Psicopedagogia Catequética: Reflexões e vivências para a catequese conforme as idades - Vol. 4 - Pessoas idosas
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Psicopedagogia Catequética - Eduardo Calandro
APRESENTAÇÃO
"Nosso coração arde quando Ele fala.
Explica as Escrituras e parte o pão." (Lc 24,32-35)
Paixão pelo irmão, pela igreja-povo, pela catequese, principalmente, paixão pela causa de Jesus Cristo é o que move estes jovens padres a escreverem este livro. É um livro endereçado aos catequistas que querem alimentar seu espírito, seu saber, sua imaginação, sua sensibilidade para sentirem-se sintonizados com o mundo e dialogarem com ele, refletirem sobre ele, mas também desfrutarem do prazer que uma boa formação lhes pode proporcionar.
Sempre os ouvi falar com paixão e encantamento sobre a catequese, particularmente a catequese conforme as idades. Neste livro, os autores, que acreditam no trabalho pedagógico, na catequese, apresentam, para cada tema abordado, um consistente texto de suporte teórico perpassando pelo eixo dos desenvolvimentos da identidade, corporal, social, emocional e afetivo. Em um segundo momento, sugerem uma vivência do tema com o passo a passo bem descrito, linguagem clara, objetiva e de fácil aplicação.
Com muita sensibilidade os jovens padres, demonstram uma preocupação com o homem e a mulher em sua totalidade, especificamente na fase idosa da vida, momento de muitas dificuldades de ordem física, social, psicológica e também religiosa. Hoje, com a nova evangelização e com o novo olhar da catequese evangelizadora, sabemos que as pessoas idosas também são destinatários como interlocutores da catequese
.
Seguem apresentando as orientações para que o leitor entenda o método de estudo
utilizado. Apaixonados, dinâmicos e persistentes, vão em frente, sempre buscando inovações que aproximem e apaixonem catequistas e catequizandos. Nesta linha de pensamento, trouxeram o PSICODRAMA como método para os encontros de catequese, pois temos aí uma fonte de estudo (...) dos trabalhos com grupos, já que nossos encontros acontecessem em grupo
. Propõem que o estudo destes temas sejam inspirados no sociodrama e jogos dramáticos, apresentando vivências que ajudam no desenvolvimento da espontaneidade e criatividade do catequista, no processo de formação e construção do seu papel na comunidade, no grupo, na sociedade
, ressaltando que Tais vivências nascem da realidade de cada grupo
. Com esta proposta de ação, buscam o despertar da criatividade e da espontaneidade do catequista, uma vez que estes são os educadores da vida de fé e os co-responsáveis pela inserção de seus catequizandos na vida de comunidade
, portanto, os protagonistas da catequese. E esta, em qualquer fase da vida, deve ser agradável, leve, lúdica, para ser evangelizadora.
Para maior fundamentação e informação ao catequista (leitor alvo deste trabalho), os autores apresentam um conceito de pessoa idosa, optaram por este termo mais leve, menos impregnado de preconceito, olhando para a realidade
dos mesmos no contexto social, cultural e religioso
, sem esquecer-se dos conflitos que o homem e a mulher enfrentam nesta fase da vida. Com muita clareza de olhar, passeiam pelas características da referida fase da vida, percorrendo os aspectos como a formação contínua da personalidade na pessoa idosa, sua relação com o corpo, com as memórias, com sua própria história.
O envelhecimento é doloroso para ser aceito e traz consigo mudanças e limitações para as quais, aparentemente, não queremos estar preparados. É necessário desenvolver em nós, ao longo da vida, a arte de envelhecer
para que esta fase da vida seja mais leve, atraente, amada e até desejada em sua totalidade, com perdas e ganhos, pois afinal, somos o que construímos durante toda a nossa vida. (...) A fase idosa é um resultado daquilo que foi vivido no decorrer da vida, por isso não devemos categorizar a fase idosa apenas como dimensão de anos vividos, mas de experiências apreendidas.
Nós, catequistas, temos nossa missão junto às nossas pessoas na fase idosa da vida. Temos que evangelizar com sabedoria, respeito e gratidão. Temos que mudar nossa concepção de vida das pessoas idosas. São pessoas que nos ensinam com sua riqueza de vivência, que esperamos ter um dia. Temos que levar estas pessoas a resgatar sua história, sua experiência com leveza e serenidade, tornando-as produtivas do saber vivido, propiciando-lhes dignidade, segurança, aconchego, inclusão e fé.
Na parte do livro que é dedicada à Catequese com a Pessoa Idosa
, propriamente dita, são apresentados os Estágios da Fé
que eles vivem ou podem viver, como subsídios que ajudam os catequistas a compreenderem esta fase da vida, dentro das perspectivas psicológica, social, emocional, física e, também, de fé que bem ajude a realizarem uma catequese conforme as idades
, pois uma exigência fundamental para se realizar um bom trabalho na evangelização é conhecer os fundamentos que lhe servem de orientação
.
Espero que, com a ajuda deste livro, os catequistas educadores da fé pensem e vivenciem uma catequese com a pessoa idosa que seja um caminho para a inclusão da Pessoa Idosa, que possa respeitar na integridade sua dignidade.
Creio que chega às mãos dos catequistas um trabalho sério, fruto do conhecimento e da experiência dos jovens autores. É excelente contribuição para os catequistas que acreditam no valor de seu trabalho na missão de evangelizar, e que quer crescer cada vez mais como tal.
