.

    À Allah o misericordioso, acima de tudo por me fazer ouvir, ler e a idealizar tudo isto, Salamaleico!

    Dedico este texto ao cinema nacional de quem sou um fã fervoroso e incondicional. Esta paixão existe desde que fui levado pela primeira vez, ao cinema do nosso bairro por meus irmãos Roberto (Kaoka) e Renato (Castelo, Rena, Marvin). Onde eu passava as minhas tardes de domingos assistindo a ótimos filmes e desenhos em companhias deles. Beijos a vocês dois.

    À Ariel e à Gabriel.

    CAPÍTULO I

    (Tristezas não pagam dívidas)

    No ano de 1975 a indústria cinematográfica brasileira deveria encontrar-se dentro a uma trincheira em um campo de batalha, de um lado as produções de baixo nível donde muitos dos cineastas brasileiros se lançaram em produções pornográficas onde o consumo era rápido e o retorno quase sempre era certo. Havia um público fiel a essas fitas, do outro lado os produtores renomados se negavam investir neste novo tipo de metodologia, se recusavam a fazer estes tipos de películas baratas e sem arte, no meio desta interminável guerra estava à sétima arte. O cinema nacional deveria estar de luto, mas embora a batalha fosse árdua e demorada havia alguns profissionais quais resistiam conseguindo produzir belos filmes, e com uma boa aceitação por parte do público que lotava as salas de exibição espalhadas no país. Para que possamos entender o que teve início nos anos 30 (Trinta) e quão se arrastou pelos anos 40 (Quarenta e Cinquenta), até próximo aos anos 70 (Setenta), temos que refazer a trajetória do cinema nacional. Após algum período de escassez em relação aos filmes cinematográficos, se ergueram diversos estúdios como: Cinédia e a Sonofilmes quão conseguiam aprimorar suas produções adequando-as a época em que se fundamentou. O estúdio de São José dos Campos com seu famoso parque cinematográfico denominado Vera Cruz, mantinha presos por contratos exorbitantes técnicos, cenógrafos, atrizes e atores. O fabuloso estúdio da Atlântida qual se firmou como o mais produtivo dos estúdios cinematográficos do Brasil. Há! Havia também a Pan Filmes do senhor Amâncio Mazaropi, a Flama Filmes com o senhor Moacir Fenelon a sua frente, o megalomaníaco Brasil Vita Filmes, qual com ideias muito além de seu tempo acabou por se consumir em um incêndio, (talvez criminoso) que terminou com o sonho de muitos dos cineastas brasileiros envolvidos com a dramaturgia no Brasil do senhor presidente Getúlio Dornelles Vargas. O excelentíssimo senhor presidente da República qual vinha quase sempre a público tentando se redimir com desculpas esfarrapadas em um de seus pronunciamentos a nação, quão se manifestava de diversas formas.

    Com o declínio na qualidade das fitas rodadas em quase todas as regiões do país onde só se viam longas-metragens pornográficos. No final dos anos 60 (Sessenta) os atores conhecidos do público na sua maioria migraram para a televisão e os anos setenta nos apresentavam o quê parecia um moribundo cinema nacional qual logo seria enterrado e em breve não agonizaria mais. O festival cinematográfico de Gramado qual era um exemplo testemunhal do fato, foi durante anos para a dita sétima arte nacional que capengava moribunda em rumo ao depauperamento, um sopro de vida. A entrega da estatueta que simbolizava os melhores do cinema nacional era vista como uma luz no fim do infindável túnel. Nem mesmo na época obscura da anacrônica dona Solange Hernandes à frente da censura se produziu tão poucos filmes.

