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O Jardim Dos Iluminados
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O Jardim Dos Iluminados
E-book344 páginas3 horas

O Jardim Dos Iluminados

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Sobre este e-book

Após acordar de um coma profundo que durou quase dois anos, um rico e bem sucedido empresário se vê em um estranha casa de repouso, sem saber como chegou até lá. Em busca de respostas para suas enigmáticas perguntas, ele irá descobrir que os motivos que o levaram até aquele local são muito mais misteriosos do que imagina. Enquanto recupera a saúde, ele será obrigado a conviver com pessoas estranhas, mas com conhecimentos muito além de sua capacidade de compreensão. A medida que os dias passam e ele se reestabelece, receberá lições de vida que colocarão em cheque sua própria identidade, ao mesmo tempo em que fragmentos do seu passado vem à tona, fazendo com que as respostas que tanto procura possam revelar verdades que mudarão para sempre sua vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de nov. de 2017
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    Pré-visualização do livro

    O Jardim Dos Iluminados - Johnny Fragoso

    1

    Quando você abre os olhos pela manhã, sua alma está realizada porque

    ela já tem tudo o que precisa para ser feliz neste dia, nesta vida e por

    toda a eternidade. Este é o clímax da alma, saber que ela é eterna,

    indefinida e totalmente ilimitada.

    2

    O rapaz abriu os olhos e estranhou o ambiente à sua volta. Embora

    lembrasse um quarto de hospital, não havia equipamentos médicos ou

    qualquer outro artefato do tipo. De todo modo, onde quer que estivesse,

    certamente não era a moderna e confortável cobertura em que vivia no

    centro da cidade.

    O travesseiro sobre o qual sua cabeça pendia dolorosamente cheirava

    à naftalina e, para seu espanto maior, uma pequena tabuleta de madeira

    jazia dependurada na parede à sua frente, trazendo os seguintes dizeres:

    ABANDONAI TODA A ESPERANÇA,

    VÓS QUE ENTRAIS

    Com um pequeno esforço, lembrou que se tratava da inscrição

    existente acima dos portões do inferno, na Divina Comédia, de Dante

    Alighieri, o que só fez aumentar seu espanto, causando-lhe uma

    incômoda preocupação.

    O rapaz chamava-se Paulo e não fazia a menor ideia do local em que

    se encontrava. Apesar do desconforto momentâneo, forçou o corpo para

    o alto e moveu o pescoço lentamente até o ponto em que uma dor

    lancinante o obrigou a voltar a posição original. Movendo apenas os

    olhos, examinou o lugar mais detidamente e pôde ver que uma pequena

    sineta empoeirada havia sido colocada sobre o criado mudo, ao lado da

    cama em que estava.

    "Que droga de lugar é esse", pensou consigo enquanto estendia o

    braço para apanhar o objeto. Quem quer que o estivesse mantendo preso

    naquele lugar certamente queria ser avisado no momento em que

    3

    acordasse. Então, apesar da dor que lhe tocou a base da cabeça, apanhou

    a sineta empoeirada e a agitou freneticamente como se gritasse por

    socorro.

    Também pensou em chamar por alguém, mas sentia-se tão fraco que

    não reunira forças para fazê-lo. Nesse momento, chegou a pensar que

    suas cordas vocais haviam sido arrancadas da garganta. Assim, quando

    se preparava para brandir a sineta uma segunda vez, um breve rangido

    de assoalho acusou a chegada de alguém, fazendo com que uma centena

    de pensamentos permeassem seu cérebro numa fração de segundos.

    "Quem haveria de ser? O que estava fazendo naquele lugar

    estranho? Por que sentia tantas dores? Havia sido sequestrado? Quem

    o esperava do lado de fora? Seria um salvador ou a pessoa que o havia

    raptado"?

