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TDA/H: um transtorno com déficit de diagnóstico
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TDA/H: um transtorno com déficit de diagnóstico
E-book156 páginas2 horas

TDA/H: um transtorno com déficit de diagnóstico

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Sobre este e-book

O crescente número de encaminhamentos de crianças e adolescentes para diagnóstico e tratamento do déficit de atenção e hiperatividade pede uma discussão sobre o excesso de medicalização, dado o crescente aumento de diagnósticos que culminam em crianças usuárias de medicação.
A primeira parte do estudo aborda as polêmicas, debates e polarizações que cercam o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDA/H), assim como, sua história e definição, constituição sociomédica, nos Estados Unidos, na França e no Brasil. Discute-se também a postura mercadológica assumida pela indústria farmacêutica, assim como, os debates e propostas políticas existentes nas mais altas instâncias da política brasileira, dando sustentáculo ao processo de medicalização e implicação docente no tocante ao diagnóstico do TDA/H.
A segunda parte traz os resultados da pesquisa realizada com professores das séries iniciais do Ensino Fundamental II, tendo como objetivo identificar suas representações sociais sobre o TDA/H e com isso refletir sobre os conhecimentos que esse grupo possui acerca desse transtorno, assim como as consequências que essas representações geram em sua prática pedagógica.
Este livro é indicado aos profissionais e estudantes da área da Saúde e da Educação, assim como pais e responsáveis. Seu conteúdo estimula a reflexão no âmbito escolar e no interior das famílias, permitindo o diálogo fundamentado no exame crítico do contexto e situações específicas dos processos de aprendizagem.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de mar. de 2022
ISBN9786525224459
TDA/H: um transtorno com déficit de diagnóstico

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    Pré-visualização do livro

    TDA/H - Vanusa Coêlho

    capaExpedienteRostoCréditos

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, todas as oportunidades e realizações em minha vida. Esta é mais uma pela qual estou profundamente agradecida.

    Aos meus pais Maria e Manoel, o amor, a atenção, o carinho, os ensinamentos. Obrigada, meus amores, por tudo, sempre. Amo vocês.

    Ao meu marido Beto, aos meus filhos Renan e Renato, à minha nora Laiz e ao meu netinho Rafael, o olhar carinhoso, os sorrisos e todo o apoio que me deram força para continuar nos momentos difíceis. Vocês tornam a minha vida ainda mais feliz.

    Ao meu irmão Velton, o auxílio paciente e carinhoso nas leituras em francês, durante a fase de pesquisa e nos momentos em que foram necessários seus conhecimentos tecnológicos. Gratidão infinita por você estar comigo incondicionalmente sempre. Te amo mano.

    Às Originais, em ordem alfabética: Anna Carolina, Denise, Karina e Márcia a parceria e o companheirismo durante essa jornada. Sem vocês essa empreitada não teria tido a mesma alegria. Valeu!

    À Clarilza Prado de Sousa, Mitsuko Antunes e Luciana Szymanski, a avaliação e leitura criteriosa dos meus textos.

    A todos os colegas da PUC/SP que me auxiliaram de uma forma ou de outra, o meu abraço imenso e a mais profunda gratidão.

    LISTA DE SIGLAS

    ABDA - Associação Brasileira de Déficit de Atenção

    ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria

    ADD - Attention Deficits Disorders

    ADD-H - Attention Deficit with Hyperactivity Disorders

    ADHD - Attention Deficit and Hyperactivity Disorders

    ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

    APA - American Psychiatric Association

    BRATS – Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologia em Saúde

    CFF – Conselho Federal de Farmácia

    CFM - Conselho Federal de Medicina

    CFTMEA - Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent

    CHADD - Children and Adults with Attention Deficit/Hyperactivity Disorder

    CID - Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde

    CONAE - Conferência Nacional de Educação

    CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

    DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

    FDA - Food and Drug Administration

    HAS - Haute Autorité de la Santé

    LDB - Lei de Diretrizes e Bases

    NIMH - National Institutes of Mental Health

    OMS – Organização Mundial de Saúde

    ONU – Organização das Nações Unidas

    PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais

    PNE - Plano Nacional de Educação

    SNAP-IV - Swanson, Nolan e Pelham, versão IV

    TDA - Transtorno de Déficit de Atenção

    TDA/H - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    APRESENTAÇÃO

    INTRODUÇÃO

    1. TDA/H: UM TRANSTORNO COM DÉFICIT DE DIAGNÓSTICO

    1.1 TDA/H: PEGUEI NA ESCOLA

    1.2 PESQUISAS MOSTRAM QUE...

    1.3 DESCULPEM O TRANSTORNO: ESTAMOS TRABALHANDO PARA MEDICAR AS MENTES INQUIETAS

    2. A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E O TDA/H

    3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

    3.1 O TEMA E O PROBLEMA DE PESQUISA

    3.2 A POPULAÇÃO DE PESQUISA, OS SUJEITOS PARTICIPANTES E SEU PERFIL

    3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

    3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

    4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

    4.1 INFORMAÇÃO SOBRE O TDA/H

    4.1.1 AMBIENTE ESCOLAR

    4.1.2 APRENDIZADO

    4.1.3 RELACIONAMENTO

    4.2 ATITUDE DOCENTE

    4.2.1 PRÁTICA DOCENTE

    4.3 IMAGEM

    4.3.1 PRECONCEITO

    4.3.2 MEDICALIZAÇÃO

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    REFERÊNCIAS

    ANEXO A

    ANEXO B

    ANEXO C

    ANEXO D

    ANEXO E

    ANEXO F

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Bibliografia

    APRESENTAÇÃO

    A temática das dificuldades de aprendizagem sempre foi uma área de interesse em minha prática como Psicopedagoga, despertado, em 2006, durante o estágio supervisionado de minha segunda graduação, o curso de Letras/Inglês.