    Hoje, no dia 14 de janeiro do ano de 2009, a festa está para começar, a famosa efígie do Kikito era almejada por todas as categorias cinematográficas e a atriz Carla Assunção, estava eufórica em seu acento, pois era esta a sua primeira atuação como profissional… O mestre de cerimônia entra ao palco sob os aplausos dos colegas de profissão, após algumas anedotas ele convida uma amiga de trabalho para dividir o estrado na apresentação do espetáculo que se iniciava no picadeiro do anfiteatro. Em trajes de gala, a companheira brinca dizendo que o ator estava divino em seu black-tie, ele agradece e comenta sobre o decote da camarada em seu longo feito para a ocasião, ao fundo se ouve uma música orquestrada, qual se faz ecoar por toda a sala. Este era o 36º festival de cinema de Gramado, o ator escolhido como mestre de cerimônias deste ano é o famoso intérprete Cláudio Montoverdi um dos mais renomados profissionais da atualidade, e detentor de vários prêmios da área. Os cabelos grisalhos e os olhos azuis faziam dele um alvo de muitas discussões, discreto e reservado não era comum vê-lo em badalações o quê o levava a caminhar na prancha, pois se não é um mulherengo é homossexual. E falar de sua masculinidade era o assunto mais questionado do show bis, mas as mulheres suspiravam por ele. Algumas até dariam a vida por tê-lo em sua cama nem que fosse por uma noite, Montoverdi começa lendo alguns trechos de obras consagradas dos filmes nacionais, enquanto no tablado do anfiteatro estão sendo exibidos alguns trechos de O pagador de promessas um clássico do cinema nacional. A importância da película em exibição leva alguns dos atores a se emocionarem com as cenas apresentadas, Cristina Aguiar em companhia de Cláudio Montoverdi assiste ao prólogo, e comentam a história do filme.

    Em seguida se dá a iniciação da leitura de um trecho do documento que destaca a importância da criação da efígie do Kikito, a estatueta que seria entregue aos muitos profissionais de cinema que lotavam as cadeiras do anfiteatro.

    — Quando em 1973 o lendário Romeu Dutra (risos) teve a ideia de incentivar o turismo na região de Gramado, ele não tinha ciência que seu projeto tomaria proporções tão megalomaníacas.  — Dizia Cláudio Montoverdi ao público presente. — O conceito fundamental era de simplesmente um festival, sem a participação de artistas ou cineastas e claro! O movimento que se encontra hoje na festividade. A ideia principal era criar uma mostra sem competitividade, visando apenas à promoção da cidade gaúcha.  — Confessou Cristina Aguiar.  — Quanto à escolha e criação do almejado troféu Kikito, o Deus do bom humor que todos estes anos, vêm abrilhantando o nosso festival cinematográfico, deu-se de uma maneira bastante peculiar. — Seguia Cláudio Montoverdi sua parte na colocação.  — Uma pessoa especial de nome Elizabeth Rosenfield, num desses dias que nada dá certo teve a ideia de criar algo para acabar com seu mau-humor. Algo que acabasse de uma vez com os dissabores e amargos da vida.  — Concluiu Cristina Aguiar.  — Assim nasceu o Kikito, uma efígie risonha. Uma bem humorada ideia que acabou sendo o símbolo daquilo que deveríamos cultivar sempre em nossas vidas, o bom humor. — Deu seguimento o ator ao lado da companheira de palco.  — Esta modelagem devido a sua importância passou a ser o símbolo da cidade gaúcha qual se apropriou da ideia.  — Findava temporariamente Cristina Aguiar.  — O senhor Cravo Albim, então presidente do instituto nacional de cinema em uma reunião onde se encontrava o ator gaúcho José Lewgoy, tomou conhecimento da existência da escultura que lhe parecia deleitável. Assim sugeriu que a tomassem como o símbolo do prêmio máximo do festival de cinema de Gramado, embora que alguns ainda preferissem como prêmio a Hortência de ouro.  — Falou Cláudio Montoverdi enquanto sutilmente ria das coisas que lia de pé em frente ao púlpito, apoiando as mãos sobre ele.  — O nosso Kikito mede aproximadamente 33 cm de altura e é na sua totalidade confeccionada em imbuia. Desde sua criação pela artista plástica Elizabeth Rosenfield, esta modelagem tem sido produzida pelo competente Orival da Silva Marques, um célebre escultor conhecido por Xixo.  — Completou a atriz Cristina Aguiar sua explicação ao público.  — A criadora da estatueta do venerável Kikito, Elizabeth Rosenfield veio a falecer no dia 24 de janeiro do ano de 1980.  — Findou Cláudio Montoverdi.  — O nosso hoje Festival Internacional de Cinema de Gramado, premia em mais de trinta categorias os filmes inscritos por isso recebe longas-metragens, documentários, animações e curtas-metragens de quase todas as Américas e até alguns filmes da Europa, por isso ele é tão festejado.  — Terminava Cristina Aguiar, em baixo de gritos de parabéns e ovações por parte do público que estava presente.

