Cristianismo Pós-Pandemia: Impacto e oportunidades
De Neriel Lopez
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Cristianismo Pós-Pandemia - Neriel Lopez
A igreja digital: a era dos podcasts, lives e perfis em mídias digitais
Fabiano Pereira
Na direção da expansão da chamada inclusão digital
e de seus desdobramentos, nos últimos tempos a Igreja em sua totalidade também passou a investir em sua presença digital, usando as mais diversas ferramentas disponíveis para a demarcação de seu território na World Wide Web. Contudo, é fato que o advento da pandemia pelo coronavírus, que teve início no final de 2019 e absorveu boa parte do ano de 2020, foi fator determinante na aceleração desse processo, impulsionando muitas comunidades a um investimento acelerado na aquisição de equipamentos e formação de pessoal para atender à nova realidade de igrejas que precisavam manter sua agenda de atividades mesmo em meio à manutenção do chamado estado de distanciamento social
.
Dessa forma, vimos nascer, do dia para a noite, milhares — para não dizer milhões — de novas iniciativas de transmissão ao vivo de cultos, shows, entrevistas e até mesmo aulas de estudo bíblico ministradas remotamente.
Entretanto, também é fato que muitas dessas comunidades não realizaram um estudo cuidadoso para a escolha das ferramentas e plataformas a empregar, o que acabou gerando um tráfego imenso de conteúdo pela internet, embora boa parte dele de alcance praticamente nulo em virtude de serem opções equivocadas de conteúdo e forma.
Estar na internet é importante? Sim e cada vez mais! Mas o simples fato de se fazer presente não determina o sucesso de uma iniciativa digital. É preciso compreender, rápida e detalhadamente, que existem algumas etapas que precisam ser observadas antes de lançar-se nesse universo. E é sobre elas que falaremos aqui.
A definição do público — o pontapé inicial
Não há como comunicar de forma eficiente sem saber, com antecedência, para quem queremos falar, o que é naturalmente a base para todo o restante do planejamento. O público está formado pelos membros da igreja local? Pelos de fora? Por jovens? Adolescentes? Crianças? Adultos?
Depois de respondida essa pergunta, segue-se a adequação da linguagem de acordo com o público escolhido. Como se comunicam? Com que frequência? E quais os assuntos de sua preferência? Essas são questões atraentes para seu público.
A definição das plataformas
Você já definiu com quais públicos quer falar? Estabeleceu a linguagem que empregará para isso? Ótimo! Então agora vamos descobrir onde esses públicos estão presentes.
Enquanto escrevo este capítulo, o cenário me mostra que, enquanto os adultos e a terceira idade navegam com facilidade e frequência em redes como Facebook e seu comunicador (Messenger), os mais jovens preferem o Instagram, o TikTok e, claro, o WhatsApp ou Telegram. Além disso, quem está atrás de capacitação busca informações no YouTube. Vídeos curtos, de até 3 minutos, com capacidade de circulação em aplicativos de chat como o WhatsApp viralizam rapidamente. Isso hoje, enquanto escrevo para você. Em um espaço de seis a oito meses tudo pode ter mudado radicalmente, é por esse motivo que esta pergunta precisa ser constantemente revista: Onde está meu público-alvo?
A definição da identidade
Definidos o público-alvo, a linguagem e as plataformas, o passo seguinte é criar uma identidade que converse
com seu espectador, ou seja, que seja capaz de gerar identificação e provocar nele uma ação: algo como comentar, compartilhar ou mesmo migrar para outro espaço digital para obter mais informações, como um website, por exemplo.
Essa etapa é igualmente importante, porque dá certa uniformidade à comunicação, dando um ar de profissionalismo e gerando fácil identificação por quem encontrar qualquer informe ou comunicado seus em diversos canais da web. Por isso, escolhas como paletas de cores, tipografia a ser usada e outros padrões gráficos não são simplesmente uma questão de estética, como também uma estratégia de fidelização. Em outras palavras, invista na construção de uma identidade visual sólida que leve o público-alvo a se identificar com ela.
