O Menino que perdeu a magia
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O Menino que perdeu a magia - Heidi Gisele Borges
Heidi Gisele Borges
O MENINO QUE
PERDEU A MAGIA
Editora Estronho – 2ª edição
O MENINO QUE PERDEU A MAGIA
Todos os direitos da obra reservados à Heidi Gisele Borges
_____________
Autora: Heidi Gisele Borges
Ilustração e capa e internas: Carolina Mancini
Capa: Marcelo Amado
Preparação de texto: Tânia Souza e Marcelo Amado
Revisão: Bia Machado
Editor responsável: Marcelo Amado
ISBN: 978-85-9458-055-9
_____________
Todos os direitos desta edição reservados à
Editora Estronho: São José dos Pinhais, PR
www.estronho.com.br
Facebook: estronhobook // Instagram: estronho
"As pessoas querem esquecer o impossível.
Isso torna o mundo delas mais seguro"
- Neil Gaiman em O Livro do Cemitério.
Para meus pais e meu querido Marcelo.
Magia01Prólogo
V
ou contar um grande segredo, que na verdade todos deveriam saber: toda criança é um ser fantástico, um ser mágico!
Tudo bem, você pode dizer que nem é tão secreto assim, e tem razão! Mas para alguns adultos não se faz tão óbvio, pois esses não se lembram, não conseguem mais ter sonhos e muito menos realizar os sonhos que um dia tiveram.
O sonho é a nossa magia! É o que cada um tem e deveria cultivar durante toda a vida, para conseguir realizar e ser feliz para sempre.
As crianças podem ouvir os belos sons da Natureza, enxergar além de todas as cores mais comuns, e até mesmo essas cores algumas pessoas grandes são tão acostumadas a ver que, por isso, raramente percebem sua beleza, como se completam e ficam perfeitas juntas!
Sem nenhum esforço, os pequenos podem ver a magia acontecendo em todo lugar, o todo tempo! E podem senti-la e fazê-la acontecer, se manifestar, e isso era para ser natural em todas as pessoas. Mas, para o desespero de muitos – inclusive o meu! –, infelizmente a maioria das crianças perde essa magia depois que cresce. Essas crianças param de sonhar.
Esse é o caso das crianças que querem crescer. Tenha calma, leitor ou ouvinte, não se rebele! Concordo com você, é um tremendo absurdo, mas elas existem.
Há também o caso das crianças que são obrigadas por alguns adultos a abandonar a magia, porém, algumas conseguem guardar seus sonhos eternamente, numa caixinha ou em qualquer lugar seguro bem longe dos olhos dos grandes.
E é claro que outras crianças podem ser um pouco mais descuidadas e acabam esquecendo por algum tempo onde deixaram seus sonhos, mas para sorte de todos, principalmente dessas crianças, a maioria as encontra.
Para a alegria geral, a magia estava escondidinha ali em algum lugar, entre um brinquedo e uma teia de aranha, enfim, o sonho está pronto a se tornar real.
Na verdade, a magia nunca nos abandona, é sempre ao contrário que acontece, pode perceber. Quando temos um sonho somos felizes, e quando o perdemos a vida fica tão vazia e sem graça que parece sem sentido, sem um rumo que nos faça feliz. É como se tivéssemos um buraco dentro de nós.
Um fato triste são aquelas crianças que se tornaram adultas e nunca voltam para buscar os sonhos. Pois, como é sabido, o sonho só pode se tornar real para quem acredita nele. Por isso alguns adultos que não sonham mais chamam a magia do sonho de ilusão descabida
.
É preciso dizer que em certos adultos falta vontade para crer em alguns acontecimentos, principalmente naquilo que não têm capacidade de entender, ou não têm uma teoria bem doida para explicar na prática, e por isso falam que a magia é ilusão
, alucinação
e outras coisas. Mas a verdade é que chamam os sonhos assim por puro ciúme das crianças.
Quer ver? Então imagine uma conversa com seus vizinhos sobre um ser mágico que apareceu ali sentado na pia, com seus grandes pés descalços e sujos de terra balançando para dentro da bacia cheia de louça suja. De repente ele começou a comer uma cenoura especialmente cortada em tirinhas para a sua salada do almoço.
– Bom dia! – Marvin, pois esse era o nome do duende sobre a pia, diria entre uma mordida e outra. – Como cresceu viçosa a sua horta. Esta cenoura é de lá? Meus parabéns! Está deliciosa.
Não, isso seria impossível, pensariam os vizinhos. Em seguida eles ririam sem graça, achando apenas ser uma brincadeira sua, e depois de ver sua cara séria fariam pomposos discursos sobre como tudo foi fruto do reflexo do sol – mesmo se o acontecimento tivesse se dado à noite.
Acontece que algumas pessoas sempre precisam de uma prova para mostrarem que não estão erradas. Elas buscam explicações para tudo, e ao mesmo tempo não percebem – ou não querem ver – que a única verdade é acreditar nos sonhos e ser feliz. Como ler uma boa história sem se preocupar com a realidade. Mas é obvio que raramente terão coragem de confessar que o mundo deles é muito triste e cinzento, enquanto o mundo das crianças é repleto de alegria, de cores e magia.
Quando uma criança quer crescer, a magia se esconde horrorizada, triste e cheia de angústia. O que poucas pessoas sabem é que às vezes a magia passa a pertencer, por algum tempo, a outras pessoas, que a descobrem mesmo que tente evitar ser encontrada, pois o sonho, sim, é leal. Também sempre há adultos bondosos que guardam e cultivam a sua própria magia e permanecem crianças por dentro, essas encontram e devolvem o sonho ao verdadeiro dono quando ele permite que aconteça. E assim nasce uma nova e bonita amizade entre magias e suas crianças.
O sonho está sempre ali, a espreitar com olhinhos coloridos e cintilantes, para ser redescoberto por suas pessoas grandes que cansaram de ser – ou de fingir ser – adultos e querem voltar à infância.
Ora, perceba que ninguém consegue cansar de ser criança, e cada uma dessas pessoas também tem sua magia que, como já disse, são os seus sonhos, mas algumas estão tão ocupadas com o trabalho, ou ter de impressionar o vizinho que tem mais dinheiro, comprar uma televisão nova, que acabam por esquecê-la.
E não há nada melhor do que ser criança em tempo integral. Correr, brincar, se encantar com a chuva, as flores, um sorriso, um cachorro que não é só mais um au-au
, como diriam os adultos que acham que conhecem tudo e para eles nada mais é novidade.
Mesmo depois de crescido, ninguém precisa deixar de ser feliz e deixar de viver num mundo mágico. De se encantar com a beleza e as descobertas.
Ah, e quão bem nos faz, quanta paz e felicidade nos proporcionam simples trocas de olhares com um ser fantástico, mesmo que seja um duende com pés sujos e comendo a sua cenoura.
E agora, melhor deixar de conversa e ir logo para o que interessa.
Essa história me foi contada, é repleta de sonhos – alguns encontrados, outros perdidos – e seres fantásticos. Fala sobre um homem chamado Conrad, senhor Conrad Filho, mas começa quando ele ainda nem havia recebido o título de Senhor
e foi