    O corpo de baile inicia a apresentação interpretando um número musical de um filme dos anos cinquenta. O figurino mantinha-o adequado à época glamorosa do cinema nacional, os nomes das maiores expressões da indústria do entretenimento brasileiro começaram a se estabilizar nesta ocasião em que vários dos estúdios cinematográficos se firmavam, buscando nomes de profissionais competentes para dar ao público acostumado com as grandes produções estrangeiras. A competitividade era maior naquele momento de oportunidades, em que nasciam muitos artífices agora saídos do anonimato, e o melhor que nossos artistas podiam fazer era se mostrar atuando, fotografando, dirigindo, enfim… assim se dava à largada na corrida em que só os cinéfilos sairiam vencedores, e as produções da época eram as mais bem produzidas e o cinema nacional era elevado ao cume da notoriedade sendo agraciado com prêmios em todo o mundo.

    Cannes e Hollywood, se inclinavam as novas películas filmadas no Brasil, nomes importantes como Carmem Miranda, Alberto Cavalcanti, Anselmo Duarte, Eliana Macedo, os irmãos Cyll Farney e Dick Farney, entre outros se consagravam e levavam o nome do país a cruzar fronteiras. As chanchadas se firmavam como uma nova maneira de se fazer cinema, as comédias com números musicais agradavam não só aos brasileiros, mas também aos latinos americanos e estrangeiros de todas as partes que em alguns casos copiavam as produções. Se para nós a falta de recursos nos fazia improvisar, os norteamericanos por sua vez esbanjavam dinheiro em suas comédias musicais, e algumas das produções de Hollywood já levavam os nomes de brasileiros em créditos de seus filmes. A Metro Goldin-Mayer, Paramount, Fox filmes, Warner Bros, os estúdios Disney e a 20th century disputavam os artistas brasileiros que se enfileiravam nas ondas do sucesso dos filmes exibidos em vários países, a Europa se inclinava aos profissionais de arte cênica e dramaturga do país latino que se consolidava como uma extensa fábrica de valores do mundo cinematográfico. Na plateia da sala estão distribuídos entre os acentos músicos, atores, iluminadores, cenógrafos, editores, fotógrafos, maquiadores, técnicos, roteiristas, produtores, montadores, diretores entre outros profissionais da indústria do cinema. Carla Assunção estava extremamente nervosa, em sua estreia já era consagrada com a indicação para uma das estatuetas, a intérprete se sentia frígida com a sua nomeação para uma das modelagens, e ter um Kikito seria uma honra. A seu lado está o dono de um dos estúdios mais consagrados do país e detentor de várias das estatuetas, o grande trunfo de seu estúdio eram as equipes de maquiagens e as cenas com poucas tomadas, mas produzidas com muito realismo e veracidade. O complexo cinematográfico era qualificado como o maior estúdio da América do Sul, as suas produções eram muito bem cuidadas e o elenco sempre escolhido entre os mais renomados dos artistas brasileiros. As estatuetas se enfileiravam nas estantes de vidro expostas no saguão oval resguardado por um piso de madeira corrida, na entrada principal do estúdio cinematográfico localizado em um dos bairros mais valorizados do estado do Rio de Janeiro. A Pontual Filmes se tornara um marco na arte de filmar, e o afamado diretor Arquimedes Goulart seu proprietário era detentor de vários prêmios internacionais, o realismo de suas cenas eram incontestáveis e a dramaticidade de seus atores dispensavam elogios. A atriz Alexandra Brito era uma artista bastante experiente em sua longa carreira na arte da dramaturgia, e estava extremamente cotada para receber a mais um dos almejados Kikitos, já tinha dado como ganha a estatueta de melhor atriz no longa-metragem belíssimo produzido pelos estúdios da Pontual Filmes. O filme A Walquiria uma obraprima do cinema moderno, tinha como enredo a vida de uma missionária no interior da selva Amazônica, o filme havia conquistado dois dos almejados Kikitos. Uma estatueta na categoria de melhor roteiro adaptado, e outra de melhor ator coadjuvante para o ator Murilo Bolíva, um jovem promissor na arte de interpretar. Agora concorria na categoria de melhor atriz, sua indicação era sem sombra de dúvidas acertadíssima e merecia todas as honras, mas havia outros dois bons filmes que também concorriam na mesma categoria, o filme Gaúcho do diretor sul-rio-grandense Alberto Sanches tinha como trama a vida do gaúcho dos pampas e a atriz rio-grandense-do-sul Luiza de Marilac que defendia a película era bastante satisfatória em sua atuação e apresentava grandes chances de arrebatar a cobiçada estatueta, que logo em seguida seria entregue a quem arrebatasse o título de melhor atriz.