Dom Eugenio Rixen
Bispo de Goiás
Siglas e abreviaturas
AG - Ad gentes. Decreto sobre a Atividade Missionária da Igreja
CELAM - Conferência (ou Conselho) Episcopal Latino-Americano
ChL - João Paulo II, Exortação Apostólica Christifidelis Laici (1988)
CIC - Catecismo da Igreja Católica
CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CR - CNBB, Catequese Renovada: orientações e conteúdo (Doc. da CNBB 26, 2002, 35ª edição; 1ª edição em 1983)
CT - João Paulo II, Exortação Apostólica Catechesi Tradendae (1979)
DAp - Documento de Aparecida - Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (2007)
DCG - Congregação para o Clero, Diretório Catequético Geral (1971)
DGC - Congregação para o Clero, Diretório Geral para a Catequese (1997)
DNC - CNBB, Diretório Nacional de Catequese (2002-2005)
DP - CELAM, Documento de Puebla (1979)
GS - Constituição Pastoral Gaudium et Spes do Vaticano II sobre a Igreja no mundo de hoje
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LG - Constituição Dogmática Lumen Gentium do Vaticano II sobre a Igreja
OMS - Organização Mundial da Saúde
RICA - Sagrada Congregação para o Culto Divino, Rito de Iniciação Cristã de Adultos (1973/2001)
SC - Constituição Sacrosanctum Concilium do Vaticano II sobre a liturgia
2 SBC - Segunda Semana Brasileira de Catequese, 2001
INTRODUÇÃO
Nós, Pe. Eduardo e Pe. Jordélio, somos dois padres jovens que escrevemos este livro para a formação de catequistas sobre como melhor evangelizar a pessoa idosa. Pe. Jordélio é quem convive mais com o tema abordado, pois a sua realidade paroquial, cerca de 60%, é constituída de pessoas idosas. Acreditamos que este livro seja importante não só para pessoas dessa faixa etária, mas também valioso para as mais jovens. Jung afirma que um jovem que não luta nem triunfa perde o melhor de sua juventude, e um velho que não sabe escutar os segredos dos riachos que descem os cumes das montanhas para os vales por achar que não tem sentido é uma múmia espiritual e não passa de uma relíquia petrificada do passado. Está situado à margem da vida, repetindo-se mecanicamente até a última banalidade.
Acreditamos que este livro seja endereçado a todas as idades, e a razão disso é muito simples: para aprender a envelhecer
, a pessoa precisa ter vivido bem a infância, pois a maneira pela qual nos sentimos na velhice depende de nossas experiências da infância, bem como das outras etapas da vida.
Este quarto volume da coleção quer refletir junto com você, querido catequista, a fase idosa da vida. Não se trata de um estudo político, sociológico ou mesmo predominantemente psicológico: queremos mostrar que envelhecer
, chegar à fase idosa, faz parte do processo da vida humana e diz respeito à vida toda.
Há um tempo, talvez não se pensasse em uma catequese com a pessoa idosa. Isso seria um absurdo, uma vez que a catequese deveria preocupar-se tão somente com as crianças em idade para a primeira eucaristia. Hoje, com a nova evangelização e com o novo olhar da catequese evangelizadora, sabemos que as pessoas idosas também são destinatárias e ao mesmo tempo interlocutoras e protagonistas da catequese.
Neste livro, queremos motivar catequistas, presbíteros e agentes de pastorais para que, iluminados por valores evangélicos, sejam construtores de novos relacionamentos e de novas estruturas que assegurem às pessoas idosas respeito a seus direitos e valorização integral de sua pessoa.
Para pensarmos em catequese para a pessoa idosa, temos que entrar um pouco em seu universo, seu mundo, sua realidade, entender seu potencial, bem como suas fragilidades e limitações. Recorrendo à psicologia do desenvolvimento, procuraremos traçar, com muita humildade, o perfil da pessoa idosa.
Neste nosso estudo, utilizaremos o termo pessoa idosa
, pois assim abrimos um leque maior. Não estamos afirmando apenas um sexo, mas os dois, homem e mulher, e preferimos não utilizar os termos usados pelos meios sociais que, muitas vezes, caem em dicotomias. Portanto, neste trabalho, sempre usaremos a expressão pessoa idosa ou fase idosa da vida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece o limite cronológico de 65 anos para o início da velhice nos países desenvolvidos, e de 60 anos nos países em desenvolvimento.
Desejamos apresentar uma visão sensata e sensível da pessoa idosa, a partir das perdas e ganhos trazidos pelo envelhecimento; ganhos expressos, sobretudo, na humildade em reconhecer seus próprios limites e tentar cotejar passado e presente com um olhar justo, o que só está ao alcance daqueles que também, com o tempo, ganharam em sabedoria.
Queremos uma catequese que dê voz aos marginalizados pela idade, convidando-os a expor suas lembranças mais antigas, suas experiências religiosas e, com elas, recuperar um tempo e um modo de viver que, de outra forma, estariam perdidos para sempre.
Por fim, a fase idosa não é resto e muito menos fim. Ela não pode ser pensada como uma passagem obrigatória para a morte, mas como outra forma de existir e de estar no mundo, na sociedade e na vida da comunidade de fé.
Convidamos você, catequista,¹ para passear conosco por essa fase plena de sentido para todos nós e, juntos, pensarmos na evangelização com estas pessoas que são preenchidas de sabedoria e de experiências de fé.
ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO
Para este estudo, propomos a utilização de vivências com base no psicodrama.¹ Mas, como o nosso trabalho tem como foco o papel do catequista na vida da comunidade, nós adotamos um método que surge do psicodrama, conhecido como sociodrama.
O verdadeiro sujeito de um sociodrama é o grupo. Por isso propomos que o estudo destes temas