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O Cristo de Paulo de Tarso
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E-book304 páginas3 horas

O Cristo de Paulo de Tarso

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Sobre este e-book

A obra "O Cristo de Paulo de Tarso" -, do professor universitário José Lázaro Boberg é rica de referências de "experts" da Bíblia, da Teologia Cristã e do próprio Paulo, a qual deixa clara a interessante tese de que o Apóstolo dos Gentios era um gnóstico, demonstrado, pois, que o Cristo interno de Paulo é mais importante do que o seu nome Jesus de Nazaré, Cristo esse presente também em todos nós.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de mai. de 2022
ISBN9786599143250
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    O Cristo de Paulo de Tarso - José Lázaro Boberg

    Ponto De Partida

    Está claro que as epístolas, de maneira nenhuma, são um fruto da história dos Evangelhos. Elas são claramente anteriores, independentes e indubitavelmente, continuariam pertencentes à literatura bíblica, mesmo que Jesus em pessoa jamais tivesse vivido. Elas tratam da presença de um Cristo espiritual interior, ou Deus dentro de nós: Não sou mais eu quem vive, mas é o Cristo quem vive em mim.

    George Bernard SHAW

    Prefácio

    José Lázaro Boberg tem se mostrado um dos mais extraordinários pesquisadores de algumas figuras emblemáticas do cristianismo. Na mesma medida em que pesquisa, abre a seus tantos leitores novas e fascinantes perspectivas de interpretação do papel desempenhado por essas personalidades na história do cristianismo.

    Obras recentes desse profícuo escritor reescreveram a história de Judas e de Maria Madalena. Na mesma esteira, livros como O Evangelho de Tomé, O Evangelho Q, Milagre – Fato natural ou sobrenatural?, Leis de Deus, Eternas e Imutáveis, Da Moral Social às Leis Morais e outros, propõem uma releitura da mensagem de Jesus de Nazaré, libertando-a da prisão dos dogmas e fazendo-a fluir como convites a vivências inspiradas nas magnânimas leis naturais da vida.

    Boberg surpreende-nos, agora, com este fascinante O Cristo de Paulo de Tarso, versando - diríamos, de forma revolucionária - sobre o pensamento e o papel dessa figura muitas vezes apontada como o verdadeiro fundador do cristianismo, mas cujos escritos - suas epístolas -, antecedem em muito o aparecimento dos evangelhos cristãos e a própria institucionalização do cristianismo oficial.

    Falar sobre Paulo, no entanto, para Boberg revela-se excelente pretexto para tratar da própria figura de Jesus de Nazaré. Não se pense, contudo, que o objetivo do autor seja o de acrescer argumentos sobre as tantas diferenças entre o Jesus histórico e o Jesus Cristo das igrejas. Muitos autores contemporâneos têm se ocupado disso. Boberg vai mais fundo, e, como já aludi, revolucionariamente, lança sólidos fundamentos para que se distingam o cristianismo da igreja do cristianismo de Paulo.

    Esta obra pretende fazer ruir as ideias vigentes de que Paulo de Tarso, ao se reportar tanto e tão centralmente a Cristo em suas cartas, esteja se referindo a Jesus. Diferentemente, Paulo alude àquele Cristo interior, imanente em todos os seres, segundo tradições que antecedem em muito o cristianismo e que por este foram severamente combatidas.

    É desse fecundo e corajoso labor intelectual de Boberg que exsurge o Paulo gnóstico, tema central desta obra. A identificação do gnosticismo nos escritos de Paulo, no minucioso trabalho de pesquisa e de interpretação feitos pelo escritor paranaense, revela-se como extraordinária contribuição ao cristianismo e a propostas nascidas no contexto cultural de sua história, inserindo-se aí o Espiritismo. Possivelmente, só o tempo seja efetivamente capaz de avaliar o significado, a profundidade e as consequências reais dessa releitura das epístolas de Paulo.