    A produtora cinematográfica Angar 42 Filmes, que sempre produzia bons documentários e curtas-metragens, agora com o renomado diretor Edir Cardoso assinando os créditos da direção de Pajurá finalizava uma magistral fita. Um filme simples e com um orçamento relativamente barato para as produções do gênero e que seguia o enredo contando a vida de cinco amigos moradores de uma pequena, mas bucólica cidade no estado da Paraíba. A produção foi toda rodada em uma cidade litorânea e usando alguns dos moradores como atores e figurantes. O filme foi bem aceito pelo público e conseguiram alguns milhões, o êxito nas bilheterias e louvores agraciados pela crítica especializada, levou a produtora a rever o contrato com a atriz, que em seu primeiro longa-metragem transformava um filme belo com fotografias acertadas em um produto comercialmente bem-sucedido. Para Carla Assunção esta seria a primeira estatueta que receberia e logo em seu primeiro trabalho como atriz em um filme, a escolha do diretor Edir Cardoso em usar uma atriz desconhecida para o papel principal era uma atitude muito arriscada. Em seus trabalhos ele tinha total autonomia para escolher a sua equipe técnica e os atores com quem iria trabalhar, e a escolha de Carla Assunção para o papel foi acertada. No palco o ator Cláudio Montoverdi que servia de mestre de cerimônia em companhia de sua amiga Cristina Aguiar, chamava a atenção do público para os telões que passavam trechos dos filmes concorrentes ao prêmio na categoria de melhor atriz. A indicação de Carla Assunção a receber uma estatueta por melhor atriz em sua atuação no filme Pajurá deixava a grande atriz Alexandra Brito morrendo de inveja. A velha senhora era uma novata na arte de interpretar, mas poderia arrebatar ao prêmio e ela seria logo esquecida por seus admiradores. O mestre de cerimônias segura o envelope com o nome da vencedora do prêmio de melhor atriz, ele faz as piadas de sempre brincando com alguém da plateia, coloca um pouco de suspense até que por fim abre ao sobrescrito.

    — E o prêmio de melhor atriz vai para, Carla Assunção por sua interpretação de dona Paraguaçu em Pajurá.  — Executa Cláudio Montoverdi!

    O teatro todo vem abaixo com as palmas e gritos de parabéns, ela se levanta de seu acento e caminha entre pelo corredor estreito do anfiteatro entre as cadeiras e sobe os lances de escada se posicionando ao lado de Cláudio Montoverdi e Cristina Aguiar, que lhe entrega a modelagem do Kikito. Ela segura a estatueta e por uns minutos fica em silêncio, mas logo em seguida começa seu discurso.

    — Gostaria de agradecer ao meu ex. marido, ele sabe por quê. De dedicar este prêmio ao senhor Gumercindo de Assunção Gonçalves, meu avô, a quem devo tudo que consegui nesta vida.  — Disse a atriz.  — Ah!  — Exclamava ela enquanto respirava.  — E agradecer principalmente ao excelentíssimo ex. presidente da República o senhor Getúlio Dornelles Vargas, que no ano de 1944 aderiu ao ato de participar ativamente das manobras militares na Europa enviando os praças do exército, marinha e aeronáutica para o território italiano.  — Continua a atriz seu colóquio verbal.  — No rádio se ouvia as notícias de que as forças expedicionárias do Brasil haviam desembarcado em Nápoles no dia 16 de julho do mesmo ano, de modo a participar, conjuntamente com os exércitos aliados, das operações em território italiano.  — Dizia a atriz.  — Eram profundamente debilitadas e deturpadas as informações que nos chegavam e a impressão causada no país e nas principais capitais do mundo, era que a ativa cooperação dos nossos praças que acabavam de chegar ao quartel-general que servia de base de operações no mediterrâneo, acabaria com a tacanha e ferrenha opressão do Il Duce e Führer.  — Pausava Carla Assunção, sua indignação ao ato do então senhor presidente da República Federativa do Brasil.  — E assim em idos do mês de julho do ano de 1944 comandados pelo general Mascarenhas de Moraes, os pracinhas brasileiros pisaram em solo italiano. Participaram ali de algumas das campanhas militares, umas vitoriosas outras nem tanto e segundo dados oficiais da época com um

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