Planejando a agenda
É hora de estabelecer a periodicidade de conteúdo, as filas e os horários de postagem. E a escolha correta faz toda a diferença. Plataformas como Facebook, Instagram, LinkedIn e YouTube, entre tantas outras, costumam divulgar periodicamente informações de pesquisas relacionadas tanto ao perfil do seu público quanto aos dias e horários da semana com maior tráfego. No entanto, seja criterioso: postar conteúdo tomando como base apenas essa informação não define automaticamente a melhor visibilidade do conteúdo postado. Se todos estão concentrados em determinados dias e horários da semana, o volume de anunciantes também tende a ser maior no período, o que aumenta a concorrência por atenção.
Além disso, o fato de termos muita gente conectada em um determinado dia e horário não significa que se trata do seu público-alvo. Por interesses e características diversas, muitas vezes seu público pode concentrar-se em dias e horários bem diferentes daqueles indicados como os de maior visibilidade por determinada plataforma. E como descobrir quais os melhores dias e horários para você? Testando e monitorando. Promova mudanças em dias e horários à medida que observa o comportamento do seu público nas redes sociais e construa um planejamento semanal com base nas informações coletadas. O processo de monitoramento desses perfis é indispensável para manter o interesse dos seus seguidores, que preferem os perfis que interagem, respondem comentários de forma ágil e rápida, reagem a estímulos e são proativos à proposição de novas atividades e iniciativas. Por isso, é muito importante monitorar os perfis e promover ajustes de planejamento.
O vídeo: janela de comunicação com o mundo
Pesquisa conduzida pelos principais serviços de monitoramento da web já profetizavam, por volta de 2015, que a década que se iniciaria em 2021 seria marcada por um aumento no consumo digital de vídeos sem precedentes. Nem precisamos chegar a 2020 para experimentar essa realidade. Já em 2019, mais da metade do tráfego de informações na web era de conteúdo em vídeo, e a projeção para 2020 é que esse patamar ultrapasse os 80%. Isso porque o conteúdo em vídeo tem o poder de comunicar, usando de forma sinérgica os sentidos da visão e da audição, com um índice de retenção de atenção muito superior a outras formas de comunicação. Quem assiste a um vídeo raramente consegue fazê-lo de forma satisfatória se estiver envolvido com outra atividade que exija atenção.
Por isso, o investimento em produção de vídeo cresceu assustadoramente nos últimos anos e muita gente se capacitou para a produção de conteúdo audiovisual, mesmo que de forma básica. Aliado a isso, o aumento na qualidade de captação de som e imagem pelas câmeras de smartphones popularizaram ainda mais a ferramenta, antes monopolizada por quem possuía caros recursos tecnológicos de captação, edição e distribuição.
Será mesmo que qualquer vídeo experimenta esse crescimento exponencial de aceitação? O fato é que o consumo de vídeo cresceu assustadoramente de forma geral, mas quem mais desfruta desse status são os vídeos de até três minutos, cujos objetivos são claros e a mensagem é direta. São eles que povoam as timelines das principais redes sociais e também os grupos de aplicativos de mensagens (WhatsApp). Além disso, por sua característica objetiva, costumam demandar uma produção menos sofisticada e barata, e são mais rápidos para produzir, editar e distribuir. Trata-se de pequenos depoimentos, testemunhos, meditações, avisos e comunicados que podem ser facilmente absorvidos e compartilhados por quem os recebe.
Podcast: a estrela do áudio por demanda
Outra ferramenta que cresce de forma acelerada no Brasil é o podcast. Considerado quase extinto por aqui há alguns anos, o podcast ressurgiu com força tendo como característica principal a grande segmentação de público, o aumento das áreas de cobertura pelas redes móveis de dados e a popularização de agregadores, como Spotify, Google Podcasts e iTunes, por exemplo. A característica de assinatura
do serviço tornou o processo de fidelização mais fácil, porque o download de novos episódios é automático, rápido e fácil, já que os arquivos em áudio são leves. Como os smartphones estão ao lado do usuário, como se fossem uma extensão do próprio corpo, a pessoa tem à mão conteúdo de interesse para ouvir enquanto descansa, pratica atividade física, viaja como passageiro ou mesmo enquanto dirige através da conexão do aparelho com o sistema multimídia do veículo.
No que diz respeito à produção, qualquer pessoa com uma boa ideia na cabeça e capacidade de articular bem o discurso, além de estar equipada com um smartphone razoável, já tem praticamente tudo o que é necessário para produzir seu podcast. O próprio aplicativo de gravador de som do aparelho, em uma local silencioso e com baixos índices de reverb é mais que o suficiente para criar e disponibilizar seu podcast na internet. Se preferir envolver mais pessoas, use uma pequena mesa de som e microfones individuais, e grave o resultado a partir da entrada de microfone de um computador notebook ou desktop. O Audacity¹ é uma ótima opção de software de gravação gratuito.