    No meio espírita, aliás, em cujo campo atua o autor, a assimilação dessa proposta poderá operar uma significativa mudança conceitual. É sabido que o espiritismo, neste século e meio de existência, ainda busca uma identidade que extrapola a velha polêmica de se é ou não uma religião. Para além disso, questiona-se mesmo se é ou não uma doutrina cristã. Será fácil entender a razão: Historicamente, o substantivo Cristo, do qual deriva o adjetivo cristão, vinculou-se ao mito religioso do Senhor Jesus Cristo, 2ª pessoa da Santíssima Trindade, redentor e salvador único da Humanidade. É evidente, inquestionável mesmo, que esse conceito não fecha com a proposta espírita, uma doutrina não salvacionista, e que reconhece no espírito humano a capacidade de, via esforço próprio, evoluir na senda do progresso, desenvolvendo o conhecimento e o aprimoramento moral.

    O cerne da questão levantada nesta obra é de resgatar o conceito aqui atribuído a Paulo de um Cristo desvinculado tanto do mito cristão como do próprio Jesus humanizado, de carne e osso. Assim, o Cristo de Paulo, acolhido por Boberg, designaria aquela força intrínseca presente na alma de cada indivíduo e que teria inspirado o próprio Jesus de Nazaré a reconhecer a imanência divina na alma de cada ser: vós sois deuses.

    A aceitação desse princípio faz-se eloquente atestado da autonomia do ser humano, reivindicada, aliás, por Kardec, como fundamento do espiritismo. Nesse sentido, e sem vinculá-lo ao conceito de uma nova religião, se estaria abrindo caminho para um histórico e diferenciado consenso a admitir a identidade cristã do espiritismo.

    Aí está um caminho, possivelmente nunca pensado, para que, finalmente, o homem de Nazaré, apontado em O Livro dos Espíritos como guia e modelo da Humanidade, se liberte definitivamente da idolatria e da mitologia e seja visto simplesmente como um bom e humano exemplo a ser seguido.

    Milton R. Medran Moreira

    Centro Cultural Espírita de Porto Alegre

    Introdução

    A vida toda, desde que me tornei espírita, só havia tomado conhecimento da história de Paulo através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, nos escritos de Emmanuel, no famoso romance Paulo e Estêvão. A visão sobre ele era, assim, calcada nessa obra. Jamais lera outra versão. Normalmente, me emocionava, indo às lágrimas, com essa leitura, tanto que já o fizera por, no mínimo, umas quatro vezes, além das reflexões desenvolvidas no grupo de estudo da Casa Espírita. Confesso para que não haja qualquer distorção – e que fique bem claro isso – que sempre tive, e ainda mantenho o mais profundo respeito ao Espírito Emmanuel, tendo-o como um verdadeiro professor, usufruindo de seus ensinamentos, através de suas várias obras psicografadas, por Francisco Cândido Xavier como Fonte viva, Pão nosso, Caminho verdade e vida, Palavras de vida eterna, Vinha de luz, entre outras.

    Por várias vezes, em meus livros, nas palestras, nas indicações de leitura aos frequentadores da Casa Espírita, recomendei a leitura de Paulo e Estêvão, considerada por Chico Xavier, como ‘obra prima’ de sua recepção mediúnica. Comove-me, profundamente, mesmo que não tenha sido um fato histórico, a emocionante passagem que relata o célebre encontro de Paulo com o Cristo às portas de Damasco – sendo citado por Jesus, o ‘vaso escolhido’, segundo Lucas, em (Atos 9:15). Revelo, honestamente, ao leitor que jamais tivera outra linha de pensamento. Com referência a este personagem, fora até então, leitor de uma obra só. Descobri, agora, nova interpretação do Cristo de Paulo, sob a ótica gnóstica; de início, esta nova visão chocou-me, profundamente. Certamente, abrirá reação forte em você, tal como ocorreu comigo. Ancoro-me, sem medo, sempre, no aforismo universal, Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará, que, para mim, é um roteiro seguro para a caminhada no processo evolutivo, independentemente de crença religiosa.

