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Exu Foi para a Escola!
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E-book195 páginas2 horas

Exu Foi para a Escola!

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Sobre este e-book

Com prefácio de Dagoberto José Fonseca, o livro Exu foi para a escola! está inserido no campo dos estudos da temática da Lei Federal n.º 10.639/03, correlacionando esta Lei com a disciplina de Sociologia ofertada no ensino médio, e as Diretrizes Curriculares da Educação Básica no estado do Paraná.
Nesta obra, a autora analisa a possibilidade do estudo dos atributos do orixá Exu na disciplina de Sociologia no ensino médio, abrindo caminho para discussões mais profundas sobre o racismo religioso no Brasil.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de fev. de 2022
ISBN9786558202684
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    POR QUE É FORMIDÁVEL O CONHECIMENTO NESTA ESFERA TÃO IMPORTANTE QUE É A APROPRIAÇÃO DA CULTURA MÍSTICO E RELIGIOSA DENTRO E FORA DAS ESCOLAS. DESDE OS PRIMÓRDIOS SABE-SE QUE A RELIGIÃO INSERIDA NAS ESCOLAS TRAZEM EMBARAÇOS, REPÚDIO E PRECONCEITO. CALHANDO COM A NARRATIVA REALIZADA PELA AUTORA ANÁLOGA, E SUA MAGNITUDE PARA AS ESFERAS DA SOCIEDADE, PRINCIPALMENTE DAQUELA TÃO IMPRESCINDÍVEL PARA TODOS QUE É A ESCOLA!...

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Exu Foi para a Escola! - Isabel Cristina Dos Santos

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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

Ao meu irmão Rogério (in memoriam).

AGRADECIMENTOS

As mães de santo e os filhos de santo, em vários momentos, são colocados em situações constrangedoras e são alvos de desconfiança de muitos. Em contrapartida, tenho enorme contentamento em manifestar as suas colaborações, pois cortesia, atenção, educação, afabilidade, gentileza e delicadeza foi o que recebi desde quando me interessei em pesquisar sobre as religiões afro-brasileiras para reunir material e conhecimento para lecionar sobre os assuntos que envolvem a Lei n.º 10.639/03. Por isso, agradeço às Mães de Santo e aos seus filhos pela calorosa recepção e acolhimento, por terem se disposto a transmitir seus conhecimentos de modo delicado e detalhista. Agradeço pelas sugestões e pelo auxílio.

Aos professores que se dispõem em colaborar com o fim da intolerância às religiões afro-brasileiras, pois sofrem com a resistência de algumas pessoas que compõem a comunidade escolar, e que não titubeiam em esconder seu racismo, sua intolerância e preconceito. Agradeço a todos. E, de modo especial, aqueles e aquelas que me concederam entrevistas e ao meu esposo, Paulo Edson Lima dos Santos, e à minha amiga, Maria José de Souza, diretamente envolvidos na realização das entrevistas. Duas pessoas de companheirismo inigualável durante a realização da pesquisa etnográfica e na minha vida, e que me incentivaram a prosseguir com o tema.

Quero agradecer também a todos aqueles que apoiaram desde a idealização, execução até a finalização deste livro, que é fruto de nove anos de reflexões sobre a história da cultura africana e afro-brasileira. A todos aqueles que se interessaram por esta pesquisa bibliográfica e etnográfica e, nesses momentos, comigo discutiram sobre a visão intolerante frente às religiões afro-brasileiras. Desse modo, por meio dos seus desejos de saber, fizeram inúmeros questionamentos, os quais foram de extrema importância para a realização deste livro.

Por fim, vale ressaltar que é impossível pesquisar sobre Exu e não se interessar ainda mais pelo tema. Tenho profunda admiração por esse orixá e pelo povo de santo. Ao longo da história, após o contato da cultura europeia com a cultura africana, Exu foi profundamente ofendido. Tenho, porém, a oportunidade de contribuir para desfazer os mal-entendidos. Por isso, peço licença a Exu. Laroiê!

Sobre o orgulho da origem africana:

Eles extraem esse sentimento de orgulho da fé que conservam em relação ao poder de seus Orixás e Voduns que para eles, nos momentos penosos, são o amparo mais seguro contra a angústia e as humilhações e que, nos momentos de alegria, lhes proporcionam o sentimento exaltado do gênio de sua própria raça... Durante as cerimônias, o corpo dos adeptos é visitado pelos Deuses e, quando estes partem, permanecem em seus filhos reflexos que engrandecem e nobrecem. Dos empregados domésticos e lavadeiras humilhadas, de carregadores e operários mal pagos, eles se tornam filhos de Deuses, respeitados, admirados, cotejados...

(Prefácio de Th. Monod¹)

APRESENTAÇÃO

Há um tempo que pesquiso e reflito sobre a temática da Lei n.º 10.639/03. Visitei terreiros, participei de cursos de capacitação, troquei materiais didáticos com muitos pesquisadores, mães e filhos de santo. Conheci a dinâmica da Umbanda, lembro-me do dia em que conheci a Vó, que dia maravilhoso. Tive acesso a um universo surpreendente, com pessoas muito educadas, acolhedoras e felizes, que integram religiões admiráveis, advindas de uma mitologia riquíssima e complexa. Porém, ao mesmo tempo que pesquisava esse universo encantador, deparava-me, e infelizmente me deparo ainda, com atitudes intolerantes.