    O rangido do assoalho tornou-se mais forte até que, finalmente,

    pareceu parar diante da porta. Antes, porém, que ela se abrisse, um novo

    rangido se fez ouvir no exato lugar onde o primeiro havia começado. Em

    seguida, para o espanto do rapaz, outros rangidos foram se somando

    continuadamente como se uma pequena multidão se acercasse do recinto

    em que se encontrava.

    O rapaz arregalou os olhos e viu-se com o coração aos pulos. Se

    tivesse sido sequestrado, como de fato desconfiava, tudo levava a crer

    que seus raptores encontravam-se reunidos do lado de fora do cativeiro,

    à espera de que recobrasse a consciência para gravar alguma mensagem

    ou pedido de resgate.

    4

    "Sim, é isso", pensou olhando fixamente para a maçaneta da porta.

    "Mas por que não me lembro de nada?"

    De fato, guardava todas as lembranças de sua vida intactas até aquele

    momento, desde que saiu para o trabalho até apanhar Cláudia em frente

    ao prédio em que moravam. Mas daí em diante, não se lembrava de mais

    nada. Apenas um espaço em branco, uma lacuna não preenchida, um

    lapso de tempo e espaço que num piscar de olhos o remeteram até aquele

    quarto mal iluminado, o cheiro de éter, a naftalina e a tabuleta com os

    dizeres que aludiam ao Inferno de Dante. E agora, os rangidos na porta.

    Todos aqueles pensamentos ziguezagueavam em sua mente no

    momento em que a maçaneta girou vagarosamente e um tênue feixe de

    luz inundou o quarto ofuscando sua vista. Ao colocar as mãos sobre os

    olhos para conter o feixe de luz, vislumbrou uma dúzia de rostos

    assombrados que o fitavam através da fresta deixada pela porta.

    Contudo, por mais estranhos que parecessem, não se assemelhavam

    ao perfil de sequestrador com o qual estava habituado a ver na capa dos

    jornais. Ao contrário, aquela gente parecia estar tão assustada com a sua

    presença quanto ele próprio estava com a deles.

    O rapaz franziu o cenho e concentrou sua atenção num rosto diferente

    de todos os outros que ali se encontravam. Era um rosto velho, composto

    por uma espessa barba grisalha, suavemente cofiada por um par de dedos

    grossos e enrugados. Trazia nos lábios um sorriso branco e insinuante,

    uma espécie de cartão de boas vindas.

    5

    O velho aproximou-se lentamente fazendo um gesto para que os

    outros ficassem do lado de fora. O rapaz encolheu-se na cama como que

    se esperasse pelo pior.

    — Julguei que morreria sem ouvir esta campainha.

    Sua voz era grave como um trovão, mas, ao mesmo tempo, trazia um

    que de doçura e cordialidade.

    — Quem é você? – Indagou o rapaz aliviado pelo som da própria voz.

    — Se é o que está pensando, você não está morto e este lugar não é o

    céu. Como está se sentindo?

    — Quando você me disser quem é e onde estou, talvez eu me sinta

    melhor.

    — Você está em um lugar seguro, pode acreditar. Mas me refiro à sua

    condição física, afinal, ela não parece ser das melhores...

    — Meu corpo dói como se tivesse sido atropelado por um caminhão.

    — Queixou-se o jovem percebendo a ansiedade da turba que se espremia

    do lado de fora do quarto.

    — A dor é um bom sinal. Significa que seu corpo, e principalmente o

    seu cérebro, estão intactos. Isso é muito bom.

    — Mas de que diabos está falando? Como isso pode ser bom? Seja lá

    quem você for, será que pode me explicar o que está acontecendo e

    como vim parar neste lugar?

    — Fique tranquilo meu amigo, as respostas sempre vêm no momento

    mais apropriado. Agora, tudo o que você precisa é de uma refeição

    decente, um banho de verdade e uma boa dose de sol e ar fresco.

    6

    O jovem pensou em se levantar e dizer algumas verdades ao velho,

    contudo, mal teve forças para manter o corpo ereto sobre a cama.