    À certa altura da vida, tomei contato com o gnosticismo, linha filosófica cristã, considerada pela igreja dominante, como heresia, por ser oposta à religião cristã, construída com base no cristianismo já existente, antes de Jesus de Nazaré, em suas fontes iniciais. Após aprofundar-me nos estudos nessa filosofia, escrevi: O evangelho de Tomé – o elo perdido, O Evangelho de Judas, O Evangelho de Maria Madalena e, por último, "O Evangelho Q". Até aí tudo bem, mas impulsionado por ‘Força’ interior, cada vez mais intensa, em desvendar as origens do cristianismo, ‘choquei-me’ ao defrontar com uma inusitada descoberta do Cristo gnóstico de Paulo através de dois livros fundamentais, fora da literatura espírita: o best seller, O Cristo dos Pagãos: a sabedoria antiga e o significado espiritual da Bíblia e da história de Jesus e Transformando Água em Vinho, ambos do ex-pastor Anglicano, Tom Harpur. Pesquisei também outros autores como o nosso célebre escritor, Carlos Pastorino, com seus 8 volumes A sabedoria do Evangelho; Bart Ehrman e seu livro, Pedro, Paulo e Maria Madalena, além de outros de sua lavra; o ex-sacerdote Marcelo da Luz com seu livro, Onde a Religião Termina?; Pastor Rudolf Bultmann, com sua obra Teologia do Novo Testamento; John Dominique Crossan com sua obra O Jesus Histórico: a vida de um camponês judeu do Mediterrâneo; O filosofo brasileiro, Huberto Rohden, em Cosmoterapia; Allan Kardec e as obras da codificação espírita; Elaine Pagels e suas obras: Além de Toda Crença e os Evangelhos Gnósticos, além de inúmeros outros pesquisadores de renome internacional, arrolados na bibliografia final.

    As pesquisas conduziram-me a um outro Paulo, totalmente desconhecido, até então, por mim: descobri que Paulo também era gnóstico. Isto me levou a uma reviravolta, a uma revisão total ao que aprendera sobre ele. A visão do ‘Cristo’ sob a ótica do apóstolo dos gentios, agora era outra... O Cristo a que ele se refere não é o Jesus de Nazaré, denominado também de Cristo. "A grande verdade de que Cristo viria dentro do ser humano, de que o princípio de Cristo existia potencialmente em cada um de nós, foi mudada para o ensinamento exclusivista de que o Cristo veio como homem. Ninguém poderia equiparar-se a ele, nem mesmo aproximar-se dele..." (HARPUR, Tom. O Cristo dos Pagãos, p. 17). O mesmo teor de conteúdo encontramos ilustrado por Elaine Pagels: Quem alcança a Gnose torna-se não mais um cristão, mas um Cristo.

    Passei por um processo, que, na linguagem do psicólogo Piaget, é chamado de fase de ‘desequilíbrio’. Para este psicólogo, todo o processo de aprendizagem passa do equilíbrio (acomodação) para o ‘desequilíbrio’, num continuum infinito. Senti-me, assim, sem chão! Que fazer? Busquei, obstinadamente, subsídios em vários pesquisadores de ponta, independentemente de vínculo religioso: ex-padres, ex-pastores, espíritas, PHD’s de diversas Universidades renomadas do mundo todo. Eureca! Minhas informações de uma vida inteira sobre Paulo caíram por terra, incontinenti! Mas e o que aprendera, até então? Plagiando o poeta Carlos Drummond de Andrade, perguntei a mim mesmo: E, agora, José?