    Doze anos após minha primeira graduação como Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Pará (UFPa), decidi abraçar outra paixão, além dos números: as letras. Ingressei no curso de Letras/Inglês e como exigência para a conclusão de curso cumpri o estágio supervisionado em escolas da rede pública e privada. Durante essa experiência, pude observar que alguns estudantes pareciam assimilar sem dificuldades os conhecimentos. No entanto, outros pareciam necessitar de novas metodologias ou estratégias didáticas. Essas necessidades, muitas vezes, transformavam-se em objeto de consultas médicas, neurológicas, psicológicas e psiquiátricas.

    Pensando nisso, logo após minha graduação em Letras/Inglês, decidi fazer a especialização em Psicopedagogia (PUC/SP), a fim de compreender melhor as dificuldades de aprendizagem.

    No último ano de minha especialização, estagiei na Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic, da PUC/SP, e, após concluir essa pós-graduação, atuei em um projeto do Núcleo de Apoio Pedagógico a Aprendizagem (NAPAp) da PUC/SP. Esse projeto visava auxiliar o estudante universitário da instituição, em suas dificuldades de aprendizagem.

    Em meus atendimentos na Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic e no NAPAp, ambos da PUC/SP, as dificuldades de aprendizagem estavam presentes, porém percebi que alguns casos eram solucionados quando se considerava a singularidade do indivíduo. A escuta atenta, um olhar diferente, uma nova metodologia, às vezes, abriam caminho para a solução.

    Após encerrar minhas atividades no NAPAp, iniciei um trabalho voluntário como psicopedagoga em uma escola municipal, situada na Vila Leopoldina, bairro nobre da zona oeste de São Paulo, próximo ao meu consultório.

    Assim, durante a semana, atendia no consultório, onde meus clientes eram provenientes de escolas particulares, e às quartas-feiras, atendia as crianças da escola municipal, cujos estudantes, em sua maioria, eram provenientes de comunidades carentes localizadas próximo ao Ceagesp. Envolvida no contexto educacional da rede pública e privada, chamou-me atenção os casos de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDA/H), cujo diagnóstico e tratamento chegavam ao meu consultório imersos em polaridades, dúvidas e contrassensos, entre os diversos profissionais envolvidos (médicos, psicólogos, psicopedagogos, professores etc.)

    Diante desse contexto, senti necessidade de maiores conhecimentos sobre o assunto e, assim, ingressei na especialização em Neuroaprendizagem. Durante meus estudos, descobri, por exemplo, que apesar de ser reconhecido oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a ciência desconhece a etiologia do TDA/H, que não possui marcador biológico e nenhum tipo de exame laboratorial que assegure seu diagnóstico. A primeira pergunta que me veio à mente foi: Será que os professores sabem disso?

    Foi por essa perspectiva que surgiu o interesse para tal investigação, ou seja, a partir de minhas vivências e observações profissionais, senti o desejo de compreender como se constitui a percepção dos professores sobre o TDA/H, tendo em vista que, na maioria das vezes, são esses profissionais que sugerem aos pais o encaminhamento das crianças aos consultórios médicos e que, infelizmente, na maioria das vezes, de lá já saem medicalizadas.

    INTRODUÇÃO

    O mau desempenho escolar carrega uma história permeada de preconceitos e estereótipos que, apropriados pelo âmbito escolar, excluem e responsabilizam o aluno pelo fracasso acadêmico.

    Patto (1996) introduziu a discussão sobre o fracasso escolar, realizando um estudo cuja finalidade foi descobrir o momento do surgimento, na educação brasileira, das explicações para o mau desempenho escolar e, também, como a Psicologia e a Medicina foram introduzidas nesse processo.

    A autora descobriu que, pelo Movimento da Higiene Mental, a Medicina e os assuntos relacionados à saúde e à doença passaram a se articular com a Psicologia e, assim, explicar o não aprender baseado na visão organicista com foco nos distúrbios e transtornos de aprendizagem que aparecem para justificar o não aprender na escola.

    No final do século XIX, vivia-se no Brasil o processo de industrialização acompanhado da urbanização das cidades. Nesse cenário, as configurações sociais do Brasil exigiam novas formas de organização social e atenção aos problemas de saneamento, de higiene coletiva e individual.

    Assim, o Movimento da Higiene Mental surgiu com a criação da Liga Brasileira de Higiene Mental, fundada no Rio de Janeiro, em 1923, pelo psiquiatra Gustavo Riedel, e sugeria, entre outras coisas, a higienização da sociedade mediante a instauração de hábitos higiênicos saudáveis, por meio da educação escolar.

    Nesse contexto, a escola foi considerada espaço estratégico para a divulgação da prática da higiene mental e a criança passou a ser o alvo dessa prática, unindo-se Educação e Medicina em uma unidade pedagógica, chancelada pela prática da higiene mental, ou seja, é nesse momento que a Medicina entra no ambiente escolar, tomando para si a proposição de recursos para a solução de situações pedagógicas mais difíceis: as crianças difíceis.

    Assim, após identificar o ponto em que a escola e a criança passaram a ser escopo da Medicina, Patto (1996) descobriu, ao analisar os processos que constituem o cotidiano escolar, que havia um complexo universo de questões institucionais, políticas, individuais, estruturais e de funcionamento presentes na vida diária escolar que conduziam ao fracasso escolar e promoviam a exclusão, principalmente de crianças das camadas mais pobres da sociedade.

    Décadas após o estudo de Patto (1996), outros estudiosos como Zonta e Meira (2007) e Antunes (2003)

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