    Pensando bem,uma boa refeição viria mesmo a calhar, afinal, sentia-se

    fraco e bastante indisposto até mesmo para raciocinar sobre tudo o que

    estava acontecendo.

    Assim, com um breve aceno de cabeça, consentiu resignado.Não

    havia nada que pudesse ser feito.

    O velho sorriu ternamente enquanto cofiava a longa barba branca. Ele

    também estava curioso e ansiava por conhecer melhor o estranho homem

    à sua frente

    * * *

    Apesar da frugalidade da refeição – uma sopa rala de legumes com

    minúsculos pedaços de carne – o rapaz realmente sentiu-se melhor,

    muito embora ainda não reunisse forças suficientes para sequer

    permanecer em pé. Prevendo tal dificuldade, o velho tratou de

    providenciar uma tosca cadeira de rodas para que servisse de veículo ao

    jovem, enquanto este não recobrasse suas energias.

    Mais calmo e disposto, o rapaz percebeu que o velho caminhava em

    sua direção e, antes mesmo que pudesse dizer qualquer coisa, dirigiu-se

    para a parte de trás da cadeira de rodas, posicionando-se como se fosse

    7

    um motorista particular. Sem mais palavra, o velho tomou um impulso e

    conduziu o veículo para o lado de fora do refeitório fazendo com que

    o rapaz finalmente se desse conta do lugar em que se encontrava.

    Aliviado por não estar em um cativeiro convencional, ele logo

    percebeu que o local era uma espécie de clínica de reabilitação, que jazia

    encravado em algum sítio nos arredores da cidade. Após afastarem-se

    um pouco, um exame mais detalhado da paisagem o fez acreditar que se

    tratava, de fato, de uma clínica ou hospital psiquiátrico.

    O complexo principal era formado por um prédio baixo com cerca de

    cinquenta metros de comprimento e de onde se podia ver dez ou doze

    pequenas janelas que contrastavam com o branco da parede. Do lado

    direito do complexo havia uma varanda bastante aconchegante, onde

    algumas pessoas espreguiçavam-se tranquilamente. Na parte central,

    uma porta de vidro esfumaçado trazia um adesivo indicando que se

    tratava de uma sala de recepção, de onde, mesmo àquela distância, era

    possível notar que uma atendente falava ao telefone enquanto

    posicionava uma folha de papel no que parecia ser um aparelho de fax.

    Já do lado esquerdo, mais ao fundo, uma velha casa de madeira parecia

    resistir ao tempo, lutando consigo mesma para permanecer de pé.

    Ademais, havia muitas árvores, um gramado verdejante, um extenso e

    multicolorido jardim, uma horta repleta de verduras e legumes frescos e

    um lago com um longo píer de madeira. Ao redor do lago, uma dúzia de

    pequenos casebres de madeira se estendiam até o sopé de uma graciosa

    colina esverdeada.

    8

    — Que lugar é esse? — Indagou o rapaz procurando o velho com o

    canto dos olhos.

    — Meu nome é Nelson – disse o velho ao lembrar que ainda não

    haviam se apresentado – mas as pessoas preferem me chamar de

    Professor. E você? Quem é?

    — Não sabe quem eu sou?

    — Não mesmo! Porque deveria saber? Você é alguém famoso?

    O rapaz coçou a cabeça em claro sinal de preocupação.

    — É que eu pensei que este lugar fosse uma clínica, mas, se assim

    fosse, você deveria saber meu nome.

    — Na verdade não estamos longe de ser uma clínica. Uma clínica da

    alma, eu diria.

    — Como assim? Acho que não entendi muito bem.

    — Mais vai entender no momento certo. Se tem algo em que

    acreditamos muito aqui em nossa comunidade, é que tudo o que

    acontece em nossas vidas é para o nosso bem e possui algum

    significado. Isso significa que se você chegou até aqui, é porque, de

    alguma forma, queria estar aqui. Nada é por acaso.

