A prioridade relativa da linguagem sobre o pensamento: um estudo sobre um método recentemente abandonado em filosofia analítica
()
Sobre este e-book
Relacionado a A prioridade relativa da linguagem sobre o pensamento
Ebooks relacionados
Cálculo & Jogo: metáforas para a linguagem na filosofia de Ludwig Wittgenstein Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRessignificação em contexto digital Nota: 0 de 5 estrelas0 notasParmênides: o não ser como contradição Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPlatão: A construção do conhecimento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA ontologia em debate no pensamento contemporâneo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Realidade, linguagem e metaética em Wittgenstein Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFilosofia da linguagem Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnálise da Conversação: Teoria e Prática Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMichel Foucault em múltiplas perspectivas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSemiótica e psicanálise: Duas teorias do signo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReferenciação e ideologia: a construção de sentidos no gênero reportagem Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO inconsciente e o real na clínica lacaniana Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducando para a argumentação: Contribuições do ensino da lógica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA EXPERIÊNCIA DA VERDADE Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnciclopédia Das Ciências Filosóficas De Hegel Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTratado da emenda do intelecto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Significado em Frege e Carnap Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA linguagem perdida das gruas e outros ensaios de rasuras e revelações Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGêneros Textuais E O Ensino De Língua Portuguesa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAS RELAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS DE PROJEÇÃO EM TEXTOS ACADÊMICOS Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Olhar Para A Estilística Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInconsciente - Multiplicidade: conceito, problemas e práticas segundo Deleuze e Guattari Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstudos de epistemologia aristotélica I: phantasia e aisthêsis no De Anima de Aristóteles Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO conceito de sociedade civil em Kant Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo espírito geométrico e Da arte de persuadir: E outros escritos de ciência, política e fé Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO sentido da existência: Por um novo realismo ontológico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuine: Linguagem e Epistemologia Naturalizada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Jogos De Linguagem Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Filosofia para você
A ARTE DE TER RAZÃO: 38 Estratégias para vencer qualquer debate Nota: 5 de 5 estrelas5/5Minutos de Sabedoria Nota: 5 de 5 estrelas5/5Em Busca Da Tranquilidade Interior Nota: 5 de 5 estrelas5/5Entre a ordem e o caos: compreendendo Jordan Peterson Nota: 5 de 5 estrelas5/5PLATÃO: O Mito da Caverna Nota: 5 de 5 estrelas5/5Aprendendo a Viver Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sobre a brevidade da vida Nota: 4 de 5 estrelas4/5A voz do silêncio Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tesão de viver: Sobre alegria, esperança & morte Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Príncipe: Texto Integral Nota: 4 de 5 estrelas4/5Viver, a que se destina? Nota: 4 de 5 estrelas4/5Você é ansioso? Nota: 4 de 5 estrelas4/5Baralho Cigano Nota: 3 de 5 estrelas3/5Além do Bem e do Mal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Aristóteles: Retórica Nota: 4 de 5 estrelas4/5Política: Para não ser idiota Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Livro Proibido Dos Bruxos Nota: 3 de 5 estrelas3/5Platão: A República Nota: 4 de 5 estrelas4/5Tudo Depende de Como Você Vê: É no olhar que tudo começa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sociedades Secretas E Magia Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Arte de Escrever Nota: 4 de 5 estrelas4/5Schopenhauer, seus provérbios e pensamentos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Disciplina: Auto Disciplina, Confiança, Autoestima e Desenvolvimento Pessoal Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Categorias relacionadas
Avaliações de A prioridade relativa da linguagem sobre o pensamento
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
A prioridade relativa da linguagem sobre o pensamento - Rafael Ribeiro Silva
CAPÍTULO 1: A LINGUAGEM SEGUNDO DUMMETT
1. O PROBLEMA DO SIGNIFICADO
A elocução de uma frase em uma dada ocasião tem o potencial de fazer diferença no que subsequentemente acontece. A diferença pode se dar imediatamente, quando, por exemplo, alguém se levanta após ouvir a frase traga-me um copo d’água!
; pode ocorrer meses ou anos depois, como quando alguém evita visitar uma cidade que estava em sua rota ao lembrar que lhe haviam dito que tal lugar é ermo e perigoso; ou ainda, por falta de ocasião, pode ser que nada aconteça, que a potência não se atualize – pode-se, inadvertidamente, dizer José, traga-me um copo d’água!
, e, na ausência de José ou de qualquer outro sujeito no ambiente de elocução, nada suceder. Evidentemente, esse potencial das elocuções, ou significância (significance no jargão usado por Dummett), não pode ser explicado apenas por referência aos sons ou a qualquer outro tipo de sinal usado para instanciar uma frase. ²³
Observação semelhante pode ser feita a respeito de uma conversa entre dois falantes. À primeira vista, tudo o que ocorre é que certos sons, geralmente acompanhados por gestos característicos, são emitidos alternadamente pelos participantes da conversa. Mas, o que de fato eles fazem é mais do que isso: eles expressam pensamentos, propõem argumentos, enunciam conjecturas, fazem perguntas, etc. Como nos casos anteriores, apenas mencionar os sons produzidos não explica o que é fazer qualquer uma dessas coisas que pode ser feita em uma conversa, e que constituem a interação linguística. ²⁴
Chamar atenção para o que pode ser feito em uma conversa ou para a significância de uma elocução são dois modos, dentre tantos possíveis, de levar o leitor a um lugar a partir do qual é mais natural propor estas questões: como, por meio da linguagem, podemos fazer tantas coisas? E o que exatamente é fazer uma pergunta, dar uma ordem, ou asserir algo? Enfim, como uma linguagem funciona? Diante dessas questões, o conceito que vem à baila é o conceito de significado, pois as respostas a todas essas questões parecem passar pela admissão de que as expressões da linguagem têm significado. Resta, então, saber o que é o significado. Segundo Dummett, nosso interesse no conceito de significado é um interesse em como uma linguagem funciona, dado que compreender o significado de uma expressão é compreender seu funcionamento dentro de uma linguagem. ²⁵ Assim, o problema do significado é ao mesmo tempo o problema do que é para algo ser uma linguagem. Boa parte dos escritos de Dummett foi por ele pensada como uma contribuição para a solução do problema do significado assim entendido. No presente capítulo, exporemos sua tentativa de elucidar o conceito de significado, ou, dito de outro modo, sua tentativa de elucidar o que faz de algo uma linguagem.
2. SIGNIFICADO E CONHECIMENTO
Um dos pilares do projeto dummettiano de elucidar o conceito de significado consiste em explorar a equivalência intuitiva entre significado e compreensão, revelada pela conexão entre as expressões "compreender A e
saber o que A significa" – em que "A" é uma expressão de uma linguagem arbitrária. De saída, a equivalência impõe uma restrição sobre a caracterização correta do conceito de significado: o significado deve ser algo que pode ser conhecido pelo falante de uma linguagem, assim, qualquer caracterização que permita que o significado seja algo que o falante não possa, em princípio, conhecer, fica desde logo taxada como inadequada. Questões sobre significado podem, pois, ser tratadas como questões sobre o conhecimento do significado de expressões; em especial, a questão sobre o que é o significado de uma expressão pode ser interpretada como uma questão sobre o que um falante sabe quando compreende uma expressão.