Bucareste - Budapeste: Budapeste - Bucareste
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Sobre este e-book
Gonçalo M. Tavares
Nasceu em Luanda, em 1970, tendo ido logo a seguir para Portugal. Premiado e elogiado pela crítica, estreou em 2001 com Livro da dança, e vem se firmando como uma das maiores vozes do romance português contemporâneo.
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Pré-visualização do livro
Bucareste - Budapeste - Gonçalo M. Tavares
© Gonçalo M. Tavares, 2019
© Oficina Raquel, 2020
EDITORES
Raquel Menezes
Jorge Marques
ASSISTENTE EDITORIAL
Mário Félix
REVISÃO
Oficina Raquel
CAPA E PROJETO GRÁFICO
Raquel Matsushita
DIAGRAMAÇÃO
Julio Cesar Baptista
PRODUÇÃO DE EBOOK
S2 Books
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
Tavares, Gonçalo M., 1970-
T231b
Bucareste-Budapeste : Budapeste-Bucareste / Gonçalo M. Tavares. – Rio de Janeiro : Oficina Raquel, 2021.
107 p. ; 21 cm.
ISBN 978-65-86280-77-7
1. Contos portugueses I. Título.
CDD P869.3
CDU 821.134.3-34
Bibliotecária: Ana Paula Oliveira Jacques / CRB-7 6963
Este livro segue as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados à Editora Oficinar LTDA ME. Proibida a reprodução por qualquer meio mecânico, eletrônico, xerográfico etc., sem a permissão por escrito da editora.
Este livro teve apoio da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas
www.oficinaraquel.com.br
dedicado a Luís Mourão (1960-2019) professor universitário, estudioso da literatura portuguesa um homem rápido, inteligente, generoso
ÍNDICE
Capa
Folha de rosto
Créditos
Dedicatória
Bucareste-Budapeste: Budapeste-Bucareste
A fotografia — historia do vampiro de Belgrado
Episódios da vida de Martha, Berlim
Notas sobre o projeto das cidades
BUCARESTE-
BUDAPESTE:
BUDAPESTE-
BUCARESTE
I
Chegados de Budapeste. Dois vultos de noite. Duas manchas escuras sobre uma grande mancha escura. Mas as duas pequenas manchas escuras agem, têm um objetivo; a noite, essa — a grande mancha escura —, tudo indica que não; não tem objetivo.
Primeiro destroem o cadeado. A fechadura da porta do armazém é robusta. Utilizam o fogo. Depois um empurrão entusiasmado, dois corpos contra um portão alto e largo, mas já sem fechadura. Igual a uma pessoa indefesa: um portão indefeso; fechadura partida.
Os dois homens entram para um novo escuro, um escuro mais pequeno, fechado, organizado. É dentro da noite, mas fora da noite. Sabem bem o que procuram, os dois homens. Há muitos objetos guardados no armazém, mas os dois homens não vêm visitar, não estão perdidos. Já sabem o que querem. Ali está.
A luz da lanterna torna evidente o que do outro lado a enorme estatura da coisa torna também evidente. Luz de um lado e proporções gigantes do outro. Está ali, murmura um dos homens.
Aproximaram-se. Tiraram tudo da frente.
Tarefa difícil. Muitos objetos guardados. Objetos valiosos — algumas peças em ouro. Mas não era disso que eles estavam à procura. O que agora, sim, tornava mais estranha esta incursão noturna, este assalto: quando alguém não quer ouro, e o despreza, então quer algo ainda mais poderoso, e tal desejo assusta. Não é precipitado recear os homens que ignoram o ouro; faz sentido receá-los mais ainda do que aos homens obcecados por esse metal.
De fato, não. Os dois homens querem apenas aquele objecto enorme, com mais de dois metros.
Um dos irmãos procurou e encontrou um banco. Colocou-o junto ao enorme vulto que se constituía como o único foco daquele crime. Era uma estátua, eis que tal é já evidente. E é essa estátua que eles pretendem. Porém, a enorme estátua está rodeada por um plástico que a cobre por completo. É necessário confirmar que aquela é a estátua. Seria um desastre roubar a estátua errada. Um dos irmãos sobe então lá acima. A sensação é igual à sentida no velório quando se vai olhar pela primeira vez para o rosto do morto para confirmar se é mesmo o morto; se a cara do morto ainda se consegue identificar com a do vivo.
É o irmão mais novo que sobe ao banco. Lá de baixo o outro diz-lhe, baixinho, para rasgar, à força, com as mãos, o material que cobre o rosto da estátua. Depois tapariam tudo de novo, sem qualquer problema.
O homem mais novo está já defronte de um plástico e adivinha-se do outro lado, coberto, um rosto. Com as duas mãos e um tremendo esforço, ele abre o invólucro a meio na zona que anuncia o rosto da estátua. Atrás desse plástico há ainda um outro. A cara da estátua ainda não se vê.
São vários plásticos — diz o irmão mais novo lá de cima.
Cá em baixo, entretanto, o homem dirige a lanterna para a zona onde dez dedos voltam de novo à intensidade brutal.
Os plásticos são grossos, ele nunca conseguiria rasgar mais do que um de cada vez.
Continua! — murmura o irmão cá em baixo.
O segundo plástico está rasgado e há ainda um terceiro. É o último, parece.
É o último — diz o irmão lá em cima.