    Pensei, honestamente, num primeiro momento, em abandonar essas pesquisas. Iríamos, assim, evitar polêmicas e críticas que, certamente, surgiriam, principalmente em nosso meio espírita, ao qual me vinculo, desde a mocidade. Estava plenamente consciente de que a discussão deste assunto, era um tanto intimidadora não só a mim, talvez para muitos. No entanto, depois de muita reflexão, pesquisa e busca por ‘inspiração’ espiritual, tomei uma atitude que me pareceu ousada. Resolvi ter coragem de trazer a público as conclusões a que chegara sobre Paulo, diferentes, frontalmente, da verdade única e indiscutível que, até então, cultivara.

    Uma nova visão sobre Paulo surgira, agora sob a ótica gnóstica. Aquela que me sustentara, até aquele momento, fora baseada nos escritos da Igreja. Você, no entanto, poderá continuar a pensar como eu sempre pensei a vida toda; entendo perfeitamente que cada um tem o seu tempo de despertar, pois, pelo livre-arbítrio, você pode seguir, sem qualquer impedimento – pelo menos, como entendo – o que a razão melhor lhe aprouver. Em mim houve uma reviravolta extraordinária! Diante das incertezas, procuro, no entanto, ancorar-me em Kardec, quando alerta: Não aceitar nada que não passe pelo crivo da razão.... E isso faço constantemente em meus escritos. E a razão me impulsionava para seguir em frente! Respaldo-me, também, no próprio Emmanuel, mestre de sabedoria, que nos ensina com lucidez, distinguir a fé, entre a que crê e a que sabe! A primeira é fruto da crença; a segunda, da experiência. (XAVIER, Francisco Cândido, O Consolador Q. n.º 354)

    Dividimos o livro em duas partes:

    Na primeira parte, que denominamos À procura de Fontes, mostramos Paulo e o que as pesquisas dizem sobre ele, sem tergiversações. São informações inusitadas que, certamente, merecerão do leitor muita reflexão, releitura e pensamento liberto de todas as amarras religiosas convencionais. Com este intuito, seguimos as orientações de Kardec na organização das bases do Espiritismo. Diz ele em (A Gênese, cap. I, Caráter da Revelação Espírita) que O Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se modificará nesse ponto; se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.

    Na segunda parte, que denominamos como O CRISTO de Paulo, selecionamos vinte e cinco ensinamentos ‘chaves’ de suas cartas, interpretando o Cristo, sob a ótica gnóstica. Você será surpreendido como essas novas reflexões, em se comparando com as interpretações, no geral, dadas até agora. Perceberá, com base em pesquisadores de ponta do mundo todo que, quando ele se refere a Cristo ou Jesus Cristo não está falando de Jesus de Nazaré, mas do ser espiritual, o Cristo Cósmico, que sempre existiu e sempre existirá. Pesquisando todos os textos de Emmanuel, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, constatamos que, nem todos foram alvos de comentários. Por conta desta informação, registramos em nota de rodapé, com a indicação das fontes, onde cada um poderá, por si mesmo, buscar os textos comentados por ele.

    Assim, embora eu tenha registrado, neste livro, minhas pesquisas sobre a nova ‘visão’ de Paulo, sob a ótica gnóstica, nada invalida o valor literário e doutrinário dos ensinamentos éticos, morais e filosóficos de Emmanuel que, em toda a sua obra mediúnica, refere-se a Cristo, não como Espírito Cósmico, mas como o Jesus de Nazaré, como sói acontecer em todo o mundo cristão. Mesmo assim, o seu valor é inestimável. Continua ele sendo meu mestre de sabedoria, de cuja inteligência tenho me servido não só para vida pessoal, mas também nos registros de minhas reflexões nos livros que editamos.

    Eis, entre outras reflexões que serão analisadas: "Se alguém está em Cristo, nova criatura é. (2 Cor 5:17); Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece. (Fil 4:13); Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. (Hb 13:8);Vós tendes a mente de Cristo. (1 Cor 2:16); O segredo de todo ‘mistério’ cristão é o seguinte: Cristo dentro de vós, a esperança e glória. (Cl 1:27); E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (I Cor 15:14); Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? (1 Cor 6:15); Acorda, tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará. (Ef 5:14); Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé". (2 Tm 4:7).