Por isso, o estudo de Exu significa para mim. Muito mais que a busca do entendimento e compreensão do ponto de vista dos adeptos das religiões afro-brasileiras, significa o combate ao racismo religioso.

PREFÁCIO

Exu: porteiro, pedagogo e professor

Exu foi para a escola! é uma obra corajosa e perspicaz de Isabel Cristina dos Santos, que nos convida ao diálogo, à busca de conhecimento para assim nos desarmarmos de nossos preconceitos culturais, científicos e religiosos. Reitero que este livro é um convite a conhecermos o orixá que é Exu e verificarmos o quão importante é o levarmos para a escola, lugar da aprendizagem, do ensino, do diálogo, da comunhão dos interesses variados em prol da construção de uma sociedade tão diversa como a brasileira. A nossa autora é professora, como se diz no jargão popular e educacional, professora de sala de aula. O seu convite à leitura crítica é para aqueles e aquelas que estão ou estiveram em sala de aula nas séries e níveis do ensino fundamental e médio e que devem ensinar e atender aos mais diversos interesses dos seus estudantes, sem jamais contagiá-los com os seus preconceitos ou os da sociedade.

Este livro é uma excelente contribuição para aprofundarmos e problematizarmos muitas conversas que deixaram de existir, muitas aulas que ficaram com perguntas sem respostas. Muitos maus exemplos de como não devemos trabalhar para fazermos de nossa educação um espaço de responsabilidade ética com as gerações futuras. Este livro amplia o escopo de reflexão e de atuação sobre a eficácia e efetividade da Lei n.º 10.639 de 2003 ou da Lei n.º 11.645 de 2008, mas também nos ajuda a verificar se o que temos como Lei de Diretrizes da Educação, aprovada em 1996, tem sido eficiente quando falamos em diversidade e pluralidade cultural. O que se destaca nesta obra de Isabel Cristina dos Santos é que a diversidade e a pluralidade cultural presente na lei maior da educação brasileira não tem sido respeitada justamente por quem deveria protegê-la e respeitá-la, o professor e a professora, isto é, os profissionais da educação.

Isabel elabora um exímio itinerário para os que não são adeptos à tradição dos orixás e, assim, possam ter acesso a esse que é um dos principais orixás do universo cultural, cosmológico e mítico-religioso africano. Exu, como vários orixás, contribuiu para a formação do Brasil e de sua cultura. Nesta obra ela afirma, desde o título, que Exu foi para a escola e isso não é uma imposição, mas uma realidade, especialmente porque muitos dos que estudam nas escolas públicas e privadas de nosso país o levam cotidianamente para a sala de aula, mas nem sempre informam sobre isso, pois possuem medo de não serem compreendidos. Porém, Exu sai de casa, está nas ruas, vielas e encruzilhadas, acompanha milhares de estudantes e professores de todas as cores e etnias, abre os seus caminhos, os portões e as portas. Ele frequenta as aulas, estando nas cabeças, nos pés, nas mãos, nas línguas, nos corpos dessas pessoas. Exu não apenas está lá, ele É presença viva nesse ambiente de ensino-aprendizagem que é a escola. A escola não é um prédio morto, duro e fixo, ela é viva, móvel, vibrante, como Ele que organiza desorganizando-a, como a vida nossa todos os dias. Assim é o aprendizado: renovação de conhecimentos.

Nossa autora nos propõe neste livro que saiamos do conforto de aprendizes mecânicos, mortos-vivos que apenas repetem fórmulas prontas, antigas, carcomidas pelo tempo, de que Exu era perigoso. Não há perigo em conhecer o que não se conhece. Essa é a proposta, conhecer para sair da ignorância, do medo, do despreparo para iniciar um processo de diálogo e de respeito. A escola é esse lugar social e cultural no qual nós e Exu frequentamos todos os dias. Ele muitas vezes na condição de porteiro que te abre os portões, ou de professor/professora, que te recebe na sala de aula, ou, ainda, de pedagogo, que te leva pelas mãos a conhecer e a tocar o mundo que te cerca e te envolve.

Enfim, tenha uma boa e saudável leitura crítica sobre Exu, mas também sobre a educação brasileira, ou seja, sobre a educação que deveríamos ter e não estamos tendo, também por puro preconceito racial, étnico, religioso, cultural, social e epistêmico, pois falamos do deus Hermes da mitologia grega, do deus Mercúrio da mitologia romana, mas temos medo de falarmos em Exu da mitologia iorubá, sendo que os dois primeiros são deuses europeus, mas Exu é africano e, ainda, que os dois primeiros são apropriações culturais e míticas greco-romanas, e o segundo vem do universo cultural e cosmológico africano.

Boa leitura, caro leitor, cara leitora, aceite este convite e este desejo. Ambos são sinceros.

Dagoberto José Fonseca

Livre docente em Antropologia brasileira, professor doutor em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras, câmpus de Araraquara, Unesp. Coordenador do Centro de

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