Batuque de Mulheres: aprontando tamboreiras de nação nas terreiras de Pelotas e Rio Grande, RS
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Batuque de Mulheres - Ana Paula Lima Silveira
Platôs
CAPÍTULO 1
Sobre os Estudos de Batuque e Gênero
De modo geral, estudos significativos sobre o Batuque no Rio Grande do Sul aparecem desde 1940: abordagens históricas, sociológicas, antropológicas e psicanalíticas somam-se a relatos etnográficos de autores variados. Aos registros etnográficos que se tem sobre aspectos mais gerais da religião, como os de cronistas de fins do século XIX, e às observações de cientistas sociais, como Melville Herskovits (1948) e Roger Bastide (1959) e, mais recentemente, de Norton Corrêa (1988; 1994), Ari Oro (1994; 1999; 2002), José dos Anjos (1993; 2006), Francisco Almeida (2002), entre outros, sob um enfoque antropológico. Contudo, se a bibliografia relacionada a aspectos mais gerais das religiões afro-gaúchas se apresenta relativamente extensa, não se pode dizer o mesmo quanto às abordagens musicais, onde a escassez torna-se tão flagrante ao ponto de só se poder indicar duas referências de caráter científico, baseadas em trabalho de campo orientado metodologicamente nos moldes da Etnomusicologia - e cabe salientar que ambas do mesmo autor. Dentro dos estudos considerados etnomusicológicos sobre o Batuque, ressalta-se a contribuição dos trabalhos desenvolvidos por Reginaldo Gil Braga (1998; 2003) que, priorizando esse tipo de abordagem, já apontava não só a escassez de abordagens musicais em relação aos cultos afro-gaúchos, como também a carência de bibliografia, de modo geral, em torno desta temática.
Como uma tentativa de contribuição ao vasto campo da música ritual nesses contextos (ainda muito a ser estudada), busco dar especial ênfase à aprendizagem musical de mulheres dentro de uma tradição musical afro-gaúcha reconhecidamente masculina (a tradição do Tambor de Nação). Se trabalhos anteriores que privilegiassem a participação da música nos contextos rituais das Casas de Nação já se mostravam escassos, mais raras ainda, pode-se deduzir, são as abordagens que priorizem a conjunção das implicações de gênero e música ritual nesses mesmos contextos, no que diz respeito ao acesso a esta prática musical. Esse seria, assim, um dos eixos principais norteadores da justificativa deste trabalho; o outro se constituiria a partir da suposição fundada em torno da região de Pelotas e Rio Grande (universo empírico tomado como referência), que se mostraria como uma rica fonte de dados (hipotéticos contudo) a serem explorados, devido às suas condições sócio-históricas moldadas pelo escravagismo e que teriam comportado um grande contingente de escravos que, depois de libertos, migraram, ao que tudo indica, para a capital gaúcha (ORO, 2002). Nesse sentido, cabe observar ainda que a grande maioria dos trabalhos já publicados parece contar com suas observações principalmente na capital (Porto Alegre), com exceção de trabalhos mais recentes como os de Oro (1994) e Oro & Steil (1997), no interior do estado e nos países do cone-sul.
Por Batuque, designa-se, no Brasil, uma das várias religiões que, apresentando claramente elementos de origem africana, foram classificadas por meio do adjetivo composto afro-brasileiras
, com todos os inconvenientes e imprecisões que isso possa ter. Entende-se, no geral, por Batuque um termo genérico aplicado aos ritmos produzidos à base da percussão por frequentadores de cultos cujos elementos mitológicos, axiológicos, linguísticos e ritualísticos são de origem africana
(ORO, 2002 :352).
Segundo hipóteses fundadas em torno do surgimento do Batuque no estado do Rio Grande do Sul, o antropólogo Norton Corrêa salientaria que aparentemente no início do século XIX teria se constituído estas manifestações religiosas, ao menos tal qual as conhecemos hoje, possivelmente entre os anos de 1833 e 1859 (1988 :69)¹⁴. Também o antropólogo Ari Pedro Oro, em um artigo mais recente, aponta, baseado em fontes históricas, que tudo indica que os primeiros terreiros foram fundados justamente na região de Rio Grande e Pelotas
¹⁵ (ORO, 2002 :349). Ambos os autores, referências indispensáveis nos estudos antropológicos sobre o Batuque e demais religiões afro-brasileiras do Rio Grande do Sul e países do Prata (Argentina, Uruguai e Paraguai), apontam que o