    "Já estou crucificado com Cristo" (Gl 2:20).

    Acho de bom alvitre que o leitor, antes de qualquer crítica, sem espírito preconcebido, leia com atenção o que expusemos – fruto de exaustivas, mas compensadoras pesquisas – para que, ‘por si mesmo’, tire no final, as próprias conclusões. De nossa parte, concluímos que o Cristianismo de Paulo não era o do Cristianismo da Igreja. O cristianismo de Paulo já existia entre os povos mais antigos, muitos séculos antes do aparecimento da religião cristã.

    José Lázaro BOBERG

    WhastApp (043) 99912-4442

    e-mail – jlboberg@uol.com.br

    1. O cristo de Paulo

    Jesus era imaterial e etéreo no século I, e se cristalizou num personagem bem concreto só depois de vários séculos. Algo bem estranho aconteceu.

    Como primeira anotação importante, traremos, na elaboração desta obra, a reflexão sobre ‘quando’ os escritos de Paulo – chamados de ‘Cartas’ ou Epístolas – aconteceram. Faça você mesmo uma pesquisa, não confiando tão-só nas minhas informações, e descobrirá que elas aconteceram ‘antes’ dos chamados evangelhos canônicos, no mínimo uma geração (cada geração vivia em torno de 30 anos). No entanto, eu vou ainda mais longe ao negar a existência do cristianismo no primeiro século, na Palestina, como afirma o Novo Testamento – um processo de elaboração literária que ocorreu ao longo de 200 anos, de cerca de 160 a 360.¹

    "Eles (os evangelhos), com certeza, não foram escritos por testemunhas oculares. Os livros foram escritos por escritores anônimos e circularam por décadas antes que alguém afirmasse que foram escritos por essas pessoas. A primeira atribuição confirmada desses livros a esses autores é de um século após serem produzidos".² Por conta dessa informação, só no final século II é que esses livros foram atribuídos aos seus autores. E o primeiro deles, ‘atribuído’ a Marcos, só apareceu 40 anos após a morte de Jesus, no século I. Atente-se, ainda, que os Evangelhos canônicos só se formalizaram, ‘oficialmente’, em 325, no famoso Concílio de Niceia, no século IV, sob as ordens do Imperador Constantino.

    Sei que isso pode surpreender você, como ocorreu também comigo, quando era apenas ‘religioso’, sem me ater às ‘pesquisas’. Paulo, efetivamente, não conheceu nenhum evangelho cristão! Sua filosofia ‘cristã’ não sofreu influência nenhuma do cristianismo do Jesus Cristo humano. Não foi influenciado nem usou, portanto, sugestões dos evangelhos canônicos em suas pregações, nem em suas Cartas. Como podemos provar isso? Por uma razão muito simples:

    ELES NÃO EXISTIAM!

    Então, como Paulo poderia falar do homem Jesus Cristo humano, se suas Cartas foram anteriores a qualquer escrito cristão? Jesus de Nazaré e a história evangélica não podem ser encontrados nos textos cristãos anteriores. Os pesquisadores são unânimes em afirmar que Paulo foi o primeiro escritor cristão, lá pelos anos 50, e o primeiro evangelho cristão canônico, ‘atribuído’ a Marcos, só foi composto lá no final do século I (70 dC). O cristianismo que Paulo pregava é o do Deus com o nome de Cristo – propriedade espiritual do Christós dentro da própria consciência – e não cristianismo de Jesus Cristo humano.

    Atente-se que, no primeiro século do Cristianismo, as comunidades primitivas não eram detentoras dos textos, como hoje os conhecemos; o que se tinha como ensinamento de Jesus era baseado nas Epístolas de Paulo, que foram

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