    — Mas como eu posso querer estar num lugar que nem sei aonde

    fica? Pra ser honesto, eu nem mesmo sei como cheguei até aqui.

    O velho parou subitamente a cadeira de rodas para olhar diretamente

    nos olhos do rapaz.

    — Tem certeza de que não se lembra de nada?

    9

    — Bem, lembro de quase tudo, exceto de quando e como cheguei

    aqui.

    O velho hesitou por alguns segundos.

    — Bem, neste caso eu entendo a sua preocupação. Deve estar

    achando tudo muito estranho mesmo.

    O rapaz fez que sim com a cabeça como se esperasse que algum fato

    novo solucionasse o mistério. Percebendo a angustia do jovem, o velho

    disse o que sabia:

    — Você sofreu um acidente e o seu carro foi encontrado dentro de

    um rio que passa logo atrás daquela colina. Por sorte, algumas pessoas

    que vivem na comunidade o encontraram e o trouxeram pra cá. Como

    seu estado era muito grave, nós o levamos para um hospital na cidade.

    Lá, os médicos conseguiram salvar sua vida, mas não puderam impedir

    que entrasse em um estado de coma profundo. Alguns dias depois, os

    diretores do hospital nos ligaram e pediram para que o buscássemos.

    Diante do seu quadro médico, não havia muito o que pudessem fazer por

    você.

    — E por que não me levaram pra minha casa?

    — E como podíamos saber aonde fica a sua casa? Você foi

    encontrado sem documentos e ninguém fazia a menor ideia de quem era

    ou de onde morava. O que, aliás, até agora não descobrimos.

    O rapaz estava em choque.

    Como aquilo era possível, afinal, tinha família e muitos amigos. Se

    estava desaparecido, o mínimo que esperava era que vasculhassem a

    10

    cidade até que o encontrassem. Não devia ser tão difícil levando-se em

    conta os ilimitados recursos financeiros de que sua família dispunha.

    Ao ver a agitação do rapaz, o velho pousou a mão em seu ombro.

    — Fique tranquilo que tudo vai se resolver.

    —Tranquilo? Como pode pedir pra que eu fique tranquilo? Preciso

    voltar agora mesmo e retomar minha vida. Tenho negócios a resolver,

    além do mais, preciso saber porque é que não vieram me procurar. Eu

    poderia estar morto a essa hora, sabia?

    — Bem, talvez você esteja realmente morto.

    O rapaz arregalou os olhos e, se não fosse por sua saúde debilitada,

    teria saltado da cadeira de rodas.

    — Como assim? Do que você está falando? Como posso estar morto

    se estou falando com você?

    — Eu sei que você não está morto. E sei disso porque eu estou vivo e

    não costumo ver fantasmas. O que quero dizer é que para o mundo fora

    desta comunidade, talvez você esteja realmente morto.

    — Impossível! A menos que...

    O velho deixou escapar um sorriso lacônico e voltou a empurrar a

    cadeira de rodas por uma pequena trilha ladrilhada que levava até o

    jardim.

    — Pare! – Berrou o rapaz gesticulando sem parar.

    — O que foi?

    — Há quanto tempo estou nesta comunidade? Quero dizer, quanto

    tempo fiquei em coma?

    11

    — Hum, essa é a pergunta certa. Deixe pensar um pouco ... pela

    minhas contas você está aqui há pelo menos oito meses.

    O rapaz estremeceu e uma onda de pânico tomou conta do seu corpo.

    De fato, não se dera conta que estava bem mais magro do que se

    lembrava. Nesta hora, sentiu vontade de gritar e chorar, mas não teve

    forças. Apenas silenciou por alguns segundos.

    — Oito meses? Como conseguiram me manter aqui por todo esse

    tempo sem uma estrutura médica?

