Iniciação coletiva em instrumentos de cordas friccionadas: a filarmônica de cordas e outras ideias

De Icaro Smetak

Com a rápida expansão do ensino de cordas friccionadas no ambiente musical e pedagógico brasileiro, novas ideias e reflexões acerca do tema se fazem necessárias. Este livro é uma obra propositiva com ideias pedagógicas e metodológicas acerca desse assunto. É baseada em uma tese de doutorado em música onde foi desenvolvida, detalhada e testada uma proposta de iniciação coletiva em instrumento de cordas friccionadas baseada na prática de ensino das filarmônicas baianas (bandas de música) e seus mestres. Essa abordagem de ensino foi chamada de Filarmônica de Cordas e o seu professor, baseado na figura do mestre das filarmônicas, de Mestre de Orquestra. Nesse livro são apresentadas as ideias que fundamentam e caracterizam esse ensino, como: o uso do repertório brasileiro, do ensino coletivo heterogêneo, do ensino cooperativo e de atividades criativas em classe. São apresentadas também ideias e propostas acerca de outros temas ligados ao ensino coletivo de cordas como planejamento de aula, escolha de repertório, obras importantes sobre o assunto, regência dos grupos, produção de arranjos e outros temas. As ideias contidas nesta obra podem ser úteis sobretudo a professores que desejem ter contato com ideias alternativas sobre o ensino coletivo de cordas, desejem fundar os seus próprios grupos de ensino coletivo ou queiram ter conhecimento de alguma abordagem metodológica para iniciar sua atividade como professor na área.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 7 de mar. de 2022
• ISBN: 9786525223995

Pré-visualização do livro

PARTE I

A Filarmônica de Cordas

AS BASES DO ENSINO

No processo de desenvolvimento do modelo de ensino da Filarmônica de Cordas, três influências foram determinantes para moldar as suas principais características:

• O ensino das filarmônicas baianas e seus mestres: foi o ponto de partida e coluna vertebral da proposta. A partir das características de ensino identificadas através de textos acadêmicos e livros sobre o assunto (passando por pesquisadores e autores importantes como Celso Benedito, Fred Dantas, Joel Barbosa e Juvino Santos Filho) foram estabelecidas as primeiras bases do ensino da Filarmônica de Cordas, que em seguida foram comparadas, mescladas e desenvolvidas com a análise dos dois tópicos seguintes.

• O ensino coletivo heterogêneo de Gillespie e Harmann: para o desenvolvimento da metodologia proposta, foram consideradas as principais obras sobre o ensino coletivo no Brasil e no mundo. Textos acadêmicos, materiais didáticos, métodos, livros e tratados que englobam autores e pedagogos como Paul Rolland, Mimi Zweig, Suzuki, Alberto Jaffé, Joel Barbosa, João Maurício Galindo, Liu Ying e Linda Kruger foram intensamente estudados. Esse conhecimento permitiu a percepção de quais aspectos do ensino das filarmônicas poderiam ser absorvidos totalmente, adaptados ou deixados de lado ao trazê-los para o universo do ensino das cordas. No entanto, uma obra em especial teve maior influência e foi determinante no desenvolvimento da proposta da Filarmônica de Cordas, o livro Strategies for teaching strings (2013) de Gillespie e Harmann. Essa obra moldou o ensino coletivo aplicado e introduziu o rote teaching como elemento de ensino incorporado à metodologia proposta.

• O ensino coletivo heterogêneo do método Da Capo: Cordas (2011) de Joel Barbosa: esse método foi escolhido como material didático para conduzir a primeira aplicação prática da Filarmônica de Cordas. Por sua proposta dinâmica e moderna, perfeita adaptação para o ensino coletivo heterogêneo, o uso do repertório brasileiro, ensino através da leitura musical tradicional, teoria trabalhada junto com a prática, e por também ser usada em algumas bandas e filarmônicas (a versão para sopro), essa metodologia foi a que mais se alinhava com a proposta de ensino. O fato de ter sido adotado como guia para desenvolvimento da prática da Filarmônica de Cordas, culminou na assimilação de algumas de suas ideias de ensino coletivo, como o uso da imitação, improvisação, pequenos arranjos e composições feitos pelos alunos como parte integrante da proposta de ensino da Filarmônica de