Com a parte tecnológica resolvida, é hora de voltar-se para o roteiro. É óbvio que não se trata de escrever exatamente o que cada um deve falar, mas de fazer um roteiro de perguntas organizadas em uma ordem lógica que ajude a conversa a fluir com maior naturalidade. É importante definir previamente quem é o apresentador/mediador da conversa, porque este será o responsável por não deixar o assunto esgotar antes da hora, evitando assim vazios
gerados pela indefinição de quem deve falar no momento. O mediador preenche o tempo e distribui as oportunidades de participação, indicando o ritmo da conversa, fazendo a abertura e o encerramento do podcast.
As transmissões ao vivo (lives)
Estrela do período de isolamento social durante a pandemia de Covid-19, as transmissões ao vivo de programações da igreja local e outras atividades correlacionadas — populares lives — são campeãs de adesão porque reúnem características atraentes de diversas plataformas: presença forte e cativante da imagem e do som; interatividade dos canais digitais através dos chats abertos ao público, com comentários em tempo real; expectativa do evento gerada pelo horário fixo para sua realização.
Recurso presente nas mais diversas plataformas, como Facebook, YouTube, Instagram e até mesmo Twitter, a transmissão ao vivo pode reunir dezenas, centenas, milhares e, em alguns casos, milhões de pessoas simultaneamente. Quanto à estrutura, é possível fazer uma transmissão ao vivo até mesmo sozinho.
Tudo vai depender do objetivo/propósito da transmissão. Lembra-se da questão da escolha da plataforma tendo como base o público-alvo que se quer alcançar? A questão é a mesma aqui. As opções são as seguintes:
Instagram: Se a ideia é transmitir uma entrevista ou bate-papo para um público mais jovem, que vai consumir o conteúdo e participar utilizando um smartphone, com certeza o Instagram é a ferramenta mais indicada no presente momento.
YouTube: A ideia é transmitir um culto, um concerto, uma atividade mais ampla, e deixar gravado para consumo posterior? O YouTube está aí para atender a essa necessidade.
Facebook: O Facebook também pode ser uma boa opção para esse tipo de transmissão, mas lembre-se de que, se no YouTube basta ter o link para assistir, no Facebook a pessoa precisa ter uma conta e fazer o login para ter acesso a uma live.
Twitter: Ainda é uma ferramenta bastante empregada para transmissão de lives curtas entre públicos qualificados, segmentados, como profissionais de comunicação social, por exemplo, segmento este que usa com frequência a plataforma.
No quesito técnico, o importante é lembrar que estamos lidando com conteúdo entregue via comunicação audiovisual, ou seja, com sinal de som e de imagem. Por que digo isso? Porque em tais iniciativas a armadilha mais comum é concentrar a preocupação somente na qualidade da imagem e deixar o som em segundo plano. Contudo ambos são importantes e, em casos extremos, quando for necessário priorizar um em detrimento do outro, o áudio deverá ser escolhido.
Nosso ponto de partida? A qualidade da conexão de internet e a capacidade da banda de transmissão. Sem uma internet adequada, estável e com um pacote de dados com velocidade e largura de banda que permitam a transmissão sem sobressaltos, não vale a pena investir nos demais recursos para realizar sua live.
Questões recorrentes, nesse caso, são os problemas de som: falta de legibilidade provocada pelo alto índice de reverb da sala ou templo de onde o sinal é gerado, ou, o extremo oposto, a total falta de reverb por se transmitir o som a partir de uma saída dedicada de uma mesa de áudio. Ficou em dúvida?
Deixe-me explicar: se por um lado captar o som apenas com o microfone embutido da câmera pode dificultar a compreensão por parte de quem está assistindo, por causa do eco gerado pelo espaço vazio, por outro lado é fato que o som seco, retirado diretamente da mesa de som, apresenta de forma muito mais saliente os defeitos na execução de canções, por exemplo. Na voz do pregador, o eco da sala é prejudicial porque dificulta a compreensão da mensagem; já no caso de execução de música, esse mesmo eco, quando controlado na medida certa, encorpa
o som da música e ajuda a encobrir possíveis falhas de execução