    — Você não deu muito trabalho. Na verdade, apenas cuidados de

    enfermagem como soro na veia, banho e alguns curativos. Mas o grande

    mérito da sua sobrevivência é seu. Foi você quem decidiu não morrer

    agora.

    O rapaz refletiu por alguns instantes. Não estava tão certo sobre o

    mérito por sua sobrevivência. Lembrava-se de estar amargurado nos dias

    que antecederam o tal acidente. Trabalhava demais, a relação com a

    família não era das melhores, havia brigado com Cláudia e marcara o

    jantar no dia do acidente justamente para se reconciliar com a esposa.

    Pelo menos era o que sobrara de sua memória. Na verdade, nem mesmo

    se lembrava de algum acidente.

    — De qualquer modo – insistiu o rapaz – terei que partir agora que

    recobrei a consciência. Além do que, já estou recuperado.

    — E quem disse que está recuperado se mal tem forças para ficar de

    pé?

    12

    O rapaz respirou fundo e baixou a cabeça. De fato, mal podia

    aguentar o peso do próprio corpo e por mais angustiado que se

    encontrasse, de nada adiantaria voltar a vida naquelas condições. Antes

    mesmo que pudesse responder a pergunta, o velho emendou:

    — Vamos fazer o seguinte, você fica conosco durante trinta dias,

    recupera suas energias e somente então retoma sua vida.

    — Não sei, acho que não posso abusar mais de sua hospitalidade, até

    porque, vocês já fizeram muito por um simples desconhecido.

    — De jeito nenhum. Quando conhecer melhor nossa comunidade vai

    saber que você não é um simples desconhecido. O que me diz?

    — Bem, acho que não tenho muita escolha.

    — Ah, você tem sim. Nós sempre temos escolha. Você, por exemplo,

    pode voltar para sua velha vida agora mesmo ou, por outro lado, pode

    aproveitar um acontecimento inesperado e fazer dele uma oportunidade

    única de conhecer algo novo. Tudo está aí pra você escolher e seu único

    trabalho é escolher o que é melhor pra sua vida. Muitas pessoas levam

    vidas medíocres por acreditarem que nunca tiveram escolha. É sempre

    aquela estória de que eu não escolhi ser pobre ou "eu não escolhi ter

    tantos filhos" e por aí vai. Contudo, se olharmos na raiz do problema,

    sempre encontraremos uma escolha que foi feita em algum lugar do

    passado e em meio a tantas outras que estavam a disposição. Portanto,

    meu caro, essa é a primeira lição que aprenderá nesta comunidade:

    sempre há uma escolha. A propósito, já me esqueci do seu nome.

    — É porque eu não disse ainda. Eu me chamo Paulo.

    13

    — Por causa do apóstolo? - Arguiu o velho tentando ser simpático.

    — Na verdade, é por causa do Paulo Roberto Falcão, jogador da

    seleção brasileira. Meu pai era apaixonado por aquela seleção de 82. Ele

    queria que eu me chamasse Sócrates, mas minha não gostou muito e

    achou que Paulo Roberto era melhor.

    — Eu gosto mais de Sócrates. É mais sábio.

    O rapaz não viu graça no comentário feito pelo velho. Antes, porém,

    que respondesse, ambos chegaram ao fim da trilha ladrilhada que levava

    ao jardim, fazendo com que o velho conduzisse a cadeira de rodas por

    sobre o gramado até que chegassem a parte mais alta do terreno. Lá de

    cima, o rapaz pôde ver um vasto pedaço de terra vermelha sendo

    revirada por um velho trator com arado.

    Percebendo a curiosidade do rapaz, o velho tratou de explicar a cena:

    — Plantaremos batatas naquele espaço vazio. Se olhar um pouco

    mais para a sua esquerda, verá uma plantação de mandiocas e outra de

    abóboras. E depois que colhermos as mandiocas e as abóboras, talvez a

    gente plante morangos ou abacaxis.

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