Poesias para quatro musas

De Deborah Sogayar

Poesias para Quatro Musas é um compilado de devoções ao pensamento, ao sexo, ao amor e à escuridão, divididas nos capítulos Ar, Fogo, Água e Terra, respectivamente. Nesta antologia, a autora se entrega para quatro musas anônimas que lhe arrancam das melhores às piores emoções.

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 6 de jun. de 2022
• ISBN: 9786525414706

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I – Ar

Tarde de terça

Poesia no que vejo, família, ensejo.

O verdadeiro não é aquilo que digo,

mas aquilo que compreendo.

Não sei se uma imagem vale mais do que mil palavras,

mas serão as letras, as formas,

as linhas e as espaçadas que falarão por mim.

Meus olhos, pobres de saturação e vivacidade,

mal sabem o que está por trás desta minha capacidade.

Instinto, dom, prazer, não há sensação capaz de dizer.

Se fui triste ou feliz, este caminho que trilho eu quem fiz.

Saudades

Sobe na pele a ardência do bafo

o dente de lion belisca na casca

que arranca e lasca um pedaço de mim

morde e arrisca o calor da lambida

suga que sobe o sangue que corre

CORRE! Pois não chega nunca.

Eu não sou o que você quer que eu seja

Se eu fosse o que não sou

uma linha reta como todas as outras

uma cópia malfeita, filha da reprodução

um desdém, ninguém te quer bem.

Se eu fosse o que não sou

seria só mais uma no baú da infelicidade

sempre à procura de um normal maior

que insatisfaz o gozo antes do anoitecer.

Se eu fosse o que não sou

eu não seria a perfeição

como uma dobra de papel amassado ou

como um arranhão ardido na ponta do nariz.

Se eu fosse o que não sou

seria o que esperam de mim

e que graça teria o espetáculo

sem uma grande revelação?

Se eu fosse o que não sou

eu seria exatamente como sou do avesso

pois o contrário do que se é

faz o meu ser ser meu por inteiro.

Nó

Dance libere atente

carinho poder amor

bebê pintinho celeste

prazer tô bem alô.

Mentira olhar jacaré

sofia lógica ismo

cabeça